De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

sábado, 17 de março de 2012

Arautos da Tempestade

Faz tempo que não falo do Apocalipse, não é? Creio que a evidência de que a Bíblia é, sem dúvida alguma, a Palavra Divina e de que, portanto, Deus existe, pode receber fartas contribuições da sua esfera de profecias infalíveis e absolutamente intrigantes. Os cristãos de hoje precisam entender que as Escrituras são uma verdade verificável e que a fé em Deus é gorda de fundamentos "científicos", podendo ser defendida em inúmeras áreas: astronomia, geologia, paleontologia, biologia em geral -química, física, matemática-, arqueologia -Bíblica e "Proibida"-, sabedoria sobre-humana -Provérbios e Evangelhos-, filosofia,  psicologia -alma e experiências espirituais-, complexidade da assombrosa constituição dos textos sagrados e, como tido agora, cumprimento e perspectivas proféticas certeiras. De fato, quero usar de todas as ferramentas disponíveis para defender a fé, pois creio que a melhor forma de as pessoas pararem para refletir e se voltarem para Cristo está numa argumentação capaz de tornar o cristianismo coerente e verdadeiro aos seus olhos, naturalmente cegos pela ausência de inspiração e motivação promovida pelo Espírito Santo, João 10:26. As pessoas estão cansadas de ouvir sempre a mesma ladainha, desprovida de complexidade, desprovida de razão -aos seus olhos-, irrelevante, por falar de coisas que não conseguem entender! E é por isso que repudio o pensamento comum de que "a Bíblia não precisa ser defendida", como já ouvi algumas vezes por aí... é fácil para o cristão, que tem certeza por ter, de Cristo, recebido a sabedoria salvífica, abrir mão de uma abordagem coesa e válida perante os incrédulos, desprovidos de tal privilégio. O egoísmo, com base no comodismo de não destinar tempo, energia e recursos na obtenção de um conhecimento bíblico amplo, pleno, condizente com as realidades observadas e experimentadas em nosso mundo, tem custado um altíssimo preço... o preço do bom nome dos cristãos -tidos como ignorantes- e de almas perdidas com o deparar de um falso cristianismo, este ilógico e irracional, promovido por massas de crentes incultos. Acordemos!! No final das contas, esse enfraquecimento da Igreja faz parte dos Arautos do Fim...
No que segue, tratarei de tópicos para expressar o fato de que estamos na culminância das Profecias Finais, sem sensacionalismo ou apelação, mas com base numa análise honesta dos textos proféticos como os tenho interpretado e assim angariado certeza de que estamos no limiar do Apocalipse como a Bíblia o relata:

O problema: Mateus 24:34 é comumente usado pela crítica afim de afirmar que Jesus lançou profecias furadas, pois "já faz uns 2 mil anos que o Fim deveria ter acontecido". A questão, primeiramente, está na análise do versículo, sobre o que, de fato, significaria a expressão "geração" no contexto, referindo-se à uma era ou, necessariamente ao espaço de alguns décadas, que é o que creio. O que me parece claro é que o versículo não fala sobre o Fim na determinada geração de milênios atrás, mas, sim, no começo desse processo cataclísmico, com o princípio de todos os traços característicos do Apocalipse, mas não a sua culminância, pois, como diz o verso 36 desse mesmo capítulo: não temos conhecimento de data ou hora  para o Dia do Senhor, acontecerá de modo súbito, sem estarmos esperando -2 Pedro 3:10- e, sem dúvida, se tivesse se consumado tudo e Cristo retornado com os apóstolos ainda em vida, esse aspecto seria burlado, pois eles, mais do que ninguém, mais do que nunca, esperavam ansiosamente a Segunda Vinda de Jesus com a certeza de que se daria enquanto ainda vivos. 2 Pedro 3:9 deixa claro o fato de que Deus, O Pai, está ampliando o tempo da estadia da humanidade pecadora nesse mundo por amor aos incrédulos, afim de dar-lhes mais chances de conhecê-Lo.
Peculiaridades apocalípticas de nossos dias: 
É fato sabível que todas as gerações desde a ascensão de Cristo sentiam-se as últimas, as derradeiras e, também sabemos, todas as épocas, após escrito o livro de Apocalipse, sentiam-se em conformidade com as profecias e, logo, se viam como pertencentes aos Dias Finais. Isso é verdadeiro e, aparentemente, desanimador, pois podemos considerar que também erraremos caso creiamos que o fim pertence aos nossos dias e, por isso, não me arrisco a dizer que o mundo acabará em alguns anos, mas, por outro lado, as peculiaridades de nossa era, aptas a preencher lacunas que sempre existiram noutros tempos, parecem supôr que, de uma vez por todas, o Fim é uma perspectiva para as próximas décadas ou pouco mais de um século - não creio que as coisas persistirão para além desse período, pois o mundo, de modo inédito, parece estar ruindo em termos climáticos, ao lado de uma humanidade cada vez mais pobre de moral, força física e intelecto... vide o que se tem como arte hoje em relação ao que era valorizado há alguns séculos. O que seguem são alguns tópicos sobre essa questão:
-Tecnologia: nunca antes na história da humanidade o mundo se viu provido de um sistema inteligente que une inteiramente e sem interrupções todos os povos e pessoas -com acesso à internet. A comunicação imediata e ininterrupta reduz as distâncias, juntamente com a melhora dos meios de transporte, principalmente os aéreos, o conhecimento pleno da superfície terrestre tido pelos satélites e o sistema eficiente de estradas e veículos terrestres. O homem de séculos atrás poderia imaginar que o mundo estava chegando num limite de tecnologias, mas todos reconheciam que faltavam áreas desse mundo a serem dominadas e reconhecidas -nem ao menos possuíam eletricidade-, hoje, porém, no que se refere à crosta terrestre, nada resta - aviões tomam os céus, submarinos e sondas vasculham as profundezas dos mares, outras máquinas adentram o subsolo, todos os espaços da superfície do Oceano são cruzados por embarcações imensas e, quem diria, o mundo subatômico já se desmembra aos olhos dos computadores e nano-robôs. Todo o espaço entorno de nosso pequeno mundo se cerca de câmeras, umas voltadas para nossas casas e outras focadas no Universo das cercanias. Disso tudo, o mais impressionante, porém, é o fato de termos dominado rotas de matéria invisível para a troca de informações, por meio de ondas: rádio,  sinais telefônicos, televisão, internet. Não há mais espaço curto! Em um dia você viaja para o outro lado do mundo e, em menos de um segundo, se conecta ao universo de toda e qualquer cultura, dentro do mundo cibernético - não parece haver mais muito o que inventar ou dominar, apenas sobrando o aperfeiçoamento.
Apocalipse 13:11-18, ao falar da Besta e do Governante Mundial, parece combinar com um mundo imerso em tecnologia e desprovido de fronteiras. João, ao escrever o livro inspirado, descreveu visões de coisas muito estranhas e, por serem estranhas e incomuns, teve que compará-las ou atribuir-lhes características de coisas que via e compreendia em seu contexto cultural e histórico. A descrição da Besta com "chifres, voz de dragão, poder de cura, capacidade de precipitar fogo do céu e aptidão de matar rebeldes" pode, muito bem, descrever uma máquina específica -ou uma série delas-, ou a própria representação da tecnologia, capaz de curar pelos avanços da medicina, rugir nas turbinas de aviões, com seus "dois chifres" laterais, ou "asas", e, no que se refere à guerra, desferir baterias de tiros ou bombardeios, afim de aniquilar todo o insurreto interceptado pelo intrincado sistema de controle e vigilância de um governo munido de sinais de rádio e internet, pela qual pode rastrear e vigiar indivíduos - os "gafanhotos" de Apocalipse 9:2-10 podem, se não demônios, significar maquias aéreas, nesse caso, helicópteros. É lógico que num clima de epidemias e pandemias, dentro de uma humanidade com a saúde mais fraca em todos os tempos -menos lapidada pelo sofrimento- e cujos medicamentos já não conseguem aniquilar certos tipos de vírus, o poder que dispôr dos serviços de saúde será supervalorizado e prestigiado.
A Besta também é responsável por inserir um sinal de identificação na testa ou na mão esquerda de todos os homens, coisa que também combina com a tecnologia atual, pois simplesmente tatuar um número não parece mecanismo eficiente de controle e, muito menos, moeda de compra e venda, mas hoje, com a internet, os cartões de crédito e as moedas globais, entendemos que o dinheiro não precisa mais encher as carteiras, não faltando muito para que um chip ou coisa do tipo, inserido debaixo da pele, venha a, sendo um mini-computador ligado à internet, servir-nos como um identificador -contento todos os nossos registros de identidade, pessoa física, nascimento e, é claro, o IP do próprio chip, ligando-nos constantemente a uma central- e moeda, pois substituiria os ditos cartões de crédito, dinheiro vivo... uma vez que, feita a aquisição, pela internet e um registo bancário, far-se-ia instantaneamente o débito - ou o depósito. A única forma, no final das contas, de tal trecho apocalíptico se resolver, é com a tecnologia, até porque essa ideia do chip é óbvia e inteligentíssima, principalmente para quem lidera, tanto que já vem sendo aplicada, de certo modo, em animais e, recentemente, em humanos, alicerçando uma tendência que se mostrará a melhor saída para as constantes crises econômicas em que mergulhamos como humanidade - lembre-se que, uma vez tornada essa a moeda, a quebrar barreiras monetárias e diferenças de valores entre cifrões, quem não aderir simplesmente não terá dinheiro e nem identificação. O mais interessante é que, pela primeira vez, os indivíduos poderão ser controlados constantemente, já que a ponte entre eles e uma central, um servidor do governo, estará inserida dentro da pele -e a possibilidade de se ligar à internet em qualquer lugar já é realidade. Tal sistema é semelhante a uma outra medida que em pouco tempo se efetuará: a colocação obrigatória de chips nos automóveis, que então poderão ser localizados pelos satélites em qualquer lugar. O número "666", dito no texto de Apocalipse, por sua facilidade de ser calculado, está em conformidade com o número da informática - levemos em conta que o 6 é o número atribuído ao homem dentro do judaísmo, que foi criado do sexto dia e é imperfeito diante de Deus, o 7, que é perfeito. O sistema do 666, portanto, é um sistema, primeiramente, criado e regido pelo homem.
Os versos 4-8 de Apocalipse 13 sugerem, antes de tudo, um governo mundial, já que toda a humanidade se curvará diante da Besta, do Grande Dragão. Ora, em primeiro lugar, diante de uma situação de calamidades climáticas, crises econômicas, fracassos políticos e guerras, o clamor por um líder mundial será quase que unânime -um prévia disso tivemos com a adoração de Baraque Obama enquanto concorria para a presidência, uns até o declararam como "o líder que o mundo precisa". O primeiro passo para unir o mundo é constituir uma moeda global -o dito chip-, como já vem sido feito aos poucos com os blocos econômicos, outro fator importante está no construir uma "aldeia global", fazer do mundo uma cultura, uma nação e, para tal, vem a mídia nas revistas, jornais, internet, rádio e televisão, pregando e martelando informações e idéias convenientes, além de promover a aniquilação das individualidades regionais, servindo o mundo inteiro dos mesmos conceitos, nivelando todos ao mesmo pensamento. As tecnologias de aproximação, ao encurtar distâncias e romper fronteiras, também promoverão esse pensamento de "comunidade global" e, como conseqüência, um líder será incumbido de governar essa tal comunidade -assim como a UE possui um presidente. Não é difícil imaginar que o mundo já é governado por poucas pessoas, de duas espécies: os donos dos maiores bancos internacionais, que alimentam todos os governos e indústrias multinacionais, e os detentores da informação mundial, que recebem todas as informações de nações, indústrias e, inclusive, dos bancos - o Google tem como objetivo absorver todo o conhecimento do mundo, o que inclui detalhes sobre as pessoas, controlando o que fazem na internet, recebendo informações pelas redes sociais... tendo acesso à arquivos do governo? Quero acreditar que não. É óbvio que quem controla o dinheiro e a informação domina nosso planeta e está acima, em termos de influência, dos governos, sendo, tecnicamente, líderes mundiais e, certamente, esses homens não somam mais de cem pessoas.
-Filosofia: de modo inédito, a humanidade procura a "paz mundial" e é com esse pensamento que o Fim se dará -1 Tessaloniceses 5:3. O movimento hippie, as marchas pela paz, o massivo incentivo da mídia pelo cessar das violências, tudo isso se enquadra na previsão de um mundo no limiar do caos. A idéia de "segurança", tida no versículo, se tornará plena durante o Governo Mundial, quando todos os indivíduos terão o chip -que não conseguirão retirar- e poderão ser rastreados em qualquer lugar e a qualquer momento, portanto, todos os criminosos serão rapidamente identificados, encontrados e punidos - isso se o próprio mecanismo inserido na pele não vier com alguma ferramenta de punição instantânea, através da liberação de ondas ou substâncias que venham a perturbar o cérebro. É lógico que haverá "paz e segurança", o que a humanidade hoje tanto deseja, mas tudo não passará do "pacífico" cochilo da fera selvática, que acorda de súbito e parte para a caçada, rejuvenescida.

A idéia, hoje, é que a humanidade se torne uma só, o pensamento pós-moderno prega que todas as religiões são iguais, que todos estão certos, que ninguém pode julgar ou ofender o próximo, tudo deve ser tido com aceitação, afim de nos tornarmos, como humanidade, uma "única família". Essa é a filosofia vigente, repleta de humanismo e, por meio da tecnologia, poderá consolidar seu predomínio.
Medidas estão sendo tomadas para que se evite a disciplina dos pais nos filhos, com o título de "luta contra a violência", com o intuito, segundo prega a psicologia, de se evitarem "traumas e futuros adultos violentos". É lógico que o problema real está nos pais que agridem as crianças, não nos que disciplinam com amor, e o fato é que tal oposição à boa disciplina física já tem constituído uma geração de pequenos totalmente insubmissos, que não discernem autoridades, que não respeitam os pais ou qualquer adulto. Desde a revolução sexual, principiada na década de 60, a juventude tem trabalhado na luta contra as instituições e autoridades, buscando quebrar toda as regras e sensos de moral, numa luta suicida por liberdade plena e o saciar dos prazeres, mas o problema é que hoje essa postura não se trata apenas de um levante, já é parte da cultura, tradição, marca registrada e direito inescusável dos jovens que, com respaldo da família -se não houver incentivo no lar, simplesmente desobedecem em rebeldia-, se lançam numa vida de libertinagem, vulgaridade e promiscuidade, regada à vícios e sexo, coisa que, ao lado da desobediência e desonra aos pais, é inédita -em tal intensidade- na história do mundo, fazendo valer, como nunca, o assombroso texto de 2 Timóteo 3:1-5, realidade quase que inimaginável aos antigos. Tal texto se fortalece quando lembramos do humanismo, antropocentrismo de nossos dias, também resulta num abandono do casamento, já que cada um quer trilhar seu próprio caminho, sem se "prender", aumentando o número de divórcios -vide 1 Timóteo 4:3-,  fazendo esfriar o amor verdadeiro pelos próximos, com relacionamentos baseados em interesses e lucro -o amor também se esfria com relacionamentos "online", vide a expressão "sem afeto natural", do verso 3- e, veja só, o versículo 5 é a face do homem pós-moderno: bem vestido, de banho tomado e cabelo penteado, um sorriso no rosto e aparência amistosa, critico da intolerância, do retrógrado, da tirania, da violência e desigualdade, também não é agressivo, aparentemente uma "boa pessoa", mas, no fundo, é cruel, criticando apenas de boca, em hipocrisia, pois, no comodismo, nada, de fato, quer fazer, também gasta mais em futilidades do que em investimento na vida dos que padecem de privações, tornando-se uma espécie de assassino, já que, sabendo que muitos morrem de fome, frio ou doenças, permanece omisso, investido seu tempo, energia e recursos em seu próprio prazer - para tal, não abrindo mão da traição, calúnia e rebeldia, segundo os versos 3 e 4. É uma era regida pela mentira -1 Timóteo 4:2! O fim, como nunca, está próximo!!
-Apostasia: o descrédito para com a fé cristã, crescente em nossos dias, também é uma evidência do Fim, conforme a própria Palavra relata. A forma como a ciência tem sido dogmatizada e a fé cristã, maliciosamente, atacada como anticientífica e ilógica é uma mostra o espírito anticristão que se ergue. Igrejas escandalosas, como a Igreja Universal do Reino de Deus, pela ganância, corrupção, manipulação e mentiras escancaradas, têm ajudado a manchar o nome do cristianismo que, então, é desconsiderado científica e moralmente, equivalendo, aos olhos céticos, a uma doença para a sociedade. A forma como a fé cristã tem sido zombada e a aceitação geral dessa zombaria, como é com as músicas e a postura da tal de Lady Gaga, é outra mostra de quão grande está o destemor de Deus no mundo inteiro, para o qual é servido esse senso anticristão através da mídia mundial. De modo inédito na história, o cristianismo parece estar morrendo - alguns, inclusive, consideram que já vivemos uma era "pós-cristã", algo alarmante. O ateísmo e o paganismo têm crescido, juntamente com o islamismo, num duro embate ideológico e político com o cristianismo, cujos adeptos estão cada vez menos dispostos a seguir coerentemente e defender veementemente. Finalmente, a própria Igreja, enquanto perde crédito e membros, está dormindo. No final das contas, é tudo uma conseqüência do pensamento geral: se toda a humanidade é uma única família, todas as religiões devem ser respeitadas e igualadas, mas o cristianismo, com sua postura exclusivista, se opõe, torna-se um "mal" que precisa ser descartado, para o "bem" geral. Se a humanidade, unida como uma só, é capaz de fazer coisas maravilhosas e resolver os seus problemas, também não precisa de Deus... é o que dizem. Isso é fruto do humanismo, que também tem engessado muitos cristãos, acomodados e egoístas. Se o Governo Mundial, segundo afirma Apocalipse 13:5-6, for um declarado inimigo dO Criador e adorador do homem -666-, nenhum momento da história se faz tão pertinente quanto o nosso! 1 Timóteo 4:1 e Mateus 25:1-13 falam, respectivamente, de um crescimento absurdo da apostasia -abandono da fé- e da desistência de muitos cristãos, que cansam de esperar o retorno "demoradíssimo" de Cristo, coisa visível hoje - e quase impossível no princípio da Era Cristã, pois ninguém estava desesperançoso no retorno de Jesus, cansado de esperar, pelo contrário!
Lucas 17:26-37 pinta um quadro do Final dos Tempos: os homens estarão vivendo 'como' se nada de estranho estivesse acontecendo, poucos estarão esperando pela vinda de Cristo e as coisas seguirão numa espécie de normalidade, dentro um mundo tão sujo e perverso quanto o fora nos insuportáveis dias de Noé. Justamente nos nossos dias, pela primeira vez na história, a maioria dos homens cansou da crença em Jesus e decidiu deixar de esperá-Lo, vivendo, segundo a filosofia do carpe diem, somente o hoje, "como se não houvesse amanhã - imediatismo em nome do prazer absoluto. Tudo com respaldo religioso, com base em filosofias pagãs revividas, afim de suprir a espiritualidade individualista e confortável almejada atualmente - o xamanismo tem se levantado como uma religião boa e amiga da "Mãe Natureza", com potencial de unir a humanidade entorno da amada Terra e é aqui que posso interpretar a Besta de Apocalipse 13:11-15 como um grande sacerdote pagão, vestindo roupas cerimoniais e provido de poderes espirituais para curar, matar e persuadir, conforme expressei na postagem "Presságio" - revise o primeiro verso de 1 Timóteo 4, reconhecendo a expressão "doutrinas de demônios".
-Perversidade: há menos de um século a humanidade ainda se via regida por sólidos conceitos de moral e ética, provindos de uma longuíssima tradição hereditária, com base em percepções cristãs de mundo. A promiscuidade, vulgaridade e devassidão eram tidas com repúdio e desonra, sendo duramente repelidas pelos pais de família na educação dos filhos, afim de encaminharem as moças, virgens e preparadas, para o casamento e os rapazes, fundamentados num fortíssimo senso de compromisso e valor, para o matrimônio e a liderança de um lar. Haviam, logicamente, os pervertidos, mas a sua fama e reprovação era geral e o próprio individuo reconhecia que caminhava no erro, com base no padrão de conduta imperante. Hoje a castidade é ridicularizada e a juventude se entrega em desonra e adultério em toda e qualquer oportunidade, o que se reflete na esfera musical e midiática em geral e aquilo que era tido como repulsivo, hoje é considerado normal, natural, opção individual - vide a expressão "consciência cauterizada", de 1 Timóteo 4:2 e leia Romanos 1:25. Analisando o primeiro capítulo de Romanos, podemos entender um pouco melhor em que situação nos encontramos: o verso 21 trabalha com a apostasia e o antropocentrismo; o 22 expressa a mentalidade imperante de nossos dias: "somos o auge da espécie humana, os mais sábios e desenvolvidos"; o 23 trabalha com o humanismo e, se pensarmos melhor, de certo modo com o evolucionismo: "não viemos de Deus, mas dos animais, eles nos 'criaram"; no "tudo pode" de hoje, chegamos nos versos 26 e 27, sobre homossexualismo: desde Cristo, com o Império Romano, Idade Média (...) até hoje, nunca o Ocidente aceitou e praticou tanto o ato homossexual, que já está ganhando defesas legais e fazendo calar a oposição; os versos 28-31 tratam de uma questão semelhante ao de 2 Timóteo 3:1-5: devassidão; o verso 32, por fim, termina de caracterizar a mentalidade atual: além da prática da iniquidade, "devemos aceitar, sem questionar, aquilo que os outros fazem e entendem como melhor" e nisso também se enquadram muitos cristãos pós-modernos, que simplesmente aceitam o pecado dos próximos -e buscam argumentos para também o promoverem. Tudo isso desagrada O Criador e, num dado nível, a Sua ira chegará num limite insuportável e, uma vez cheias as Taças da Ira de Deus -Apocalipse 16:1-, Seu juízo virá de modo aterrador e derradeiro. Deus tem tido paciência, mas, assim como com na antiga Canaã, as coisas chegarão num limite inadmissível -Gênesis 15:13-16. Estamos no limiar do Dia do Senhor!
-Conhecimento da vontade de Deus: João 16:7-8 expressa a missão da Igreja, como corpo de Cristo e habitação do Espírito Santo: anunciar o Evangelho para que os homens conheçam a "boa, agradável e perfeita vontade de Deus" -Romanos 12:2- e se tornem indesculpáveis, pois, uma vez conhecendo a Verdade, perderão os argumentos para pervertê-la. Deus é justo e só aplica juízo derradeiro e eterno após o indivíduo, conhecendo a Sua proposta, manter-se contrário -João 15:22-, esse é livre-arbítrio. Quando vemos que a realidade de João 16:7-8 está quase concluída -"o mundo inteiro a conhecer a Verdade"-, também podemos entender que Deus está prestes a despejar a Sua ira, concebendo que os insurretos o são por livre e espontânea vontade e, portanto, de antemão julgaram-se a si mesmos para a morte eterna e os que se entregaram à Cristo, senão retirados antes do caos no evento do Arrebatamento -1 Tessalonicenses 4:17-, serão provados e padecerão as tribulações de juízo, mas, após testados, receberão a Coroa da Vida Eterna -Apocalipse 2:10.
-Tendência histórica: depois de Cristo o mundo mudou. Nunca um império havia conquistando porções tão vastas e importantes do mundo como o Império Romano em seu auge, nunca uma religião imperara em tantas culturas e terras como a cristã - o que ainda hoje é exclusividade do cristianismo -, nunca o mundo se vira mergulhado em tantas grandes guerras e, tampouco, epidemias de tão grande mortalidade. Os dois primeiros milênios, ao que se sabe, foram totalmente diferentes dos relativamente homogêneos milênios anteriores, tudo em conformidade com as previsões de Cristo, de Paulo e de João. Existe uma tendência histórica que relaciona domínio mundial com guerras e epidemias, talvez como um juízo de Deus para quebrar com o orgulho dos líderes dessas potências -e evitar com que interfiram no caminhar profético para o Fim- ou, também, consequências naturais: um grande poder possui muitos inimigos, externos ou internos e, gananciosos e vingativos, principiam períodos belicosos, que geram fome, miséria e, na continuidade, formam culturas belicosas e, portanto, precárias, o que proporciona o alastrar de epidemias. Podemos identificar períodos assim ao longo dos dois últimos milênios, depois da ascensão de Cristo:
O Império Romano, nas primeiras décadas depois de Cristo, somente cresceu, atingindo o seu apogeu em termos de território e poder. A figura do Imperador se tornou a de um líder mundial, a angariar diversas culturas e línguas. Porém, não tardou em demasia para que os dominados ou vizinhos começassem a se unir em investidas militares contra o colosso latino, iniciando um processo de séculos de guerras constantes e intermináveis, até que o Grande Dragão fora degolado em sua capital, Roma, num cerco tenebroso, que eliminou quase todos os habitantes da cidade, abatidos por fome e pestes - Roma, com mais de um milhão de habitantes, terminou com algo entorno de 20 mil. Não muito depois, uma forte epidemia de peste bubônica terminou de julgar o Império, que caiu no Ocidente e foi substituído por sua filha, a Igreja Católica Romana, que reiniciou o processo: a figura de governança mundial passou a ser o papa e seu prestígio, com o tempo, fora invejado e almejado por muitos, o que desencadeou, para variar, outras guerras, como as desenvolvidas com a desavença entre Carlos Magno (imperador entre 800-814) e o papado romano, Leão III (pontífice entre 795 e 816). O fato é que guerras racharam a Europa constantemente durante a Idade Média, fazendo do ocidental um individuo quase que plenamente belicoso, nascendo e morrendo com um machado ou garfo na mão. O resultado desse tenebroso estilo de vida foi a famosa Peste Negra do séc. XIV, que eliminou 1/3 da população européia, calculada em aproximadamente 100 milhões. Nem citei a investida muçulmana, nesse meio tempo, em prol do governo mundial, à partir do séc. VIII, o que gerou um conflito de séculos contra os cristãos europeus, que promoveram uma série de cruzadas para recuperar o que perderam para os árabes que, em seguida, foram subjugados pelos mongóis.
No final da Idade Média reiniciava mais um desses períodos, desses ciclos: com as Grandes Navegações, incentivadas pelos Descobrimentos e pela demanda comercial, um país, em especial, deteve poder em uma parcela grande do globo: a Espanha que, de início, tomou para si a América praticamente inteira, reinando absoluta, especialmente, no que entendemos hoje por América Latina. Os conquistadores espanhóis, afim de garantirem a supremacia do rei da Espanha nas colônias, desenvolveram campanhas militares extremamente cruéis e tenebrosa nas terras indígenas, matando com fogo, aço e doenças europeias quase todos os ameríndios, mais especificamente os da América Central e Andina. Os impérios pré-colombianos se curvaram facilmente mediante algumas das maiores epidemias da história e a terrível fome abatida nos reinos sob tais circunstâncias. Semelhante cenário se repete com o posterior Império Britânico.
A história do século passado novamente nos brinda com uma repetição desse ciclo: disputas políticas e econômicas levantaram uma porção grande a humanidade numa guerra mundial, a Primeira Gurra Mundial, que foi, segundo estudos, a mais sangrenta da história -não em número de mortes, 9 milhões, mas em nível de brutalidade-, durando 4 anos, de 1914 até 1918 e, estranhamente, tendo sequência, em carnificina, com a terrível Gripe Espanhola, de 1918-22, que afetou 50% da população mundial -já interligada por aviões e navios mais velozes-, matando algo entre 20 e 40 milhões de pessoas. Como conseqüência da 1ª GM, surge a 2ª GM, inicialmente com o anseio de dominação mundial da parte de grandes ditadores, sendo eles, principalmente, Hitler, Missolini e Hirohito. O princípio de suas ações de conquista territorial, quase que de imediato, deu o estopim para a guerra que, no final das contas, matou algo entorno de 60 milhões de pessoas entre 1939-45, dando, sem cerimônia, princípio à Guerra Fria, na qual o mundo se dividiu ao meio, com duas superpotências dominado cada uma das fatias, EUA e URSS, esta que caiu em 1991. Os regimes do séc XX inovaram em mais uma questão apocalíptica: a perseguição à Igreja. O século em questão terminou com uma grande pandemia, a gripe aviária, e a primeira década do século XXI foi presenteada, de modo especial, pela gripe suína, que em questão de semanas se alastrou pelo mundo inteiro - os transportes rápidos e constantes, que ligam todas as nações, são a ponte mais rápida para a disseminação de diversos tipos de vírus e isso é preocupante, além de ser inédito na história, o que substitui muito bem a precariedade responsável pelas epidemias medievais.
Não sei se você notou, mas em todos os momentos históricos relatados conseguimos identificar figuras semelhantes, pelo menos em atitudes, aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, descritos em Apocalipse 6:1-8: primeiro vem o Líder Mundial, num cavalo branco e, de brinde, a Guerra, montada num cavalo vermelho, trazendo consigo a Fome, em seu cavalo negro e a Morte, sem seu cavalo amarelo. Não creio que o Apocalipse bíblico se resume a ciclos, tampouco creio que os Cavaleiros já estiveram entre nós, apenas quero evidencias, pelo exemplo histórico, de que o nosso mundo, enquanto está procurando um Líder Mundial, está comprando guerras, fome e pestes. Uma liderança mundial já se evidencia com as unificações monetárias, órgãos de controle internacional e petições de líderes religiosos e políticos, enquanto um cenário de guerra se ergue no levante muçulmano contra Israel, tensões entre EUA e Rússia, renascimento do pensamento comunista -mortífero- e tensões entre Israel e EUA -e aliados europeus- e o Irã, com sua parceira, a Coréia do Norte. Uma guerra com os níveis de tecnologia de que hoje dispomos, desenvolvida no campo cibernético e nuclear, será devastadora, primeiramente porque, pela internet, se pode bloquear os serviços de energia e produção da nação inimiga e, em segundo lugar, porque uma única bomba nuclear pode despejar radiação numa vasta área, aniquilando pessoas e promovendo a infertilidade do solo. Se alguma guerra explodir antes do Governo Mundial, a humanidade ficará tão perplexa que os clamores por paz e restauração retumbarão aos quatro ventos e, muito facilmente, um líder tido como pacífico e eficaz será apontado para o comando de uma comunidade global. O fato é que a guerra, principalmente a nuclear, gerará fome -mais do que já existe, com um bilhão de esfomeados e uma morte a cada 3,5 segundos, o que piora com as crises econômicas. A guerra matará, a fome matará, epidemias matarão -e já estão surgindo vírus resistente aos medicamentos- e um holocausto nuclear matará, isso sem contar que uma guerra tão violenta, juntamente com a constância de terremotos e atividades vulcânicas, alterará o clima terrestre -alterações no eixo e nas correntes marítimas e aéreas- e acelerará o colapso - secas, inundações, invernos e verões mortais... Um cenário tão assombroso e derradeiro virá com a nítida face dos Quadro Cavaleiros e os vindouros -ou contemporâneos- outros três Selos, sete Trombetas e sete Taças, com um evento cataclísmico ligado a outro, como conseqüência ou causador, pois o equilíbrio do mundo é como uma teia de aranha: o toque num ponto reflete em todo o sistema. Leia a postagem "O Fim".
-Colapso do Ocidente: Daniel, profeta no Exílio Babilônico, teve várias e certeiras visões sobre a história humana à partir da supremacia babilônica - você pode ler sobre evidências arqueológicas acerca disso nas postagens "Inegável" e "Espantosas letras". As visões de Daniel são de uma precisão incrível e validam até hoje as nossas perspectivas futuras, pois caminharam até o dia da Segunda Vinda de Cristo, especialmente em três delas: a dos Dois Carneiros -Daniel 8:20-25-, a da Estátua de Nabucodonosor -Daniel 2:38-45- e a das Quatro Bestas -Daniel 7:2-22-, juntamente com o trecho profético de Apocalipse 17:1-14, de João.

Os Dois Carneiros -8:1-9; 20-25: vou começar com essa profecia, pois já se cumpriu, sendo mais um reforço para as demais. É incrível como aquilo que o profeta disse realmente se cumpriu, segundo a soberania de Deus em Seus cuidados com a História da Redenção! Um dos carneiros, a possuir dois chifres, é a Medo-Pérsia, império constituído por duas partes, a Média e a Pérsia, assim como são os dois chifres. Daniel, durante o período de dominação persa na Babilônia, já alertava, na figura do bode de um só chifre, que um poderoso império, liderado por um único forte general, viria rapidamente do Ocidente e, golpeando o outro bode, o derrubaria, dominando vastidões de território nunca antes dominadas. Esse bode, o de um chifre, o próprio Daniel afirmar ser a Grécia, que cumpriu tal profecia na figura de Alexandre, O Grande que, rapidamente e com poder descomunal, derrubou a Medo-Pérsia. A profecia também trabalhou com a divisão do Império Macedônico após a morte do general, através da imagem do único chifre se tornando quadro chifres menores, que Daniel afirma serem quadro reis menores do que Alexandre, os mesmos quatro generais que partilharam o Império Alexandrino -Ptolomeu I, Seleuco I, Lisímacro e Cassandro, um deles constituindo inimizade com o povo de Israel -motivação da posterior Revolta dos Macabeus.
A Estátua de Nabuconosor -2:31-35; 38-45: essa profecia começa desde antes do domínio persa e caminha até o Dia do Senhor, melhor compreendida com base na profecia que seguirá na sequência. A estátua, constituída de vários metais, começara com a Cabeça de Ouro, que representava a Babilônia, menor em dimensões, mas mais deslumbrante e desenvolvida do que seus sucessores; o "reino inferior" que viria depois da Babilônia é como o "bode de dois chifres", acima: constituído de metal mais pobre, prata, mas maior em dimensões e tido em duas partes, representadas pelos dois braços; o "reino que tudo dominará", feito de bronze, representa a Grécia que, como uma só, assim como o "bode de um chifre", constituiu o maior império até então -o bronze simbolizava a armadura grega; o "forte e invencível" reino representado nas pernas de ferro é o Império Romano, que foi conhecido por seu poder incomparável e supremacia milenar. Esse império, porém, como Daniel percebeu, fora impregnado, em seus fundamentos, nos pés da estátua, por barro, o que alguns alegam terem sido os povos bárbaros, que derrubaram o Império do Ocidente, mas não conseguiram derrubar Roma de fato. Acho válido esse raciocínio, mas penso que o Império dividido ao meio representa nitidamente a divisão do Império Romano entre Ocidente e Oriente -verso 41-, o Ocidente, mais fraco, e o Oriente, mais forte, como está especificado no texto e, por isso, o Ocidente caiu em 476 d.C. e o Oriente durou até 1453, porém, isso não significou o fim de Roma, como já dei a entender: quando o Ocidente "caiu", Roma continuou existindo na figura da Igreja Católica Romana, enquanto o Império prosseguia no Oriente, mantendo-se as duas metades do dito reino. Enquanto o Oriente caia, o Ocidente, na figura da Igreja, constituía novos reinos cristãos, que foram o princípio de tudo o que entendemos como Mundo Ocidental hoje, seja a América, seja a Europa. Quando o Oriente caiu e foi engolido pelos muçulmanos, Roma persistiu no Ocidente noutras duas metades, consolidadas com a Reforma Protestante: a Igreja Católica Romana e as nações cristãs, que há tempos estão divididas, sem o misturar de "Estado e Igreja" -verso 43. Finalmente chegamos aos nossos dias, regidos pelo pensamento laico, mas onde ainda impera Roma - nos países ainda ditos cristãos e na Igreja, toda ela com origem primária em Constantino, séc. IV. O que vem na seqüência? É aqui que tudo se esclarece - e, de modo inédito na história, se encaixa no texto de Daniel:
No verso 44 vemos que a volta de Cristo e o Dia do Senhor se darão, o que indica que a última grande cultura a dominar o mundo é a romana, hoje na figura da Igreja e do Ocidente, portanto, quando "Roma" for derrubada chegará o Grande Dia. A Pedra, que é Cristo, virá quando a configuração de Roma compatível com o texto estiver formada e já em processo de decadência e, começando pelos pés -verso 34-, a "Roma atual", derrubará a estátua inteira, todos os povos serão desfeitos e o reinado esterno de Cristo com os Seus, os cristãos, se efetuará, como almejado por Deus desde a Queda. Não concluirei o raciocínio antes de falar sobre a profecia das Quatro Bestas e da Prostituta e o Dragão - lembre-se de que tudo isso é conclusão, percepção minha baseada numa análise individual e própria dos textos.

As Quatro Bestas -Daniel 7:2-22: Daniel, em sonho, vê quatro bestas saindo, simultaneamente, dos mares. A primeira besta, verso 4, é uma representação correta da Babilônia, que tinha na figura do "leão alado" um símbolo - há inúmeros entalhes e esculturas dessa criatura nas ruínas babilônicas. A profecia traz o leão alado como a Babilônia no seu apogeu, forte como um leão e vigorosa, sábia e expansiva como uma águia que voa longe - o poder de Nabucodonosor se deu para além dos territórios de seu império, com influências do Mediterrâneo ao Golfo Pérsico, da Ásia Menor até o Egito. A perda das asas indica a decadência da Babilônia depois de Nabucodonosor, a idéia de o leão ter se tornado homem remete a essa perda de poder - durante a decadência, a Babilônia se debilitou devido ao seu luxo, até cair diante da Medo-Pérsia.
O segundo animal, um grande urso cheio de apetite, representa a Medo-Pérsia -verso 5. Assim como a prata é inferior ao ouro -profecia da Estátua-, o urso é inferior -menos prestigiado- que o leão, mas, ainda assim, é poderoso -até mais que o leão. A expressão "se levantou de um lado" indica que a besta era constituída de mais de uma parte, de um "lado", conforme era a Medo-Pérsia, tida pelos Medos e pelos Persas, e as "três costelas" representam as três maiores conquistas da Medo-Pérsia: Lídia, Babilônia e Egito.
O terceiro animal, um leopardo de quatro cabeças e quatro asas -verso 6-, sem dúvida, representa a Grécia. O Império de Alexandre avançou com voracidade e grande velocidade, pois em poucos anos dominou extensões nunca antes dominadas, o que lembra a figura do leopardo: rápido e voraz - e nos lambra do bode que chega voando do Ocidente. As asas no leopardo adicionam aditivos de velocidade à criatura, a melhor forma de explicar a tamanha rapidez com que Alexandre dominou a sua parte do mundo. A idéia das quatro asas e quatro cabeças nos remetem ao bode que, de um chifre, acabou ficando com quatro, os quatro generais que partilharam o Império Grego depois da morte de Alexandre.
O quatro animal parece-se mais com um dragão -versos 7-12- e, na seqüência lógica, nos remete ao Império Romano, "terrível, muito forte, com dentes de ferro -segundo o metal lhe atribuído na profecia da Estátua-, apetite voraz por domínio". Roma aparece em três períodos: surgindo do mar, dilacerando e pisoteando o mundo e em decadência, dividindo-se em dez reinos menores, identificados como os povos bárbaros que dominaram a Europa e ocuparam em definitivo as porções do Império: ostrogodos, visigodos, francos, vándalos, suevos, alamanes, anglo-saxões, hérulos, lombardos e burgúndios - os hunos não chegaram a estabelecer domínios duradouros na Europa. O "chifre pequeno", que prega e emana sabedoria,  que substitui outros três chifres, pode ser considerado a Igreja Católica Romana que, na inicial busca por poder, teve três principais inimigos a derrotar -os "três chifres mais antigos"-, opositores ao catolicismo por defenderem o arianismo:  hérulos -os primeiros bárbaros a dominar Roma-, vândalos e ostrogodos. O "chifre pregador", no final das contas, parece uma alusão ao papa, o que nos dá as duas divisões de Roma tidas em Daniel 2: povos cristãos e Igreja Católica Romana - o verso 9 de Daniel 7 indica o poder da Igreja Católica e o verso 10 indica que esse domínio daria início ao Derradeiro Juízo. O verso 11 mostra que Daniel se interessou pela pregação do Grande Chifre, o que parece indicar, de fato, a Igreja Católica a aquilo que, em teoria, prega como uma igreja cristã. O mesmo verso trabalha com a mesma ideia da profecia da Estátua: é nesse ponto em que Roma é abatida, julgada ferozmente por Deus ou pela própria iniciativa humana -com levantes anticristãos, muçulmanos, pagãos e ateus. As outras nações do mundo, após a queda de Roma -Igreja Católica e nações cristãs ocidentais-, durarão algum tempo -verso 12-, como foi com a Estátua ruindo: primeiramente os pés foram atingidos. As outras culturas e etnias ocuparão o espaço político, religioso e econômico outrora dominado por Roma, arruinada, até que também caiam - é no processo da queda de Roma e levante desses povos que consigo encaixar o anticristo e o governo mundial. Então os outros reinos do mundo serão destruídos e Cristo retornará -versos 13 e 14.
A Prostituta e o Dragão - Apocalipse 17:1-14: a profecia de João se enquadra nas profecias de Daniel, principalmente na última relatada anteriormente. Uma prostituta vestida de vermelho, com a qual se prostituíram todos os povos da Terra, se vê sentada sobre um dragão com sete cabeças e dez chifres - Roma, a cidade em si, é conhecida por ter sido originalmente construída por sobre sete colinas -verso 9- e os dez chifres combinam com o que já fora dito, as cores vermelho e púrpura são muito valorizadas nas nações ocidentais e Igreja Romana, o vermelho simbolizava nobreza nos tempos de monarquia e o sangue de Cristo para os clérigos católicos; o púrpura, por ser tinta rara, era ainda mais nobre, ornamentando, inclusive, a guarda de elite dos imperadores romanos e o alto clero católico, nesse caso, até hoje. O ouro com que a prostituta se veste indica toda a pujança do poder imperante no mundo há milênios, dominando e colonizando quase todas as terras e povos, os europeus ocidentais, filhos de Roma - quando Noé profetiza em Gênesis 9:25-28, entende que Jafé, pai dos asiáticos e europeus, teria vastos domínios. Uma coisa é certa: a Prostituta e o Dragão representam as duas esferas do Ocidente, uns alegam que a Prostituta é a Igreja Católica Romana, que influencia o mundo e participou de atrocidades, como o holocausto nazista, mas eu prefiro pensar que se trata da cultura das nações ocidentais, que influencia o mundo todo e serve todas as nações com sua promiscuidade musical, cinematográfica e midiática em geral, além do ateísmo e recente paganismo, incentivando mundialmente abominações contra Deus e, portanto, o dragão seria o espaço geográfico ocupado por essa cultura, que domina o mundo com seu poder - não podemos especificar a questão dos sete sucessivos reis e do oitavo, que é dos sete e, tampouco, quais são os dez reis que receberão partes do domínio mundial, sendo autoridades políticas ou detentores de domínios econômicos, do próprio Anticristo, que surgirá, no contexto, no período de maior abominação da parte de Roma no mundo - será um indivíduo da cidade, da cultura relativa à Prostituta e, sobre o Dragão, terá domínio sobre todos os povos da Terra, vide o verso 15.
O fato é que a Prostituta, sobre seu Dragão, lutará contra Deus, zombando-o, promovendo a descrença ou o paganismo, e é o que o próprio Ocidente tem feito contra si mesmo atualmente. O detalhe mais interessante, no final das contas, visto no verso 16, é que o mundo se unirá para derrubar a Prostituta, que cairá primeiro, como na Estátua e com as Quatro Bestas - esse levante contra o Ocidente, vindo do Oriente e de dentro de nossa própria cultura ocidental. É nesse ponto derradeiro, em concordância com as duas outras profecias, que Cristo virá para julgar o mundo e estabelecer o Seu Reino Eterno, governando junto com os cristãos fiéis, cujo princípio se deve à Primeira Vinda, onde o cristianismo principiou e o pecado fora expiado - verso 14.
Conclusão: o colapso do Ocidente está muito relacionado aos Últimos Dias, e parece-me que tal colapso virá com o caos climático, guerras e outras crises políticas e econômicas. O fato é que o Ocidente já está morrendo!! As recentes crises econômicas na maior economia do mundo, EUA, e na Europa, berço do Ocidente, são evidências de que nossa cultura e domínio, como "romanos", deixará de imperar no espaço de algum tempo, sendo engolida, politicamente, por muçulmanos -grandes, como profetizado em Gênesis  16:10-12; 17:20; 21:18, Ismael é o pai dos árabes- e comunistas e religiosamente pelo islamismo, paganismo e ateísmo. A Igreja Católica já está morrendo, padecendo de terríveis crises, com fiéis a abandonando em massas, sua credibilidade caindo violentamente com base nas filosofias atuais e nos escândalos históricos e presentes e seu poderio econômico e político sendo vetado como consequência. As duas esferas do Ocidente, de Roma, portanto, estão caindo: a cultura e as nações cristãs, em termos de política e economia -num mundo que imerge na era pós-cristã- e a Igreja Romana -até mesmo a protestante, que tem a mesma origem primordial-, sendo sugada, desfalecida, pela apostasia, pelo islamismo, ateísmo e paganismo, já citados. Isso é inédito!! Em algumas décadas o mundo que conhecemos será diferente, com o Ocidente subjugado pelo Oriente e, nesse momento, com Roma caída, o mundo durará algum tempo e também ruirá, pois a "pedra" que está derrubando a "Estátua" é Cristo! Aquele que abaterá o Dragão, no final das contas, é Deus!! E quem virá, em seguida, cavalgando nas nuvens, com a espada empunhada, para julgar o restante da humanidade e garantir a Sua eterna supremacia, é O Filho e, certamente, isso acontecerá, assim como profecias tão antigas se cumpriram e evidentemente se cumprirão!! Apocalipse 19:11-21. Nosso mundo, de modo inédito, está em acordo com toda a perspectiva apocalíptica, portanto, prepare-se, porque Cristo, uma hora ou outra, se verá descendo dos céus!! Marcos 13:5-37 - especialmente o 26 e o 33.
Natanael Castoldi

Leia também:
-O colapso do Ocidente <-
-Expostos <-
-Derradeiro juízo
-Redescobridores da humanidade <-
-"Aqui jaz a humanidade" <-
-Pandemia <-
-Cataclismo
-Antigo Mal
-Em nome da honra
-Intento Malicioso <-
-Inversão
-Sala de tortura
-Distanciamento
-"Geração Emoção" <-

quinta-feira, 15 de março de 2012

Espírito anticristão

Mais uma poderosa reflexão de meu pai sobre a nossa sociedade, expressando uma deprimente decadência, baseada no egoísmo de alguns e na irracionalidade de outros -ou todos. O fato é: nosso mundo está, de modo a ser inédito, concordando com todos os aspectos proféticos acerca dos Últimos Dias... os cálices da Ira de Deus, fundamentada numa humanidade perversa e pecadora, certamente estão quase cheios!

Natanael Castoldi

TEMPO, CHAMADO E DESTINO

Por: Pr. Armando Castoldi
08/03/2012

Nesta última terça-feira, a pedido da Liga Brasileira de Lésbicas, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu pela retirada de crucifixos dos prédios do Judiciário. Segundo o relator do processo, resguardar o espaço público do Judiciário para o uso somente de símbolos oficiais do Estado é o "único caminho que responde aos princípios constitucionais republicanos de um Estado laico, devendo ser vedada a manutenção dos crucifixos e outros símbolos religiosos em ambientes públicos dos prédios".
A princípio, essa é uma decisão coerente em si mesma, afinal, outra possibilidade seria que cada religião interessada reivindicasse o mesmo direito. Imaginem como ficariam as paredes das nossas repartições públicas!
A questão no entanto revela algo mais profundo. Na verdade, há duas tendências bastante claras nesse fato: Por um lado, da parte daqueles que ingressaram com o pedido, a repulsa aberta pelo cristianismo e seus valores e por outro lado, da parte das autoridades, a negação de toda uma tradição histórica, que ignora as raízes cristãs que nortearam a nossa legislação e conduta, confundindo o conceito de laicidade com ateísmo.
Este fato revela claramente, que de ambos os lados, estamos atravessando um período de decadência sem precedentes, pois somente uma civilização decadente renega suas próprias origens e abre mão tão facilmente de símbolos e valores espirituais que imprimiram ao longo dos séculos a sua própria identidade.
Alguém talvez perguntará: Mas vocês evangélicos nem usam esse símbolo! Sim, é verdade. Nós não o usamos, mas por motivos bem diferentes, por que simplesmente não queremos “fixar” na mente das pessoas a imagem de um Cristo pregado à cruz, mas de um Cristo ressuscitado e glorioso; um Cristo vivo, que subiu aos Céus e à direta do Pai, reina sobre todas as coisas.
Eu não me importaria muito com a retirada dos crucifixos, contanto que o motivo fosse exaltar a Jesus, mais do que a exposição de sua imagem desnuda e paralisada numa cruz. Porém não é certamente este o motivo daqueles que ingressaram com tal pedido. 
Infelizmente esse fato reflete, sim, um processo de acelerada perda de identidade; um estado de caos moral, espiritual e social, onde em nome de minorias totalmente descomprometidas com os valores mais elementares da humanidade, usam a lei como um instrumento para impor esse deplorável processo de desconstrução.
A Justiça pode ter sido justa, usando tão somente o argumento da sua neutralidade diante das diferenças ideológicas da sociedade, porém em nome da preservação dos valores que a pessoa de Jesus Cristo representa para a nossa sociedade, eles teriam todos os motivos para negar tal pretensão. Sim, até por que eles mesmos estariam numa posição muito mais confortável se nossas leis ainda fossem pautadas pelos princípios da Palavra de Deus.  Mas isso é a apostasia, é a ação do espírito do Anti-Cristo já visivelmente agindo entre nós: “O qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou objeto de culto”. - 1 Tessalonicenses 2.4
Prezado leitor: O cerco contra o cristianismo está se fechando, por todos os lados e em todo o mundo.    É hora, portanto, que a Igreja se levante. Não para fazer guerra, não para se rebelar, nem para se lamentar, mas para assumir corajosamente seu lugar. E, com crucifixos ou sem crucifixos nas paredes das nossas repartições públicas, anunciar com intrepidez a mensagem da cruz, porque “os campos já estão brancos para a ceifa” -João 4.35. E ao fazê-lo, que não o façamos como quem se debate nas trevas, mas como quem vive na luz e conhece seu tempo, chamado e destino: “Ora, ao começarem essas  coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima”Lucas 21.28.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!

Sola Scriptura

Bíblia: o maior trunfo dos cristãos hoje e, ao mesmo tempo, uma fonte de críticas dos anticristãos. Eis um livro intrigante! Enquanto eu a vejo como uma obra espetacular, profunda demais para ter brotado da mente humana, principalmente quando levamos em conta seu período de término, assombrosa demais em termos de processo de escrita, com mais de quarenta autores de várias culturas, estilos, períodos e classes sociais e, mesmo assim, uniforme em sua mensagem central e absolutamente verdadeira, quando levamos em conta que nada, nenhuma verdade eterna contida nela, fora abalada ou anulada por uma comprovação contrária mais sólida, outros conseguem ver um "livro qualquer" -isso é desonesto! Ela resiste as eras, aos povos, a todo o tipo de inimigo e malícia e dominou o mundo, conquistando, com sua simplicidade maravilhosa, nativos dos lugares mais remotos e, com sua complexidade, os maiores filósofos e cientistas dos núcleos mais tradicionais da civilização humana. Países inteiros se ergueram por sobre seus fundamentos ideológicos, a cultura mais poderosa desse mundo provém de sucessivas eras de convívio com as Escrituras, cujos trechos mais antigos remontam milênios antes de Cristo e seus últimos, o princípio de nossa era. É um livro atemporal, válido e lido por romanos do séc. IV e comprovado pela leitura de cristãos do séc. XXI. Nenhuma obra literária é tão importante para a humanidade, nenhum livro possui tantas cópias, edições, traduções e, felizmente, documentos arqueológicos manuscritos como comprovante de autenticidade e fundamento de análise. Não há livro mais estudado, mais vendido, mais universal, mais histórico e mais futurístico, não há obra mais realista, mais sóbria, mais sólida, mais transformadora! A Bíblia é incomparável!! E pela existência de dezenas de milhares de rolos, fragmentos de manuscritos, citações de contemporâneos aos seus primórdios e tradições milenares, podemos ter certeza de que o que temos hoje em mãos é muitíssimo semelhante ao que os primeiros judeus -em termos de Antigo Testamento- e os primeiros cristãos liam, principalmente ao compreendermos que detalhes pequenos não alteram a essência da obra. Essa, definitivamente, é a Palavra de Deus!
Bom, o trecho acima expõe bem o que penso da Bíblia, como sendo a autoridade máxima de minha fé e conduta, mas há os que pensam de outras formas. A crítica cética e o pensamento "pós-cristão" têm levantado inúmeras questões que consideram problemáticas moral e esteticamente nas Escrituras e, há um bocado de décadas, disseminado mentiras baseadas em interpretações errôneas e mal intencionadas de trechos, resultantes de visões descontextualizadas e maliciosas, de análises fracas e simplórias de versículos esparsos e desprovidas de qualquer honestidade intelectual, por isso acho interessante expôr algumas dessas alegações de "falhas", juntamente com uma resposta... óbvia e coerente.
1º) Uma interpretação correta: 

Natureza da Bíblia: um dos grandes erros da crítica e de muitos cristãos falhos está na má interpretação da Palavra. Para uma boa análise da Bíblia devemos, primeiramente, partir do ponto de que, sendo ela a Verdade, nunca tratará de assuntos e questões de modo ilógico, irracional, pois Deus, O Perfeito, nunca faz ou exige coisas inúteis -Gênesis 1:31-, pelo contrário: tudo o que se lê na Bíblia possui um sentido lógico e benéfico, segundo o padrão moral altíssimo dO Criador -1 Samuel 16:7. Essa é a questão: nada de mero ritual, nada de mero capricho divino! Portanto, quanto você se deparar com algo questionável ou algum enigma, provavelmente a sua interpretação correta, das opções, é a que carrega lógica -1 Coríntios 14:15- e benignidade -Neemias 9:13. Eu tenho buscado compreender o cristianismo através de uma análise lógica das Escrituras e, como haveria de ser, tenho me surpreendido e maravilhado constantemente! Leia "A Menor Religião do Mundo".
O papel do homem: existe outro ponto de interessante valia: a Bíblia, ao contrário de outros ditos "livros sagrados", não foi confeccionada por autores "possuídos" pelo espírito da sua divindade, que, com a sua consciência humana inerte e totalmente tomada pelo pensamento divino, supostamente psicografaram as mensagens "divinamente" concedidas, não!! Deus não subjugou os seres humanos no professo de escrita da Bíblia, pois, como um Criador relacional, respeitando e valorizando a criatura com quem quer se relacionar, não poderia, simplesmente, tomá-la a força. O aspecto humano fica evidente nas passagens bíblicas, com um autor indiscutivelmente inserido em uma cultura, época e classe social, o que influencia o seu modo de escrever, a estética e, inclusive, as figuras que usa para relatar ou explicar verdade celestiais ao público destinado. Amós, por exemplo, era um camponês e, como tal, usa de termos típicos de sua esfera de vida, como quando chama os nobres, ou suas esposas, de "vacas" no capítulo 4, versículo 1; Jeremias é outro que deixa evidente a sua natureza nos aspectos do texto: homem emotivo e duramente atacado por infortúnios, expressa vividamente os seus sentimento e sua dor, vide Jeremias 12:1-12, ou Davi, cujos salmos são orações sinceras do rei para O Criador, como em Salmos 88. Portanto, havendo um significativo papel humano, com Deus não anulando o autor inspirado, muito do que se lê, as palavras usadas em determinado contexto, parte de percepções, sensações e impulsos de quem escreve e essa é a maravilha da Bíblia: enquanto divina, consegue ser muito humana, escrita por homens comuns para a compreensão de homens comuns, isso simplifica o texto, faz-nos sentir mais, nos atinge e penetra devido a familiaridade que temos com as expressões tipicamente humanas e, levemos em conta, se o autor conseguiu expressar e entender aquilo que, inspirado por -e em- Deus, escreveu, nós também conseguiremos. A Palavra não tenta persuadir com censuras e manipulações, pois seus autores, inspirados pelo Criador, que é a Verdade, deixaram claros todos os seus maiores podres, demonstrando o amor de Deus em trabalhar com homens típicos -2 Samuel 11.
A Palavra inspirada: como, então, entender que a Bíblia foi totalmente inspirada por Deus? Primeiramente a natureza da Bíblia como um todo é assombrosamente intrigante, pois cada livro compõe um quadro só, conta um pedaço de uma mesma história, a História da Redenção, cada um evidenciando um determinado aspecto e relatando a sua fatia cultural e histórica. A Torá, o Pentateuco, porção dos primeiros cinco livros do Antigo Testamento, são de nítida inspiração divina, primeiramente pelo relato do encontro de Deus com Moisés -Êxodo 3-, o autor desses livos, ficando claro que O Criador estava no controle e dava grande autoridade ao profeta. Toda a evidência histórica e arqueológica de que as 10 Pragas realmente se sucederam -vide "Inegável" e "Espantosas letras"-, comprovando o envolvimento dO Eu Sou com Moisés, o que se fortalece no relato do Êxodo pelo deserto e na entrega da Lei de Deus ao Povo Escolhido por intermédio do profeta, lei essa de teor tão profundo e complexo que, definitivamente, não pode ter tido origem humana -vide "Incoerência" e "O Perfeito". A autoridade de Moisés nos dá certeza de que tudo o que escreveu como Escritura tem procedência divina.
Objetivos primários - para se entender melhor, deve-se, antes de tudo, encontrar as motivações
Gênesis: dar identidade única ao povo hebreu reconstituído, orientando-o, com base na verdade, de modo a retirar os mitos e tradições egípcias de seus genes e evitar a contaminação pelo paganismo cananeu.
Êxodo: relatar o processo da libertação do Egito e parte do percurso no deserto, repleto de milagres e juízos de Deus. Contém orientações centrais a respeito da lei.
Levítico: livro voltado, principalmente, para a constituição da uma identidade religiosa para Israel.
Números: juízo pela incredulidade - maldição de décadas no deserto, afim de retirar quase que por completo o pensamento egípcio da mente israelita.
Deuteronômio: Israel novamente prepara-se para conquistar Canaã, a Terra Prometida. A Lei é revisada, afim de relembrar os hebreus.
Os demais Livros Históricos possuem alguns autores, mas o seu conteúdo, por si só, já pode ser tido como fruto da autoridade divina, já que relata com detalhes parte da história do Povo Escolhido, isso em parceria com as previsões e avisos dos profetas, contemporâneos. Saber como Deus agiu, extrair ensinamentos dos eventos, entender as diversas questões relativas a esse bloco grande da História da Redenção é essencial para o cristão, logo, a descrição histórica daquilo que O Criador fez nos é de valor indiscutível, por ser o infalível Deus agindo de determinado modo e expondo diante de nós, além dos fundamentos do Novo Testamento, as verdades eternas por detrás daquilo que O Perfeito desenvolveu. Além da natureza desses textos, seus autores são confiáveis, entre eles Samuel, profeta, juiz e sacerdote, escolhido pelo Pai desde o ventre materno e separado ainda criança. Jeremias, grande profeta, também é citado como um possível autor de alguns livros. Esdras, um erudito fiel a Deus, após estudos da Lei e da história de Israel, também confeccionou alguns dos livros em questão. O fato é: o que aconteceu, aconteceu e ponto final, portanto, possui valor em si mesmo. Mas fica nítida a vontade de Deus envolvida no processo, pois Ele se mostra um produtor da história nesses livros descritas, principalmente quando levamos em conta que vários eventos relatados foram, de antemão, profetizados. Consideremos também a sinceridade com que os autores relataram inconvenientes pecados e vergonhas de Israel, o que nos dá segurança de que os relatos, bons e ruins, seguramente aconteceram.
Objetivos primários - para se entender melhor, deve-se, antes de tudo, encontrar as motivações
Josué: o sucessor de Moisés lidera a nação de Israel na conquista da Terra Prometida.
Juízes/Rute: com focos de paganismo em cidades não conquistadas e dizimadas, Israel se perverte. Deus levanta juízes para defender a nação nos tempos de caos político. A sede por uma monarquia nasce.
Livros de Samuel: com Samuel, juiz, sacerdote e profeta, nasce a monarquia sobre as 12 Tribos, com Saul, escolhido pelo povo, mas reprovado por Deus. Davi, escolhido pelo Pai, sucede Saul.
Livros dos Reis: com Salomão e seu coração dividido na falta de temor de Deus, Israel também se divide em dois reinos, o do Norte, Israel, e o do Sul, Judá. Uma série de reis, em paralelo, governam as duas partes, a maioria oposta aos propósitos de Deus e por tal iniquidade, segundo o que predizia a Lei, as duas nações deveriam ser julgadas, primeiramente Israel, por ser mais devassa e, depois Judá. Os livros são documentos reais, oficiais, da corte sobre os atos dos reis.
Livros das Crônicas: depois de julgadas as nações de Israel e o regresso de Judá do exílio, Crônicas veio como uma documentação destinada a relembrar os judeus de suas origens, dando-lhes identidade e propósito. É uma revisão dos livros dos Reis.
Esdras/Neemias: dão prosseguimento às Crônicas, relatando o retorno do Exílio Babilônico, juízo de Deus, à Terra Prometida e a reconstrução do Templo e dos muros de Jerusalém. Os judeus esperam pelo Messias, prometido desde Gênesis. Israel, ao norte, nunca mais recebeu seus habitantes originais, miscigenados outrora pela tática de dominação Assíria.
Ester: enquanto muitos israelitas voltam para a Terra Prometida, outros decidem permanecer na Pérsia e Ester relata um evento envolvendo esses hebreus, grandemente honrados por Deus na corte de Xerxes.
Os Livro Poéticos são válidos por que se inserem no contexto dos Históricos, sendo tidos por personagens de relevante relacionamento com Deus, como Davi e Salomão. O relacionamento profundo e sincero de Davi com Deus é parâmetro para nós, autoridade comprovada nas profecias messiânicas que o citado rei faz de súbito enquanto escrevia, todas consumadas em Cristo. A sabedoria de Salomão, presenteado por Deus com esse atributo, é assombrosa demais para um homem comum, ou douto, daquele período - os Provérbios são orientações de universal relevância para a vida cotidiana e Eclesiastes trabalha com percepções de uma vida de poucos propósitos, demonstrando a insegurança e dor desse modo de viver. Os Poéticos comprovam a autoridade dos reis dos Históricos, enquanto os Históricos comprovam a autenticidade dos Poéticos.
Objetivos primários - para se entender melhor, deve-se, antes de tudo, encontrar as motivações
: uma história que provavelmente se insere num período recente ao pós-dilúvio, mas é poética em termos de mensagem e expressão de sentimentos. O sofrimento não necessariamente é "privilégio" dos que pecam, mas Deus sempre honra uma fé sincera e incondicional.
Salmos: são cânticos e orações escritas por várias figuras determinantes da história de Israel, dentre elas, a mais evidente é Davi, que, sendo músico, escreveu afim de expressar sentimentos, arrependimento, agradecimento e petições a Deus dentro de períodos de desventura ou abundância.
Provérbios: expressão máxima da sabedoria de Salomão, antes de seus dias maus. Orienta, por meio de pensamentos, o leitor a reagir de modo coerente em diversas circunstância do dia-a-dia.
Eclesiastes: nesse livro Salmão trabalha com uma reflexão sobre a vida, sobretudo expressando as tristezas e falta de sentido de uma vida sem Deus como centro, uma vida comum.
Cântico dos Cânticos: trata-se do desenvolvimento musical de uma bela história de amor segundo os padrões de Deus. Também é da autoria de Salomão.
Os Livros Proféticos possuem uma verificação de autenticidade, primeiramente, nos Livros Históricos, e vice-versa. O trunfo desses livros está no cumprimento quase que total de suas profecias num espaço de tempo comprovadamente posterior ao em que foram desferidas, outras cumprir-se-ão na realidade do Apocalipse, Segunda Vinda de Cristo e Novos Céus. A influência que cada profeta tinha no seu tempo era prova de sua autoridade merecida. Leia "Desafio profético".
Objetivos primários - para se entender melhor, deve-se, antes de tudo, encontrar as motivações
Profetas pré-exílicos: os profetas, inseridos no contexto de Reis, se dividem em categorias. Um grupo, com a devassidão de Israel, profetizou a queda do Reino do Norte e seu exílio pela Assíria e, posteriormente, o exílio de Judá na Babilônia, como forma de alertar o povo e, caso se arrependesse das vilanias, evitar-se o juízo.
Profetas exílicos: o Norte praticamente morreu com o a Assíria, mas Judá manteve-se, segundo a vontade de Deus, vivo na Babilônia e profetas exílicos se levantaram e por meio de sinais, como no caso de Daniel, ganharam a confiança de autoridades pagãs. Esses profetas acalmavam o povo com uma esperança de redenção, de retorno à Terra Prometida após consumado o tempo de disciplina. Suas previsões reconfortantes, muitas vezes, trataram de eventos messiânicos posteriores, consumados na Primeira Vinda de Cristo e, nalguns casos, pelos quais ainda esperamos com a Sua vindoura Segunda Vinda.
Profetas pós-exílicos: no retorno à Judá, esses profetas trataram de apontar preventivamente os velhos pecados dos hebreus, que novamente começavam a brotar entre o povo restabelecido, também reafirmam a vinda dO Cristo.
Os Evangelhos relatam, pela perspectiva de quatro testemunhas, juntamente com pesquisas, sobre a vida que O Messias, prometido em todo o Antigo Testamento, passou em meio aos homens. Os autores desses livros relataram o que vivenciaram, logo, o que Cristo fez e nos está apresentado, possui uma natureza indiscutível, servindo de um pleno padrão de conduta e fé para nós, levamos também em conta que esses homens, sendo apóstolos, que de Jesus receberam autoridade, escreveram verdades divinamente inspiradas. O livro de Atos é um retrato da expansão inicial da Igreja depois de Cristo e, sendo um relato, tido pelo mesmo Lucas que escreveu o evangelho que leva seu nome, a apresentar numa perspectiva histórica aquilo que os apóstolos fizeram ou deixaram de fazer, dentro de um contexto de igreja e perseguição. As cartas de Paulo se inserem no ministério paulino relatado brevemente em Atos e são responsáveis pelas maiores polêmicas, mas possuem inspiração divina pelo fato de o antigo perseguidor dos cristãos, conhecido por seu ódio, ter se convertido subitamente ao ver o próprio Cristo ressurreto e receber diretamente dEle instruções e ensinamentos, verdade que foi do conhecimento dos cristãos palestinos da época - se dividem em dois tipos básicos: cartas à Igrejas fundadas ou cuidadas por Paulo e cartas à indivíduos que Paulo queria instruir diretamente para o presbitério. O Novo Testamento termina com cartas de autoria não paulina, provenientes doutros apóstolos, como Pedro e João, além de Tiago e Judas, irmãos de Jesus. Hebreus e Apocalipse possuem autoria duvidosa, mas seus conteúdos são tão fortes e coerentes, que sabe-se ter sido Deus, no final das contas, o autor final. Toda a tradição histórica de judeus e cristãos, toda a tradição da Igreja, toda a influência mundial política desde o princípio, toda a evidência arqueológica... há uma série de fontes que comprovam a autenticidade da Bíblia que temos hoje, além de a própria Bíblia fazê-lo, com a unidade surpreendente que existe de seu primeiro ao seu último versículo, sem contradições ou incoerências, lembrando-nos de que o autor, por detrás do homem, sempre foi o mesmo, Deus que, pelo Espírito Santo agindo de modo especial em alguns na história, inspirou a produção de tudo o que nos é necessário para a salvação em Cristo! Leia as postagens: "Impossível", "Perdidos no pântano", "Apologia ao suicídio", "Por que se opor?", "Sucessão religiosa", "A Razão", "Queda e redenção" e "Passado perdido".
Interferência humana: o único aspecto do cristianismo que é inquestionável é o que se refere explícita e implicitamente na Palavra, principalmente no que consta sobre os fundamentos da História da Redenção e da salvação em Cristo, que resistem, como essência e verdade eterna, a toda e qualquer tradução e cópia da Palavra ao longo das eras -a Verdade Absoluta independe de meros detalhes-, todo o mais, porém, quando não fundamentado totalmente nas Escrituras, podemos questionar. Muito da crítica atual sobre a Bíblia e o cristianismo vem de insobriedades da tradição extra-bíblica da Igreja, como o culto aos mortos e a adoração de imagens, provindas da influência de fatores históricos, culturas, malícia humana ou interpretações erradas da letra divina. A escravidão e o machismo, por exemplo, existiam em quase todas as culturas mundiais mesmo antes de Cristo e prosseguiram existindo depois da vinda do Messias, com malignas percepções e deturpações de trechos isolados. O que a Igreja fez na Idade Média, principalmente, também não pode ser fundamento para se criticar a Palavra, já que é óbvia a dominação do perverso pensamento humano e secular, que tomou de assalto os domínios da Igreja e perverteu seus passos, vida "A Grande Mentira".
Os fundamentos da Bíblia: independente do que se faz hoje com a Palavra, ela, tida de modo genuíno, trabalha com conceitos eternos, dentre os quais o amor pleno para com Deus e os próximos é o mais evidente e aquele que deve reger nossa conduta em relação aos outros -Mateus 22:37-40. Se o cristão tem dúvidas sobre como se portar em diante doutras pessoas e a eventos, precisa levar em conta esse fundamento primordial, no qual se baseia todo o Antigo e o Novo Testamento, segundo o que o próprio Cristo disse. Se determinado texto das Escrituras transmite, aparentemente, uma idéia que fere esses princípios, é necessária uma interpretação segundo os moldes do amor, buscando extrair, no fundamento da questão, dentro do contexto em que se insere na história e no trecho escrito, a verdade eterna, as motivações de Deus e do autor humano em desferir tais idéias ou agir da forma determinada.
O objetivo da Bíblia: por mais que os conceitos de amor nos levem, automaticamente, a uma luta contra toda a forma de opressão malévola, os motivos de a Palavra existir não se resumem a uma luta política e social, mas, sim, em orientações para uma vida física e espiritual mais sólida em prol da salvação eterna com Cristo. O amor deve prevalecer, portanto nenhuma revolução de escravos, nenhuma reforma agrária, luta por direitos, foi explicitamente estimulada por Cristo e os apóstolos, havendo algo mais importante a ser levado em conta: a eternidade! O amor pregado por Jesus e seus seguidores não poderia coexistir com um levante odioso dos servos contra seus senhores ou das mulheres contra os homens, mas, sim, no estímulo ao amor mútuo entre o senhor e o serviçal, entre o marido e a esposa, entre os pais e os filhos, entre os governados e os governantes, postura tal que, se levada em conta, promoveria o bem geral - pensamento que já era extremamente revolucionário numa era em que o homem tinha o direito absoluto sobre a vida dos escravos, da esposa e dos filhos. O aspecto revolucionário da fé cristã veio, posteriormente, com base em seus conceitos de liberdade e igualdade, o que levou cristãos ingleses a serem vanguarda na luta contra a escravidão, por exemplo. Efésios 5:22-33 e 6:1-9 e 12.
Exegese e hermenêutica: ora, todo a análise série de qualquer literatura exige uma boa interpretação relativa ao contexto histórico, cultural, geográfico, segundo as características o autor, suas motivações e as peculiaridades dos destinatários originais, seus problemas, suas questões, suas percepções. E nenhuma boa interpretação se dá fora das regras básicas da análise de texto, entendendo a natureza das palavras, quem é o objeto, o que, como e porque é dito, portanto, é desonesto quem acusa sem utilizar-se dessas leis indiscutíveis. Assim como em outras literaturas, devemos usufruir da exegese e hermenêutica para a boa interpretação e aplicação do texto bíblico. Na exegese entendemos que o antigo texto que temos em mãos tinha um público original a quem as palavras se destinavam, afim de responder as suas questões e dilemas, exclusivamente, mas como Deus nunca muda e não se contradiz, por mais que as palavras se destinassem a povos e igrejas específicas e com problemas específicos, podemos extrair verdades eternas delas: "por que Deus está exigindo isso? Por que isso é importante? Que padrão de moralidade há por detrás disso? O que isso pode significar para mim hoje?!" Essa é a hermenêutica, vide um exemplo: em 1 Coríntios 11:4-15 Paulo fala orienta as mulheres cristãs de Corinto a usarem véu e os homens a não usarem. Quais os motivos para isso? A cultura grega, conhecida pelo homossexualismo e a valorização da mulher, tendia a um pensamento, de certo modo, unissex, e Corinto era uma cidade grega. A mulher cobrir a cabeça também era um velho costume pagão e judeu associado as diferenças de gênero determinadas desde o princípio da humanidade. Paulo, portanto, ao exortar que mulheres cobrissem a cabeça e homens a mantivessem descobertas faz parte de um estímulo específico a diferenciação evidente entre os dois sexos, para evitar confusões, de mulheres se igualando a homens e homens se igualando a mulheres, o que ia -e vai- contra os padrões de Deus instituídos no Gênesis, o que Paulo está querendo dizer, portanto, é que homem e mulher são seres diferentes em natureza e hierarquia e, portanto, precisam preservar essas diferenças para que a Igreja se mantenha em ordem e ambos, macho e fêmea, unidos, acrescentem um ao outro segundo as suas individuais características fortalecidas por um estímulo à masculinidade no homem a a feminilidade na mulher. Outro aspecto, tido em Números 5:18, alertava: mulheres com a cabeça descoberta poderiam ser tidas como imorais, impuras - a insubmissão pública das mulheres era vil -, logo, para a boa imagem da Igreja de Cristo -sem escândalos- perante judeus e gentios, esse padrão deveria ser mantido. Essa é uma análise exegética, vide agora uma aplicação hermenêutica, sirvamo-nos da verdade eterna por detrás da ordenança: como hoje não é escândalo a mulher estar com a cabeça descoberta, o que nos vale é entender que devemos valorizar e manter as diferenças entre os sexos bem evidentes e atentarmo-nos para não provocarmos escândalo algum diante dos irmão na fé e dos incrédulos.
Concordância: eis outro aspecto essencial para uma análise sóbria da Palavra: verificar se a minha interpretação de dado versículo possui respaldo de outras passagens bíblicas. Levemos em conta que Deus não se contradiz, logo, o que a Bíblia fala, como verdade eterna, em Gênesis, continuará falando até Apocalipse. Primeiramente, nunca se interpreta um versículo sem atentar para o contexto em que ele está inserido, por exemplo: Filipenses 4:13, quando lido isoladamente, pode dar a entender que em Deus poderemos ter tudo e ser tudo -os mais ricos e prósperos-, mas quando vemos o contexto, o verso anterior, entendemos que Paulo está dizendo que pode tudo em Cristo: ser feliz, mas suportar as tristezas, ter fartura ou padecer de miséria. Noutros casos, o leitor encontra um único versículo que, no contexto, pode dar a entender algo conveniente para suas vontades e idéias, mas esquece de que outras passagens, de outros capítulos ou livros, reprovam sua vã interpretação, por exemplo: ao ler 1 Coríntios 10:25-26, alguém por pensar que "tudo está liberado se a consciência estiver limpa, inclusive o adultério", mas pensará errado, pois no mesmo livro, no capítulo 6, no verso 10, Paulo diz: "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus."
Concluo aqui a parte introdutória, servindo-lhe de conceitos que você, numa conduta honesta, poderá levar em conta na hora de ler a Bíblia, princípios que tanto a igreja quanto os críticos da Palavra têm esquecido, uns para atestar sua postura errônea -leia "Mitologia"- e outros para argumentar ferozmente contra as Escrituras, ambos igualmente vis. Seguem abaixo algumas passagens intrigantes, mas passíveis de boas e coerentes respostas:
2º) Fontes da polêmica:


"A Bíblia mostra Deus sendo mal, pois mata muitas pessoas", é o que dizem alguns. Vários versículos demonstram juízos de Deus na humanidade e você poderá ler sobre isso, juntamente com as explicações, na postagem "Incoerência". O fato é: se um cristão sofre opressão e é torturado por perseguidores, os críticos dizem: "Onde está o seu Deus agora? Essa é a bondade dEle, te deixando morrer?" e se Deus, porventura, matasse todos os opressores em defesa do Seu filho, diriam: "Esse é o seu Deus? Não parece nenhum pouco bondoso!" Os que criticam sempre encontrarão problemas... discutir é como jogar "pérolas aos porcos" -Mateus 7:6. Que se pense quais as motivações e os frutos eternos de um juízo divino, pois os fins, nalguns casos, justificam, sim, os meios.
Por que Deus mata? Primeiramente, é um direito Seu de, como criador da vida e legislador do Universo, julgar e destituir da existência os insurretos -Romanos 9:20; Isaías 45:8-9. Porém, Deus, sendo justo e bom, não o faria por meros caprichos, e é o que os outros pontos demonstrarão:

-Juízo, Gênesis 18:20-33: Deus se cansa do pecado contínuo, O Pai, totalmente justo, simplesmente não pode deixar a iniquidade impune. Em determinadas ocasiões relatadas na Bíblia, Deus aniquilou nações devido a sua tenebrosa perversão e oposição à Sua vontade, mas esses são casos mais extremos, como o de Sodoma e Gomorra que, mesmo assim, teriam sido poupadas se nelas habitassem um número muitíssimo reduzido de homens justos. Em ocasiões desse tipo, Deus evidencia a Sua vontade, o Seu poder, faz com que os que morreram sirvam de exemplo para uma aproximação de outros e, destruindo um antro de exagerada maldade, priva outros povos de se envenenarem pelo péssimo e vil exemplo da nação julgada.
-Escolha humana, Deuteronômio 30:19: havendo estatutos divinos a serem seguidos em prol da vida, sendo a rebeldia retribuída com morte, qualquer um que, tendo conhecimento disso, prosseguir na posição de inimizade para com Deus, estará, literalmente, pedindo para morrer, julgando-se a si mesmo.

-Proteção, Salmos 89:23: para manter vívida a esperança messiânica, Deus, no Antigo Testamento, precisava proteger Israel dos inimigos, julgando-os pela sua arrogância e orgulho, blasfêmia, devassidão, e covardia. Por amor ao indivíduo que tem como filho, O Pai pode entrar na briga. A proteção também se enquadra na conquista de Canaã pelos hebreus, que precisavam de terras para constituir uma nação.
-Disciplina, Hebreus 12:5-9: para manter Israel em coerência com a vontade dO Pai, em prol da consumação da História da Redenção, Deus, volta e meia, precisava disciplinar a nação com ataques inimigos, pestes e outros artifícios mortais, já que a exortação pacífica vinda da boca dos profetas pouco adiantava. O exemplo de alguns, que morreram em resposta a rebeldia, servia como disciplina para o povo inteiro e, disciplinado, reaproximar-se de dO Criador.

-Amor, Hebreus 12:2-4: toda a ação de Deus se dá por amor. Inclusive a disciplina e o julgamento de Deus são fundamentados no amor: o eliminar de uns poucos insurretos em prol da salvação de muitos pelo exemplo e pela eliminação da influência negativa, mas há um exemplo de ardente amor que se sobressai: a morte de um inocente em prol da eliminação do pecado de uma humanidade inteira -para quem aceitar: o sacrifício de Cristo! Jesus morreu, morreu pela vontade de Deus, mas com o objetivo de atingir pelo exemplo e pelo estrondo espiritual a vida de uma humanidade condenada pelo pecado.
"A Bíblia estimula o machismo", é o que dizem outros. Efésios 5:24 é uma das passagens usadas, pois determina que as mulheres devem se sujeitar aos maridos. Ora, a Bíblia não é "machista", pois não trabalha, segundo o seu fundamento em amor e "não acepção de pessoas" -Atos 10:34; Gálatas 3:28-, com a exploração egoísta do homem para com a mulher. Acontece que Deus, Perfeição e Ordem, sempre designa autoridades em todas as instituições que alicerçou e o casamento não seria diferente, tendo o homem, o primeiro criado, como aquele que anda na frente e a mulher, como sua auxiliadora. No final das contas é um trabalho em equipe a acrescentar para os dois envolvidos: a mulher ama e respeita ao homem, como a Igreja ama e respeita à Cristo de modo profundo, a pondo de, se necessário, morrer por Ele, e o homem respeita e ama ardentemente, a ponto de entregar a sua vida, pela esposa, assim como Cristo o fez pela Igreja. O homem é o "cabeça" da mulher assim como Cristo é o "cabeça" da Igreja, portanto o homem se coloca numa situação de liderança servil, totalmente focada nos interesses da esposa, enquanto a esposa se submete ao homem também em postura servil, totalmente focada nos interesses do marido, concluindo-se num sentimento comum de servidão e amor, afinal, quem ama verdadeiramente não busca interesses próprios, grandeza individual, mas a vida e a honra daquele que ama - 1 Coríntios 13:4-7. Se o homem explora e quer mal a mulher, está explorando e querendo mal a própria carne, pois é uma só carne com a esposa, além de estar fazendo o oposto do que Cristo faria e desrespeitando a responsabilidade de imitá-Lo no relacionamento conjugal - leia Efésios 5:25-33. Em resumo: o serviço e o amor depositado no marido não partem de si mesmo, mas da esposa, enquanto o serviço e o amor depositados na esposa não partem dela, mas do marido - 1 Coríntios 7:4.
Se o padrão bíblico de amor e casamento for levado em conta, o marido jamais menosprezará ou subjugará a esposa!! Não haverá espaço nem para machismo, nem para feminismo, pois os dois lados, amando-se ardentemente, servir-se-ão um ao outro de bom grado e se respeitarão profundamente, em zelo pela integridade e honra das partes, unidas como uma só. Quando Paulo exorta o marido a amar a esposa de modo tão profundo, chegando a ser sacrifical, está enfrentando descaradamente o pensamento romano, onde a mulher era apenas uma propriedade do homem. Quando Paulo fala para a mulher se submeter ao marido, trabalha com o patriarcalismo tipicamente bíblico, fonte de ordem, lembrete do relacionamento entre Jesus e a Igreja e o ambiente perfeito para se exercitar o amor cristão, capaz de fazer uma parte abrir mão de alguns privilégios, submetendo-se, e a outra, abrir mão doutros privilégios, não explorando ou subjugando, não abusando da autoridade, tudo por amor.
Mas se não existe machismo nas Escrituras, então como podemos entender 1 Coríntios 14:34-35, que ordena o silêncio das mulheres na congregação? Ora, é simples: o que vem antes dessa ordem? Confusão com os dons espirituais, em especial o de línguas, promovendo desordem na igreja -verso 33. Provavelmente a questão do silêncio das mulheres partia, primeiramente, desse problema: talvez estivessem, parte delas, portando-se erroneamente nas celebrações, promovendo, pela atitude, mais confusão do que crescimento. Era um problema local e precisava ser resolvido! O capítulo 11 trata um pouco mais desse ambiente confuso e repleto de discórdia instalado em na igreja de Corinto, vide o verso 18, o que dá um pano de fundo ainda melhor para a preocupação de Paulo com a postura das mulheres dessa igreja. Outra questão era relativa ao ensino: com toda a espera messiânica, originada em Gênesis 3:15, mas fortalecida com Abraão, de ser o primogênito, filho homem, separado por Deus como herdeiro da promessa, o ensino da Lei, da Palavra, era de exclusividade masculina: os homens adultos ensinavam, orientavam, os jovens de modo especialmente profundo, sendo, por uma questão cultural, as mulheres desprovidas desse privilégio. Podemos concluir, com esse raciocínio, que as mulheres, com menos acesso ao conhecimento teológico, tinham grande potencial de expor publicamente compreensões errôneas e indevidas da fé cristã, portanto, para evitar-se a heresia, blasfêmia ou desonra, era preventivo o ato de exortar pelo seu silêncio e, havendo algum pensamento, reflexão ou pergunta, expressada exclusivamente em casa, direta e somente com o marido, melhor instruído. O capítulo 14 parece tratar dessa questão específica, afim de evitar contendas e inconvenientes, mas Paulo, no capítulo 11, parece, noutros termos, condizente com a expressão em louvor da mulher na congregação, vide o verso 5. Como conclusão e aplicação, podemos entender, portanto, que a questão não é o silêncio da mulher em si, mas a nossa omissão pública mediante a incerteza ou carência de conhecimento e moral em relação a tópicos de caráter teológico, com o objetivo de não criarmos confusão e polêmica por intermédio de uma eventual heresia ou blasfêmia. Não se trata de machismo!!
"A Bíblia estimula a escravidão", é o que muitos alegam ao se depararem com a carta de Paulo à Filemon ou o trecho de Efésios 6:5-10. Besteira! Quem assim argumenta trabalha com imensa desonestidade e não ataca a Bíblia por considerá-la, realmente, vil, mas porque o indivíduo em questão, por uma inimizade para com Deus provinda de problemas familiares, deficiências, outros traumas e carências, ou com base no anseio por libertinagem, quer destituir o valor das Escrituras, acusando-a pretensiosamente. O apóstolo Paulo jamais defende a escravidão, incentivando-a, da mesma forma que não luta contra todo o sistema romano imperante em seu período. Em primeiro lugar, devemos levar em conta que a relação de servo e senhor nesse período: o contexto judaico-cristão não equivale à carnificina da escravidão promovida, por exemplo, pelo Brasil colonial em relação aos negros africanos, nem de perto, assemelhando-se mais a relação atual de operário e chefe. O servo em questão cuidava dos negócios de seu senhor numa interação relativamente próxima a de amizade, não recebendo grande retorno em salários, mas o sustento da casa daquele a quem servia. Nesses casos, numa sociedade onde imperava o pensamento secular e contra o qual a Igreja não tinha poder determinante, era melhor que o servo, o escravo, continuasse na segurança de sua posição do que perdesse o posto, simplesmente porque os servos constituíam uma classe social desconsiderada, tida por não-cidadãos, sem direitos políticos ou oportunidades, portanto, se um senhor libertasse seu servo, ele, de berço servil e, quem sabe, de nação estrangeira, não seria bem recebido pela sociedade romana e padeceria de sofrimentos e privações maiores  do que as recebidas na situação de serviço, por conseqüência, o pensamento mais saudável não era se impôr em oposição completa, rebeldia e ousadia contra o sistema vigente, mas exortar para uma modificação saudável do mesmo, benéfica para o servo, que continuaria na segurança do serviço e sustento, e benéfica para o seu senhor, que teria servos mais felizes, saudáveis e eficientes, ambos agradando ao Senhor pela atitude mútua de amor, seguindo o exemplo de Cristo - Lucas 22:26.
Em resumo: a Palavra não defende a escravidão, mas trabalha com conceitos que devem transcender toda a convenção e tradição social. A Bíblia é muito clara: quando regras estipuladas pelo governo não se opõem a verdade das Escrituras e não colocam à prova a nossa fé, pressionando-nos a desistir de Cristo, devemos acatá-las, pois nossos anseios são focados na eternidade e não em questões puramente humanas - o que não nos impede de levantarmos oposição à posturas que ferem os padrões bíblicos de amor. Romanos 13:1-6. Apliquemos o pensamento de Deus em relação ao servo e o senhor na atual configuração profissional de empregado e empregador.

"A Bíblia estimula a disciplina física nas crianças", é o que alegam os críticos com base em Provérbios 23:13-14, que, dessa vez, estão criticando com alicerces num conceito inquestionavelmente bíblico. A questão aqui é: a crítica realmente é bem fundamentada? Só porque a imagem de um pai disciplinando fisicamente um filho mexe com nossas emoções e é difícil de engolir num primeiro momento, a correção física está errada? Precisamos separar o que é fruto involuntário de nossas emoções daquilo que é fruto do pensamento racional, tido pelo exercício intelectual. Em primeiro lugar, a cultura cristã é a primeira a realmente se preocupar com o bem estar das crianças, que até antes de Cristo eram tidas como "mini-adultos" e tratadas com frieza, o que prosseguiu em culturas pagãs, como a romana - o encontro de Jesus com os pequenos é um maravilhoso exemplo dessa revolução do trato com eles, vide Lucas 18:15-17; Paulo, em Efésios 6:4, faz questão de exortar os pais a tratarem de modo adequado com os filhos, sem desonrá-los ou irá-los, mas orientando-os à verdade do Evangelho. O segundo ponto se refere ao amor: com amor, o amor cristão, o pai, ao disciplinar o filho, não o fará com ira e descontrole, mas ciência e moderação, afim de não ferí-lo ou desrespeitá-lo, mas, sim, orientá-lo corretamente, pois é melhor uma dose pequena, mas amarosa, de dor corretiva, do que uma posterior, com base em rebeldia, dose de terrível e torturante dor, embasada no ódio de outros indivíduos, com os quais o filho insubmisso se envolveu. O terceiro ponto, sendo o final, está no papel da disciplina: nossos pais precisam se lembrar que foram disciplinados fisicamente e que isso os encaminhou para o que são hoje, sem traumas; a disciplina faz a criança reconhecer e evitar o erro, entendendo que a rebeldia e insubmissão gera dor -e sempre gerará, em casa ou na selva de relacionamentos que constitui esse mundo caído; a disciplina também incentiva os pequenos a respeitarem as regras e as autoridades, incluindo a pessoa de Deus. Crianças são ingênuas, ignorantes, inocentes até determinado ponto, incapazes de reconhecer o que lhes é melhor ou pior, pela carência de experiências de vida e cultura, mas, ao mesmo tempo, possuem uma tendencia natural, promovida pelo pecado, de caminhar pelas veredas da rebeldia e do egoísmo, por isso a constante intromissão dos pais em sua vida se faz de valor inquestionável. Vide a postagem "Em nome da honra".
"A Bíblia condena o homossexualismo", é o que dizem os críticos com base em Romanos 1:25-26 e com o que eu concordo, pois, assim como o ponto anterior, é verdade inquestionável nas Escrituras. A questão aqui é: da mesma forma como tudo perante o qual a Bíblia se posicionou, como vimos, o fez de modo sábio e benéfico, posiciona-se, seguindo o padrão, a tendência, em relação a isso. Ao lado do homossexualismo, a Bíblia condena toda a espécie de corrupção, não o colocando como mais, nem menos, pecaminoso do que outras coisas - 1 Coríntios 6:10. O fato é que, por uma série de fatores, o homossexualismo é prejudicial para a sociedade como um todo, o que você pode constatar nas minhas reflexões de nome "Por que se opor?", "Homocentrismo", "Em nome da honra", "Idéias nocivas" e "Incoerência". A questão é: se a postura aqui comentada fosse realmente benigna, a Holanda, país mais libertino do mundo, que há poucos anos tem liberado de modo pleno a prostituição, o homossexualismo, o uso de drogas... não estaria, numa nota recente, declarado arrependimento por tão grande abertura, que, ao invés de melhorarem a nação, apenas intensificou os problemas sociais -degradação e criminalidade-, é o que se lê numa matéria publicada na revista Veja de 5 de março de 2011, de título "Mudança de Vitrine", do jornalista Thomaz Favaro.

"Deus se agradou de alguns pecados", é o que podem afirmar alguns com base no fato de que Abraão, no relato de Gênesis, angariou por meio da mentira boa parte de suas riquezas, riquezas necessárias para a continuidade da Alianças Abraâmica - em Gênesis 20, Abraão e Sara vão ao Egito para fugir da fome palestina e, com medo de perder sua bela esposa, a tem como irmã diante do faraó que, indo contra as previsões do patriarca, decide arranjá-la como esposa, preparando-lhe grande dote, mas Deus, intervindo por causa da Promessa, da Aliança, manda pragas e deixa o pecado da mentira evidente, fazendo o Egito oferecer tesouros para que Abraão seja persuadido a ir embora com seu "mal". O conceito é simples: Deus não pediu para Abraão mentir e, tampouco, se agradou de sua postura, pelo contrário, Abraão pecou nos momentos em que decidiu trabalhar por conta própria e Deus deixou muito clara a reprovação mediante a iniquidade, da qual o Pai da Fé sempre teve que se arrepender. A questão, no final das contas, é que O Pai, em Sua profunda sabedoria e plena soberania, comumente torna em vida aquilo que é fruto da morte, fazendo de Abraão uma bênção, embora tenha se portado, muitas vezes, de modo reprovável; fazendo das riquezas do Patriarca o alicerce para as futuras gerações da Promessa, embora ela tenha sido constituída de modo ilícito. Se O Criador não tivesse a habilidade de tornar a natureza do repulsivo em aceitável, nós, humanos caídos, jamais poderíamos ser salvos! Outro exemplo está nos eficiente sistema de estradas do Império Romano do início da Era Cristã que, embora tinha sido um dos mais eficazes mecanismos de perseguição da Igreja, pelo rápido deslocamento das legiões perseguidoras, também serviu para uma espantosamente rápida divulgação do Evangelho - a Internet, de certo modo, se enquadra nisso: o Mal se dissemina terrivelmente, mas a Palavra também circula massivamente. O Pai é, sim, capaz de usar e tornar o reprovável em ferramenta benéfica, vemos isso no fato de ter usado de reis pagãos como instrumentos de bênção para Israel, como Ciro, da Pérsia -Isaías 45:1-4.
"A Bíblia se contradiz", é o que alegam os críticos com base em textos como o de Êxodo 33:11 e 20 que, num momento, afirma o fato de Moisés falar face a face com Deus e, noutro, atesta que ninguém pode ver Deus. Como se explica isso? Quando Deus se apresenta à Moisés e aos anciãos de Israel, no Monte Sinai -Êxodo 24:9-11-, aparece em teofania, que é uma aparição dO Criador em corpo físico, quem sabe o próprio Filho, única face visível dO Pai aos homens -1 Timóteo 6:16 e Mateus 11:27. O fato é que, em teofania, a glória de Deus se reduz aos limites de um corpo físico, tornando-se suportável aos homens e é, provavelmente, desse modo que Moisés conseguia ver O Criador. Agora, quando Deus afirma que morrerá qualquer um que vê-Lo, está se referindo à visão clara dEle em plenitude, segundo a Sua absoluta glória em constituição puramente espiritual, a Sua face genuína, imagem poderosa demais para a compreensão e percepção de qualquer ser vivo em limites carnais. O primeiro versículo relata a percepção do autor sobre a amizade de Moisés com Deus e o segundo, o dizer dO Pai na íntegra. Podemos, ainda, levar em conta que o primeiro versículo pode significar, simplesmente, que O Profeta tinha um relacionamento íntimo com Deus.
"A Bíblia é anticientífica", é o que outros afirmam, isso com base em versículos como o de Êxodo 22:26 que, supostamente, peca ao tratar com uma realidade geocêntrica. É óbvio que tal alegação é absurda! Até os grandes cientistas de hoje, em conversas casuais, usam termos dessa natureza, por tratarem-se de percepções universalmente compreensíveis e aceitáveis. Quando a Bíblia fala do "Sol se pondo", não está dizendo que "o Sol, girando ao redor da Terra, está movendo-se para sua outra face", mas apenas relatando a percepção do autor humano em relação ao fenômeno crepuscular ou num dizer da parte de Deus provido de configuração compreensível para os homens a quem se referia. O homem de milênios atrás não entenderia com clareza termos que só a ciência atual conseguiu compreender, mas o homem atual consegue entender termos e percepções comuns ao homem de milênios e, como a Bíblia não existe para ser um livro científico, mas um relato da História da Redenção, tido para ser válido e compreendido por todos os povos, de todas as culturas e tecnologias, residentes de quaisquer eras, o caminho mais sóbrio é o da linguagem universal, baseada em percepções comuns a todos os homens, sobretudo relativas a eventos naturais descritos da forma com que são observados: de fato, ao observarmos o horizonte ao entardecer, o Sol parece estar se pondo antes de a Terra parecer estar se movendo. Essa idéia de que a Terra é o "centro do Universo", por sinal, nem é de natureza cristã, mas fruto da filosofia grega, mais especificamente, Aristóteles, cujo pensamento norteou as ciências por milênios, dominando o pensamento dos cientistas cristãos e seculares até pouco depois da Idade Média. Copérnico, clérigo cristão, foi o primeiro a sugerir o heliocentrismo e Galileu, cristão declarado, teve a ousadia, com base em suas observações, de desafiar o pensamento aristotélico e, logo, os cientistas de sua época, quer cristãos, quer mundanos - sua condenação, branda, se deu mais pela sua falta de sabedoria em lidar com autoridades superiores, sendo desrespeitoso, do que por falar inconvenientes.
Levemos em conta, nesse ponto, assim como no anterior, que Deus, ao inspirar o autor humano a escrever a Sua Palavra, não anulou os potenciais, percepções e habilidades tipicamente humanas, mas permitiu que o homem, no que se referia a detalhes pequenos -não na essência-, se expressasse segundo suas individualidades. Entender que o "Sol nasce e se põe" não interfere em nada no que se refere ao relacionamento de Deus com o homem, centro da Palavra! Outras idéias de caráter científico claras na Bíblia também não existem em prol de uma defesa apologética da existência de Deus, mas, simplesmente, para dar um pano de fundo, um princípio, para o relato da História da Redenção e, mesmo assim, são válidas, pois o monoteísmo tido em Gênesis 1 trata-se da idéia científica mais revolucionária, provavelmente, da história, influenciando todo o pensamento dos primeiros - e mais importantes - cientistas dos séculos passados, quase todos cristãos; a criação ex-nihilo não se contrapõe ao Big Bang, pelo contrário, coexiste com ele, levando em conta que um Deus imaterial e transcendente é a fonte da matéria; o criacionismo também não se opõe totalmente ao evolucionismo, pois a influência de Deus nos processos evolutivos poderia, então, ser observada, embora existam inúmeras evidências de que houve uma criação repentina e plena das criaturas dentro de um Universo ainda jovem. Mais sobre isso você pode encontrar em "Geocentrismo", "Ilusão" e "Encontro inesperado".
Ao que parece não há mais muito o que ser dito, pois os demais "problemas" encontrados na Bíblia podem ser resolvidos tranquilamente com base nos conceitos aqui trabalhados. Quero, com isso tudo, no final das contas, deixar claro que as Escrituras ainda são muitíssimo relevantes para nós, isso quando bem compreendidas e trabalhadas, tudo fundamentado em honestidade e coerência. Precisamos, grave isso, conceber todo o contexto histórico e literário em que se englobam as narrativas e doutrinas, tratando a poesia segundo as regras normais relativas ao texto poético, tratando uma carta inserida num contexto cultural, histórico e relacional, segundo as regras de interpretação próprias de uma saudável compreensão e aplicação e tendo a narrativa histórica em análise segundo os parâmetros comuns de análise e entendimento desse tipo de documento. A Bíblia, no final das contas, nos é válida porque trabalha com conceitos: Deus, que não se contradiz, trabalhando em situações específicas e de modos específicos, mas evidenciando a Sua natureza e vontade eterna, imutável, que nos serve de parâmetro, tornando, portanto, todo o relato  -Gênesis (...) Apocalipse- útil para a nossa vida e postura - lembrando somente somos coerentes e potentes como cristãos quando entendemos em que parte das Escrituras evidentemente nos inserimos -à partir de Atos- como parte da Promessa, o que nos é mandamento direto -palavras de Cristo, como em Mateus 5- ou somente exemplo, pano de fundo, fonte de verdade eterna, de conceitos -o Antigo Testamento, a Lei, como em Levítico 15, lembre-se que a Lei se valida em conceitos eternos, mais do que a letra fria. A Bíblia: explicação, exemplo e doutrina em prol da salvação em Cristo. A Bíblia: leia, reflita, questione, estude, se surpreenda!
Natanael Castoldi

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