Dizem que o homem é naturalmente bom,
corrompendo-se por intermédio da sociedade. Tal pensamento é largamente aceito
pela nossa humanidade pós-moderna e, como de costume, não recebe tal mérito
por ter bom fundamento racional, evidência, argumento, pois o homem de nossos
dias não precisa mais de razão para crer e ser, resumindo-se a uma mentira
conveniente, descaradamente inviável, mas falsamente crida por todos pelo fato
de dar fundamentos para a auto-vitimação, postura vulgar e promiscua
-"pois a culpa e da sociedade, não minha"; "eu sou só uma
vítima"- e rebeldia contra Deus -"pois como Ele poderia julgar tão
injustamente uma vítima como eu? Alguém tão bom?!"-, tudo isso porque,
como homens naturalmente corrompidos e sedentos pelo pecado e seus prazeres destrutivos,
procuramos por argumentos que facilitem nossa enganosa postura, primeiramente
nos fazendo vítimas para, então, nos pervertermos sem culpa, principalmente
após negarmos a autoridade de Deus, seja questionando a Sua existência, seja
questionando a Sua postura. Como o padrão de perfeição moral divino é pesado
demais para os que querem mergulhar nos prazeres carnais, qual melhor atitude
do que tirá-Lo do caminho? Ou melhor, forjar uma situação onde isso
aparentemente aconteça? Uma ilusão, mentira na qual nos apegamos temerariamente
em prol da vitória do eu carnal que, no final das contas, será consumido e
tornado pó?!
O fato é que se existem evidências sobre a
natureza do homem, elas apontam maldade hereditária. Um simples raciocínio
resolve essa questão: a sociedade é constituída do que? De homens. Segundo o
pensamento atual o homem é naturalmente bom ou mal? Bom. Segundo esse mesmo
pensamento, a sociedade corrompe ou melhora o homem? Corrompe. Eis a questão:
como uma organização de seres naturalmente bons, formada exclusivamente por
eles, dando-lhes a característica de ser plenamente boa, viria a se corromper?
Apenas os homens corrompem a sociedade, que, então, virá a corromper o homem.
Mas para os homens corromperem a sociedade, eles, primeiramente, deveriam se
corromper, mas sendo naturalmente bons, de onde viria tal corrupção?! Falo do
mundo segundo as perspectivas céticas, sem a realidade espiritual em jogo.
Solucionem o problema: algo plenamente bom seria passível de corrupção? O que
poderia corromper-lhe?! O resultado é que se o homem fosse naturalmente bom, a
sociedade também o seria e, plenamente boa, não poderia vir a corromper o mesmo
homem que a constitui. Ainda assim, todos, ao vermos assassinatos, pedofilia,
torturas, miséria e desigualdade extrema, podemos constatar que a sociedade é,
sem dúvidas, corrupta e, o sendo, só nos resta crer que a sua célula
fundamental, o homem, também o é. É lógico que se o homem fosse bom, a
sociedade o seria e, por conseqüência, não haveria traço algum de desigualdade
e, tampouco, a necessidade de leis e constituições nacionais, tribunais e
presídios, já que todos agiriam como agentes de amor na vida dos próximos
simplesmente baseados em sua bondade inata. A questão é que devemos ensinar
nossos bebês a não morder, não mentir e não roubar, pois eles fazem isso
naturalmente, o que indica que tipo de natureza os domina.
O homem é mau e isso é inquestionável,
todo mundo que argumenta o contrário está ciente de que mente, mas não quer
ceder, por orgulho ou vaidade. Eu afirmo isso com veemência, porque, havendo
provas, evidência, havendo experimento e observação, não se pode questionar.
Você não é capaz de dizer que os animais são "maus", porque eles
simplesmente não possuem INATO em seus cérebros todo o código moral e ético que
está registrado numa região específica do cérebro humano, também não possuem
consciência, emoções e pensamentos acerca do "certo e errado", já que
não habita em seus corpos puramente físicos a alma, o espírito humano, que nos
faz possuir algo que não existe em nenhuma outra criatura do Universo material
e que, portanto, herdamos do próprio Criador - já que nada surge do nada, já
que todo o efeito necessita de uma causa que possa "contê-lo antes de
formá-lo". Os seres irracionais não vivem conforme regras morais, mas
regras naturais, em prol de sua sobrevivência - e parece-me ridículo ter de
explicar isso -, portanto, não há argumentos para a maldade humana, que é
própria do homem e só encontrada no ser humano, em termos de matéria visível,
logo, toda a maldade que se desenrola no universo material parte do homem, é
promovida pela humanidade e totalmente contida nela. Com isso não excluo a
existência de demônios, mas também sei que não são eles os causadores, as
fontes da depravação humana, que parte, primeiramente e naturalmente, do homem
que, sendo naturalmente vil, pode ou não abrir brechas para a intensificação da
maldade inata por intermédio dos ditos demônios, já que o plenamente bom não
possui nada que o leve a depravação e somente o depravado pode comportar mais
depravação - onde não existe nada de determinada constituição, nada quanto
relacionado a isso pode se desenvolver, pois o zero absoluto resulta em plena
inexistência e impossibilidade. A questão é: o homem é o lobo do homem, o homem
é o maior de inimigo de si mesmo, Satanás apenas intensifica uma realidade
pré-existente, já que não poderia intensificar nada que já não existisse.
Como meu raciocínio está caminhando para
uma questão polêmica, me obrigo a abrir parênteses, afim de não produzir um
artigo inconsistente em si mesmo. Como disse que o que é naturalmente bom não
poderia vir a se corromper, o ateu, ou até mesmo o cristão, que fico feliz caso
o tenha feito, pode ter pensado: "Se Deus criou o homem bom, então ele não
deveria ter se corrompido. Se Deus criou o homem mau, então Deus não é
bom?" Bom, eu parto do ponto inquestionável de que Deus é perfeitamente
bom, pois essa é uma verdade inescapável, quando partimos do ponto de que
bondade exige ação voluntária e ação voluntária, consciente, exige intelecto.
Vê-se que os animais não são bons, tampouco maus, porque são irracionais e não
se vêem atribuídos de moral, sobrando-lhes o instinto de sobrevivência, mas
existindo bondade no homem, pelo menos alguns traços, pois sabemos que o ser
humano pode ser altruísta, sacrificando-se em prol da vida dos seus iguais,
então havemos de crer numa fonte perfeitamente boa para tal. Maldade, caos,
desordem, independem da ação intelectual, sendo apenas o decréscimo daquilo que
é bom e ordenado, mas bondade e ordem dependem da vontade do intelecto criador,
logo, existindo maldade e bondade, desordem e ordem, perfeição e caos, devemos,
sem titubear, crer numa fonte plenamente boa e organizada para tudo o que
existe, e como o Eterno Criador não pode ser constituído de duas partes, de
duas matérias, de duas naturezas, sendo formado de uma única coisa, Ele mesmo,
então Deus é, definitivamente, bom. A questão é que o plenamente bom e ordenado
pode criar tanto o parcialmente bom e ordenado, quanto o neutro, apenas
subtraindo bondade e ordem de Seu potencial perfeito, mas não pode criar outro
perfeito, pois de uma causa nunca pode resultar um efeito com igual potência e
complexidade - com excessão dO Filho, que não foi criado, mas gerado. Partindo
desse ponto, podemos entender que um Deus perfeito pode, sim, ter criado algo
com grau de perfeição menor do que o Seu. Deus é a plenitude da perfeição, é o
máximo concebível por ser a fonte-prima de tudo, o homem, por sua vez, em
condição de criatura, era originalmente perfeito, mas no grau permitido para a
sua respectiva situação, perfeição essa que, mesmo sem raiz de maldade em si
mesma, por ser uma perfeição limitada pela limitada natureza humana, poderia
ser corruptível. Leia "Inescapável".
Toda a criatura de intelecto, seja
celestial, seja terrena, fora criada em perfeição dentro dos parâmetros
permitidos para o objeto criado, sendo moralmente perfeitos por nunca terem
visto ou absorvido corrupção, mas como seres limitados física, temporal e
espiritualmente, ao contrário de Deus, a matéria limitada, sendo mutável dentro
do tempo, que também é mutável, se vê passível de corrupção que, uma vez física,
diretamente se reflete no espírito submetido ao corpo temporal e material. O
aposento de uma residência pode ser perfeitamente puro, limpo, conservado,
nunca ter visto sujeira alguma, nunca ter presenciado a degeneração de sua
estrutura, mas nada impede que, abertas as janelas e a porta de entrada,
folhas, poeira e água entrem-no e venham a
pervertê-lo irreversivelmente - por que
"irreversivelmente"? Simplesmente porque parte de uma situação de
perfeita composição, sem nunca ter contido sujeira alguma, para uma situação de
podridão que, por mais que venha a ser revertida, não poderá mudar a realidade
de que, um dia, sujeira já esteve ali. O círculo é a figura perfeita, infinita
por não ter começo nem fim, mas uma simples e diminuta quebra no seu traço o faz
finito, por agora ter começo e fim, deixando, inclusive, de ser círculo, o que
me indica que por mais que algo possa ser perfeito, está passível, pela
influência externa, de corrupção e imperfeição, porém isso só se aplica à
criatura, pois não existe influência externa para Deus, já que Ele não está
contido em nada além de Si mesmo, obviamente não há nada maior do que
o Criador de tudo, para penetrá-Lo e mudar-Lhe, até porque o que é eterno em si
mesmo é imutável, por ser eternamente aquilo que é em constituição e natureza -
no eterno não pode haver novidade, não pode haver mutação, pois não há matéria
física a se transformar, nem poder temporal a promovê-lo e como Deus não está
contido num corpo limitado pelo tempo e espaço físico, já que o espaço físico
se vê imerso no tempo e o tempo se encontra imerso no espaço físico, não há
nada que O limite, sendo Ele o próprio limitador do Universo. Com base nesse
raciocínio também sou levado a crer que O Filho, em condição humana, mesmo
sendo Deus, se via passível de corrupção, recebendo, portanto, mérito justo por
não ter pecado quando, de fato, fora tentado a pecar. Devemos levar em conta,
nesse raciocínio, que o "aposento perfeito" e o "círculo
infinito" não sugiram do nada e por nada, mas são obras de uma mente
intelectual maior em todos os aspectos, portanto para a criação de algo
perfeito e infinito, mas limitado e passível de corrupção, deve haver, ou, pelo
menos, pode haver, alguém que É perfeito, infinito, ilimitado e incorruptível -
incorruptível como conseqüência de ser infinito e ilimitado. Leia "O Perfeito".
O raciocínio acima ainda tem potencial
argumentativo, veja: do que é construído o "aposento perfeito"?
Argamassa, tijolos de barro, madeira, vidro, tinta e algumas peças de metal na
porta e nas janelas. O que corrompeu, sujou, o aposento? Poeira, tanto areia
quanto terra, água, restos vegetais... em resumo, nada que a estrutura já não
possua, nada que não venha a constituir o aposento, pois tudo o que veio a
corromper a sala em questão, também fez parte da matéria que a forma. Daquilo
que sujou a sala, seja areia, terra, água,ou detritos vegetais, nada é
naturalmente ruim, pois pela água, areia, terra e madeira, a própria sala foi feita, logo a questão não está no material, mas no equilíbrio e na organização
entre eles: para se erguer o aposento, cada material precisa ser trabalhado de
modo específico e disposto numa ordem e quantidade específicas, afim de produzir
a perfeição final, mas havendo desordem e desequilíbrio, as paredes não se
sustentam, pois a argamassa precisa resultar da mistura do cal, areia e água em
medidas determinadas e se dispor corretamente entre os tijolos de barro cozido,
por exemplo, e qualquer distúrbio nesse processo torna a obra inviável. O
material -o ingrediente-, repito, não muda, mas as suas quantidades e disposições, sim. Da
mesma forma, o Mal não é, necessariamente, algo "novo", o Pecado,
aquilo que vai contra a vontade de Deus, não é uma "matéria"
específica, mas o desequilíbrio e a desordem entre a perfeita
"matéria" preexistente. Antes de tudo levemos em conta que a vontade
do Deus Vivo é que a vida não se destrua e, portanto, tudo o que O desagrada é
produto de atitudes auto ou heterodestrutivas, com base nisso entendemos que um
pouco de amor próprio, comum a todo homem, é essencial para a autopreservação
individual, mas o desequilíbrio, a supervalorização do amor próprio, que
resulta em narcisismo e antropocentrismo, é pecado por ser uma atitude
heterodestrutiva -pisa-se nos demais em prol da vitória do "eu"-,
isso quando não autodestrutiva; a libido sexual, comum a todos os humanos, numa
determinada medida, faz bem ao indivíduo tanto física quanto emocionalmente e é
essencial para a sobrevivência da espécie humana, mas o desequilíbrio, a
supervalorização do sexo, se torna pecado por promover a auto e a
heterodestruição, disseminando doenças, infidelidade e idolatria -sem o Deus
Vivo no centro da vida, só resta a morte; o apetite gastronômico na medida
certa também é essencial para o bem estar, o prazer e a própria sobrevivência,
mas o desequilíbrio gera a gula, que atrofia o organismo e, pelo desperdício ou
abuso, promove a fome de outros, menos favorecidos. Em resumo: Deus não
precisou criar o Mal para que o mesmo exista, Deus só criou coisas boas e
vitais, mas o desequilíbrio e a desordem, que surgiram pela subtração do que já
existia, são os causadores do que hoje entendemos por Maligno. Leia "Pandemia" e "A Razão".
Lembre-se de uma coisa: o Universo pode ser diferente de Deus em natureza porque não faz parte de Deus, não está dentro dEle, não é a Sua "continuação", mas, sim, é obra criada por Ele, logo, diferente dO mesmo, estando num lugar que é propriamente seu.
A questão que sobra é: apesar de o Mal ter tido condições de vir como oposto daquilo que é perfeitamente bom, pela desordem e desequilíbrio, será que o homem, ou Lúcifer, originalmente perfeitos, teriam condições de promover tal desequilíbrio ou desordem? É aqui que entra outra questão que tentarei explanar, primeiramente, com uma figura: pedras são neutras, nem más nem boas, mas o homem, mesmo sendo bom, pode, pela inocência e ignorância, empilhar muitas delas de forma a atentar contra a própria vida, erguendo pilha insustentável a ruir por sobre si mesmo. Eis o exagero! A libido sexual, por exemplo, é como uma dessas pedras e se o homem erguer monte descomunalmente grande delas, poderá ser soterrado, abatido, por elas, tudo depende do nível de interesse e estímulo depositado nessa questão específica, a promover desordem e desequilíbrio. Aqui entra outra questão essencial: o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade humana, regida pelo senso moral e pela vontade individual, de fazer e ser aquilo que, por opção, desejar. A única forma de um Deus relacional e intelectual se relacionar verdadeiramente com um ser é criando-o com intelecto e liberdade, pois um Deus racional jamais teria satisfação numa criatura robótica programada para suprir obrigatória e involuntariamente a Sua vontade, pois o próprio Deus não é uma máquina, um programa que responde a códigos e ritos vazios. Da mesma forma que me parece necessário termos Cristo como passível de pecar para que a Sua vitória sobre o pecado tenha sentido e mérito, creio que a única forma de o homem realmente agradar a Deus é havendo a possibilidade de desagradá-Lo, pois dessa forma, quando o agrado existe, ele não o é por programação, teatro, manipulação divina - como se Deus precisasse de um espelho para se sentir valorizado, leve em conta que uma criatura regida por uma espécie de fatalismo divino seria como um espelho para Deus-, pelo contrário, é produto de opção, de escolha voluntária, regida pelo temor, amor e esforço por corresponder ao Criador e, somente dessa forma, se constitui um relacionamento. O homem somente pode obedecer a Deus se houver a possibilidade de desobedecê-Lo, pois se não houvesse essa possibilidade ele não "obedeceria", apenas "seria" - o "certo" só se evidencia com a existência do "errado". Essa liberdade instituída por Deus com o intuito constituir uma relação de amizade profunda com o homem vinha com a possibilidade de desobediência e desagrado, a liberdade de ação humana foi o que possibilitou o homem de empilhar as pedras do amor próprio em exagero e, pela desordem e desequilíbrio, haver o soterramento da criatura humana em idolatria e consequente afastamento dO Pai. A atitude humana diz algo e O Criador, racional, o entende muito bem, respondendo-O segundo a vontade da criatura livre, que diz: "Eu não quero mais me submeter aO Senhor".
A questão que sobra é: apesar de o Mal ter tido condições de vir como oposto daquilo que é perfeitamente bom, pela desordem e desequilíbrio, será que o homem, ou Lúcifer, originalmente perfeitos, teriam condições de promover tal desequilíbrio ou desordem? É aqui que entra outra questão que tentarei explanar, primeiramente, com uma figura: pedras são neutras, nem más nem boas, mas o homem, mesmo sendo bom, pode, pela inocência e ignorância, empilhar muitas delas de forma a atentar contra a própria vida, erguendo pilha insustentável a ruir por sobre si mesmo. Eis o exagero! A libido sexual, por exemplo, é como uma dessas pedras e se o homem erguer monte descomunalmente grande delas, poderá ser soterrado, abatido, por elas, tudo depende do nível de interesse e estímulo depositado nessa questão específica, a promover desordem e desequilíbrio. Aqui entra outra questão essencial: o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade humana, regida pelo senso moral e pela vontade individual, de fazer e ser aquilo que, por opção, desejar. A única forma de um Deus relacional e intelectual se relacionar verdadeiramente com um ser é criando-o com intelecto e liberdade, pois um Deus racional jamais teria satisfação numa criatura robótica programada para suprir obrigatória e involuntariamente a Sua vontade, pois o próprio Deus não é uma máquina, um programa que responde a códigos e ritos vazios. Da mesma forma que me parece necessário termos Cristo como passível de pecar para que a Sua vitória sobre o pecado tenha sentido e mérito, creio que a única forma de o homem realmente agradar a Deus é havendo a possibilidade de desagradá-Lo, pois dessa forma, quando o agrado existe, ele não o é por programação, teatro, manipulação divina - como se Deus precisasse de um espelho para se sentir valorizado, leve em conta que uma criatura regida por uma espécie de fatalismo divino seria como um espelho para Deus-, pelo contrário, é produto de opção, de escolha voluntária, regida pelo temor, amor e esforço por corresponder ao Criador e, somente dessa forma, se constitui um relacionamento. O homem somente pode obedecer a Deus se houver a possibilidade de desobedecê-Lo, pois se não houvesse essa possibilidade ele não "obedeceria", apenas "seria" - o "certo" só se evidencia com a existência do "errado". Essa liberdade instituída por Deus com o intuito constituir uma relação de amizade profunda com o homem vinha com a possibilidade de desobediência e desagrado, a liberdade de ação humana foi o que possibilitou o homem de empilhar as pedras do amor próprio em exagero e, pela desordem e desequilíbrio, haver o soterramento da criatura humana em idolatria e consequente afastamento dO Pai. A atitude humana diz algo e O Criador, racional, o entende muito bem, respondendo-O segundo a vontade da criatura livre, que diz: "Eu não quero mais me submeter aO Senhor".
A justiça divina, em equilíbrio com o Seu
perfeito amor, entraram em ação assim que o Pecado originou-se como
conseqüência do desequilíbrio e da desordem. O imutável Senhor, Perfeito em Si
mesmo, agora precisava julgar a transgressão humana, pois o homem já
representava a maldade, indo contra a natureza santa dO Criador. O santo Deus,
perfeito em ordem e equilíbrio, precisava, então, restaurar a Sua criação, pois
O Perfeito repele o imperfeito, O Santo repele o profano, O Justo aniquila, com
justiça, o injusto, A Norma não comporta o anormal. Deus poderia ter aniquilado
completamente o Universo por causa do Pecado, mas ao lado de Sua justiça existe
o amor, que é perfeito em força, a ponto de ser sacrificial, mostrando-se tal
mesmo antes da vinda de Cristo ao mundo, pois a postura de Deus, permitindo-se
sofrer pela simples e repulsiva existência do Pecado em prol da sobrevivência e
regeneração da humanidade, se resume em genuíno amor. O Pai, então,
abriu mão de Si mesmo, retirando parte de Sua glória desse mundo insuportável para
que o homem pudesse continuar existindo, mesmo em pecado, e gerasse sua
descendência pecadora, filhos impuros do impuro. O amor justo foi capaz de
promover, pela justiça, a vida e não a morte, pois desde a Queda iniciou-se o
processo da vinda dO Filho, daquele que, gerado de Deus, é Deus, daquele que,
mesmo sendo Deus, mesmo sendo O Criador, humilhou-se na figura de criatura,
mesmo ilimitado, limitou-se e, mesmo eterno e imortal, permitiu-se definhar e
morrer, sendo a vida perfeita entregue no lugar do imperfeito, o réu do
julgamento mortal cabido aos que mortalmente pecaram contra O Pai. Deus amou
tão ardentemente que deixou-se agredir e matar pela própria criatura e, ao
invés de julgar com fogo consumidor aqueles que temerariamente mataram O
Criador em corpo de criatura, abriu-lhes as portas da salvação eterna, salvação
eterna somente possível após a expiação da pecado adâmico e a propiciação da
pena outrora direcionada ao homem. Porém, para os que nasceram da carne impura
e são, naturalmente, espiritual e fisicamente impuros, somente um segundo
nascimento é capaz de promover a cura definitiva da maldição da Queda e tal
principia-se com a aceitação da morte vicária de Cristo, que abre as portas
para a substituição de nosso espírito corrompido pelo Espírito Santo,
promovendo um novo nascimento espiritual, e que se consumará num futuro próximo
com a morte de nosso corpo fisicamente sujo e sua ressurreição, novo
nascimento, em matéria divina, fisicamente pura, concluindo um
completo "novo nascimento" e desprendimento da maldição de Adão, já
que nosso corpo, seja o físico ou seja o espiritual, é destruído como produto
da depravação e recriado como produto direto de Deus.
Concluído esse raciocínio acerca da origem
do mal, vou retornar ao assunto central dessa postagem: o homem é mau, em
oposição a Deus, que é plenamente bom. A incoerência em questão, conforme o título
dessa postagem, está na argumentação dos ateus e agnósticos -modismo, fruto do pseudo-intelectualismo que se dissemina largamente nesses dias tristes- acerca da
bondade dO Criador, já que, na ignorância, com a mente fechada e
tendenciosamente parcial, dizem: "Deus é mal porque permite que o Mal
continue existindo; Deus é mal porque julga os homens; Deus é incompetente
porque não consegue destruir o Mal". Ora, se você não entende nada de
teologia e não compreende a história da redenção humana, seus eventos e
motivações, é lógico que irá estranhar a situação desse mundo mediante um Deus
bom, mas é necessário usufruir de grande desonestidade para não reconhecer que
somos naturalmente maus e que nós praticamos a maldade porque queremos,
independentemente da vontade dO Pai. O raciocínio dos céticos é inconsistente e equivale ao velho e estúpido dizer: "Se Deus é onipotente, pode criar
uma pedra que Ele mesmo não consiga carregar?" No caso, se você responder
"sim", lhe dirão que Deus, portanto, não é onipotente, e se você
disser que não, dirão o mesmo, sem levar em conta que O Criador não pode fazer
nada maior do que Ele. A questão dos ateus sobre Deus ser mau é igualmente
infundada: se Deus não julga o Mau, Ele é mau, se Deus julga o Mal,
representado pelo ser humano, promotor principal da maldade, então Ele também é
mau. Isso não te parece incoerente?! Tudo o que eu falei anteriormente serviu
para alicerçar o seguinte raciocínio: o homem é espiritual, física e
psicologicamente mau, se vê totalmente imerso em maldade e perversão, sendo
promovido e promotor de toda a maldade visível em nosso mundo, portanto posso
dizer que ao falarmos do Mal, estamos falando do homem e vice-versa, sendo a
espécie humana a encarnação da maldade - se levarmos em conta que Mal é tudo o
que está afastado da fonte de toda a bondade, Deus. O principal problema do
cético com esse argumento está nisso: ele critica Deus por não aniquilar o Mal
do mundo e quando O Pai julga o homem, sendo o homem mau, também o critica e
encontra nisso maldade, o problema é que para O Pai julgar o Mal, precisa
julgar o homem, cuja maldade já é parte de sua "genética" - então
Deus é mau se não julgar o homem -mau- e também é mau se julgar o homem -mau-?
Raciocínio pífio!! E é aqui que o ceticismo quebra as pernas nessa questão.
A Bíblia mostra Deus julgando o Mal
constantemente, coisas que acontecem em nosso mundo hoje algumas vezes parecem
fazer parte de julgamentos assim - e o julgamento pode ser, por vezes,
simplesmente, deixar o homem, que ignora Deus, lançado à própria sorte,
sofrendo as conseqüências de seus próprios e voluntários atos ou, ainda,
não protegê-lo de eventos cataclísmicos naturais, Romanos
1:24. O fato é que Deus
julgar o Mal, adotado com grande retumbância pelo ser humano, torna-O bom! O fato é que Deus julga o homem, que adotou o Mal com apreço, portanto,
Deus é bom! Ora, a única forma de desfazer o Mal é aniquilar o seu portador, o
seu viveiro, assim como podemos evitar mosquitos somente se esvaziarmos ou
entulharmos poças d'água. Como o Mal poderia vir a inexistir se o seu portador
prosseguisse promovendo-o? Se Deus tirasse forçadamente o Mal de todo o homem,
alguns ainda poderiam dizer: "Deus criou robôs, não humanos. Ele não nos
dá liberdade de sermos o que quisermos". O fato é que O Pai criou-nos para
um relacionamento de liberdade com Ele, portanto, não nos força a nada, mas
deixa claro que nos julgará segundo as nossas escolhas, pois elas podem ou não
divergir de Sua vontade e padrão moral - e só existe uma alternativa para os
que hoje já não querem estar com Deus: uma eternidade longe dEle, não como
resultado da vontade divina, de um julgamento de Deus, mas segundo a vontade do
indivíduo que por isso optou ao distanciar-se voluntariamente dO Criador, que
não pode forçá-lo a fazer o oposto, que não pode fazer nada além de enviar
pessoas para lhe alertar, disponibilizar a Sua Palavra, extremamente clara e
inquestionável, e mostrar através de Sua criação qual Seu poder e vontade. O
homem é indesculpável mediante tantas oportunidades, tornando impossível que a
sua escolha, seja ela qual for, seja tomada com base na ignorância - para os
habitantes de terras não evangelizadas o julgamento será diferenciado, pois
Deus é justo e julga conforme o coração -Lucas
12:48. Outrora disse algo
interessante acerca disso: no cristianismo todos são bem-sucedidos, pois o que
escolhe seguir verdadeiramente a Deus, terá sucesso nisso e estará
eternamente com Ele, e quem escolhe não seguí-Lo será igualmente vitorioso,
pois passará a eternidade sem Ele. Cabe ao homem, portanto, escolher que tipo de sucesso
quer obter. Lembre-se: todo o julgamento de Deus é fruto da decisão humana...
antes de Deus julgar o homem, o homem julga-se a si mesmo, deixando claro que
tipo de juízo quer receber através de seus atos voluntariamente favoráveis ou
desfavoráveis ao que sabe ser a vontade dO Criador. No final das contas é óbvio
que morrerá quem não quiser estar com o Deus da Vida, pois a única boa
eternidade está com o único e eterno Deus.
Quero que fique clara pelo menos uma
questão: Deus precisa julgar o Mal e para julgar o Mal, precisa julgar o homem,
portanto, só julgando o homem, julgará o Mal e só julgando o Mal mostra-se
plenamente bom e justo. O que mais surpreende nessa história toda é que a
bondade e justiça de Deus vão além do que a minha filosofia entende como pleno:
Cristo foi enviado por Deus para absorver, na Cruz, toda a maldade humana e
receber sobre Si e sobre tal maldade, todo o julgamento cabível, transferindo a
culpa de uma humanidade inteira por sobre Ele. O Mal do mundo entrou em
processo de aniquilação após a morte e ressurreição dO Filho, iniciando-se o
renascimento do espírito daqueles que aceitarem-No e o futuro renascimento do
corpo para os mesmos, mas o Mal não deixou de existir afim
de manter ativo o livre-arbítrio, quando o homem realmente pode
escolher pelo bem sabendo da alternativa maligna - liberdade só existe quando
há opção. Chegará o dia, porém, em que toda a maldade, insuportável para Deus,
será completamente aniquilada e todos os que, sendo maus, negaram-se regenerar
pelo Espírito Santo, permanecendo inaceitáveis perante O Pai, serão incinerados
no lugar onde, escolhendo distância dO Criador, Ele não estará em Sua glória, o
Inferno. Nesse dia, no Dia do Senhor, haverá grande alegria, pois,
definitivamente, o plano original da Criação será restituído, com a plena
harmonia entre O Criador Perfeito e a criatura perfeita. Leia "Pequeno Detalhe".
Hoje vivemos num mundo privilegiado, pois
O Filho já esteve entre nós uma primeira vez e consumou a primeira etapa de Sua
empreitada nesse mundo, inserindo na Criação, corrompida, o traço perfeito da
Criação Genuína para os que isso desejarem, faltando somente a segunda etapa,
que será o julgamento eterno dos que insistirem na situação de corrupção, para
os que voluntariamente persistirem em inimizade para com Deus. Hoje vivemos um
período em que, por mais que vejamos a corrupção, a engrenagem prima do
Universo está plenamente disposta, sendo O Criador, pelo qual todo o Universo
pode funcionar e persistir, a razão central da existência, mas por milênios o
homem encontrou-se sem a figura dO Cristo e, portanto, o relacionamento dO Perfeito
Criador com a imperfeita criatura era mais áspero: o homem não tinha condições
de chegar-se plenamente a Deus, pois o Espírito Santo não havia descido em
definitivo na Terra e O Filho ainda não havia construído a ponte perfeita entre
o mundo caído e O Pai. O mundo sem Jesus é um mundo aleijado e a única forma de
as coisas manterem-se em parcial ordem estava nas mãos de ferro de Deus,
falamos do Antigo Testamento, fonte, pela má interpretação de muitos, de
algumas das maiores críticas ao cristianismo.
O Antigo Testamento compreendeu um período
crucial para a história da redenção: antes dos dias "d.C", todo o
cenário para a vinda dO Filho deveria ser erguido e disso Deus não abriu mão,
por mais que a vontade humana estivesse sempre em oposição, pois o ardente amor
dO Pai O fez levar a humanidade, mesmo sem a sua aceitação, para uma realidade
salvífica - é como um pai que disciplina seu filho, fazendo-o em um momento
passar pela dor e descontentamento afim de prepará-lo e fortalecê-lo, sabendo
que pelo sofrimento irá lapidar um futuro melhor para a criança, incapaz de
compreender isso e tomar decisões vitais por si mesma. Como Deus, desde a
Queda, planejou a restauração da Criação sob os moldes do livre-arbítrio, esse
período de preparação para O Messias fora essencial e por isso O Pai
permitiu-se sofrer e fazer exatamente o que não Lhe agrada: punir o povo de
Israel e as nações que ameaçaram destruí-lo, tudo em prol da manutenção de Seu
reinado no Povo Escolhido, levando os hebreus a lembrarem-se dEle e impedindo
que reinos opositores aniquilassem as Tribos, somente assim O Filho teria berço
e aceitação no dia de Sua vinda - na medida necessária para ser, primeiramente,
aceito e, em seguida, rejeitado, afim de morrer pelas mãos humanas e para os
homens, sendo como o cordeiro libertador da Primeira Páscoa -Êxodo
12:3-6-, fazendo-o também
na Páscoa.
A rigidez do trato de Deus com a
humanidade no Antigo Testamento possui quatro motivações principais: primeiramente
mostrar quão alto e inatingível é o padrão moral de Deus; em segundo lugar:
tornar clara a impotência humana diante do Deus Soberano, deixando evidente a
necessidade dO Messias como representante da humanidade; em terceiro lugar:
para tornar clara a verdade de que o mundo criado não pode funcionar sem O
Cristo e, em quarto lugar, pelo simples fato de que O Pai, para julgar a
transgressão, precisava julgar os homens, transgressores. Sempre que você ler
algo tenebroso no Antigo Testamento acerca da ação de Deus, leve em conta que,
antes de tudo, Deus sofria ao ter que fazê-lo -Oséias
11-, mas não havia outra
opção, pois Israel transgredia a Aliança que, como povo, aceitou e,
transgredindo-a, negando o Deus Vivo, automaticamente colheu a morte pelo
simples afastar dO Senhor. O Pai, justo, precisava julgar o Mal. O Pai, amoroso,
precisava manter a ordem e as condições mundiais propícias para a
vinda dO Redentor, por isso era necessário julgar e, pela morte de alguns,
deixar o exemplo para muitos, pela morte de alguns, um mal
necessário, manter vívida a chama messiânica. Pense bem: o abatimento
de alguns milhares é preço viável para a salvação eterna de milhões - e num
Universo fundamentado no livre-arbítrio, não consigo imaginar outra maneira de
as coisas caminharem. Na seqüência vou expôr alguns pontos do Antigo Testamento
que me parecem mais duros, usufrua de meu raciocínio e lembre-se do que acabou
de ler como critério de análise:
-Deus manda o povo de Israel, depois do
Êxodo, destruir todas as cidades palestinas e matar todos os seus habitantes,
sem excessões -Josué 6:21; Deuteronômio
13:12-17:
Antes de tudo, precisamos lembrar de um
detalhe importantíssimo: nos tempos de Abraão, ainda no livro de Gênesis, Deus,
mesmo tendo motivos para aniquilar a Palestina inteira, devido à depravação dos
cananeus, reconheceu que a maldade local ainda não era grande o suficiente para
receber tal juízo e, sabendo que os cananeus perverteriam-se ainda mais
naturalmente, levou o povo de Israel, até como forma de protegê-lo da depravação
local, à terra do Egito, afim de esperar o dia em que a transgressão palestina
chegasse no nível digno de aniquilação total -Gênesis
15:13-16-, isso implica
no fato de que Deus não julga sem razão.
Outro ponto de importante relevância está
na proteção da nação israelita, mantendo-a distante do paganismo que dominava o
mundo inteiro, tirando de dentro de si toda a espécie de idolatria, todo o
perigo potencial para a soberania de Deus e consequente risco para a
consumação da história redentora - se Israel acabasse igual às demais nações,
todo o projeto envolvendo O Messias poderia cair por terra e isso levaria todos
os povos desse mundo à destruição eterna, então não restaria alternativa para Deus
senão a de deixar o mundo definhar totalmente ou julgá-lo de modo derradeiro e
sem esperança para ninguém, mas não, O Pai optou pelo juízo local como forma de
evitar um juízo global, fazendo aniquilar as nações palestinas em prol da
manutenção e continuidade da história da redenção
e consequente salvação ao mundo inteiro - a Palestina, pela localização, clima e influência, tratava da faixa de terras melhor servida para que a vindoura estadia dO Messias em nosso meio surtisse o efeito esperado no mundo inteiro. O fato é que Israel desobedeceu
a Deus e não destruiu as nações cananéias e seu paganismo, paganismo que, com o
tempo, fora penetrando na cultura israelita e pervertendo lenta e profundamente
o Povo Escolhido, chegando ao ápice da depravação hebréia, de que temos
conhecimento no livro de Juízes - caos político e religioso em Israel.
Deus tinha razão ao exigir medidas tão drásticas em prol de algo maior, já que a desobediência hebréia em relação a isso quase resultou no fim da história redentora - antes de influenciar positivamente o mundo, Israel tinha que purificar-se ou manter-se puro.
A Bíblia, no Antigo Testamento, parece
ordenar coisas estranhas, como matar filhos em demasia rebeldes, evitar o
homossexualismo e o ato de se barbear, mas por que isso? Antes de o leitor se
revoltar com a Palavra, precisa entender que o mundo veterotestamentário não se
enquadra nos padrões de nosso mundo pós-moderno, logo, não podemos partir de
nosso ponto de vista como fator determinante para se julgar algo consolidado há
milênios. Quando entendemos isso, podemos, então, aprofundar o raciocínio:
nenhuma Lei do Velha Aliança existiu por existir, resumindo-se no capricho de
um Deus que quer apenas mandar e julgar, não! Toda a Lei era, antes de tudo,
protetora, com alto grau de sanidade, afim de manter o povo israelita
longe de doenças biológicas, livre de doenças morais e políticas e livre do paganismo
das cercanias.
Entenda que num mundo sem O Messias, Deus
precisava, em paralelo ao livre-arbítrio, construir um cenário propício para a
Sua vinda, por isso medidas pesadas tiveram de ser tomadas, afim de, pela
privação de uns, haver salvação para todos. Israel, como território e povo, era
a peça-chave da revolução que O Pai desde a Queda planejara, portanto, para o
bem do mundo, o Povo Escolhido sofreu um pouco mais - sofrimento construtivo,
pois a Lei os manteve, pela dor, vivos. Uma dessas leis protetoras é a da
primeira passagem acima: todo o filho rebelde, ao resistir continuamente à disciplina,
deveria ser morto. Ora, essa lei se aplicava ao contexto histórico em que fora
inserida, afim de manter Israel vívido, mas como? Evitando-se a
rebeldia das novas gerações, o padrão moral divino inserido nas primeiras
manter-se-ia parcialmente intacto, assim como a unidade política, religiosa e
étnica. Isso é óbvio! Logo, tal medida era necessária em prol de um bem maior,
principalmente quando levamos em conta dois fatores: servia mais como um
símbolo do que uma máquina de matar, pois a sua simples existência evitava a
necessidade vasta de sua aplicação, já que os filhos potencialmente rebeldes
passavam a se conter e evitar a insurreição e, em segundo
lugar, porque, com toda a nação conhecendo-a, aqueles que a desrespeitassem não
seriam mortos diretamente pela Lei ou por Deus, mas estariam praticando uma
espécie de suicídio, pois pediram para morrer de forma consciente e
voluntária - como que pisando, de modo consciente, numa armadilha.
A lei da segunda passagem acima também tem
aspectos protetores por dois motivos: procurava evitar que se inserisse em
Israel uma prática comum entre os povos pagãos, principalmente se levarmos em
conta que relações sexuais de todos os tipos eram vastamente praticadas como
rituais religiosos que poderiam perverter a nação de Israel e, em segundo
lugar, afim de abolir todo o potencial autodestrutivo do Povo Escolhido, pois é
lógico que, numa nação largamente homossexual, a fidelidade conjugal e o amor
pela prole seriam afetados, doenças venéreas se espalhariam e a natalidade
diminuiria, fatores letais para uma nação pequena, além disso, há todo o
aspecto profético: a descendência de Abraão seria herdeira da promessa
messiânica e no contexto veterotestamentário isso significava, além de um
nascimento espiritual, uma ligação genética com o Pai da Fé, coisa que mudou
depois de Cristo. Essa lei, porém, ao contrário da anterior, foi reforçada no
Novo Testamento, Romanos
1:26-27, por ser ato
totalmente avesso ao plano original dO Criador e uma real ameaça à existência
da família, com potencial poder destrutivo se levarmos em conta a quantidade de
doenças que se propagam com tal ato e sua improdutividade reprodutiva,
resultando antes em caos do que ordem. No final das contas, qualquer um que possua
um bom conhecimento de psicologia e psiquiatria entende que, sendo o
homossexualismo fruto de lares destruídos e disfuncionais ou traumas sexuais na
infância, não vem como herança genética ou carregado de bondade em si, mas,
sim, como resultado de distúrbios em mentes feridas - e é claro que não me
esqueço de todo o aspecto espiritual envolvido nisso. Ora, se o homossexualismo
não se origina da normalidade e ordem, obviamente não pode ser algo
positivo -por isso deve ser tratado-, mas a diferença entre um mundo sem Jesus e o nosso mundo depois de
Sua Primeira Vinda está no fato de que hoje devemos garantir a liberdade dos
homens, pelo livre arbítrio, de serem como desejarem ser, julgando-se a si
mesmos perante Deus.
A lei da terceira passagem também vem
carregada do mesmo padrão da anterior: fica evidente no verso o aspecto pagão
do ato de se barbear, que vem junto com o masoquismo ritual - isso no contexto
histórico e geográfico em questão. Essa lei, portanto, vinha como mais um
mecanismo protetor para Israel nas questões religiosas, mas, nitidamente,
trabalhou na proteção da nação como etnia, pois a proibição do corte total das
barbas promovia uma larga diferença física entre homens e mulheres e tal
diferença física gerava uma identidade sexual específica, segundo a vontade
original dO Criador e isso, por sua vez, cooperava na manutenção da integridade
sexual de Israel, logo que as coisas não se mesclavam ou confundiam, mas
estavam bem determinadas e separadas, o que certamente evitou o homossexualismo
ou algum atentado ao patriarcalismo. Assim como em todas as leis, há uma
verdade eterna que nos cabe e, nesse caso, fica nítido que a vontade de Deus
está na distinção entre homem e mulher, o que, sem dúvidas, coopera com a vida
e que, por estarmos lutando contra isso em nossos dias, vemos a morte de nossa
humanidade - leia "Geração Emoção".
Eis um dos textos mais polêmicos do Antigo
Testamento, mas somente o é se o interpretarmos segundo nosso ponto de vista
pós-moderno. Em português lemos o termo "criancinhas", mas para os
judeus tal termo não necessariamente se direciona literalmente à crianças,
daqueles que designamos terem menos de 13 anos, até porque o indivíduo
"criança" não era reconhecido pelos judeus, que tratavam os pequenos
como mini-adultos. Para o judeu, qualquer um com menos de 30 anos podia ser
chamado de "criança" e isso fica bem claro na oração de Salomão em I
Reis 3:7 e mais claro ainda na vocação de Jeremias, em Jeremias 1:7. O julgamento
divino do texto me parece ter, pelo menos, três explicações: Eliseu vivia em
tempos onde os reis ainda eram maus, logo, padecia de perseguição, portanto, as
"crianças" do texto poderiam se tratar de jovens, aos nossos olhos
até mesmo adultos, armando uma perigosa cilada contra a pessoa do Profeta, leve
em conta que se tratavam de dezenas de "rebeldes"; outro motivo pode
estar no fato de que a desonra -pois ser "calvo" era motivo de
menosprezo- ao Profeta do Senhor se tratava de uma desonra ao próprio Deus e a
zombaria para com O Criador é passível de morte, ainda mais se levarmos em
conta que as "criancinhas" faziam parte do Povo Escolhido, logo,
estavam submetidas à Lei, que seus pais concordaram em obedecer; a terceira
explicação está na demonstração do poder de Deus mediante uma nação profana.
Entendo, ainda, mas tenho algum receio de considerar isso, que Eliseu pode ter
usado mal o poder que Deus depositou nele. O fato é que tudo me leva a crer que
a morte de 42 "criancinhas" não foi um mero ato de crueldade, mas,
sim, de proteção ao Profeta e, logo, à toda nação de Israel, o que resulta na
proteção de um mundo inteiro, que dependendo do Profeta e de Israel, pôde ser posterioemente presenteado com a vinda, morte e ressurreição dO Messias.
-Deus mandou milhões para o Inferno durante os tempos do Antigo Testamento:
É isso que alegam os críticos, os céticos, quando citam o Dilúvio, a destruição da Torre de Babel, de Sodoma e Gomorra, as 10 Pragas do Egito e o afogamento dos exércitos do faraó, a aniquilação dos inimigos de Israel e os juízos sobre o próprio Povo Escolhido, esquecendo-se, primeiramente, que Deus não julga sem antes dar chances, levando Noé a alertar seus conterrâneos sobre a Inundação -2 Pedro 2:5; Hebreus 11:7-, planejando privar Sodoma e Gomorra se nela houvessem uns poucos justos -Gênesis 18:20-33-, O Pai também não teria lançado as pragas mais violentas sobre o Egito se o faraó não tivesse endurecido o seu próprio coração por cinco vezes -Êxodo 7:14, 22, 8:19, 9:7, 35-, não teria desferido juízos sobre os oponentes do Povo Escolhido se tivessem ouvido as profecias e se arrependido, lembremos dos habitantes de Nínive que, ao ouvirem a ameaça pela boca de Jonas e se arrependerem, escaparam da morte -Jonas 1:2, 3:2, 4-10, 4:2, 6-11- e lembremos que Deus só julgou a nação de Israel após incontáveis avisos e revisões da Lei, sempre dando-lhe novas chances de se redimir e prostrar diante dEle -Oséias. Deus é amor, Deus é justo, por isso procura a reconciliação antes da aniquilação e quando a reconciliação não é aceita, aniquila por amor ao mundo inteiro, enegrecido e pervertido pela transgressão de um determinado povo e nação. Por amor Deus limita o homem pelas regras, a prevenir doenças e rebeldia, a prevenir a autodestruição, e pelo juízo também demonstra tal amor, ao, pelo forte exemplo de uns poucos, mostrar ao mundo inteiro o Seu poder e a Sua vontade, que é a vida, pela morte de uns, como já disse, construiu o caminho para a vinda dO Messias, a salvar o mundo inteiro. Leve em conta que, dado o aviso, aquele que voluntariamente se mantém na maldade não é mais julgado pela vontade de Deus, mas julga-se a si mesmo por sua própria vontade - é quase como um suicida. Esse é o primeiro ponto a ser observado.
Podemos e devemos levar em conta ainda outro ponto: antes de Cristo não havia "Inferno" para os homens, segundo o que eu constatei nas leituras bíblicas. O que é chamado de Hades, ou Mundo dos Mortos, parecia mais um local para onde iam os que morriam sem o conhecimento dO Messias -que ainda não tinha sido apresentado ao mundo- para esperar a Sua vinda e poder, pelo livre arbítrio, optar de modo derradeiro por Ele ou não, quando Ele se apresentasse. Toda a humanidade que existira antes de Cristo ia parar nesse mesmo lugar, para "dormir" e esperar -Salmos 13:3-, sejam pagãos, sejam Filhos da Promessa. Ainda não havia salvação eterna no Céu, pois o sacrifício de animais não era nada além de um ato simbólico e didático, já que nenhum animal era capaz de substiuir a necessidade do sacrifício dO Messias -Hebreus 10:4-, logo, sem Cristo, não pode haver salvação -João 14:6. Sem Jesus como opção, nenhum humano poderia ser condenado por negá-Lo ou salvo por aceitá-Lo, logo, todos aqueles que foram julgados por Deus no Antigo Testamento não foram diretamente enviados ao Inferno, mas, por não conhecerem O Messias, enviados a um lugar de espera para, posteriormente, terem uma segunda chance. Sendo assim, os juízos de Deus no AT não foram tão cruéis quanto parecem ter sido, pois não houve condenação eterna diretamente relacionada a eles. Tanto os que esperavam pelo Cristo desde o Gênesis 3:15, os que esperavam desde Abraão -Gênesis 12:1-3, 22:8-, da Primeira Páscoa -Êxodo 12:1-7- ou de Davi -2 Samuel 7:8-17-, quanto os que não esperavam, tiveram a chance de, recebendo a visita dO Próprio Messias no Hades, após o sacrifício na Cruz ter sido consumado, dizer-Lhe "sim ou não". Essa é a justiça, esse é o amor de Deus! Vide 1 Pedro 3:18-20; Salmos 16:8-11; Atos 2:31; João 5:25 e 28. A Bíblia também parece deixar claro que para alguns povos específicos, tamanha a sua abominação, a condenação eterna já estava reservada desde o juízo -Judas 7-, mas, de modo geral, parece-me plausível entender -segundo minha própria compreensão- que houve uma segunda chance para a maioria -esvaziando-se o Hades de imediato, indo os que negaram Cristo ao Inferno e os que O tiveram como salvador, ao Céu-, mas que agora, depois de Cristo, depois de Seu sacrifício e ressurreição, as portas do Inferno se abriram aos que, em vida, optam por não serem salvos pelo Filho e as portas do Céu estão abertas aos que, em vida, O aceitam - João 5:29. A peça central do Universo, O Unigênito Filho de Deus, está posta, a chance é HOJE. Apocalipse 1:18.
Devemos olhar a Bíblia com honestidade e
sinceridade, pois tudo se explica. Em Salmos
3:7, Davi pede para Deus
quebrar os dentes de seus inimigos, o que não parece muito "bíblico",
mas leve em conta a sinceridade do rei, a clara exposição de seus sentimentos e
de sua vontade e, mais do que isso, leve em conta o fato de ele ter colocado diante
dO Pai tal pedido, sem fazê-lo por conta própria, esperando a concordância ou
não dO Criador, deixando claro que o homem, mesmo o cristão, pode sentir ira e
impulsos macabros. A Bíblia é maravilhosa por sua sinceridade, por sua transparente honestidade, sem censurar o que parece inconveniente, mostrando seus heróis de modo real e tipicamente humano, mostrando Deus como Ele realmente é e não necessariamente como a maioria gostaria que fosse, não se trata de uma manipulação apelativa, afim de angariar multidões pela mentira, mas da verdade descarada, por vezes inconveniente, a atrair apenas os que realmente anseiam por liberdade, pelo Criador, pela eternidade - na verdade esse é o anseio inato de todos os humanos, mas apenas aqueles que abrem mão do orgulho, do egoísmo, o admitem de fato. O Universo caído é hostil demais para termos como verdade filosofias que vêem tudo como sendo algo lindo e maravilhoso, o homem como criatura totalmente benigna e celestial, Deus como nada além de amor, abrindo mão da justiça típica de quem profundamente ama o que é bom e vital. Parta desse ponto, admita sua posição real, como sendo um agente mais destrutivo do que construtivo, admita sua maldade -daquele que gasta mais com comodidades fúteis do que ajudando os que morrem de fome, daquele que passa mais tempo ouvindo música sozinho do que ao lado dos necessitados, daquele que espera mais pelo Papai Noel do que por Cristo. Use todo o raciocínio anterior, sobre a natureza original da maldade e as explicações de algumas passagens bíblicas como conceitos a serem levados em conta sempre que lhe surgir uma dúvida ou indagação a respeito desse assunto. Lembre-se de que o que Deus nos pede para fazer é aquilo que cabe a nós, mas o que Ele faz e se vê narrado na Bíblia como evento histórico, não é mandamento para nós, até porque vivemos num mundo depois de Cristo, onde o Novo Testamento descreve como devem funcionar as coisas nesse contexto.
Segue o pequeno trecho que deu o aval para toda essa postagem, publicado por mim no facebook há algumas semanas:
-O pensamento filosófico pós-moderno tem deixado Deus "confuso": "Ele não é bom porque julga os homens e porque permite que o mal continue existindo", acontece que nós somos maus e parte do processo de aniquilar o mal está em julgar-nos! Poxa... vocês querem que Deus julgue o mal -só assim Ele será "bom"-, mas quando Ele julga vocês, está sendo malvado?! Isso é, no mínimo, estranho!!-
A incoerência, em resumo, está em ter Deus como mau por não julgar a maldade e, ao mesmo tempo, tê-Lo como mau por julgar-nos, sendo nós criaturas vis. Espero não estar sendo repetitivo, mas leve em conta que o cético se arrebente nesse raciocínio, pois ele me leva a provar que Deus é bom, porque julga-nos, sendo nós maus. Deus julga a maldade ao nos julgar, logo, julgando-a, Ele deve ser tido como BOM! Encerrarei esse raciocínio por aqui, esperando que lhe tenha esclarecido muitas questões acerca da maldade humana e benignidade divina.
-O pensamento filosófico pós-moderno tem deixado Deus "confuso": "Ele não é bom porque julga os homens e porque permite que o mal continue existindo", acontece que nós somos maus e parte do processo de aniquilar o mal está em julgar-nos! Poxa... vocês querem que Deus julgue o mal -só assim Ele será "bom"-, mas quando Ele julga vocês, está sendo malvado?! Isso é, no mínimo, estranho!!-
A incoerência, em resumo, está em ter Deus como mau por não julgar a maldade e, ao mesmo tempo, tê-Lo como mau por julgar-nos, sendo nós criaturas vis. Espero não estar sendo repetitivo, mas leve em conta que o cético se arrebente nesse raciocínio, pois ele me leva a provar que Deus é bom, porque julga-nos, sendo nós maus. Deus julga a maldade ao nos julgar, logo, julgando-a, Ele deve ser tido como BOM! Encerrarei esse raciocínio por aqui, esperando que lhe tenha esclarecido muitas questões acerca da maldade humana e benignidade divina.
Natanael Castoldi
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