No momento em que escrevo festejamos o Natal. É claro que a data da festa em si não é correta, mas isso não tira a importância memorial do evento que, pelo menos pra um em cada cem, tem algum valor que sobressai a hipocrisia religiosa e ritualística ou os cifrões e status. A questão é que algo assombrosamente maravilhoso é relembrado nesse dia: há mais de dois mil anos O Criador fez de si mesmo uma criatura para, então, poder habitar em meio a corrupção humana e, vivendo como homem, experimentar o sofrimento e fraqueza do imperfeito e, como um de nós, criar a ponte salvífica para O Perfeito, que é Ele na condição divina, que é O Pai, que O gerou e O enviou. Na verdade, existem outras culturas religiosas que falam de eventos semelhantes, do filho dos deuses descendo ao mundo para morrer -fruto de um anseio comum, provavelmente principiado em Gênesis 3:15-, mas nenhuma cultura expõe o evento de modo tão eficaz como a Bíblia, que serve o fato na mesma bandeja com que serve a razão, a filosofia, a verdade observável e experimentável. Nenhum mito religioso, por mais que trabalhe com algo semelhante, formula toda uma profundíssima teologia acerca disso, limitando-se a dizer simplesmente que "aconteceu", mas não nos dando motivo algum para crermos, porém com a Bíblia não é assim, são 66 livros que falam, basicamente, do mesmo assunto, que são dirigidos à mesma questão central, uns escritos milênios antes de Cristo e outros escritos algumas décadas depois de Sua morte e ressurreição, verdade que por si só já sobrepõe a Palavra por sobre qualquer mito, pois ela é testemunha da passagem do Filho esperado, indicando que, de fato, Ele veio ao mundo, isso sem contar com o fato de que a Palavra contém centenas de profecias proferidas antes do Messias nascer e quase todas, estranha ou divinamente, se consumaram com a Sua habitação entre os homens - as outras hão de se consumar nos Últimos Dias. A evidência histórica, fortalecida pela arqueologia, mas inegável pela própria existência do Novo Testamento e do cristianismo, são fundamentos inquestionáveis e foi com base no incontestável que o famoso escritor inglês do século XX, C.S. Lewis, se curvou do ateísmo ao cristianismo, já que, de todos os contos que relatam a vinda do filho celestial ao mundo, o que se refere a Jesus é o único que realmente aconteceu.
Há inúmeros motivos para creditarmos tudo à Bíblia. Atualmente ninguém mais ousa questionar a existência de Jesus no passado, embora muitos ainda duvidem de Sua divindade, o que é no mínimo estranho, já que citam como verdade histórica o relato bíblico dos Evangelhos acerca da face palpável do ministério de Cristo e, ao mesmo tempo, negam os pontos que são em demasia espirituais, dando credibilidade ao autor apenas em parte, algo esquisito, pois se ele foi honesto no que se refere ao "natural", por que haveria de estar mentindo no que se refere aos eventos sobrenaturais? Bom, de qualquer forma, uma testemunha ocular a relatar em papel o que vira, reforçada por cópias manuscritas de seus dias -alguns fragmentos de pergaminho são, inclusive, da sexta ou sétima década depois do nascimento do Filho- não me pareceria disposta a forjar descaradamente uma mentira que a ninguém poderia enganar, pois o contato que Jesus teve com dezenas de milhares é um crivo infalível para definir se o que os apóstolos pregaram foi ou não verídico, já que eles não poderiam persuadir o povo que viu Cristo a crer no que não presenciaram - é o mesmo que alguém te fazer acreditar que você, ontem, atravessou um rio à nado quando, na verdade, nem saiu de casa. Eles não poderiam afirmar para uma multidão que tal viu Jesus multiplicar pães e peixes quando, na verdade, o determinado povo não presenciou isso... Mas eles afirmaram, o que, por si só, já parece bastar para crer, pois duvido que seriam ousados o suficiente para mentir para o povo de forma tão estúpida, caso o relato fosse falso. Jesus também, ao contrário do que dizem alguns historiadores, não angariou multidões por encabeçar uma revolução contra o Império Romano, contra o qual todos estavam insatisfeitos, pois ele nunca incentivou rebelião contra os governantes, pelo contrário, favoreceu a prestação de contas à César, o Imperador -Mateus 22:16-22-, interferiu nas atividades do Templo dos judeus -Mateus 21:12-13-, quebrou tradições judaicas -Lucas 13:14-17- e desafiou a elite do povo judeu -Mateus 9:33-34. Com isso não quero dizer que Jesus favorecia o Império Romano, até porque foi morto com a autorização de Pilatos -Mateus 27:24-, a questão é que a preocupação dO Filho estava em pregar uma Vida Eterna pelo Seu sangue e não militar em prol das coisas terrenas, por isso não tinha partido, nem estandarte humano, se vendo apto a questionar e repreender a todos, assim como a todos salvar -Mateus 6:20.
A questão que quero relevar com isso é simples: Jesus atraiu multidões para si não por intermédio de uma política insurreta -apesar de ter um pensamento totalmente original e profundo, o que, por si só, O faz único e divino-, porque Ele mesmo fez questão de repreender todos os bajuladores -inclusive os que queriam torná-Lo rei, o que mostra que, se Ele quisesse, teria promovido uma revolução possivelmente maior do que a dos Macabeus, no período inter-testamentário-, vide João 6:25-27, Marcos 10:17-22 e Lucas 9:57-62. Jesus, por vezes carismático, era também rude e incisivo, falando a todos exatamente o que não queriam ouvir, desafiando todos os poderes e hipocrisias, questionando tanto a pobres quanto a ricos e, mesmo assim, multidões sempre O seguiram. Como isso foi possível? A única boa explicação se encontra nos eventos miraculosos e puramente espirituais de Seu ministério, coisa que os céticos ignoram. É lógico que aquele que alimentava, curava e expulsava demônios em tempos de terror e miséria na Palestina, seria seguido por milhares, e foi exatamente esse o mecanismo que Ele usou para atrair um povo sedento, primeiramente por amor, mas principalmente para, trazendo a si multidões, lhes fazer ouvir a Boa Nova salvífica e, a partir dos que ouviram, ver a mensagem se espalhando com o vento. A mensagem de Cristo era, sim, suave em muitos aspectos, reconfortando e dando esperanças, mas parece-me que não pode ter sido apenas a mensagem o fator atrativo do ministério, pois um povo insatisfeito com o Império certamente se contentaria mais em ter um líder político e militar e incentivar a rebelião -que aconteceu cerca de 30 anos depois da morte e ressurreição de Cristo- do que a paz -João 14:27- e o amor pelos inimigos -Mateus 5:44. Parece-me que a única forma de fazer um povo miserável ouvir justamente o que não queria era alimentando-o e curando-o para, demonstrando o poder de Deus, tornar-se alguém, no mínimo, confiável. Mas como um pobre andarilho galileu alimentaria multidões e os curaria? Certamente não tinha dinheiro para comprar mantimentos nem medicamentos -se é que existiam medicamentos eficazes para problemas que até hoje não conseguimos solucionar-, logo, o que nos resta, é crer em milagres totalmente divinos.
Outro fator essencial para se aceitar o poder divino do Cristo está na expectativa suprida: Jesus afirmou ser O Messias diante de um povo que num passado relativamente distante conhecera Moisés, Josué, Sansão, Davi, Elias, Eliseu... Ou seja, eles não acreditariam em alguém que afirmasse ser o Ungido do Senhor se ele não demonstrasse sinais divinos específicos, e se Jesus, dizendo-o, foi largamente aceito pelas multidões, então, de fato, supriu com excedências tudo o que se esperava, em termos de poder divino, dO Messias profetizado - certamente em milênios de espera o povo judeu já estava acostumado a lidar com falastrões. É claro que, no final das contas, foi o povo quem procurou pela morte dO Filho, pois, como já dito, quase todos nutriam ódio incontrolável pelo governo estrangeiro e, quando viram que Jesus não era o rei esperado e que não estava interessando em agrupar os exércitos celestiais para a conquista de Jerusalém, ignoraram todas as evidências de milagres assombrosos e procuraram trucidá-Lo, sem saber que o Antigo Testamento apresenta dois cenários distintos da atuação dO Filho, não um só: primeiramente vindo como humilde cordeiro sacrificial, em prol da expiação do pecado, como diz Isaías 53, sendo o ponto culminante daquilo que iniciara na primeira Páscoa, início do Êxodo -cap. 12- e, posteriormente, vindo com o esplendor de um rei, para governar eternamente sobre os justos -Oséias 14:4-9-, conforme a Aliança Davídica -2 Samuel 7:8-17-, o que ainda esperamos. De qualquer forma, Jesus, sendo o contrário do que os judeus esperavam, Deus nascido numa caverna e tendo como primeiro berço uma manjedoura, filho de um pobre carpinteiro, habitante de uma terra de camponeses marginalizados, acompanhado, entre outros, de pescadores e mulheres -descreditadas na época- e tão pobre quanto o mais pobre dos homens, só pôde sobreviver três anos afirmando sendo O Messias porque realizava sinais e milagres -ele era a pessoa que os judeus não queriam e, ainda por cima, falava o que não esperavam ouvir, logo, a sua única esperança de aceitação foram os milagres - sem eles Jesus não teria se tornado popular e, provavelmente, o teriam matado muito antes da hora. Por fim: Jesus existiu, os apóstolos escreveram a verdade e Cristo promoveu, sim, sinais e prodígios, logo, Ele era, e É, realmente, O Filho!
Mas por que, além do que está exposto, o Novo Testamento merece confiança? Primeiramente porque somente um gênio sobre-humano conseguiria dar continuidade e unidade tão assombrosas ao enredo de milênios contido no Antigo Testamento - o Novo Testamento, ao mesmo tempo que se liga perfeitamente a cada vírgula e detalhe contigo no Antigo, é uma grandíssima surpresa, pois nos mostra a resolução de tudo o que fora sendo erguido nos tempos antigos da forma que ninguém esperava, ninguém suspeitava, O Messias que todos ansiavam desde o Período Patriarcal veio para mais do que um dia libertar os justos, veio para quebrar todos os preconceitos judaicos e gentílicos: desafiou o legalismo e a tradição, esteve com prostitutas, ladrões e estrangeiros, não defendeu partido ou poder secular algum, andou com mulheres e rudes galileus, ele mesmo fora pobre, desafiou todos à mudança de vida, independentemente de seu cargo e posição social. Esses dois aspectos tornam o Novo Testamento autêntico e divino, pois nenhum homem conseguiria forjar algo tão preciso e, ao mesmo tempo, tão novo e espantoso, trata-se de uma resposta perfeita e absolutamente inesperada, indo contra tudo o que os homens realmente queriam e buscavam. Se o Novo Testamento fosse forjado, afim de atrair multidões, não poderia ter sido feito por uma única pessoa, pois há uma diversidade ímpar de autores, estilos e datas, e, ainda assim, não teria sido bem projetado, pois foram usados traços repulsivos para qualquer bom judeu da época: Jesus questionou a forma com que os fariseus praticavam a Lei, Jesus era considerado jovem demais para ganhar o respeito dos anciãos, Jesus nasceu em miséria, vindo de uma família pouco valorizada, crescendo em uma terra não muito bem vista, em meio a uma sociedade de camponeses também desvalorizados pelos homens cultos, além de ter desenvolvido o seu ministério em pobreza, ao lado de galileus tão marginalizados quanto ele e, pior, ao lado de mulheres, que, como já disse, eram muito pouco prestigiadas pelos judeus, mas existem dois fatores principais que fazem do Novo Testamento algo escrito com total sinceridade: dois dos Evangelhos foram escritos por discípulos íntimos de Jesus, homens galileus, ou seja, camponeses pouco valorizados, João sendo pescador, o que lhe dá ainda menos credibilidade, e Mateus, um cobrador de impostos, naturalmente odiado pelo povo e, como segundo ponto, o fato de terem sido mulheres as primeiras testemunhas do evento mais importante do cristianismo: a Ressurreição. Maria Madalena e Maria, mãe de Jesus, dão o primeiro relato do sepulcro aberto -Mateus 28:1-8. Se, naquela época, você quisesse transmitir confiança forjando algo, não iria se dizer camponês, nem galileu e, tampouco, daria muito espaço às mulheres, principalmente em eventos tão relevantes.
A natureza literária do Novo Testamento também deixa clara a sua autenticidade, pois o texto é sempre muito direto e bruto, sem ornamentos ou precauções, coisa típica de quem está inseguro. A clareza e objetividade dos relatos, sem muitas explicações, mostra que os autores sabiam muito bem sobre o que estavam falando e que a existência e os feitos de Cristo precediam o relato escrito, facilitando o serviço do autor, que, já ciente de que os leitores sabiam de quem e sobre o que ele estava escrevendo, só precisava se deter em uma visão geral dos eventos e nalguns detalhes específicos e de valor determinante, não era necessário dizer que Jesus existiu e argumentar em prol disso, pois todos já o sabiam, a questão era apresentá-Lo como O Messias relatando, em especial, Suas sabedoria e os eventos milagrosos, e nem para tal se preocuparam em argumentar demais quanto a autenticidade do relato, pois, também, as palavras de Jesus e a fama de Seu poder já haviam tomado o mundo antes dos manuscritos. A maior confusão para os que contestam a autenticidade a Bíblia está bem nisso: eles pensam que o cristianismo ganhou poder através das Escrituras, mas não! As Escrituras do Novo Testamento vieram como reforço a um movimento que já estava bem forte, cujos destinatários eram de igrejas cristãs que em momentos de perseguição e crise passaram a depender da doutrina escrita, afim de fortalecer a fé e lutar contra as heresias crescentes. Enquanto o Império Romano e os judeus perseguiam a nova crença, ela fora ganhando espaço entre o povo marginalizado e, não tardando, entre a elite, fazendo curvarem-se os filósofos e, inclusive, tomando membros da guarda de elite do imperador romano e, não tardando, o próprio imperador. Isso mesmo: o movimento inaugurado por um andarilho galileu morto desonrosamente e mantido, primeiramente, por pobres camponeses, dominou o mundo, mesmo mediante perseguição e inimizade das elites e do Estado. É fácil, então, entender que Cristo realmente foi o que está escrito, pois o povo pobre não se leva pelas filosofias profundas, mas se entrega pelo que vê e, por terem visto e sentido, é que os pobres encabeçaram o começo da revolução cristã, que, pela sua filosofias profundíssima, logo atraiu os pensadores, que se entregaram sem ambições, já que, inicialmente, ao lado de Cristo, aceitaram serem os alvos de caçadas ferrenhas. Em resumo, a verdade de Cristo se alastrou pelo mundo por meio de missionários totalmente convictos e dedicados para, não tardando, ser reforçada pelos manuscritos de testemunhas oculares totalmente sinceras e bem intencionadas, que, por sinal, não pouparam seus textos de detalhes desanimadores - como a vergonhosa atitude de Pedro ao negar Jesus três vezes -Mateus 26:34.
Mas o movimento principiado com Cristo, se tivesse parado com a Sua ressurreição, certamente não teria tido todo o efeito que hoje podemos analisar, e é a continuidade do ministério dO Filho após a sua ascensão que o restante do Novo Testamento relata, sendo a Igreja o Corpo de Cristo. O livro de Atos é assombroso nessa questão e podemos trabalhar em prol de sua autenticidade com argumentos semelhantes aos já usados: alguns de seus protagonistas são galileus, os mesmos camponeses que seguiram Jesus, exceto Paulo, que teve uma visão dO Filho, afim de se converter; os apóstolos não poderiam tratar Jesus falando sobre coisas que o povo não tinha realmente presenciado e a estrutura do texto é objetiva e transmite segurança demais para ter sido forjado, até porque trata-se de uma carta com um remetente específico, já que Lucas mesmo afirma ter escrito para Teófilo, a quem também dedicou o seu Evangelho. O fato de ter sido uma carta torna o texto ainda mais confiável, pois vê-se que não se trata de algo forjado para persuadir multidões, mas uma correspondência entre amigos, provida da sinceridade e coleguismo típicas de um relacionamento assim. Lucas, após estudar vastamente sobre o Cristo e os apóstolos de que tanto se falava, relatou por escrito o fruto de suas pesquisas e enviou a um sábio, aparentemente, grego. Parece-me que tanto Lucas quanto Teófilo estavam especialmente interessados em desvendar as verdades sobre aqueles que tanto chamavam a atenção do mundo da época, porque, de fato, relatos de milagres assombrosos e palavras revolucionárias, falando de Cristo ou dos apóstolos, se disseminavam pelo povo de forma a instigar a curiosidade de todos. Lucas, penso eu, como um homem letrado e de cultura, assim como Teófilo, não se deixou levar simplesmente pelo que ouvira, pois tudo era fantástico demais para simplesmente ser crido, então decidiu ir ver para crer, concluindo, felizmente, que tudo se tratava de uma assustadoramente maravilhosa verdade, tanto sobre Jesus, quanto sobre os apóstolos. Atos não se trata de uma carta persuasiva em estética e profundidade, mas apresenta-se simplesmente como um relato honesto e sincero do fato histórico, relatando, em breves palavras, somente o que aconteceu e foi dito, sem muitos "parênteses" do autor.
A autenticidade do livros de Atos é evidência do que podemos concluir pela lógica: os discípulos não poderiam alegar sua autoridade apostólica sem nenhum sinal e prodígio, pois o próprio Jesus lhes havia dado poder -Lucas 10:9; Mateus 10:8-, portanto, se diziam terem estado com O Filho, deveriam provar tanto que, de fato, haviam estado com Ele, quanto que, verdadeiramente, Jesus era O Messias e, para tal, nada melhor do que favor divino como autenticador. O que começou com João Batista, culminou com Jesus e se encorpou com os apóstolos, realmente mexeu o mundo, pois para os judeus parecia nítido o poder de Deus já que, por alguns momentos, feitos tão extraordinários quanto os dos antigos profetas se desenrolavam diante dos seus olhos e, para os de fora, a evidência era a prova de que o Deus de Israel era maior, mais ativo e mais poderoso do qualquer outro deus. Jesus é diferente de Thor, porque Ele existiu no mundo visível, dentro da história e num tempo relativamente recente, não era como um conto obscuro, de uma era remota ou realidade isolada. Da mesma forma, os apóstolos existiram no mundo real, visível e recente, além de terem recebido respaldo da escrita, eles diziam ter tido contato com O Cristo e nenhum de seus contemporâneos ousava questionar essa idéia, o que parece provar que Jesus de fato existiu e que Ele, realmente, esteve com as pessoas que alegam terem estado com Ele. Eles não só falaram sobre os dias em que estiveram com O Filho de Deus, mas repetiram, sem falha, a Sua mensagem, e comprovaram a sua afirmação através de feitos assombrosos, que você pode achar facilmente na leitura de Atos. Dos feitos, o que parece ter dado maior força à Igreja foi o dia de Pentecostes, Atos 2, cuja maravilhosa e evidente descida do Espírito Santo levou três mil a se converterem à Cristo e fez o nome dO Filho e dos apóstolos ali presentes se espalharem pelo mundo mediterrâneo através dos judeus da diáspora. Se o relato fosse mentiroso, provavelmente alguns dos muitos milhares que compareceram a esse dia teriam se manifestado em oposição, até porque, como já disse, você não pode fazer alguém crer numa mentira sobre ele mesmo e, da mesma forma, os apóstolos não poderiam dizer aos judeus da diáspora que algo estrondoso aconteceu no Pentecostes, quando ninguém de fato o presenciou - isso se fortalece quando levamos em conta que três mil se converteram, o que, se fosse mentira, logo desabaria, pois todos se perguntariam: "onde estão os tais 3 mil?!" É a mesma coisa que eu afirmar que existe um prédio de noventa andares na minha cidade de vinte mil habitantes, tentando enganar o povo que, familiarizado com a pequena Encantado, certamente não acreditaria.
A expansão geográfica relatada no livro também é um fator de autenticidade, primeiro porque tamanha expansão, em poucas décadas chegando à capital do Império, não poderia ter se dado sem nenhuma evidência espiritual, sem nenhum milagre ou assombro, até porque havia vasta oposição e, segundo, porque se o livro não falasse a verdade, seria fácil demais para os habitantes dessas terras negarem os relatos e feitos apostólicos suposta e mentirosamente desenrolados na frente de suas casas - felizmente não temos documentos com tais afirmações, pelo contrário: toda a inicial oposição contra a fé cristã nunca questionou a existência de Cristo, o que Ele fez e, tampouco, a existência dos apóstolos, suas viagens e seus feitos, trabalhando mais no questionamento da postura incômoda dos seguidores dO Messias. Existe ainda outro fator de determinante valor para confirmar a validade de Atos: Lucas cita inúmeros nomes de autoridades políticas da época, além de eventos seculares ou eclesiásticos, e a análise história desse nomes e eventos somente constata e localiza sem erro o livro de Atos na história. Seria fácil demais desmanchar o relato de Atos se os líderes ali apresentados não tivessem tido contato real com os apóstolos ou se a experiência deles com os seguidores de Cristo tivesse sido diferente, primeiro porque Teófilo parecia culto o suficiente, devido ao nível de texto que Lucas lhe destina, para perceber mentiras desse tipo e, segundo, porque os outros muitos leitores a quem o relato fora inicialmente destinado fariam a mesma análise e perceberiam incoerências, incluindo as figuras citadas. Você não pode mentir para alguém utilizando-se de algo que faz parte da vida daquela pessoa, como eu dizer que seu cachorro preto e peludo é, na verdade, laranja e pelado. Da mesma forma, Lucas não falaria de uma liderança eclesiástica ou secular fictícia para um povo que conhecia muito bem o cenário político do Mediterrâneo daqueles dias, para eles era simples entender, por exemplo: o Evangelho chegou com poder e de súbito na Ilha de Malta -Atos 28-, isso é fato! O relato dos acontecimentos diz que milagres paulinos precederam as conversões e não há ninguém que afirme o contrário, além de não haver outra explicação para uma aceitação tão estrondosa, até porque viajantes que por lá passaram constataram a mudança e ouviram dos habitantes locais sobre os eventos. Era simples: se o indivíduo não acreditasse no relato, bastava ir até o local determinado e conferir - felizmente todos os que fizeram isso ouviram das testemunhas oculares a verdade relatada na Bíblia, senão haveria toda uma documentação a questionar. O fato é que o testemunho dos que viram, ouviram e tocaram em Cristo e nos apóstolos precedeu toda a escritura do Novo Testamento, logo, trata-se de evento histórico, não literatura mal intencionada.
Vou concluir o artigo com as cartas de Paulo, incluindo no raciocínio também as cartas não paulinas: tudo o que Paulo escreveu não o foi para persuadir povos, mas para orientar povos já persuadidos pela verdade histórica e inquestionável dos atos de Cristo e dos atos apostólicos. O que temos hoje de cartas na Bíblia são, na verdade, documentos que nós "confiscamos", que não foram escritos para nós, mas faziam parte do diálogo entre o apóstolo e seus seguidores, o que, como acontece com Atos e Lucas, dá mais credibilidade ao texto, tratando-o como um assunto comum entre as duas partes, com ambos os lados já conhecedores da verdade em questão, mas um doutrinando o outro - nós apenas nos metemos nessa história, tomando as cartas e extraíndo delas a verdade eterna do Deus imutável. Se Jesus tivesse vindo há poucas décadas, nós descobriríamos o Seu pensamento através dos apóstolos bipando seus telefones fixos, invadindo suas caixas de e-mail, fazendo parte de um grupo de remetentes. A mensagem não é somente confiável porque tratava-se do fruto da busca sincera de duas partes parceiras, mas porque o apóstolo trabalhava com sinais e prodígios a constatar a sua autoridade divina - Paulo não era louco de relatar feitos miraculosos dele para uma igreja específica se aquilo, de fato, não tivesse acontecido, pois a mentira logo circularia e ele cairia em descrédito, porém nunca, nunca isso aconteceu, portanto, é bem provável de que ele sempre falou a verdade e, sem dúvidas, promoveu sinais apostólicos. É maravilhoso o fato de hoje termos em mãos o produto daquele que, inspirado por Deus, alicerçou boa parte de nossa teologia, ainda mais porque as evidências, através de sua sabedoria, de seus sinais miraculosos e dos frutos de seu trabalho, nos dão plena certeza de que se trata, realmente, de alguém inquestionavelmente confiável.
Historiadores do primeiro século, como Josefo, nos dão relatos oculares da explosão cristã, inclusive apontando Cristo como o precursor - o que é obvio, já que todo o efeito precisa de uma causa ou causador -, além disso temos os famosos Pais da Igreja, pensadores e cristãos de influência que lideraram a movimento cristão logo após a morte dos apóstolos. Alguns dos Pais da Igreja alegam terem sido discípulos dos apóstolos ou seguidores de discípulos dos mesmos, o que autentica a existência apostólica e do próprio Jesus e valida os relatos miraculosos contidos no Novo Testamento, pois os apóstolos deram suas vidas Àquele que afirmaram ter promovido feitos grandemente sobrenaturais e estes foram seguidos por indivíduos que não só continuaram crendo nos milagres de Cristo, mas que também alegaram e fortaleceram a idéia de que os próprios apóstolos promoveram sinais semelhantes aos dO Filho. Ao lado dos discípulos de Jesus e dos seus sucessores há multidões de pessoas que também se envolveram de uma forma ou de outra nesses maravilhosamente espantosos dias, o que só fortalece mais o relato, pois, como já disse, não temos ninguém, no início da Era Cristã, a afirmar que nem Cristo e nem os apóstolos fizeram o que alegaram ter feito. A própria expansão da Igreja é evidência desse princípio profunda e poderosamente espiritual.
O fato é que não se pode negar o relato bíblico, não há fundamentos que se sustentam para uma oposição. Por favor, pense! Se ao menos 10% dos milagres relatados nas Escrituras tiverem acontecido, já temos evidência de SOBRA pra acreditar em Deus e na divindade de Cristo, e crendo que 10% fora possível, é muito fácil considerar os 90% restantes como viáveis, pois a impossibilidade, através do nítido poder dO Pai, deixa de existir. Felizmente a Bíblia não deixa dúvidas de que ela é inteiramente confiável, primeiro pela sua assombrosa natureza, cuja unidade e profundidade, confeccionada ao longo de 1,5 milênios e por dezenas de autores, está acima de nossa compreensão, e segundo porque grande parte de suas profecias se cumpriram e a arqueologia a constata quase que inteiramente. Não existe nenhuma possibilidade do ceticismo destruir a verdade cristã, primeiramente porque a Bíblia é uma testemunha espantosa da existência de Deus, em segundo lugar porque há mecanismos e complexidades no Universo a depender da ação intelectual, em terceiro lugar porque EU vivo esse Cristo e O sinto de forma profunda, além de todos os relatos de eventos espirituais que eu presenciei e dos quais ouvi falar, e, em quarto lugar, porque nenhuma teoria naturalista exclui a possibilidade da existência espiritual, que pode coexistir, existir em paralelo à matéria, sem ser vista ou tocada, mas que eu posso ter certeza da existência com base nas evidências nessa postagem relatadas. Com tudo isso me parece mais seguro creditar verdade à inquestionável evidência vivida e documentada, do que nalgum pedaço questionável de fóssil ou coisa parecida - o problema é que ao invés de interpretar o pedaço de osso conforme a evidência mais forte, molda-se a evidência mais forte ao pedaço de osso, deturpando a realidade mais provável.
Aqui finalizo a minha postagem natalina, procurando deixar claro o fato de que é simplesmente impossível negar a vinda, a morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo, não existe argumento, não existe evidência, não existe filosofia ou qualquer outra coisa que possa desafiar a inegável e inabalável verdade histórica - que se constata diariamente com a mudança de vida de milhares que se entregam aO Filho. Repensemos os nossos conceitos e argumentos, há muito mais coisas sobre as quais refletirmos do que normalmente concebemos.
Natanael Castoldi
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Outro fator essencial para se aceitar o poder divino do Cristo está na expectativa suprida: Jesus afirmou ser O Messias diante de um povo que num passado relativamente distante conhecera Moisés, Josué, Sansão, Davi, Elias, Eliseu... Ou seja, eles não acreditariam em alguém que afirmasse ser o Ungido do Senhor se ele não demonstrasse sinais divinos específicos, e se Jesus, dizendo-o, foi largamente aceito pelas multidões, então, de fato, supriu com excedências tudo o que se esperava, em termos de poder divino, dO Messias profetizado - certamente em milênios de espera o povo judeu já estava acostumado a lidar com falastrões. É claro que, no final das contas, foi o povo quem procurou pela morte dO Filho, pois, como já dito, quase todos nutriam ódio incontrolável pelo governo estrangeiro e, quando viram que Jesus não era o rei esperado e que não estava interessando em agrupar os exércitos celestiais para a conquista de Jerusalém, ignoraram todas as evidências de milagres assombrosos e procuraram trucidá-Lo, sem saber que o Antigo Testamento apresenta dois cenários distintos da atuação dO Filho, não um só: primeiramente vindo como humilde cordeiro sacrificial, em prol da expiação do pecado, como diz Isaías 53, sendo o ponto culminante daquilo que iniciara na primeira Páscoa, início do Êxodo -cap. 12- e, posteriormente, vindo com o esplendor de um rei, para governar eternamente sobre os justos -Oséias 14:4-9-, conforme a Aliança Davídica -2 Samuel 7:8-17-, o que ainda esperamos. De qualquer forma, Jesus, sendo o contrário do que os judeus esperavam, Deus nascido numa caverna e tendo como primeiro berço uma manjedoura, filho de um pobre carpinteiro, habitante de uma terra de camponeses marginalizados, acompanhado, entre outros, de pescadores e mulheres -descreditadas na época- e tão pobre quanto o mais pobre dos homens, só pôde sobreviver três anos afirmando sendo O Messias porque realizava sinais e milagres -ele era a pessoa que os judeus não queriam e, ainda por cima, falava o que não esperavam ouvir, logo, a sua única esperança de aceitação foram os milagres - sem eles Jesus não teria se tornado popular e, provavelmente, o teriam matado muito antes da hora. Por fim: Jesus existiu, os apóstolos escreveram a verdade e Cristo promoveu, sim, sinais e prodígios, logo, Ele era, e É, realmente, O Filho!
Mas por que, além do que está exposto, o Novo Testamento merece confiança? Primeiramente porque somente um gênio sobre-humano conseguiria dar continuidade e unidade tão assombrosas ao enredo de milênios contido no Antigo Testamento - o Novo Testamento, ao mesmo tempo que se liga perfeitamente a cada vírgula e detalhe contigo no Antigo, é uma grandíssima surpresa, pois nos mostra a resolução de tudo o que fora sendo erguido nos tempos antigos da forma que ninguém esperava, ninguém suspeitava, O Messias que todos ansiavam desde o Período Patriarcal veio para mais do que um dia libertar os justos, veio para quebrar todos os preconceitos judaicos e gentílicos: desafiou o legalismo e a tradição, esteve com prostitutas, ladrões e estrangeiros, não defendeu partido ou poder secular algum, andou com mulheres e rudes galileus, ele mesmo fora pobre, desafiou todos à mudança de vida, independentemente de seu cargo e posição social. Esses dois aspectos tornam o Novo Testamento autêntico e divino, pois nenhum homem conseguiria forjar algo tão preciso e, ao mesmo tempo, tão novo e espantoso, trata-se de uma resposta perfeita e absolutamente inesperada, indo contra tudo o que os homens realmente queriam e buscavam. Se o Novo Testamento fosse forjado, afim de atrair multidões, não poderia ter sido feito por uma única pessoa, pois há uma diversidade ímpar de autores, estilos e datas, e, ainda assim, não teria sido bem projetado, pois foram usados traços repulsivos para qualquer bom judeu da época: Jesus questionou a forma com que os fariseus praticavam a Lei, Jesus era considerado jovem demais para ganhar o respeito dos anciãos, Jesus nasceu em miséria, vindo de uma família pouco valorizada, crescendo em uma terra não muito bem vista, em meio a uma sociedade de camponeses também desvalorizados pelos homens cultos, além de ter desenvolvido o seu ministério em pobreza, ao lado de galileus tão marginalizados quanto ele e, pior, ao lado de mulheres, que, como já disse, eram muito pouco prestigiadas pelos judeus, mas existem dois fatores principais que fazem do Novo Testamento algo escrito com total sinceridade: dois dos Evangelhos foram escritos por discípulos íntimos de Jesus, homens galileus, ou seja, camponeses pouco valorizados, João sendo pescador, o que lhe dá ainda menos credibilidade, e Mateus, um cobrador de impostos, naturalmente odiado pelo povo e, como segundo ponto, o fato de terem sido mulheres as primeiras testemunhas do evento mais importante do cristianismo: a Ressurreição. Maria Madalena e Maria, mãe de Jesus, dão o primeiro relato do sepulcro aberto -Mateus 28:1-8. Se, naquela época, você quisesse transmitir confiança forjando algo, não iria se dizer camponês, nem galileu e, tampouco, daria muito espaço às mulheres, principalmente em eventos tão relevantes.
A natureza literária do Novo Testamento também deixa clara a sua autenticidade, pois o texto é sempre muito direto e bruto, sem ornamentos ou precauções, coisa típica de quem está inseguro. A clareza e objetividade dos relatos, sem muitas explicações, mostra que os autores sabiam muito bem sobre o que estavam falando e que a existência e os feitos de Cristo precediam o relato escrito, facilitando o serviço do autor, que, já ciente de que os leitores sabiam de quem e sobre o que ele estava escrevendo, só precisava se deter em uma visão geral dos eventos e nalguns detalhes específicos e de valor determinante, não era necessário dizer que Jesus existiu e argumentar em prol disso, pois todos já o sabiam, a questão era apresentá-Lo como O Messias relatando, em especial, Suas sabedoria e os eventos milagrosos, e nem para tal se preocuparam em argumentar demais quanto a autenticidade do relato, pois, também, as palavras de Jesus e a fama de Seu poder já haviam tomado o mundo antes dos manuscritos. A maior confusão para os que contestam a autenticidade a Bíblia está bem nisso: eles pensam que o cristianismo ganhou poder através das Escrituras, mas não! As Escrituras do Novo Testamento vieram como reforço a um movimento que já estava bem forte, cujos destinatários eram de igrejas cristãs que em momentos de perseguição e crise passaram a depender da doutrina escrita, afim de fortalecer a fé e lutar contra as heresias crescentes. Enquanto o Império Romano e os judeus perseguiam a nova crença, ela fora ganhando espaço entre o povo marginalizado e, não tardando, entre a elite, fazendo curvarem-se os filósofos e, inclusive, tomando membros da guarda de elite do imperador romano e, não tardando, o próprio imperador. Isso mesmo: o movimento inaugurado por um andarilho galileu morto desonrosamente e mantido, primeiramente, por pobres camponeses, dominou o mundo, mesmo mediante perseguição e inimizade das elites e do Estado. É fácil, então, entender que Cristo realmente foi o que está escrito, pois o povo pobre não se leva pelas filosofias profundas, mas se entrega pelo que vê e, por terem visto e sentido, é que os pobres encabeçaram o começo da revolução cristã, que, pela sua filosofias profundíssima, logo atraiu os pensadores, que se entregaram sem ambições, já que, inicialmente, ao lado de Cristo, aceitaram serem os alvos de caçadas ferrenhas. Em resumo, a verdade de Cristo se alastrou pelo mundo por meio de missionários totalmente convictos e dedicados para, não tardando, ser reforçada pelos manuscritos de testemunhas oculares totalmente sinceras e bem intencionadas, que, por sinal, não pouparam seus textos de detalhes desanimadores - como a vergonhosa atitude de Pedro ao negar Jesus três vezes -Mateus 26:34.
Mas o movimento principiado com Cristo, se tivesse parado com a Sua ressurreição, certamente não teria tido todo o efeito que hoje podemos analisar, e é a continuidade do ministério dO Filho após a sua ascensão que o restante do Novo Testamento relata, sendo a Igreja o Corpo de Cristo. O livro de Atos é assombroso nessa questão e podemos trabalhar em prol de sua autenticidade com argumentos semelhantes aos já usados: alguns de seus protagonistas são galileus, os mesmos camponeses que seguiram Jesus, exceto Paulo, que teve uma visão dO Filho, afim de se converter; os apóstolos não poderiam tratar Jesus falando sobre coisas que o povo não tinha realmente presenciado e a estrutura do texto é objetiva e transmite segurança demais para ter sido forjado, até porque trata-se de uma carta com um remetente específico, já que Lucas mesmo afirma ter escrito para Teófilo, a quem também dedicou o seu Evangelho. O fato de ter sido uma carta torna o texto ainda mais confiável, pois vê-se que não se trata de algo forjado para persuadir multidões, mas uma correspondência entre amigos, provida da sinceridade e coleguismo típicas de um relacionamento assim. Lucas, após estudar vastamente sobre o Cristo e os apóstolos de que tanto se falava, relatou por escrito o fruto de suas pesquisas e enviou a um sábio, aparentemente, grego. Parece-me que tanto Lucas quanto Teófilo estavam especialmente interessados em desvendar as verdades sobre aqueles que tanto chamavam a atenção do mundo da época, porque, de fato, relatos de milagres assombrosos e palavras revolucionárias, falando de Cristo ou dos apóstolos, se disseminavam pelo povo de forma a instigar a curiosidade de todos. Lucas, penso eu, como um homem letrado e de cultura, assim como Teófilo, não se deixou levar simplesmente pelo que ouvira, pois tudo era fantástico demais para simplesmente ser crido, então decidiu ir ver para crer, concluindo, felizmente, que tudo se tratava de uma assustadoramente maravilhosa verdade, tanto sobre Jesus, quanto sobre os apóstolos. Atos não se trata de uma carta persuasiva em estética e profundidade, mas apresenta-se simplesmente como um relato honesto e sincero do fato histórico, relatando, em breves palavras, somente o que aconteceu e foi dito, sem muitos "parênteses" do autor.
A autenticidade do livros de Atos é evidência do que podemos concluir pela lógica: os discípulos não poderiam alegar sua autoridade apostólica sem nenhum sinal e prodígio, pois o próprio Jesus lhes havia dado poder -Lucas 10:9; Mateus 10:8-, portanto, se diziam terem estado com O Filho, deveriam provar tanto que, de fato, haviam estado com Ele, quanto que, verdadeiramente, Jesus era O Messias e, para tal, nada melhor do que favor divino como autenticador. O que começou com João Batista, culminou com Jesus e se encorpou com os apóstolos, realmente mexeu o mundo, pois para os judeus parecia nítido o poder de Deus já que, por alguns momentos, feitos tão extraordinários quanto os dos antigos profetas se desenrolavam diante dos seus olhos e, para os de fora, a evidência era a prova de que o Deus de Israel era maior, mais ativo e mais poderoso do qualquer outro deus. Jesus é diferente de Thor, porque Ele existiu no mundo visível, dentro da história e num tempo relativamente recente, não era como um conto obscuro, de uma era remota ou realidade isolada. Da mesma forma, os apóstolos existiram no mundo real, visível e recente, além de terem recebido respaldo da escrita, eles diziam ter tido contato com O Cristo e nenhum de seus contemporâneos ousava questionar essa idéia, o que parece provar que Jesus de fato existiu e que Ele, realmente, esteve com as pessoas que alegam terem estado com Ele. Eles não só falaram sobre os dias em que estiveram com O Filho de Deus, mas repetiram, sem falha, a Sua mensagem, e comprovaram a sua afirmação através de feitos assombrosos, que você pode achar facilmente na leitura de Atos. Dos feitos, o que parece ter dado maior força à Igreja foi o dia de Pentecostes, Atos 2, cuja maravilhosa e evidente descida do Espírito Santo levou três mil a se converterem à Cristo e fez o nome dO Filho e dos apóstolos ali presentes se espalharem pelo mundo mediterrâneo através dos judeus da diáspora. Se o relato fosse mentiroso, provavelmente alguns dos muitos milhares que compareceram a esse dia teriam se manifestado em oposição, até porque, como já disse, você não pode fazer alguém crer numa mentira sobre ele mesmo e, da mesma forma, os apóstolos não poderiam dizer aos judeus da diáspora que algo estrondoso aconteceu no Pentecostes, quando ninguém de fato o presenciou - isso se fortalece quando levamos em conta que três mil se converteram, o que, se fosse mentira, logo desabaria, pois todos se perguntariam: "onde estão os tais 3 mil?!" É a mesma coisa que eu afirmar que existe um prédio de noventa andares na minha cidade de vinte mil habitantes, tentando enganar o povo que, familiarizado com a pequena Encantado, certamente não acreditaria.
A expansão geográfica relatada no livro também é um fator de autenticidade, primeiro porque tamanha expansão, em poucas décadas chegando à capital do Império, não poderia ter se dado sem nenhuma evidência espiritual, sem nenhum milagre ou assombro, até porque havia vasta oposição e, segundo, porque se o livro não falasse a verdade, seria fácil demais para os habitantes dessas terras negarem os relatos e feitos apostólicos suposta e mentirosamente desenrolados na frente de suas casas - felizmente não temos documentos com tais afirmações, pelo contrário: toda a inicial oposição contra a fé cristã nunca questionou a existência de Cristo, o que Ele fez e, tampouco, a existência dos apóstolos, suas viagens e seus feitos, trabalhando mais no questionamento da postura incômoda dos seguidores dO Messias. Existe ainda outro fator de determinante valor para confirmar a validade de Atos: Lucas cita inúmeros nomes de autoridades políticas da época, além de eventos seculares ou eclesiásticos, e a análise história desse nomes e eventos somente constata e localiza sem erro o livro de Atos na história. Seria fácil demais desmanchar o relato de Atos se os líderes ali apresentados não tivessem tido contato real com os apóstolos ou se a experiência deles com os seguidores de Cristo tivesse sido diferente, primeiro porque Teófilo parecia culto o suficiente, devido ao nível de texto que Lucas lhe destina, para perceber mentiras desse tipo e, segundo, porque os outros muitos leitores a quem o relato fora inicialmente destinado fariam a mesma análise e perceberiam incoerências, incluindo as figuras citadas. Você não pode mentir para alguém utilizando-se de algo que faz parte da vida daquela pessoa, como eu dizer que seu cachorro preto e peludo é, na verdade, laranja e pelado. Da mesma forma, Lucas não falaria de uma liderança eclesiástica ou secular fictícia para um povo que conhecia muito bem o cenário político do Mediterrâneo daqueles dias, para eles era simples entender, por exemplo: o Evangelho chegou com poder e de súbito na Ilha de Malta -Atos 28-, isso é fato! O relato dos acontecimentos diz que milagres paulinos precederam as conversões e não há ninguém que afirme o contrário, além de não haver outra explicação para uma aceitação tão estrondosa, até porque viajantes que por lá passaram constataram a mudança e ouviram dos habitantes locais sobre os eventos. Era simples: se o indivíduo não acreditasse no relato, bastava ir até o local determinado e conferir - felizmente todos os que fizeram isso ouviram das testemunhas oculares a verdade relatada na Bíblia, senão haveria toda uma documentação a questionar. O fato é que o testemunho dos que viram, ouviram e tocaram em Cristo e nos apóstolos precedeu toda a escritura do Novo Testamento, logo, trata-se de evento histórico, não literatura mal intencionada.
Vou concluir o artigo com as cartas de Paulo, incluindo no raciocínio também as cartas não paulinas: tudo o que Paulo escreveu não o foi para persuadir povos, mas para orientar povos já persuadidos pela verdade histórica e inquestionável dos atos de Cristo e dos atos apostólicos. O que temos hoje de cartas na Bíblia são, na verdade, documentos que nós "confiscamos", que não foram escritos para nós, mas faziam parte do diálogo entre o apóstolo e seus seguidores, o que, como acontece com Atos e Lucas, dá mais credibilidade ao texto, tratando-o como um assunto comum entre as duas partes, com ambos os lados já conhecedores da verdade em questão, mas um doutrinando o outro - nós apenas nos metemos nessa história, tomando as cartas e extraíndo delas a verdade eterna do Deus imutável. Se Jesus tivesse vindo há poucas décadas, nós descobriríamos o Seu pensamento através dos apóstolos bipando seus telefones fixos, invadindo suas caixas de e-mail, fazendo parte de um grupo de remetentes. A mensagem não é somente confiável porque tratava-se do fruto da busca sincera de duas partes parceiras, mas porque o apóstolo trabalhava com sinais e prodígios a constatar a sua autoridade divina - Paulo não era louco de relatar feitos miraculosos dele para uma igreja específica se aquilo, de fato, não tivesse acontecido, pois a mentira logo circularia e ele cairia em descrédito, porém nunca, nunca isso aconteceu, portanto, é bem provável de que ele sempre falou a verdade e, sem dúvidas, promoveu sinais apostólicos. É maravilhoso o fato de hoje termos em mãos o produto daquele que, inspirado por Deus, alicerçou boa parte de nossa teologia, ainda mais porque as evidências, através de sua sabedoria, de seus sinais miraculosos e dos frutos de seu trabalho, nos dão plena certeza de que se trata, realmente, de alguém inquestionavelmente confiável.
Historiadores do primeiro século, como Josefo, nos dão relatos oculares da explosão cristã, inclusive apontando Cristo como o precursor - o que é obvio, já que todo o efeito precisa de uma causa ou causador -, além disso temos os famosos Pais da Igreja, pensadores e cristãos de influência que lideraram a movimento cristão logo após a morte dos apóstolos. Alguns dos Pais da Igreja alegam terem sido discípulos dos apóstolos ou seguidores de discípulos dos mesmos, o que autentica a existência apostólica e do próprio Jesus e valida os relatos miraculosos contidos no Novo Testamento, pois os apóstolos deram suas vidas Àquele que afirmaram ter promovido feitos grandemente sobrenaturais e estes foram seguidos por indivíduos que não só continuaram crendo nos milagres de Cristo, mas que também alegaram e fortaleceram a idéia de que os próprios apóstolos promoveram sinais semelhantes aos dO Filho. Ao lado dos discípulos de Jesus e dos seus sucessores há multidões de pessoas que também se envolveram de uma forma ou de outra nesses maravilhosamente espantosos dias, o que só fortalece mais o relato, pois, como já disse, não temos ninguém, no início da Era Cristã, a afirmar que nem Cristo e nem os apóstolos fizeram o que alegaram ter feito. A própria expansão da Igreja é evidência desse princípio profunda e poderosamente espiritual.
O fato é que não se pode negar o relato bíblico, não há fundamentos que se sustentam para uma oposição. Por favor, pense! Se ao menos 10% dos milagres relatados nas Escrituras tiverem acontecido, já temos evidência de SOBRA pra acreditar em Deus e na divindade de Cristo, e crendo que 10% fora possível, é muito fácil considerar os 90% restantes como viáveis, pois a impossibilidade, através do nítido poder dO Pai, deixa de existir. Felizmente a Bíblia não deixa dúvidas de que ela é inteiramente confiável, primeiro pela sua assombrosa natureza, cuja unidade e profundidade, confeccionada ao longo de 1,5 milênios e por dezenas de autores, está acima de nossa compreensão, e segundo porque grande parte de suas profecias se cumpriram e a arqueologia a constata quase que inteiramente. Não existe nenhuma possibilidade do ceticismo destruir a verdade cristã, primeiramente porque a Bíblia é uma testemunha espantosa da existência de Deus, em segundo lugar porque há mecanismos e complexidades no Universo a depender da ação intelectual, em terceiro lugar porque EU vivo esse Cristo e O sinto de forma profunda, além de todos os relatos de eventos espirituais que eu presenciei e dos quais ouvi falar, e, em quarto lugar, porque nenhuma teoria naturalista exclui a possibilidade da existência espiritual, que pode coexistir, existir em paralelo à matéria, sem ser vista ou tocada, mas que eu posso ter certeza da existência com base nas evidências nessa postagem relatadas. Com tudo isso me parece mais seguro creditar verdade à inquestionável evidência vivida e documentada, do que nalgum pedaço questionável de fóssil ou coisa parecida - o problema é que ao invés de interpretar o pedaço de osso conforme a evidência mais forte, molda-se a evidência mais forte ao pedaço de osso, deturpando a realidade mais provável.
Aqui finalizo a minha postagem natalina, procurando deixar claro o fato de que é simplesmente impossível negar a vinda, a morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo, não existe argumento, não existe evidência, não existe filosofia ou qualquer outra coisa que possa desafiar a inegável e inabalável verdade histórica - que se constata diariamente com a mudança de vida de milhares que se entregam aO Filho. Repensemos os nossos conceitos e argumentos, há muito mais coisas sobre as quais refletirmos do que normalmente concebemos.
Natanael Castoldi
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