De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Guerreiro

Em meio à densa névoa que paira sobre a colina gélida, se vê uma figura negra a caminhar lenta, mas determinadamente. Seus pés pisam com firmeza na neve que se acumula há dias, mas que, de momento, deixou de cair. Com profundas pegadas como rastro, o robusto indivíduo segue o seu caminho, tendo nos olhos a imagem do que sucede à frente, está focado, seriamente comprometido com o seu dever e por isso caminha sem parar, sem cambalear, sem distrações, como quem sabe muito bem o que está fazendo. Em seu resto vê-se marcas, não somente as do vento gélido, que rasga a carne, mas marcas de lutas, de brigas, de batalhas. Sim, no lado esquerdo da face há uma cicatriz de adaga, na orelha falta uma parte, arrancada por uma flecha. O olhar sério e envelhecido é de alguém que já enfrentou, por longos anos, dezenas de conflitos, que já empunhou a espada mais vezes do que a maioria dos seus iguais, espada essa que, por sinal, está tão velha e surrada quanto o seu portador, que não lhe poupa serviço, achando que a beleza estética de seu instrumento de luta é maior com os muitos dentes na lâmina, assim como se orgulha de suas próprias cicatrizes.
O guerreiro prossegue, na juventude, nos dias em que estava preso, ele temia a névoa, mas hoje a desafiava e se enveredava em suas entranhas sem medo algum (1 Timóteo 4:7). A mão direita a segurar o punho da espada, na bainha, a esquerda, a manter a capa próxima ao peito daquele que já não mais aguentava o frio como antigamente, mesmo que seu coração fervilhasse para a batalha. Nas duas ásperas mãos, abaixo das luvas de couro, há outras duas cicatrizes, uma em cada pulso, sendo tais aquelas que mais orgulham O Guerreiro, pois produziram-se pelo toque constante do aço, apertando-as em algemas, lembrando-lhe dos dias em que fora escravo (Romanos 6:20) do Traidor (Apocalipse 12:9), que há muito usurpara o trono do Império (1 João 5:19). Naqueles dias ele era açoitado comumente e, com o suor de seu rosto, que se ressecava pela sede e calor, fazia uma roda de moinho girar para alimentar de pão o seu antigo senhor, nisso as mãos sangravam, o couro se rasgava ou nele brotavam bolhas, em ambos os casos, elas terminavam por calejar-se. Comia só o suficiente para não morrer de fome, não tinha o direito de banhar-se e, quando conseguia, dormia com um pestilento cães moribundo, que lhe aquecia. As cicatrizes marcavam o seu sofrimento passado, que por muitas vezes pensou em aniquilar tirando a própria vida, mas, ainda assim, esperava, sobrando-lhe um pingo de esperança (Romanos 6:23).
Num dado dia, porém, o escravo, estraçalhado pelo serviço, acordou com urros de guerra, seguidos de gritos de desespero que partiam de dentro da fortaleza em que se mantinha encarcerado junto com outros dos seus. Não podia ver nada, somente ouvir, já que a janela em sua cela era inalcançável. Ouviu fortes golpes de metal em lenha, seguidos do som de portas sendo arrancadas de paredes e caíndo ao chão. Com um sorriso percebera: havia um exército inteiro procurando salvá-lo, juntamente com os demais prisioneiros. Não tardou para o som de espadas, acompanhadas de urros de guerra e gemidos de dor, tomar conta do pátio do forte. Passos apressados se aproximaram dos aposentos inferiores, onde estava preso O Guerreiro, o carcereiro estava desesperado, uma dúzia de guardas do castelo entraram no corredor principal, amedrontados. Eles sabiam do objetivo do ataque e queriam evitar que os presos fossem levados, por isso obstruíram as portas que levavam ao recinto subterrâneo e se prepararam para o pior, que logo em seguida chegou, com o fogo consumidor de tochas e óleo esparramado sobre os guardiões, que não tardaram para cair ao chão. Com o velho e pesado molho de chaves em mãos, os salvadores abriram todas as celas e libertaram, aos brados de festa, aqueles que estavam presos (Lucas 15:24). A insígnia na armadura ensanguentada e agredida daqueles que tomaram a fortaleza fez com que O Guerreiro se lembrasse de onde os conhecia: eram todos civis do antigo Império, irmãos de raça de todos aqueles que libertaram, por isso, com abraços fortes, ignorando a podridão dos encarcerados, lhes chamavam de irmãos. O grande sorriso, estranho nas faces cortadas e ensaguentadas, fez O Guerreiro almejar: "Quero ser um deles. Quero, com a minha vida, lutar em prol da liberdade dos meus irmãos!"
Após a pilhagem no dia em questão, os prisioneiros, agora libertos, foram recebidos com um grande banquete no acampamento dos insurretos e se fartaram, levando ao estômago uma quantidade de comida que parecia maior do que tudo o que haviam comido nos últimos anos, somado (Lucas 15:7). Beberam, cantaram e banquetearam, para, depois, se banharem num córrego próximo e, após ganharem vestes novas (Apocalipse 3:18), caírem em sono profundo nas tendas (Salmos 23:2). Uns, ainda, receberam um tratamento especial para as feridas e infecções que jaziam abertas (Mateus 11:28). No dia seguinte, após uma longuíssima noite de sono, maior do que todas as noites que tivera, em pesadelos, enquanto escravo, O Guerreiro conversou com o capitão daquele batalhão e descobriu o que estava acontecendo: há oito dias os remanescentes dos exércitos do Império decidiram, guiados pelo Príncipe Herdeiro, descer das montanhas onde se escondiam para atacar a libertar os prisioneiros numa fortaleza ao sul (João 3:17). Quando, porém, conseguiram entrar no cárcere, os guardas do forte estavam, cada um, com um prisioneiro ao fio da espada, ameaçando matar a todos os que deveriam ser salvos. Foi nisso que O Príncipe, ousadamente, ofereceu-se em troca dos prisioneiros, o que, logicamente, foi aceito (João 3:16). Os prisioneiros foram libertos (1 Coríntios 7:23), mas, enquanto saíam, já ouviam os indescritíveis berros de dor de que padecia o Filho do Rei, desumanamente torturado pelo ódio dos traidores (Isaías 53) e, pelo que se sabe, foi, desacordado, tido como morto, lançado nas profundezas do cárcere. Dois dias depois, segundo o relato de algumas testemunhas, moribundo, foi lançado na floresta, afim de ser comido pelas feras selvagens, mas dois batedores do Rei, no dia seguinte, o encontraram (Salmos 16:10) e levaram (Lucas 24:5), semi-morto, de volta para casa (Atos 1:9), onde hoje está (Atos 1:11). Desde então, com duas centenas de prisioneiros libertos, mais os trezentos remanescentes dos exércitos do Império (Mateus 18:20), começaram uma cruzada para libertar os demais presos, sendo o primeiro ponto a fortaleza de onde saíra O Guerreiro.
Andando pela neve, já com a face menos endurecida, lembrando-se com grande emoção pelo ato heróico dO Príncipe, O Guerreiro remexia a sua memória. Agora se remetia aos dias em que, para tirar a mente escravizada de seu corpo livre, fora levado para o interior das montanhas, para aprender com um velho mestre a arte da luta, a arte da guerra, afim de, como soldado dO Príncipe, auxiliar, futuramente, nas lutas libertadoras (Romanos 12:2). Por três anos ficara, no isolamento, aprendendo para, não tardando, vestir a armadura de guerra, empunhar a sua espada (Efésios 6:11) e, juntamente com os demais irmãos, organizar-se para a sua primeira empreitada (Mateus 28:19-20). Desde então nunca mais parou de lutar e hoje, no dia em que caminha determinado, está rumando o acampamento dos seus, que soaram o chamado de guerra para mais uma batalha, afim de reconquistar uma cidade inteira. Já são quase dez mil unidos, todos querendo readquirir a herança dO Príncipe. Será mais um dia de vermelho, um dia de sangue, um dia de privação e luta, um dia de vitória! 2 Timóteo 4:7.
Bom, encerro aqui a narrativa que formulei enquanto escrevi. O que quero com essa figura é retratar o objetivo fundamental de nossa existência como cristãos: a luta em prol da liberdade dos cativos. Nessa luta não buscamos o nosso próprio bem, pois ele já nos foi adquirido quando fomos libertos das garras do Traidor, mas buscamos, abrindo mão de nós mesmos, o bem daqueles que estão morrendo nas prisões desse mundo. Para tal, somos chamados a sair da zona de conforto, fugir do comodismo, desistir de nós mesmos e entregar a vida inteira para Aquele que quer nos usar como emissários de Sua liberdade. Ser cristão é isso, é luta, é privação, é amor! Não se trata de prosperidade -nesse mundo-, não se trata de cargo, política, capitalismo, shows musicais ou de talentos, não se trata do "eu", do meu próprio bem, do meu nome, de minha imagem, de meu futuro, mas se trata do outro, de seu bem, de seu nome, de seu futuro, pois se o teu nome já está escrito no Livro da Vida (Apocalipse 20:15), não precisa mais se preocupar com ele; se o teu futuro se encontra no Céu, não precisa se basear em anseios terrenos. O que te resta, com tudo garantido na Casa do Senhor, é abrir mão de tudo aqui e dedicar-se exclusivamente à luta!! Deus só pode te fazer crescer, de fato, se te ver lutando, se desafiando, padecendo privações e fraquezas! Façamos dEle a fonte de tudo em nós! Jeremias 2:13.
O Guerreiro que veste a armadura, empunha a espada e corre sem temor para a batalha é muito bem descrito por Paulo que creio não ter usado dessa imagem apenas como uma figura, pois parece que, literalmente, ser cristão é ser um guerreiro, que luta bravamente contra si mesmo, contra o seu "eu" carnal - que resiste mesmo após o novo nascimento em Cristo- , contra os poderes sedutores das trevas desse mundo e contra as forças malignas que encarceram os mundanos. Nós não lutamos contra pessoas, lutamos contra o Pai da Mentira e as suas palavras mentirosas, as suas miragens mortais, a sua sedução, que perverte o homem e o faz lutar, de modo suicida, contra Deus -Efésios 6:12. Nesse cenário de batalha enfrentamos as mentiras mortais desferidas pelos homens, à mando de Satanás, também lutamos contra o pecado que envereda o caminho dos caídos e que, volta e meia, impera em nós, porém o nosso maior inimigo, depois, é claro, de nós mesmos -que somos os únicos com poder para nos levar ao Inferno-, é a fonte de todo esse mal: Lúcifer e sua corja satânica. Tomando a Espada, bem protegidos pela Armadura, é para o seu reino que, bravamente, devemos ir, afim de, com a tocha de Deus nas mãos, contorcer as trevas, aniquilar os fungos que minam os cativos e, golpeando as amarras, arrebentar as correntes que os prendem nas entranhas desse mundo que se dilacera e aniquila, caminhando para o seu próprio colapso - Efésios 6:10-20.
1 Coríntios 9:24-27 deixa bem claro todo esse conceito:
"Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado."
Paulo sabia bem do que estava falando: a luta pela liberdade dos cativos desse mundo é nosso dever, mas ela começa, antes de tudo, em nós mesmos. Devemos vencer a morte que, habitando em nós, tanto quer nos fazer definhar. É aqui que o cristão pode ser comparado a um suicida: você precisa ser extremamente drástico, radical, declarar guerra total contra a tua carne e o teu pecado, contra todo o racismo, todo o preconceito, toda a arrogância, todos os vícios, tudo, TUDO o que te prende a esse mundo!! Não falo para rasgar a carne num ato de masoquismo, logicamente, também não falo para deixar de comer, se bem que um jejum, de vez enquanto, pra produzir fraqueza no teu corpo, é interessante. Falo de você, na bravura de um guerreiro que quer, definitivamente, vencer, tomar a Espada, que é a Palavra, apoiá-la numa pedra ao chão e, sem medo algum, sem pensar duas vezes, deitar com o peito sobre ela, fazendo-a, num ato sacrifical, penetrar no teu corpo, romper a tua carne, perfurar o teu coração, dividir juntas e medulas, fazendo morrer o teu "eu" para que Cristo possa ser a vida que há em ti, não mais a tua velha natureza, a velha "vida", que anseia pela morte. Suicide a tua carne!! Declare guerra e privação a qualquer instinto carnal que queira te dominar, seja totalmente cruel consigo mesmo, seja absolutamente impiedoso, num golpe seco e bruto, derrube a tua natureza!! Não tenha piedade! Mate-a!!! Tome da luz de Cristo e penetre, sem receio, nas trevas que dominam a tua alma e tenha uma experiência parecida com a de Beowulf no Lago Trevoso, não tenha medo de enfrentar os monstros que habitam a tua alma, de enfrentar e destruir sem titubear as aberrações que te dilaceram por dentro, de, aprofundando-se no mais fundo dos mares de teu ser, encontrar, gradativamente, mais escuridão e seres mais horripilantes, afim de levar Luz e Beleza para as tuas entranhas. Isso, seja brutal com o pecado, com os seres horrendos que vagam na escuridão da tua carne e secam o teu coração. João 12:24-26.
O embate contra os gigantes, os ogros que habitam as densas e escuras florestas e cavernas de nossa natureza humana é algo constante, sempre teremos de afugentá-los, matá-los e lidarmos com as suas crias. É uma rotina! Mas há um momento na vida do cristão, um momento especial, em que a corja pútrida que domina a alma humana é violenta e irreversivelmente agredida, perdendo grande parte de seu domínio original para não mais obtê-lo. Essa é a grande guerra que ocorre em nossas profundezas, que travamos por meio de firmes decisões, disciplinas, privações, jejuns e constante oração, isso na solitude, num ambiente sem grandes atrativos nem barulho, no qual estamos somente nós e a nossa natureza, onde, no silêncio absoluto, quem sabe no escuro, conseguiremos ouvir os uivos das bestas que perambulam em nossa carne, afim de encontrá-las e travar batalhas derradeiras. Muitos cristãos não crescem e continuam presos a pecados fortíssimos porque temem desafiá-los verdadeiramente, porque sabem que será extremamente difícil se libertar daquilo que vicia e, enquanto apodrece e seca, aparentemente nutre a nossa carne. Mas esse passo, o ousado enfrentamento, é necessário para o que seguirá, pois a melhor maneira de adentrar as névoas desse mundo sem ser seduzido por elas é aniquilando quase que completamente o nevoeiro de nossa alma. Vale lembrar que continuaremos, carnalmente, podres, mesmo após travada e vencida essa luta, mesmo em Cristo termos adquirido vitória, simplesmente porque a nossa carne continuará existindo - você a vê, você a sente, você não pode se livrar completamente dela e ela sempre procurará a tua morte espiritual juntamente com a dela, o que muda, de fato, é que agora estaremos livres, com as raízes pecaminosas desse mundo desvencilhadas dos nossos pés e os vícios, pecados domésticos e outras de nossas tendências, que provavelmente continuarão existindo, já não nos dominarão mais.
Terminado esse conflito interno inicia-se outro processo: a luta no mundo. Uma vez vencidas as trevas internas, não podemos parar, pois o comodismo nos faz afundar novamente os pés no lodo pegajoso que cobre a Terra. Corramos!! Ao lado de outros como nós, sem temor, sem receio, em nome dO Príncipe dos Exércitos, em nome dO Senhor dos Exércitos, lutemos!! Levemos o Evangelho libertador para aqueles que se encontram nas entranhas dos vermes imensos que consomem o chão em nossos pés, aprisionados em correntes nas profundezas de masmorras gélidas e escuras, obrigados a servir como escravos ao terrível Senhor deste Século. Lutemos! Transpassemos as névoas, as trevas, os espinhos, lamaçais e vales de ossos secos, adentremos nas terras que jazem na sombra da morte, desbravemos florestas horripilitantes, abatendo ou espantando, com a luz que carregamos, os demônios terrestres e alados que perambulam no coração das Sombras, sem temer suas faces terríveis e seus gemidos gélidos, que nos fazem sentir calafrios na espinha. Corramos, com a Espada empunhada, as terras desse mundo inteiro, andemos nas cavernas e atravessemos as cordilheiras mais elevadas. Não há nenhuma força que pode contra nós! Nenhuma!!! Pois o próprio Criador é quem está do nosso lado!! Se empunhamos a Espada da Palavra, Ele é a PRÓPRIA PALAVRA e um dia virá, com a Espada de Sua boca, que são Suas palavras, para julgar ao seu fio e aniquilar todos aqueles que hoje se opõem a nós. Não temamos, apenas lutemos, o juízo cabe à Ele, a nós somente cabe cruzar o mundo levando a Palavra, que é Ele, a todos os cárceres, derrubando com a própria Espada de Cristo todos os demônios que os aprisionam. Essa é a nossa missão e é isso que devemos fazer!! Não nos cabe arrecadar grandes coisas materiais, pois é exatamente isso que prende essa humanidade caída à Satanás, não nos cabe buscar fama, não nos cabe buscar NADA que naturalmente é desse mundo caído, pois tudo o que lhe é próprio também é corrente que aprisiona à ele. A nós só nos cabe tudo dedicar como oferta a Deus, TUDO, e tudo dedicando, iniciar marcha como guerreiros que nada além de espada, armadura e alguns mantimentos possuem, utilizando-nos, como as nossas maiores riquezas, dos dons espirituais que o Espírito Santo nos deu para a Sua Obra. O mais? Tudo o que foge do sentido máximo de nossa vida é trapo de imundícia, é esterco, é pó. Com isso não digo que devemos nos tornar andarilhos totalmente miseráveis, mas, aceitando o que Deus, que tudo possui, nos dá por meio de Sua graça, não nos detér demais nas coisas terrenas e ter como prioridade a nossa missão, a Causa de Cristo, a quem representamos - o que é uma imensa responsabilidade.
Lute! LUTE!! Somente assim você será achado em Deus. Como? Ora, quem não luta contra si mesmo e contra esse mundo, prossegue mergulhado em sua natureza infernal e preso aos dentes da besta caída que resume essa humanidade. Não é de Deus, não pode ser trabalhado por Deus, não se dispõe a mudar e, portanto, deixa bem claro que prefere o Inferno. Lute!! Homens, onde está o seu famoso "coração selvagem"?! Onde? Onde está a bravura de, como uma fera selvagem, lutar e se debater com todas as energias contra as cordas e redes contra ti lançadas, afim de se libertar daquilo que quer te prender para arrancar teu couro? Onde?! Lutemos, desafiemos, corramos contra a podridão em nós e a oposição maligna desse mundo. Somente assim Deus nos fará crescer, nos dará mais!!
Ora, Davi, no momento em que decidiu enfrentar Golias, lembrou-se dos dias em que enfrentou leões e ursos para cuidar das ovelhas e, somente por ter enfrentado os problemas "diários", no dia de sua grande batalha encontrou forças e fé para vencer -1 Samuel 17. Da mesma forma, Davi só teve forças para fugir da perseguição posteriormente promovida por Saul porque antes enfrentou Golias e cresceu e força física e espiritual nisso; por fim, Davi só se tornou rei, só ganhou a coroa, porque resistiu a Saul, ou melhor, porque um dia, muito tempo antes, decidiu, ao invés de fugir, enfrentar leões e ursos. Às vezes ignoramos a luta, dizendo: "é só um pecadinho" ou "isso é muito pouco pra me preocupar", mas, sem enfrentar e vencer os "pecadinhos" e "probleminhas", Deus nunca poderá nos colocar para enfrentar algo maior, pois seremos muito fracos, Deus nunca poderá nos confiar nada além de "um talento" ou "leite" -1 Coríntios 3:2-3! Se Davi não tivesse se preocupado com o pouco, com as ovelhas de sua família, não teria sido colocado para proteger Israel -Lucas 16:10. Se Davi não tivesse aprendido a dar a vida pelas suas ovelhas nos dias de pastor, não teria condições de ter enfrentado Golias, entendendo que, dessa vez, deu a sua vida em nome da nação inteira e, da mesma forma, nunca poderia ser rei, pois enquanto perseguido, aprendeu a ser líder. Unindo tudo, os problemas o tornaram um líder disposto ao sacrifício, que é exatamente o padrão de liderança que O Pai procura. O Senhor usa dos desafios, dos problemas, dos momentos em que nos frustramos, vemos que somos fracos e totalmente dependentes de dEle, para nos fortalecer -2 Coríntios 12:9-10-, para melhorar-nos, para nos confiar mais, para nos levar a enfrentar problemas maiores, para nos levar mais profundamente nas trevas mortais desse mundo caído, afim de atingir e salvar mais dos cativos do Inimigo. Ora, que honra!! Além de Deus, pelos desafios, nos ensinar a viver nesse mundo, fortalecendo nosso caráter, nossa fé, nossa dependência dEe e nosso amor pelos próximos, nos ensina a lutar nesse mundo e nos leva a transmitir a Sua salvação eterna à muitos - pense no valor que tem a salvação eterna de uma pessoa!! Portanto, por amor a Deus e aos próximos, lutemos!!! E, quando finalmente partirmos para a Casa do Senhor dos Exércitos, deixemos um legado positivo e duradouro para as próximas gerações terem algo sólido e construtivo em que se apegar e espelhar.
Veja bem: o maior nos exércitos do Senhor não é aquele que tem a armadura mais cuidada, lustra e ornamentada, nem aquele que tem as mãos mais macias e o rosto mais belo, tampouco aquele que tem a espada mais brilhante e preservada. Não!! O líder dos exércitos não é um covarde que manda os outros irem para guerra e fica assistindo! Um líder de verdade para os exércitos do Senhor é aquele que tem a sua armadura surrada pelas intensas e constantes batalhas, cujas mãos estão grossas e calejadas de tanto combater, de tando empunhar a espada, assim como o seu rosto, que está marcado pelo frio das montanhas geladas de um mundo frígido, avermelhada pelo calor das chamas das entranhas desse mundo, de onde tirara cativos, e cicatrizada pelos golpes e setas na batalha. O líder é aquele que vai na frente, que enfrenta, antes de todos, o mais grosso das corjas inimigas!! O líder não é aquele de olhar inocente, preguiçoso ou dominador, é aquele cujo o olhar, centrado e firme, evidencia alguém que tem vasta experiência e que já viu aberrações e enfrentou demônios que deixariam qualquer um atônito. Sim, o líder em Cristo é aquele que mais cicatrizes possui, que menos se preocupou com a sua própria integridade física em prol da vida dos cativos!! É o exemplo de conduta para os seus seguidores e vai na frente, pisando, antes de todos, nos espinhos, no lodo, nas pedras pelo caminho - jamais aquilo que temos hoje, do tipo de vai por último, depois que todos já limparam os destroços e deixaram rosas pelo chão. O verdadeiro pastor é aquele que não deixa as suas ovelhas enfrentarem os lobos, leões e ursos, esperando que elas façam o trabalho sujo e, ainda, almejando, gananciosamente, a sua lã para vender e lucrar, o verdadeiro pastor é aquele que, vindo o urso, o lobo ou o leão, lança-se antes de todos, vai na frente e, tomando a lança, os enfrenta, preferindo a vida do rebanho de que cuida do que a sua própria -João 10:11. O verdadeiro pastor não dorme numa mansão, que comprou com o dinheiro da lã das ovelhas, enquanto elas dormem no pasto e no sereno, o verdadeiro pastor fica alerta a noite inteira na porta do aprisco, vigiando, atento, afim de evitar a vinda de predadores e ladrões. Ele se sacrifica pelos que Deus confiou em suas mãos. Falo do contexto do líder aqui, mas para os cristãos em geral, essa idéia de usufruir do desgaste do pastor não é válida, use para ti a figura do guerreiro, pois você deve ser um imitador de Cristo e Ele não foi uma ovelha, Ele foi um verdadeiro paladino, a, pela privação, luta e entrega, desafiar os maiores poderes desse mundo. Mateus 10:16-18; 2 Timóteo 3:12; Mateus 6:19-20 e 33; Marcos 8:36.
Concluo essa postagem desafiando-te a hoje, ainda hoje, tirar um tempo especial e, sim, mais do que quinze minutos, para, de modo introspectivo, desbravar as trevas de teu ser e desafiar sem medo algum, com total entrega à Deus, as aberrações que ainda habitam as tuas entranhas, maquinando a tua morte. Aniquile, arrebente, queime, pise, rasque, espante, faça de tudo para desligar de tua vida tudo aquilo que tem alguma origem em Satanás, tudo aquilo que te prende à esse mundo satânico, tudo aquilo que cria uma ligação íntima entre você e o Pai da Mentira. Faça isso, comece hoje a jornada dO Guerreiro, dê esse primeiro passo, enfrente os leões e ursos HOJE, para que, amanhã, tenha a honra de enfrentar gigantes e, no final, o privilégio incalculável de receber a Coroa da Vida! Apocalipse 2:10.
Natanael Castoldi
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