De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16
Compartilharei aqui nO Mirante um texto que publiquei há alguns dias no EOMEAB. Espero que a leitura lhes seja interessante!
O que é tristeza ou alegria para o animal? Segundo a propensão genética, o instinto, a criatura irracional está satisfeita se puder se reproduzir, alimentar, proteger e, dependendo da espécie, trabalhar em bando, o que está incluído em "alimentar e proteger". O animal jamais ficará angustiado se tiver tudo isso - e se algo lhe faltar, será o seu estômago que falará mais alto, não a sua mente. O animal também não pode encontrar satisfação para além do suprir dessas necessidades, já que ele não sabe apreciar o mundo e a maior parte deles não possui memória para associar adequadamente as informações. Existem exceções gritantes onde o homem exerce maior influência, seja na criação de raças novas (como os cães) ou seja no treinamento, que sempre vem acompanhado da recompensa - e você dificilmente conseguirá levar um cão a desenvolver algo que esteja além de suas habilidades naturais, pois pegar o disco e saltar são comportamentos associados à caça que, nesse caso, é obtida com a recompensa (alimento ou aproximação do "líder do bando", que é o seu dono) e o condicionamento (ele ganha a recompensa até se acostumar e depois prosseguir praticando sem a dependência dela). O adestramento, no final das contas, é mais uma questão de hierarquia, advinda das matilhas, do que de parceria. No mais, você dificilmente verá um animal se preocupando com a beleza, admirando um movimento, refletindo sobre a vida - tudo isso depende da razão. O homem é racional, e mais.
Nesse sentido, o homem é mais selvagem do que o animal. Um cão é como uma máquina: qualquer um de qualquer tipo pode ser controlado, adestrado, satisfeito, se a "senha" for "digitada" adequadamente, se a via para o suprir de seus instintos mais básicos for satisfatoriamente percorrida. E ele vai te "amar" por ser a sua fonte de sobrevivência, o seu bando. Com o homem isso não acontece, pelo menos não plenamente. O homem pode, sim, ser doutrinado e condicionado em dados níveis (existem recursos de controle mental, hipnose e manipulação eficazes) mas nenhuma forma de controle possui efeito total e universal. De qualquer modo, em estado natural, o homem, que é racional, quase sempre será um questionador, um reclamão, um pensador. Aquele que nasceu escravo, mesmo sem ter tido liberdade, pela mera observação e admiração das aves poderá desejar ser solto dos grilhões. O homem é um ser difícil de prender e poucos são adestráveis: no mais cruel e longo regime, sempre haverá uma rebelião e, onde não houver rebelião, sempre haverá uma imensa maioria que racionalmente escolhe dançar conforme a música, para evitar a morte - note que aqui a submissão não existe necessariamente por condicionamento, mas por livre escolha. Esse era aquele indivíduo da Alemanha Oriental que sempre olhava pro Muro de Berlim e desejava o outro lado, mas evitava pular pra lá por causa dos riscos - e pela festa que se deu no dia da derrubada desse mundo, sabemos que a absoluta maioria pensava exatamente da mesma forma. Ocorre que o homem é mais do que instinto: ele pode estar satisfeito mesmo que viva sem os recursos mais básicos para a sobrevivência e pode estar insatisfeito mesmo que tenha todos esses recursos em abundância. Ele é mais que animal. Receber ou deixar de receber coisas não influencia necessariamente em sua disposição interior. O homem sabe admirar a beleza, o som, a cor, o movimento e o cheiro para além do instinto - ele reflete! Ele deixa a natureza penetrar em sua mente de uma forma muito mais completa que os animais. Ou o cão sente prazer com o cheiro da chuva caindo sobre a terra? Se não for cheiro de comida ou do líder do bando (e outros membros), é improvável que sinta algo... *Leia a observação ao final do texto.
Aquilo que definimos como "felicidade" e "infelicidade", embora possa ter ligação, está além do instinto, da mera sobrevivência. Ao meu ver, tais questões, que nos definem quase tanto quanto os aspectos físicos de nossa natureza, são evidências da existência de Deus - irei explicar o meu ponto no restante do texto. É fato que a admiração e muitos desejos estão ligados ao simples fato de sermos racionais e, portanto, pensarmos sobre a vida, mas a própria razão tem um limite: o limite do razoável, é óbvio. A razão, nesse sentido, por si só não nos coloca muito acima dos animais, pois assim como eles ficam satisfeitos quando supridos em suas necessidades básicas, a mente racional também deveria se acomodar com aquilo que é razoável para a sobrevivência. É claro que o racional é questionador e apreciador, mas racionalmente falando não parece sábio se enveredar em questões sem fim, que apenas sugarão nossas energias, enquanto é racionalmente aceitável satisfazer-se com as necessidades supridas. É para isso que a maioria das pessoas hoje usa a razão: desenvolver atividades profissionais somente na medida suficiente para garantir a recompensa que, por fim, servirá para adquirir os recursos básicos para a sobrevivência e alguns outros luxos. A razão, por si só, deveria inibir o desconforto desnecessário, a tristeza sem fundamento lógico, o desespero que independe do suprir pleno das necessidades de sobrevivência. A razão, por si só, deveria ser apenas mais um recursos para sobreviver, não uma complicação - em termos imediatos, de validade individual, os sentimentos não são caminhos necessários para a manutenção da vida. Pelo contrário. Nós temos algo para além da razão, que nos torna mais humanos do que a razão por si só é capaz de fazer. Somos mais do que animais inteligentes, do que robôs mais eficazes.
Com base no que foi dito acima, consigo concluir que a razão, embora possibilite a admiração, é insuficiente se estiver desacompanhada: a mente puramente racional não admira verdadeiramente, não vê poesia, apenas explora, com intuitos práticos, aquilo que se propõe a analisar, não se detendo em questões existenciais, mas somente averiguando aquilo que é útil para a vida. Para haver admiração, para haver poesia, é necessário haver sentimento. O sentimento é a coisa mais desnecessária de todo o mundo natural, mais antinatural, ou sobrenatural, que podemos conceber com facilidade. Nesse exato momento é justamente o sentimento, e não a pura razão, que te faz prosseguir e admirar ou repudiar essa leitura - pela pura razão você estaria mais preocupado com questões mais empíricas e direta e imediatamente úteis para a sobrevivência. É o sentimento que te prende a qualquer coisa que esteja além da necessidade imediata: você pode se deleitar numa leitura como essa porque sente algo bom com relação ao Criador, ou você pode estar se armando na defensiva, porque a ideia de Deus lhe desagrada profundamente. Mas você só é capaz de sentir algo com relação ao que não é tão diretamente necessário para a sobrevivência porque pensa. O homem sente. O homem é capaz de fazer um poema ao analisar um botão de flor, de escrever um romance baseado numa tempestade. O homem, por ter sentimento e razão, é o único ser criado capaz de admirar e descrever a natureza, de lhe dar sentido. E nada disso é necessário, falando nos termos básicos da sobrevivência. Não é necessário, mas sem isso absolutamente nada teria graça, nada seria belo.
Nossa natureza é tão singular que somos capazes, inclusive, de admirar a tristeza, de refletir sobre ela, de fazer poesia, pintura e narrativa sobre o maléfico. É a tristeza e a alegria que nos fazem escrever, filosofar, pintar, desenhar, esculpir, cantar, contemplar. Desgastar-se num trabalho colossal, como a Catedral de Notre-Dame, é algo que vai além do racional - exige sentimento! O racional iria se contentar com um simples espaço coberto. Na verdade, a própria existência da catedral não seria possível. O homem quer entender de onde veio e para onde vai porque possui um sentimento de necessidade com relação a isso, uma "necessidade do tipo desnecessária", se analisarmos a forma como os demais seres vivem muito bem sem depender disso. Mas para nós o desnecessário se tornou necessário, porque, mesmo sem precisarmos disso para nossa imediata sobrevivência, sem isso sentiremos uma irracional agonia que prejudicará o andamento de todas as demais coisas. Só existem grossos livros, obras de arte, músicas e demais coisas "desnecessárias" porque nos são sobrenaturalmente "necessárias". E é por isso que disse que não existiram locais de culto sem fôssemos apenas racionais: compreender a existência de um Deus Criador por mera observação racional é possível, mas desejar conhecê-Lo, estudá-Lo e relacionar-Se com Ele é uma questão de sentimento - sentimento esse que só existe porque Ele existe, uma vez que não possui nenhuma fonte observável no mundo natural. Só temos como necessidade o desnecessário para a sobrevivência natural porque alguém de fora da natureza nos está chamando.
É o sentimento, a alma, que define a personalidade. Se Deus nos criou como algo mais do que robôs, como seres admiradores da Sua Criação e relacionáveis, necessariamente incutiu em nós os sentimentos - e é por culpa dos sentimentos, e não da razão pura, que o homem decidiu se afastar do Criador. Entendamos isso: se nós nos sentimos angustiados mesmo tendo todo o materialmente necessário ou nos sentimos consideravelmente felizes mesmo faltando o mais básico, então há algo no homem que destoa de toda a lógica desse mundo e se há algo no homem que é ilógico, se comparado com a lógica natural, então ele há de ter uma fonte para além da natureza. Alguém poderia dizer que "se é ilógico é inferior ao lógico e, portanto, é apenas subtração do mundo natural", mas nesse caso o ilógico é superior ao lógico, trazendo no pacote toda uma gama de inovações: somos capazes de admirar, de produzir arte, de aproveitar essa vida com base nele. É interessante notar que na postagem "A Existência de Deus" afirmei que a existência do lógico e racional é prova da existência de Deus enquanto, nesse caso, estou afirmando que até mesmo o ilógico pode ser uma prova da Sua existência. No final das contas, tudo culmina no texto "Deus Existe": tudo e qualquer coisa que existe prova que Deus existe. Num certo sentido, a própria existência de sentimentos em nós é prova de que Deus existe nos deu todas as condições de reencontrá-Lo: a análise racional pode ajudar na busca, mas o sentimento nos dá o desejo e a possibilidade de um relacionamento. Se nós reconhecemos que existe um bem a ser procurado, um Bem Pleno, para além do instinto imediato, então Deus existe - leia mais na publicação "O Perfeito Precisa Existir, Parte 1".
Ora, se existe felicidade para além do mundo natural, já que existe tristeza mesmo quando tudo está no devido lugar, então existe Deus. Se o homem não se satisfaz com dependência estrita de seus recursos e é capaz de admirar esse mundo e refletir sobre a questões mais "inúteis" e profundas, então fica evidente que ele não foi aqui colocado apenas como mais um "sobrevivente". A função primordial do homem, segundo a sua natureza, não é apenas sobreviver, pois se assim fosse, com o aumento dos confortos e segurança, não teríamos também um aumento no número de casos de depressão. O homem existe para definir o que é "existência", o homem existe para definir o belo, o louvável, o admirável. O homem é a memória do universo e toda a sua beleza reside apenas em sua mente. A beleza do universo não está no universo, está no homem, que observa a matéria inerte e/ou irracional e consegue ver beleza nela. O homem é a beleza do universo! Essa, portanto, parece ser a nossa função primordial em meio ao mundo natural - fazer as coisas existirem, porque se não fosse pela emoção e razão humanas, não haveria nenhuma criatura com consciência de sua existência e nenhuma criatura capaz de servir de consciência para a existência das outras. No homem reside a consciência da existência do humano e do inumano - o homem é a consciência do universo. Isso tudo é muito mais do que só sobreviver, isso tudo é muito mais do que natural... nós temos raízes para além daquilo que nossos olhos podem ver. O definidor não pode vir daquilo que define, a consciência não pode vir a inconsciência, a razão não pode vir do irracional - é como sugerir que o engenheiro tenha vindo do robô e não o contrário. Não estou dizendo que o homem criou o universo, mas estou dizendo que, assim como o engenheiro é a existência, a razão e a consciência do robô, o homem é a existência, a razão e a consciência do universo - é o homem que entende o universo e não o universo que entende o homem. O universo apenas o aceita, involuntariamente - e, curiosamente, o homem não o aceita como ele atualmente é.
Se temos um impulso além do instintivo, mas igualmente irracional, que nos direciona para algo que está fora do necessário, então parece que conhecemos e admiramos o sabor de algo que já não mais existe nessa natureza, mas que desejamos das profundezas da alma, do espírito e dos genes. Desejamos a imortalidade, desejamos o Paraíso, desejamos a exuberância desnecessária de suprimentos, desejamos o entretenimento pleno, desejamos um mundo que não existe mas que, por desejamos, deve ter existido algum dia. Ninguém que tenha nascido na caverna e nunca saído deseja conhecer o mundo exterior se não for estimulado e se o mundo exterior não existir - nós só desejamos aquilo para o qual fomos estimulados, aquilo que existe, aquilo que, de alguma forma, conhecemos. Como já constatado, não fomos projetados para encontrar nossa plenitude nesse mundo conforme os demais seres, nossa alegria e tristeza têm raízes noutra dimensão e noutro período. Sendo assim, é bastante provável que a ideia, presente nas memórias mais antigas de muitos povos, de que nossas origens se deram na plenitude de Deus e de um exuberante Jardim, tenham fundamentos históricos - e é por isso que olhamos para o passado com uma admiração diferenciada, como que se procurássemos algo que perdemos, enquanto olhamos para o futuro ou com esperança de que reencontraremos o Paraíso ou com desespero, desespero que se origina do desânimo para com o reencontro daquilo que já fomos e que desejamos voltar a ser. Encontramos felicidade, ou parte dela, naquilo que consideramos bom (e encontramos o "bom" naquilo que consideramos "felicidade"), de modo que, havendo um "bom", há de existir o Pleno Bem e, por conclusão, havendo felicidade em algum nível, há de existir a Plena Felicidade. Nos dois casos, que são indissociáveis, temos a compreensão de Perfeição e, portanto, de Deus.
Deus está no menor elemento, Deus está no menor pensamento, Deus está na mais elementar concepção de "bom" e Deus está no mais fundamental sentimento. Ninguém pode fugir dEle. Se o inimigo do Criador milita contra a Sua existência porque procura um mundo melhor, porque deseja apresentar ao homem uma mais verdadeira "felicidade", então ele procura destruir o Eterno expressando pensamentos que são resultado direto da Sua existência (não as ideias pensadas, mas o próprio ato de pensar). Qualquer militância apaixonada, qualquer admiração, qualquer debate para além das vias da razão pura e da sobrevivência, é indicação de que só esse mundo não nos satisfaz e de que, portanto, viemos doutra realidade e estamos voltando para ela. Assim como foi o sentimento que afastou Adão e Eva de Deus é ele que, embora aproxime muitos do Criador, mantém outros tantos afastados - as pessoas que criam rodeios filosóficos, tentando burlar as realidades evidentes e os clamores da própria alma, baseiam-se mais no que sentem e querem do que naquilo que está descarado em todo o universo. Se você está sentindo algo ao terminar esse texto, reflita e, se você está refletindo, pense nas raízes do teu desejo de refletir e do sentimento que acompanha tal reflexão. Pense: quem, senão a Consciência Plena, poderia dar origem ao consciente? Quem, senão a Plena Razão, poderia originar o racional? O irracional e o inconsciente? Obviamente não (a morte não produz a vida e o Nada não produz o Tudo). Deus existe e Ele é provado por nossa compreensão moral, emocional e racional, conforme vislumbramos neste e nos artigos seguintes: O Perfeito Precisa Existir, Parte 1; A Existência de Deus e Deus Existe.
*Observação (2 primeiros parágrafos): não anulo o fato de que os animais possuem alguma forma de psicologia, o que quero dizer é que, ao contrário do ser humano, os seres irracionais, quando plenamente supridos em suas necessidades básicas, não desejam mais nada (reforço que a influência humana pode alterar a configuração original dessas criaturas). O restante da leitura esclareceu melhor tal questão.
Nunca houve um esforço tão grande em tornar a Bíblia mais agradável e fácil de entender quanto em nossos dias. São mil versões de bíblias de estudo com enfoque nas mais diferentes áreas (teológica, apologética, linguística), mil versões de bíblias com aplicações para públicos específicos (da mulher, da mulher que ora, da vovó, do homem moderno, do menino radical, da menina, do pastor), mil versões com aplicações para a prática da fé (de oração, de leitura diária, deve ter até a do dizimista fiel), mil traduções diferentes (contemporânea, brasileira, almeida isso e aquilo, de hoje, viva, nova viva), também temos a Bíblia em áudio (e com a voz mais marcante do Brasil), isso tudo além de um punhado de livros que resumem e facilitam o entendimento da Palavra, como manuais, comentários, bíblias em quadrinhos, ilustradas e outros, como A História, A Bíblia em 100 Minutos e A Bíblia, baseado na minissérie de TV, estes pela Editora Sextante - inclusive eu os tenho e recomendo. Quer livros de teologia? Temos milhares. Quer livros de prosperidade? Infelizmente temos milhões. Quer livros de Apologética Cristã? Felizmente temos incontáveis. Quer livros de auto-ajuda cristã? É uma pena que tenhamos pilhas desses. Quer livros de liderança, aconselhamento, louvor, ética cristã, filosofia, psicologia, ciência, história da igreja, arqueologia, entre outros? Temos tudo isso, nacionais ou importados, protestantes ou católicos. Não, não falta nenhum material para nada, não falta livro sobre coisas úteis e inúteis, sobre verdades e mentiras, sobre cristianismo e heresia. Estamos abarrotados. Não é que há algumas décadas já não tivéssemos muito material, é que em nossos dias as pessoas estão conseguindo comprar mais, a internet facilita, o aumento da renda também e, é claro, o crescimento da igreja protestante no Brasil contribui grandemente. Só não lê sobre qualquer coisa cristã ou gospel quem não quer. E, sim, eu entro na lista dos compradores assíduos.
Isso, de modo algum, é uma crítica ao número de livros cristãos que atualmente encontramos por aí - na verdade eu acho isso maravilhoso. É claro que eu sou contra muito do que é incluído no tal "mercado gospel", que virou uma poderosa indústria sedenta por lucros e capaz de abraçar qualquer coisa que se diga "amiga de Jesus" - aí temos "joio" e "odres velhos" sendo indiscriminadamente comercializados como "trigo" e "odres novos", simplesmente porque carregam o selo "gospel". Não esqueça que o selo gospel também supervaloriza o produto, que por ser vendido na livraria da igreja pode custar quase o dobro. Sem enfatizar o mercado gospel ou desvalorizar as editoras cristãs, que fornecem um serviço de grandiosíssima importância para a igreja, quero trabalhar a discrepância entre os materiais facilitadores da Bíblia e o comportamento antibíblico da maioria dos cristãos. Temos facilitado a Bíblia em sua teoria e dificultado o seu entendimento perante os não-cristãos através da prática - e aí produzimos uma desnecessária oposição contra nós e contra a Bíblia que, mesmo não praticada corretamente por nós, acaba pagando o preço de nossa rebeldia, já que afirmamos que a seguimos.
Preguiça de pensar: um dos meus momentos de maior produtividade teológica, quando mais escrevi sobre a Bíblia, foi antes do seminário. Não que o seminário não aumentou meu conhecimento, óbvio que foi o oposto, mas acontece que, na ausência de materiais eu me esforçava muito mais em refletir sobre as dificuldades bíblicas por conta própria e tirar as melhores conclusões que, com base na leitura do texto bíblico, eu conseguia. Sim, nessas eu acabei pensando algumas coisas estranhas, mas tudo fez parte do meu crescimento. Hoje, olhando pra trás e ao meu redor, com base no que até aqui relatei, constato uma das complicações que tantas facilidades literárias nos trazem: nosso cérebro fica preguiçoso. Está tudo tão fácil, tão acessível, tão numeroso, que se tornou simplesmente desnecessário quebrar a cabeça para entender questões bíblicas ou se esforçar numa árdua leitura do texto em uma versão mais "antiquada". Nós nos tornamos apenas arquivos de informação bíblica, não mais produtores. Somos apenas reprodutores do texto de outros, não seus escritores.
Por favor, não me entendam mal, não falo que devemos nos afastar dos conhecimentos já produzidos ou reescrever a Bíblia, falo que a igreja brasileira produziria muito mais material (de qualidade) e seria muito mais forte se, além de tomarmos base no que já está escrito, publicássemos, como cristãos comuns, as nossas próprias compreensões sobre tudo, como resultado de uma mente sempre atenta e fortalecida pelo exercício intelectual. A verdade é que, se assim fosse, muito mais críticas contra as incoerências de nossa igreja seriam desferidas - nossos cristãos não seriam apenas peixes minúsculos sendo arrastados em cardumes pela maré. Uma das maiores doenças da igreja atual, pelo menos no Brasil, é o enfraquecimento da personalidade e da intelectualidade do cristão, sendo submetido a um pensamento teológico inquestionável e a uma subcultura alienante - coisas que variam conforme a denominação. Pense só em quantos escritores de qualidade e potenciais teólogos de primeira que estamos perdendo com essa cultura da preguiça mental! Com essa cultura do "quero um livro fácil de ler" ou do "é pastor que pensa por mim" (e uma outra pessoa pensa pelo pastor). Qual será o preço disso? Já temos uma igreja que, em sua maior representação, não sabe como responder adequadamente aos ataques dos inimigos da fé e, em um zelo sem conhecimento, acaba bradando arrogância, prepotência e inimizade, produzindo uma oposição maior e mais feroz. Somos um expressivo número na população nacional, mas nos comportamos como uma minoria fechada e birrenta, que prefere tomar bases na emoção do que no conhecimento, nos livros e pregações "daquele cristão famoso" do que no entendimento bíblico de primeira-mão. Acabamos como papagaios, repetidores do que já está ali, participantes de um gueto cultural, do qual quase nada de bom sai e é visto pela sociedade - lemos coisas fáceis para facilitar a nossa vida particular e dentro da igreja, buscando pouquíssimo conhecimento para um maior entendimento dos contextos histórico, cultural, político e religioso de nossa sociedade, para sermos realmente efetivos em suas vias, para sabermos como viver no mundo real. Não é interessante como os cristãos quase não estão mais produzindo músicas que criticam o uso de drogas, a violência, a política e outras questões de utilidade pública, se resumindo a louvores cantados em "crentês" e completamente irrelevantes para os não-cristãos? É egoísmo demais, é orgulho onde não deveria haver.
Esse gueto cultural, esse egoísmo todo, fica bastante evidente, e até paradoxal, quando vemos, juntamente com a demonização de tudo o que é do "mundo", uma aglutinação de comportamentos e atividades seculares ao "gospel", com direito a "rave gospel", "cristoteca", "ficar gospel" e outras coisas sinistras. De um lado temos um legalismo pesadíssimo, no meio temos um paradoxo estranho ("fora é demônio, mas se colocar pra dentro é puro") e, do outro, uma libertinagem total.
Pouco entendendo, quase nada fazendo: a facilidade de informação está gerando uma preguiça mental. Quando nos tornamos sedentários, veja se não é verdade, sempre queremos mais e mais folga e facilidade. O mesmo está acontecendo com os cristãos brasileiros: tudo está muito fácil de conseguir e entender, logo se cria uma barreira ainda maior para o ato de "fazer". Todas as vias mais confortáveis foram selecionadas: "é mais fácil ser cristão na igreja do que fora, então serei mais cristão na igreja"; "é mais fácil ser cristão dentro da igreja ou sozinho? Então sairei da igreja"; "é melhor ler as passagens bíblicas sobre privação e sofrimento ou sobre prosperidade? Então minha Bíblia só terá prosperidade"; "é mais fácil lutar contra o meu pecado ou me sentir menos pecador apontando os pecados dos outros? Então lutarei contra o pecado dos outros, não o meu"; "é mais fácil orar pelos pobres ou ajudá-los também em obras? Então ficarei só na oração mesmo"; "é mais fácil orar pelos pecadores ou falar mal deles? Então apenas falarei mal"... uma coisa abre caminho para a outra, um limite quebrado traça o destino do próximo limite. Quanto melhor, pior; quanto mais fácil, mais difícil; quanto maior, menor. Sim, essa é a matemática de Deus: quanto melhor é a vida da igreja, pior será o seu comprometimento; quanto mais fácil é a sua doutrina, mais difícil será encontrar um verdadeiro cristão nela; quanto maior e mais poderosa ela for, provavelmente será menor no Reino dos Céus do que imagina. Nós, como humanos, temos a tendência de acumular o que nos é bom e afastar o que nos é ruim, o que explica uma igreja cheia de cristãos acumuladores de mordomias e facilidades em detrimento dos aspectos difíceis do cristianismo, que são os mais evidentes e importantes.
É interessante como o número de livros cristãos que temos por aí cria a ilusão de que os não-cristãos só não entendem o cristianismo porque não querem. Nós, humanos acumuladores de coisas boas e inimigos do que nos é ruim, gostamos de afastar de nós, como cristãos, a culpa por grande parte do que é dito contra a fé cristã hoje. As pessoas não entendem o cristianismo principalmente porque não entendem os cristãos! Não entendem como pregamos um profundo amor (embora não entendam o que isso realmente dignifica) enquanto atravessamos a rua quando vemos um ateu ou homossexual - sim, os cristãos brasileiros, em seu gueto cultural, já não estão mais conseguindo viver numa sociedade não-cristã, de modo que tentam impôr preceitos morais cristãos, que só são praticáveis com o auxílio do Espírito Santo, a uma nação que não entende a sua importância e que jamais conseguirá colocá-los em prática. Nós queremos que a sociedade facilite a nossa boa vida, para não termos o trabalho de nos acostumar com o diferente. Em hipótese alguma estou pregando que a igreja deve aceitar tudo, pois senão não estaria criticando os próprios e inaceitáveis comportamentos de uma grossa fatia da mesma, estou dizendo que devemos ser coerentes e não agir como as minorias normalmente agem: querendo que o mundo gire entorno delas ("ninguém toca no ungido do Senhor!"). Penso se a forte luta da igreja contra algumas medidas de nosso governo, luta essa importante, não toma como base, pelo menos para a maioria, o medo de que as coisas fiquem difíceis pra nós, cristãos, e nossa boa vida. Acho que poucos pensam que essa luta será boa também para todo o restante da sociedade.
"Por que você está escrevendo isso, Natanael?" Alguém pode estar pensando. Eu estou escrevendo isso porque os protestantes do Brasil são um grupo que, quanto muito, atinge pouco mais de 20% da população, mas que analisa e critica absolutamente tudo em nossa sociedade sem ser capaz de analisar e criticar a si mesmo. Quantas críticas vemos partindo da igreja em oposição ao "mundo"? Quantas críticas vemos partindo da igreja para resolver os seus próprios e dramáticos problemas? É claro que temos que criticar com sabedoria as incoerências de nossa sociedade, mas não podemos nos colocar no pedestal de juízes desse mundo, quando apenas Deus o é, assim como não podemos nos comportar como se fôssemos uma instituição perfeita, sem problema algum, quando apenas Deus o é. Eu vejo muita tentativa de mudar o mundo e um mísero esforço em tratar as suas próprias mazelas - é o que eu disse antes: somos acumuladores de coisas boas, o que significa que queremos nutrir os erros que, em nós, facilitam a vida, e alterar os desconfortos que a sociedade derredor nos proporciona. Isso é, basicamente, egoísmo, não amor. É amor fingido, talvez (Romanos 12:9). Ora, sejamos honestos: quando, sendo essa fatia da população, achamos que o Brasil está todo errado, também temos que olhar pra nós mesmos, porque os nossos problemas não resolvidos também contribuem negativamente para o país! Se fôssemos mais verdadeiramente cristãos, as coisas já seriam muito melhores. Temos a prepotência de pensar que, se tivéssemos uma maioria protestante no Brasil, na igreja como ela hoje se encontra, salvaríamos o país - a verdade é que apenas acabaríamos transferindo para a nação, com um impacto ainda maior, os gritantes problemas que alimentamos em nossas congregações. Eu entendo que o país seria melhor em alguns aspectos, com uma diminuição considerável no consumo de drogas e da prostituição, por exemplo, mas a verdadeira mudança, aquela que a Bíblia nos incentiva a promover (aquela que em teoria pregamos), essa só será possível com uma espécie de reforma no pensamento de nossas igrejas.
Quando no título desse tópico eu escrevi "pouco entendendo", também fazia referência ao número de material cristão que está disponível hoje. Uma vez que temos incontáveis livros que facilitam o entendimento das coisas, trabalhando com o raso do conhecimento, com a superfície, uma massiva maioria, de mente preguiçosa, fará extenso uso apenas desse tipo de material, basicamente por interesse na acumulação de coisas boas: "quero entender a Bíblia sem esforço". É claro que um grande número de cristãos tem comprado material teológico de qualidade, mas proporcionalmente é um número ínfimo e, certamente, muito menor do que os cristãos da geração do meu pai adquiriam. Vivemos na Geração Emoção, na qual tudo o que toca os sentimentos e que não requer um maior esforço mental para entendimento ganha maior público, de modo que os extremamente fracos e superficiais materiais de "auto-ajuda gospel" ("pare de sofrer"; "seja um vencedor") acabam sendo distribuídos como água. O acesso ao conhecimento diverso criou grandes grupos que apenas partilham material da categoria "abecedário cristão" - apenas "leite". A informação é vasta, mas, ao mesmo tempo, as mentes preguiçosas, em sua maioria, pouco sabem e entendem (com menos material "facilitador", as pessoas leriam mais a própria Bíblia). De todo modo, a informação é vasta, está disponível.
Voltando ao que comentei anteriormente, criamos a expectativa de que os não-cristãos irão conhecer a Bíblia por conta própria, com base na quantidade de material disponível, nos isentando, assim, da responsabilidade de um bom testemunho. Aí que está a incoerência: enquanto a disponibilidade de informação para nós, cristãos, é vasta, inegável, incontável, o nosso comportamento como seguidores de Cristo é limitado, questionável, simplório. É uma montanha de conhecimento em oposição a um comportamento infantil, ignorante, não muito cristão. Não temos como medir o esforço da igreja de nossos dias em tornar a Bíblia conhecida e conhecível por todos, mas é impressionante o diminuto esforço da parte dos cristãos para fazer a Bíblia conhecida, conhecível e reconhecível através de si mesmos e de seu comportamento. Nós somos a versão da Bíblia de maior entendimento possível, nós devemos ser a sua reprodução na prática! Por que isso nos é tão difícil? Porque como acumuladores de coisas "boas", desejamos que os outros encontrem Cristo fora de nós, para que não precisemos nos esforçar tanto em um comportamento excelente. Mas eles simplesmente não irão fazê-lo - e é aqui que deixamos que muitas vidas se percam.
Sim, o cristão é a primeira Bíblia que o não-cristão lerá. Pense em que versões da Bíblia estamos distribuindo por aí, atualmente! É uma Bíblia que diz que Deus só vai abençoar quem der muito dinheiro; que Deus quer te dar carro e casa; que Deus não vai deixar que ninguém te toque; que nenhuma promessa de dEle (pros outros) não vai se cumprir na tua vida; que eu tenho que seguir cegamente tudo o que o pastor fala; que Deus se alegra em templos colossais; que Deus se alegra de um legalismo insano; que existe demônio em tudo e todos... é uma Bíblia que mente, uma Bíblia que rouba, uma Bíblia que engana, uma Bíblia que trapaça, uma Bíblia que manipula, uma Bíblia que ilude. É uma Bíblia apresentada por pessoas que não conhecem a Bíblia para pessoas que quase nunca a abriram na vida. É uma Bíblia que tem muito pouco de Bíblia, mas que o não-cristão não vai julgar com coerência, por falta de... conhecimento bíblico. Eu, cristão, sou, querendo ou não, a primeira Bíblia que o não-cristão vai ler - e ele vai julgar a Bíblia com base no meu comportamento. Vai! Ele não vai querer saber muito o que eu falo ou deixo de falar, já que, provavelmente, tudo o que eu falar ele já vai ter ouvido por aí (aquela ladainha de sempre), ele vai querer saber como eu vivo, o que eu faço, o que eu realmente penso: se eu sou coerente. É claro: quando um cristão com conhecimento além do superficial abre a boca, também temos um diferencial - mas a palavra se valida na ação.
Que Bíblia eu quero que o não-cristão conheça através de mim? Uma Bíblia egoísta? Arrogante? "De outro mundo"? Uma Bíblia que prega um misticismo, um paganismo sincrético? Algo pré-cristão? Que prega que Deus está num prédio, num livro, num objeto qualquer, numa pessoa bem vestida? Uma Bíblia que apresenta um cristianismo quase igual às demais religiões? Ou bastante mundano? É isso que eu quero? Talvez o cristão prefira, realmente, viver esse cristianismo fácil e diabólico, mas precisa estar consciente de que os seus ávidos observadores vão julgar Cristo através dele - e aí Cristo vai julgá-lo como responsável pelas vidas perdidas. Devemos ser o que pregamos - como ser hipócrita se eu prego contra a hipocrisia? Como nutrir ódio, quando prego o amor de Deus? Como ser arrogante, quando prego a humildade de Cristo? Como esperar uma transformação social e espiritual quando eu faço o mesmo que todo mundo faz? Eu sou cristão, imitador de Cristo, o Espírito Santo está em mim, de modo que eu não devo esperar, pressupor que as pessoas encontrem Deus indo em algum lugar, abrindo algum livro ou ouvindo alguma música: como representante de Deus, como habitação do Eterno, eu devo garantir que as pessoas encontrem o Criador através de mim, porque Ele está em mim, não está num lugar, não está num livro, não está numa música ou nalgum objeto qualquer - ele está mim!
Da mesma forma serve para a vida cristã: eu não abro a Bíblia pra encontrar Deus, não vou para a celebração de domingo na igreja pra encontrá-Lo, não oro pra fazê-Lo se aproximar, não procuro o pastor ou o "irmão poderoso" pra Deus chegar mais perto: Deus já está em mim! Deus parte de mim, de dentro, não de fora. O cristianismo não é mágico, é racional: abrir a Bíblia não libera, automaticamente, "unção", ir pra igreja não aumenta a minha "quantidade de Espírito Santo", ouvir o pastor não santifica o meu espírito, só cantar não muda nada e orar por obrigação, muito menos - no cristianismo as coisas só acontecem de fato se eu, depois de ler a Bíblia, fizer alguma coisa com aquilo que compreendi; se eu, ao ir pra celebração, fizer alguma coisa com o impacto que o louvor e a mensagem tiveram sobre a minha vida; se eu, ao ouvir o pastor, alterar meu comportamento; se eu, ao orar, o fizer com entendimento e sinceridade. As coisas só acontecem quando eu, refletindo, mudar de comportamento na prática, fizer de coração. Não são simplesmente as "coisas de Deus" que me mudam - eu mesmo sou uma "coisa de Deus" e mudo de dentro pra fora. Eu sou o Templo do Espírito Santo, eu sou Igreja, eu sou um sacerdote diante do Pai e através de Cristo. São os paganismos que pregam que o simples contato com objetos, lugares e pessoas me aproxima da divindade - no cristianismo a divindade, Cristo, se aproxima de mim e me habita apenas no ato individual de crer e se entregar. Deus está dentro, não fora. Tenho certeza absoluta que, se a igreja brasileira entendesse realmente o que isso significa, não estaríamos tão voltados pra dentro de nós mesmos, achando que os não-cristãos precisam chegar até nossos lindos prédios, livrarias, pastores e celebrações para encontrar Deus. Se todos compreendêssemos que a Palavra de Deus, que é Cristo, está em nós para ser lida pelos outros, estaríamos mais voltados para fora do que pra dentro, vendo tudo da multidão, não isolados no gueto - e, ao nos voltarmos pra fora, não o faríamos com o intuito diabólico de pecar, mas pelo simples desejo de procurar pelos perdidos.
Que isso, como conclusão, fique entendido: não permitamos que nossas facilidades como igreja interrompam nosso crescimento, não permitamos que haja um esforço maior por facilitar a leitura da Bíblia em vias literárias do que em tornar a Bíblia legítima e legível através de nós. Rompamos com as barreiras sincréticas, com os caprichos emocionais, intelectuais e carnais que penetraram em nossas congregações. Deixemos de ser só liturgia, ritual e encontro. Entendamos, com a árdua leitura e com um relacionamento nobre e sincero com Deus, tendo-O como Senhor, mas também amigo, o que realmente é o cristianismo e, assim, procuremos, com o todo o esforço necessário, transcrevê-lo na prática para os não-cristãos. Sejamos livrarias cristãs ambulantes! Não existe maior defesa da fé do que o seguir de uma fé coerente, não existe maior louvor do que viver louvando a Deus através de nossas atitudes, não existe maior ajuda do que amar e ajudar aqueles que encontrarmos. Que a igreja brasileira, unida pelo Espírito Santo, se desfragmente, finalmente, em dezenas de milhões de igrejas ambulantes, de Bíblias andantes, vivas e ativas dentro das escolas, universidades e empresas, no trânsito, nas praças e nas igrejas (sim, nas igrejas). Que a igreja brasileira saia de si mesma e seja milhões de igrejas, sim! Milhões de igrejas e Bíblias que se encontram aos domingos e nalguns outros momentos da semana, mas que são ainda mais úteis nos demais dias da semana e mediante aqueles que realmente estão precisando entrar em contado com a Igreja e com a Bíblia. Se mais cristãos conhecerem a Bíblia e encarnarem a palavra em seu cotidiano, agindo com a consciência de que serão vistos e seguidos (imitados) por outros, certamente os próprios problemas da instituição cristã no Brasil serão solucionados (pelo menos a maioria). Sejamos cristãos menos românticos, menos "doutro mundo" - sejamos mais realistas, mais acessíveis. Que o nosso zelo seja mais racional, mais bíblico, que parta de um relacionamento íntimo com Deus. Aí também será mais fácil mudar o Brasil.
Não façamos uma igreja de frustrados, que se sentem menos cristãos porque são menos prósperos; não criemos uma igreja de espetáculos, que não promove nada além de um show de talentos e poderes espirituais, com farta pirotecnia, luzes e sons; não façamos da igreja um clube, um mercado, uma passarela, um circo. Façamos de nossa igreja pessoas. Sim, uma igreja que é gente, gente de verdade, uma igreja de pessoas que são igreja, de pessoas que realmente abriram as suas vidas para a entrada e habitação de Cristo e que, revestidas do Filho, estão nesse mundo construindo a Eternidade - pessoas que preferem viver Cristo e que colocam o Seu interesse acima das limitações impostas pelo emaranhado de tradições, culturas e teologias que as cercaram nos antros eclesiásticos. Cristão não é quem divulga um folclore, uma filosofia de vida, um conhecimento apenas, é aquele que divulga Jesus, uma pessoa real, o Jesus de quem se reveste e por quem é habitado. Quanto tempo ainda teremos que esperar para que os cristãos do Brasil, em sua maioria, realmente aceitem o chamado de Cristo quanto ao verdadeiro cristianismo?
Muitos críticos das Escrituras afirmam que o Novo Testamento foi forjado pela Igreja para dar sustento aos seus caprichos. Seria isso verdade? Sabemos que todo o tipo de acusação é levantada contra as Escrituras - já tentaram destruir a Bíblia de todas as formas imagináveis -, mas, como sempre, esses ataques fracassam. Espero que o breve artigo que segue te seja útil - tire as suas próprias conclusões.
Resumo do que seguirá, em ordem: 1 - A Bíblia não foi forjada; 2 - Novo Testamento Politicamente Incorreto; A - Um Cristo de poucos amigos; - Um Jesus amigo dos pobres e fracos?; - Um Jesus amigo dos ricos e fortes?; - Um Jesus amigo dos homens?; - Um Jesus amigo das mulheres?; - Um Jesus amigo dos religiosos?; - Um Jesus amigo dos não-religiosos?; - Um Jesus amigo dos sãos e bravos?; - Um Jesus amigo dos loucos?; - Um Jesus amigo dos bonzinhos?; - Um Jesus amigo dos pecadores?; - Um Jesus amigo dos nacionalistas?; - Um Jesus amigo dos estrangeiros (romanos)?; - Um Jesus amigo dos judeus?; - Um Jesus amigo dos gregos?; - Um Jesus pacificador?; - De quem Cristo era amigo, afinal?; B - O Livro dos Excluídos; C - Mais que um bom e sábio homem; Conclusão.
1 - A Bíblia não foi forjada, pois não houve tempo para tal: antes de entrar no "Politicamente Incorreto", afirmo aqui que a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, não pode ter sido forjada, uma vez que temos fragmentos de manuscritos neotestamentários até do ano 50 d.C., menos de 20 anos depois da morte de Cristo, de modo que muitas das testemunhas oculares da vida, morte e ressurreição de Jesus ainda estavam vivas, impossibilitando o espalhar de mentiras como a forja das Escrituras. Além da antiguidade desses manuscritos, o número de manuscritos antigos da Bíblia derruba toda a argumentação de que o texto bíblico foi severamente deturpado ao longo da história, já que temos manuscritos numerosos que vão de 50 d.C., transpassam a Antiguidade, a Idade Média e a Era Moderna, alcançando os tempos contemporâneos, numa sucessão de cópias que atravessa toda a história humana dos últimos dois mil anos, podendo-se testar a originalidade da Palavra através dessa numerosa tradição (hoje temos tanto documentos do Século I, quanto do Século XV ou XXI, que podem ser comparados). Leia mais nos seguintes artigos desse blog: sobre a idade dos manuscritos bíblicos, sobre o número de manuscritos e sobre a preservação do texto.
2 - O politicamente incorreto Novo Testamento: o número de ofensas que o Novo Testamento desferia para a cultura de seu período o torna uma obra impossível de ter sido escrita como uma mentira interesseira - nenhuma classe social ou tipo humano está isento de críticas em suas linhas, de modo que ninguém, humanamente falando, acharia conveniente acreditar no Novo Testamento. É claro que o "politicamente aceitável" nos dias de Cristo era diferente do "politicamente correto" de nossos dias, não esqueça disso.
A - Um Cristo de poucos amigos: Jesus, entendido nos Evangelhos, foi um cara nada interesseiro, de modo que estava disposto tanto a ajudar quanto a criticar todo o tipo de gente, sem distinção de classe, função, cultura. Havia (e há) uma mensagem a ser pregada, a Verdade, e nenhum interesse humano poderia colocar essa vital missão em risco. Se os apóstolos tivessem inventado Jesus e desejassem aceitação, não o teriam feito sob uma configuração tão inapropriada para todas as esferas sociais, não o teriam feito ideologicamente inaceitável para todo mundo. Cristo não poupa ninguém! Mas sabe amar a todos igualmente.
- Um Jesus amigo dos pobres e fracos? Sim, o próprio Jesus era pobre, escolheu ser assim, precisava ser assim, mas isso não significa que ele pretendeu ser um revolucionário pró-plebe, não! Sua revolução nunca foi política, mas, sim, espiritual. Jesus andava mais com os pobres, é claro, mas isso porque ele estava sempre nas estradas, nas ruas, nas praças, no meio do povo, nunca nos palácios e casarões paparicando os poderosos, porém, se um rico aparecesse por ali querendo ajuda, ele seria tão amistoso com esse rico do que com qualquer pobre. A questão de Jesus era a pessoa, o indivíduo, e não o seu status. Se você fosse um pobre dos dias de Cristo, seguiria o Mestre? Vejamos: ele não iria te alimentar só porque você deseja encher o estômago sem trabalho (João 6:25-27); ele não iria fazer o mundo girar ao redor de você só porque você é "pobre e excluído" (Mateus 26:6-13); ele não iria te poupar dos teus deveres para com Deus só porque "lhe falta bens" (Lucas 21:1-4); ele não iria te incentivar a não pagar impostos, mesmo que eles fossem abusivos (Lucas 20:20-25); se você lhe dissesse que "ganha muito pouco" ele não iria inflamar teu coração com desgosto pelo teu empregador, mas iria te estimular a um esforço e uma fidelidade maiores para com ele, de modo a cair na sua graça e receber uma remuneração melhor e merecida (Mateus 25:1-30). Sim, isso tudo ele te diria, porém, ao mesmo tempo, te aceitaria de braços abertos, mesmo sujo, doente ou defeituoso (Mateus 11:28; Mateus 9:12; Lucas 14:12-14); ele te faria perceber que, melhor que o pão e a água nutritivos para carne, é o Pão Vivo, que é Ele e Sua Palavra e a Água Viva, que é o Espírito Santo no cristão (João 6:48; Mateus 4:4; João 4:14); ele se relevaria a ti, mesmo sendo tu, porventura, ignorante (Mateus 11:25); ele te traria paz e segurança para além do conforto material (Mateus 6:25-34).
- Um Jesus amigo dos ricos e fortes? Se Jesus tivesse sido inventado pelos apóstolos, ou o faria compatível com um revolucionário pró-plebe (o que nitidamente não fizeram), ou o fariam amigo dos nobres, para que os poderosos de Israel financiassem o movimento. Nem amigo dos ricos Jesus era! Ele não precisava paparicar os endinheirados! Não lhe era necessário evangelizar num belo corcel branco, ter um casarão confortável na beira do Tiberíades, ser financiado e escoltado em viagens evangelísticas em Jerusalém ou, quem sabe, num barco emprestado, ir até Roma garantir algumas regalias dos nobres hebreus dos quais, por fim, seria apenas um emissário, um capacho. Não, Jesus nunca paparicou ninguém, tanto que seus seguidores mais íntimos, os 12 discípulos, com exceção de Judas Iscariotes, eram apenas pobres camponeses semi-analfabetos da desprezada Galiléia. Que apelo teria, pra começar, a figura do filho de um carpinteiro, vindo do Fim do Mundo, também morador da ridicularizada Nazaré, nascido numa caverna entre os animais e deitado primeiramente no cocho do gado? Que teve o nascimento anunciado, primeiramente, a pobres pastores de ovelha (Lucas 2:7-12)? Que apelo tinha um andarilho sem propriedades (Mateus 8:20) que, inclusive, foi sustentado por mulheres (Lucas 8:1-3)? Que apelo tinha um andarilho acompanhado quase exclusivamente por gente pobre e da mesma terra pouco louvável que ele? Se você fosse um rico dos tempos de Jesus, se prestaria a segui-lo e, constantemente, sentir-se envergonhado, humilhado, rebaixado por estar no meio da ralé? Se você fosse um rico nos tempos de Jesus, certamente ele iria querer você, mas rejeitaria todos os seus bens (Marcos 10:21-22) - pode até ser que, segundo teu coração, ele permitiria a manutenção das tuas riquezas, mas você seria considerado tão importante quanto qualquer um, nada mais e nada menos; ele não iria valorizar as tuas ofertas no Templo com base na quantidade, mas na qualidade da tua adoração (Lucas 21:1-4); ele não iria nem querer saber quanta esmola tu daria aos pobres (Mateus 6:3-4); se você aumentasse as suas riquezas, ele não ficaria impressionado (Mateus 6:19-20), mas é provável que se alegraria contigo - e não por interesse (Mateus 7:11). Certo, Jesus não iria estar nem aí pras tuas riquezas, mas você pode ter certeza que teria um amigo verdadeiro, não regido por intenções gananciosas. Pode ter certeza que, se ele te elogiasse, não o seria para bajulação, e pode ter certeza que ele não se afastaria de você só porque você teria mais bens do que ele.
- Um Jesus amigo dos homens? Outro recurso que os apóstolos provavelmente teriam usado, caso o Evangelho fosse uma mentira, seria o apelo ao patriarcado: Jesus seria um machão machista, amigo dos machos-alfa, dos patriarcas e, por consequência, defendido pela classe religiosa, política e cultural de Israel, já que somente os homens tinham acesso à Torá e detinham cargos religiosos e políticos, de modo que, se divulgado por esse tipo de gente, o então "baluarte dos homens" influenciaria a sociedade facilmente em todas as suas esferas. Claro que Jesus era machão, vide o evento no Templo, quando expulsou à chibatadas um punhado de vendedores gananciosos (João 2:14-16), ou quando simplesmente se desvencilhou da multidão que queria atirar-lhe para baixo de um penhasco (Lucas 4:28-30), mas isso não significa que ele desprezava as mulheres! Só um Jesus não inventado daria tanta importância ao gênero feminino, na contramão de uma sociedade que considerava "o melhor da mulher pior que o pior do homem", que jamais dava crédito a palavra de uma mulher, considerando tal gênero "traiçoeiro", e na qual uma mulher jamais poderia dirigir-se a um homem que não fosse o seu marido. Jesus foi gente boa com as mulheres, criando estranheza da parte dos opositores: se você fosse uma mulher dos tempos de Cristo, ele iria contra o "politicamente correto" e conversaria muito tempo contigo olhando nos teus olhos (João 4:7-27); ele acreditaria nas tuas palavras (João 4:16-19); ele te protegeria da morte, mesmo que você tivesse feito a maior besteira (João 8:4-7), mas te pediria uma mudança de comportamento (João 8:8-11); ele te distinguiria no meio da multidão e se preocuparia com o teu problema mais íntimo (Marcos 5:24-34); ele te ensinaria como se você fosse um "rabino", mesmo que os hebreus considerassem isso repugnante (Lucas 10:39 - mesma expressão usada para "Paulo assentado aos pés do mestre Gamaliel", Atos 22:3); ele iria ter permitir no grupo de discípulos dele (Mateus 12:46-50) e, quem sabe, até pediria uma ajudinha pra ti (Lucas 8:1-3). Além disso, as primeiras testemunhas da Ressurreição de Cristo foram as mulheres (Mateus 28:1-7; João 20:11-18)! Uma verdade mais do que inconveniente para os hebreus. Mas isso não significa que você, como mulher, seria o centro do seu mundo, da mesma forma que nem os homens o eram, pois, ainda assim, ele guardaria a liderança da sua Igreja aos homens (Mateus 16:18), embora alguns cargos te estariam abertos, como ser diaconisa (Romanos 16:1-2) ou mestre em ensino (Atos 18:24-26).
- Um Jesus amigo das mulheres? Em Jesus todos se equivalem, com distinções de função e autoridade, mas nunca de valor (Gálatas 3:28) e, portanto, o Mestre não veio encher a bola da mulher - todos valem a mesma coisa. Como já dito, apesar de todos os privilégios garantidos por Cristo, antes inimagináveis para o gênero feminino, a liderança da sua Igreja seguiu fundamentalmente nas mãos dos homens, como ele mesmo estipulou. Além disso, os três discípulos mais íntimos de Cristo eram todos homens, a quem experiências singulares foram dadas (Mateus 17:1-2) - na verdade, o grupo de discípulos mais próximo, o dos 12, era totalmente masculino (Mateus 10:2-4).
- Um Jesus amigo dos religiosos? Como o cristianismo brotava do judaísmo, quem mais os apóstolos deveriam impressionar eram os líderes religiosos de Israel e, caso a fé cristã fosse mentirosa, certamente uma boa jogada seria colocar Jesus ao lado dos fariseus e mestres da lei. Mas não, não foi isso que aconteceu. Jesus foi inimigo ferrenho dos religiosos, daquele tipo de gente que tem a religião como um trampolim social ou que simplesmente cumpre um monte de regrinhas sem pensar, por obrigação. Se você fosse um religioso dos dias de Jesus, ele não se impressionaria com o seu louvor chamativo, feito para encantar e invejar as outras pessoas (Mateus 6:5); ele não iria se compadecer da quantidade de orações que você fizesse, já que estaria mais preocupado com a qualidade delas (Mateus 6:7); ele não se impressionaria com a sua conduta socialmente exemplar, se o coração estivesse frio (Lucas 18:10-14; João 9:16); você poderia até dar grandes quantias de dízimos, mas o que realmente o agradaria seria a sua intenção ao fazê-lo (Lucas 21:1-4); ele também não se impressionaria com o seu show espiritual (Mateus 7:21-23); e, se você fizesse o máximo possível, ainda assim ele não te consideraria melhor que os outros (Lucas 17:10). Bom, tudo isso poderia te acontecer, mas esse mesmo Jesus estaria sempre disposto a considerar o teu louvor, quando feito de coração e com sinceridade, sem te desprezar se tu não tivesse muito a oferecer. Ele não quer fama humana, ele simplesmente quer ser teu amigo (João 15:13). Leia Mateus 23.
- Um Jesus amigo dos não-religiosos? Certo, se Jesus não exaltava as pessoas porque eram muito religiosas, talvez tenha sido amigo dos não-praticantes, afinal, se Jesus foi inventado, algum público específico ele teria que atingir para ser aceito! Imagino que os judeus helenizados ou os imigrantes romanos em Israel gostariam de seguir um judeu não-judaizante, garantindo um reforço ideológico para não serem judeus religiosos. Mas nem esses Jesus apoiava! Cristo não era um rebelde anti-semita, em hipótese alguma! E você jamais conseguiria impressioná-lo com demonstrações de "personalidade", desprendimento e mente-aberta, na verdade ele gostaria de te ver seguindo, de coração, todos os seus mandamentos (João 14:21; João 15:14). Jesus iria reprovar severamente qualquer comportamento teu que fosse contrário à vontade de Deus (Mateus 12:30). O Mestre reprovava a falsa religiosidade, mas jamais pregava uma mensagem religiosamente anárquica, bagunçada, personalizável. A porta de saída sempre foi tão grande quanto a de entrada (João 6:60-67).
- Um Jesus amigo dos sãos e bravos? Para angariar seguidores, um Novo Testamento mentiroso poderia pregar que uma mente e um corpo excelentes aproximavam de Deus, que um físico sarado e um cérebro genial deixavam as pessoas mais perto do Divino, pelo menos assim angariaria para si os bravos e fisicamente excelentes legionários romanos, assim como os intelectualmente superiores filósofos gregos. Quem sabe, com o braço militar e o cérebro do Ocidente, o cristianismo tomaria conta do Império Romano. Mas, não! Jesus nunca pregou excelência física e intelectual como critério. Se você fosse um soldado romano, Cristo jamais se admiraria da sua bravura militar e de seu aspecto físico, na verdade ele gostaria mais de ver você colocando o rabinho entre as pernas e, deixando de lado todo o teu poder e aparência, curvando-se diante dele, coisa que, aos olhos dos outros, seria uma desonrosa covardia (Mateus 11:28); ele ficaria mais feliz te vendo receber cicatrizes e marcas do ódio humano anticristão e da fome do que definindo a sua musculatura numa academia (Mateus 5:1-12). Caso você fosse um grande filósofo dos tempos de Jesus, dificilmente conseguiria deixar o Mestre eufórico ao expôr as profundidades da tua intelectualidade (Mateus 11:25), na verdade, embora ele gostaria de te ver usando a inteligência para proclamar o seu nome, o Messias se agradaria mais de ver em você a simplicidade e inocência de uma criança (Mateus 10:14-15).
- Um Jesus amigo dos loucos? Nós sabemos que a Palestina sempre foi um barril de pólvora prestes e explodir em revoltas e conflitos, já que lá sempre houve gente disposta a entrar numa briga. Se o Evangelho fosse mentiroso e nitidamente avesso às aspirações dos sãos, talvez encontrasse suas multidões entre os loucos e masoquistas - público pra isso não faltaria, já que todas as maiores religiões sempre possuem um grupo de fanáticos que se flagelam. Mas até desses Jesus não se impressionaria! Claro que, pra seguir a Cristo de verdade, o cara precisa ser louco por ele e viver a loucura de enfrentar esse mundo hostil, mas tal loucura é diferente daquela mentalidade suicida e imprudente, coisa condenada por Cristo em Mateus 10:16 (Mateus 25:1-13). Ficar se matando sem motivo e rasgando o corpo loucamente, jamais faria Jesus te achar um cara legal, mas ele certamente gostaria de ver você rasgando o seu coração, se quebrando espiritualmente diante dele (João 3:30).
- Um Jesus amigo dos bonzinhos? Bom, se o Evangelho fosse uma mentira, mas não servisse pra atrair nem os religiosos, nem os não-religiosos, nem os sãos e bravos, tampouco os loucos, quem sabe tentasse persuadir o povo pelo universalmente aceito "fazer o bem"? Ora, um Jesus que veio ao mundo só pra dizer que as pessoas devem ser boas, coisas que elas já sabiam, pode parecer inútil, mas certamente agradaria bastante! Há um grande mercado pra esse tipo de coisa "politicamente correta", mas, FELIZMENTE, o Novo Testamento não apresenta o Messias como um pregador da fraternidade. É claro que fazer coisas boas é legal, é claro que isso faz parte da vontade de Deus, mas a pessoa pode se arrebentar, de tão boa, "dando a outra face" (Mateus 5:39), dando, além da "túnica", a "capa" (Mateus 5:40), "andando a segunda milha" (Mateus 5:41) e emprestando dinheiro pra todo mundo (Mateus 5:42), mas se ele não crer em Jesus, se entregando ao Mestre como Salvador e Senhor, sua vida de boas obras, a sua bonita história, não o levará a lugar nenhum (João 14:6), nem pra memória servirá direito, já que as "traças e a ferrugem" irão apagar todos os rastros (Mateus 6:20). Fazer coisas boas é correto, mas Jesus fez questão de lembrar que nós não merecemos nada além da morte e que, portanto, fazer coisas legais não nos dá mérito algum diante dele (Lucas 17:10). A coisa complica quando vemos Jesus dando atenção a ladrões e prostitutas (Marcos 2:16; Lucas 7:36-50).
- Um Jesus amigo dos pecadores? O Politicamente Correto de nossos dias nos estimula a achar a prostituição algo bonito e até a considerar o ladrão como uma mera vítima da sociedade. Nos tempos de Jesus, porém, o Politicamente Correto era tratar prostitutas, ladrões e cobradores de impostos (gente que trabalhava aos odiados romanos) como subumanos, criaturas desprezíveis e intocáveis (a menos que fosse pra passar a faca). Nesse caso, se o Evangelho fosse uma mentira, provavelmente teria dado mais apoio aos religiosos judeus e aos fazedores de boas obras e tratado com o maior desdém os pecadores de marca maior, assim atrairia mais a atenção dos fariseus hipócritas, dos mestres da lei e de todos os outros que desejam se ver um nível acima de todas pessoas quanto puderem, mas não foi isso que aconteceu. Jesus, definitivamente, andou com os pecadores e desprezados (Marcos 2:16) - aí pode-se sugerir que os Evangelhos foram inventados e direcionados aos muitos pecadores declarados de Israel, usando desse vasto público como trampolim para o sucesso, porém nem admiração pelos pecadores Jesus demonstrava. Cristo até podia aproximar-se dos pecadores, mas sempre o fazia em caráter misericordioso, exortando para uma mudança de comportamento (João 8:11) - na verdade, o pecador, diante de Cristo, se sentiria mais pecador ainda, já que Jesus afirmou que só de olhar uma pessoa com intenção impura ou ódio, já estamos em pecado (Mateus 5:22 e 28).
- Um Jesus amigo dos nacionalistas? Os judeus dos tempos de Cristo simplesmente odiavam os romanos e a sua ocupação. Um dos meios de se divulgar uma mentira aceitável entre os judeus seria, justamente, o nacionalismo. Os judeus esperavam por um messias que fosse libertar Israel politicamente, através de uma revolta e, portanto, inventar um Jesus revolucionário, um Cristo xenofóbico, seria a coisa mais lógica, mas como o Evangelho é verdadeiro, acontece justamente o contrário. Mateus, o Evangelista, antes de ser discípulo de Cristo era um odiado cobrador de impostos (Marcos 2:14), Jesus fez companhia a gente que trabalhava para Roma (Lucas 5:27-32), também curou o servo de um centurião romano (Mateus 8:5-13) e, na hora de incendiar o povo contra o pagamento de impostos ao Império Romano, preferiu pedir-lhes que pagassem, em dia, as suas dívidas com César (Lucas 20:25). A decepção do povo com esse comportamento chegou ao ponto de, pouco depois de um grupo ter recebido Cristo como rei em Jerusalém (Lucas 19:35-38), outro (ou o mesmo) ter clamado por sua crucificação (João 18:39-40).
- Um Jesus amigo dos estrangeiros (romanos)? Pode ser que os apóstolos tenham sido financiados pelo Império Romano pra inventar uma história que sustentaria a sua ocupação, falando de um Jesus amigo dos estrangeiros. Mas, ao que parece, Jesus não era nenhum admirador dos romanos! Que amigo de César esse Jesus, que, depois de ter iniciado um forte movimento em Israel, não negou ser ele o "rei dos judeus", numa afronta direta ao prestígio do Imperador (Marcos 15:2), e, diante da religião romana e da divindade de César, afirmou-se Deus, coisa que incomodou romanos e judeus (João 4:26; 6:41; 14:6). Que amigo! De qualquer forma, os apóstolos, se tivessem criado uma mentira para agradar os romanos, não os fariam responsáveis diretos pela morte de Cristo (Mateus 27:27-38), não fariam Jesus dizer que os grandes romanos "não sabiam o que estavam fazendo" (Lucas 23:34) e, tampouco, ousariam afirmar que um legionário romano esqueceu de sua lealdade à César e ao panteão romano, considerando Cristo o Filho de Deus (Mateus 27:54). Para dificultar um pouco mais, o próprio Jesus afirmou que o seu ministério se daria prioritariamente entre os judeus (Mateus 10:6), só depois, com os apóstolos, é que os gentios receberiam enfoque. Mais estranho ainda seria pensar que os apóstolos teriam inventado uma mentira que levou-os ao martírio, perseguidos por ninguém menos do que Roma - alguns morreram por ações judaicas e pagãs em geral.
De qualquer modo, os romanos, latinos, teriam (e tiveram) dificuldade de crer num semita peludo do "fim do Fim do Mundo", um camponês dos camponeses e, pior ainda, israelita (Roma nutria um desgosto incontrolável por Israel e seu povo rebelde, sempre armando uma revolta e rejeitando a cultura e a religião romanas). Se os discípulos tivessem inventado o Evangelho para persuadir os romanos, fariam como Hitler fez século passado: criariam um Messias perfeitamente compatível com os ideais do povo a ser alcançado. Jesus foi o contrário!
- Um Jesus amigo dos judeus? Certo, se para os romanos o Evangelho não foi atraente, caso tenha sido uma invenção dos apóstolos, pode ter tido direcionamento para os judeus, não como nação de Israel, mas como descendência de Abraão. Ora, como se Jesus ofendeu os judeus de várias maneiras? Desafiou a concepção errônea, porém universal, do sábado (João 9:16), prejudicou os negócios do Templo através de uma baderna (Lucas 19:45-48), até mesmo "ameaçou" destruí-lo (Marcos 13:2), demonstrou uma intimidade com Deus que, aos olhos dos judeus, chegava a soar profana (João 10:30), se considerou Deus (João 10:30-31; João 8:58), falou com samaritanos, odiados pelos judeus (João 4:9), andou com mulheres, pecadores, estrangeiros, camponeses e valorizou crianças, como já citado - tudo "politicamente incorreto". Cristo, analisado sob tais perspectivas, era exatamente o tipo de gente mais odiável para os judeus. Pior ainda é pensar que o Messias morreu de uma forma que o Antigo Testamento considerava digna de "gente maldita" (Deuteronômio 21:22-23), no meio de ladrões (Mateus 27:38) e, pra encerrar, ainda dando a entender, antes de morrer, que Deus o tinha abandonado (Marcos 15:34). Se não fosse verdade, seria inteligente descrever que a morte de Cristo provocou tremores e rasgou o véu do Santo dos Santos aos meio, como um nítido rompimento com a Antiga Aliança? É lógico que isso ofendia os judeus (Marcos 15:38).
- Um Jesus amigo dos gregos? A política quem dominava era Roma, mas a cultura do Mediterrâneo era predominantemente grega. Seria interessante para os apóstolos, caso o Evangelho fosse uma mentira, atraírem os gregos, mostrando uma simpatia de Cristo para com o pensamento de seus filósofos. Mas nem nos gregos Jesus procurou admiração. Além da já citada questão da intelectualidade, os gregos teriam dificuldades em crer num Cristo que morreu e ressuscitou. Para eles a existência de um homem perfeito, excelente, filho de Deus, era aceitável, até porque eles já estavam acostumados com isso, mas a pregação de Cristo, descreditando a necessidade de excelência física e intelectual, juntamente com a forma vergonhosa com que morreu, em oposição à regra grega de que "heróis vivem e morrem cinematograficamente", e a sua ressurreição dos mortos (os gregos eram abertos a muitas ideias, mas esse negócio de "ressurreição" lhes era insano demais, Atos 17:31-33), formavam um combo anti-helênico - não que o cristianismo pregue um afastamento da filosofia grega, pelo contrário, mas os gregos da época de Cristo tinham todos os motivos para não serem cristãos.
- Um Jesus pacificador? Já que Cristo não se encaixava bem em nenhum padrão de sociedade humano pré-estabelecido, talvez ele tenha sido inventado pelos apóstolos para disseminar o cristianismo no mundo todo, sem orientação para nenhum povo específico, mas para todos, através de um lindo e maravilhoso discurso de paz e amor. Sim, Jesus pregou "paz e amor", mas de um modo muito menos meloso, colorido e delirante do que os hippies fizeram na metade final do Século XX - lembre-se que foi Jesus o cara do chicote no Templo. O amor que Cristo pregou nada teve com cultivar flores e resgatar pinguins (claro que isso é louvável e digno de ser incentivado), muito menos esse "amor" direcionava-se para mil abraços e beijos apaixonados (principalmente nas formas peculiares de "amor" de nosso mundo atual), o amor que Cristo pregou era do tipo mais incomum possível, não uma ridícula paixão, mas daquele tipo que caminha até a morte pelo próximo, um amor sacrificial até o limite mais extremo (João 15:12), um amor sem malícia, sem segundas intenções, sem bajulação, um amor verdadeiro, daqueles que quase ninguém conhece, mais racional do que emocional (Lucas 6:27). Jesus também não foi do tipo que caminhava por aí de camisa branca e com uma bandeira de pomba, na verdade a "paz que Cristo dá" (João 14:27) é mais uma condição espiritual e emocional de tranquilidade e segurança do que uma cômoda aliança ou tratado de paz com o inimigo. Para Cristo não existe tratado de paz com inimigo algum: ele incentiva o seu seguidor a enfrentar o que for preciso por amor ao Seu nome, produzindo uma inimizade dele para com o mundo (João 15:19), contra si mesmo (Lucas 9:23) e contra Satanás (Mateus 13:39), de modo a enfrentar o que for preciso pelo nome de Cristo, o que inclui a própria família (Mateus 10:33-39). Em momento algum é dito que devemos matar em nome de Jesus (Mateus 5:39), antes temos que morrer por ele, o que é dito é que devemos amar as pessoas de modo a nos opormos aos seus pecados e às amarras desse mundo em prol a sua libertação.
- De quem Cristo era amigo, afinal? Jesus, na questão do pecado e das convenções humanas, foi inimigo de todos os povos e classes desse mundo, até porque ele não era desse mundo, sendo assim, de quem Cristo foi (e é) amigo? Ele ama todos os seres humanos, observando apenas o fato de serem seres humanos, e nada além disso, de modo que não existem fronteiras geográficas, culturais, históricas, étnicas, intelectuais e materiais para o seu amor, ele ama a todos e, justamente por isso, não favorece ninguém com base em questões observáveis, enquanto, ao mesmo tempo, favorece a todos com sua graça, com a salvação garantida a qualquer um que nEle acreditar e que considerá-Lo Senhor e Salvador (João 3:16). É claro que os apóstolos, se estivessem mentido em seu relato, não o teriam feito com um objetivo tão nobre - por qual motivo mentirosos desonestos escreveriam algo pelo qual morreram? Escreveriam para divulgar uma suposta salvação universal para todos aqueles que viessem a acreditar na figura central da sua mentira? Quem sabe fossem apenas piadistas fazendo uma pegadinha com o povo: "quando vocês morrerem, vão descobrir que enganamos vocês! Até vamos ser martirizados para sustentar essa piada!" Que lucro, além de fome, desprezo, vergonha, perseguição e morte eles obtiveram com essa mensagem? E, como analisamos nos pontos anteriores, não há nenhum outro possível motivo além desse (uma mensagem universal de salvação eterna) para a confecção do Evangelho, já que o mesmo é incompatível como chamariz para qualquer grupo específico de pessoas. Se os apóstolos inventaram Jesus, ao mesmo tempo eles foram muito burros, pois criaram alguém que soube criticar e declarar guerra contra todo o tipo de comportamento humano e contra todos os povos, enquanto absurdamente geniais, desenvolvendo a personalidade mais perfeita, complexa e admirável de toda a história humana - alguém tão maravilhoso e surpreendente quanto Cristo não poderia ser inventado por pessoas comuns e, se fosse milagrosamente inventado, essas mesmas pessoas não lucrariam nada com isso, pois tal perfeição viria carregada de algo grau de desprezo dos povos desse mundo, que logo matariam os autores.
B - O Livro dos Excluídos: o Novo Testamento é surpreendente não só por causa de Cristo, mas também por causa de seus autores. Pra começar, gente como Pedro, Tiago e João eram nada mais do que meros camponeses galileus de famílias humildes, que teriam dificuldade de aceitação nos círculos mais intelectuais, em segundo lugar, gente como Mateus, um odiado cobrador de impostos, e Lucas, um estrangeiro, custariam a cair na graça dos judeus. Nem preciso falar de Paulo, que por quase toda a vida ficou marcado como um cruel e famoso perseguidor de cristãos - esse teve dificuldade de ser aceito pelos cristãos e, inclusive, pelos judeus, que o tiveram como um traidor. Se a Igreja tivesse inventado toda essa história, teria imaginado autores menos problemáticos e, certamente, teria ocultado os deslizes vergonhosos desses "heróis", como Pedro, que nega Jesus três vezes, ou como quanto Pedro, João e Tiago dormem enquanto Jesus sofre terrivelmente no Getsêmani - tal dor de Cristo, que chega a expelir sangue dos olhos, também demonstra uma inconveniente fraqueza. A autoria e os relatos incômodos mostram que o Novo Testamento é veraz.
C - Mais que um bom e sábio homem: o Evangelho é autêntico, uma vez que os apóstolos não teriam inventado algo tão inaceitável para todos os homens de seu período, no qual nenhum grupo encontrava-se no centro, com todos em parte criticados e em parte elogiados. Nesse caso, sendo o Evangelho autêntico, alguns podem defender que ele apenas transmite a mensagem de Jesus como um "bom homem", mas, eu pergunto, um "bom homem" mentiria e manipularia pessoas tão descaradamente, afirmando ser "Deus"? Outros podem dizer que Jesus foi apenas "um sábio", mas, pergunto, um "sábio" seria louco o suficiente para afirmar-se "Deus"? As profundíssimas palavras de Cristo mostram-no como um gênio que dificilmente desceria a um poço tão fundo de insanidade - e o seu evidente amor, descarando a sua bondade, barra a ideia de que ele estava mentindo quanto a sua condição, até porque ele foi morto por causa de suas declarações. Jesus considerou-se divino e demonstrou extrema sabedoria e bondade, enquanto aceitou adoração humana, de modo que não era mentiroso e nem louco, culminando na verdade inquestionável de que era (e é) Deus, coisa que a Ressurreição deixou mais do que clara.
Conclusão: a Mensagem do Novo Testamento é tão incompatível com o ser humano em sua condição natural ou pré-cristã que apenas umas poucas décadas depois de Cristo já surgiram algumas heresias, querendo adaptar a politicamente incorreta Boa Nova ao pensamento grego, às religiões orientais e ao judaísmo. Compreensível, já que uma nova civilização nasceu com Cristo, com aspectos totalmente novos e desconhecidos a todos, de modo que o processo de aceitação da fé cristã exigia amplo abrir mão de conceitos milenares - uma dolorosa passagem para o "caminho estreito". Quem iria querer acreditar em algo que estimula o homem a lutar contra sua própria vontade? Quem inventaria algo assim?! É por isso que o homem tentou dar umas modificadas na Boa Nova, preservando parte da maravilhosamente revolucionária mensagem cristã em parceria com alguma coisa pré-cristã, pra tornar o negócio mais aceitável, atitudes que acabaram comprometendo a essência do Evangelho. Os Primeiros Séculos da Era Cristã seguiram com uma intensa luta contra as heresias (ninguém queria ser perseguido e morto por uma fé repleta de mentirosos) e com perseguições severas contra os cristãos, desenvolvidas pela espada, pelo pensamento e zombaria, mas, ainda assim, contra todas as expectativas, o número de cristãos aumentou assustadoramente. A religião dos fracos ganhou fiéis na legião romana e até na guarda pessoal do Imperador; a religião dos pobres atraiu gente das classes sociais mais elevadas; a religião dos ricos fez multidões de famintos pregarem pelo Mediterrâneo inteiro; a religião dos romanos ganhou os judeus e a religião dos judeus ganhou os romanos; a religião dos intelectuais ganhou os humildes enquanto a religião dos ignorantes atraiu inúmeros intelectuais; a religião das mulheres persuadiu os homens e a religião dos homens se encheu de mulheres, isso enquanto a religião dos loucos infestou-se de gente prudente e a religião dos prudentes virou uma loucura (e que loucura). A religião de ninguém atraiu todo mundo!
É claro que as estradas romanas, a diminuição da pirataria no Mar Mediterrâneo, a sede por uma religião nova e mais pessoal, o desânimo para com as religiões tradicionais, a língua grega por todo o lugar e a "paz romana" facilitaram a expansão do cristianismo, mas a aceitação de uma fé que não privilegia ninguém, mas faz todo mundo se sentir culpado de alguma coisa, precisa de um empurrão extra. O ser humano não gosta muito de se deparar com verdades inconvenientes e compromissos exaustivos, por isso é improvável que essa nova religião tenha conseguido varrer os milenares e suficientes paganismos anteriores, criados segundo os interesses de seus fiéis, já que o cristianismo, numa análise superficial, não parece beneficiar diretamente ninguém, pelo menos do ponto de vista carnal. O que fez a religião mais sincera e, por isso, censurável do mundo, ganhar espaço suficiente para se tornar, de longe, a maior de todas? A única coisa que pode explicar o explosivo crescimento de algo contrário a tudo o que o homem deseja e nascido num ambiente totalmente árido para o seu crescimento reside em estrondosos e inquestionáveis eventos históricos. Apenas a real existência de alguém nitidamente divino, em palavra, atitude e poder, apenas a real e extremamente bem divulgada ressurreição de Cristo, trariam tamanha energia para o cristianismo, creditado por milhões (hoje bilhões), mesmo sendo exatamente o que, carnal e claramente, ninguém quer. Apenas a nítida ação do próprio Deus através de Cristo e do Espírito Santo pode explicar a origem e a expansão do cristianismo!