De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Impérios

Sempre fui fascinado por história e sempre preferi estudar os povos mais bélicos. Existe algo interessante nas batalhas, todo aquele poder concentrando numa pequena área de terras, todo o calor, os gritos de guerra, as estratégias, o som do metal se chocando quando as infantarias dos dois lados se encontram. São momentos horrendos, mas, também, repletos de honra e ousadia. Não, não falarei das batalhas, mas falarei de dois povos colossais da antiguidade, dois dos mais belicosos e que tiveram um fim até bem semelhante. O Império Romano e o Império Huno. -Segue a música sugerida-
Não trarei muitos detalhes históricos, meu foco é outro.
Roma nasceu como uma pequena cidade de camponeses oprimidos e se ergueu rapidamente, obtendo poder quase que sem paralelo quando consegue vencer Cartago, até então uma das cidades mais poderosas do Mediterrâneo, aquela que detinha o poder no principal mar do Mundo Antigo.
Vendo todo seu poder e potencial, Roma, então, expandiu-se. Até cerca de meio século antes de Cristo o Império se alastrou de forma estruturada e bem planejada. Demorou quase quinhentos anos para cobrir todas as bordas do Mediterrâneo.
O problema de Roma foram os períodos posteriores, depois de Cristo. Iniciou-se então uma expansão insana, gananciosos ao extremo, agora viam que realmente tinham como dominar o mundo todo e almejaram isso. Depositaram todas as suas forças numa expansão rápida e temerária, confiantes no poder inabalável de suas legiões. Em pouco mais de dois séculos, o Império praticamente dobrou o tamanho que adquirira em meio milênio.Esse foi o problema. Muito crescimento e pouco planejamento. Incharam em demasia, suas fronteiras estavam crescendo mais do que as fortificações levavam para serem erguidas. As bordas do Império tornaram-se macias, chamativas. Foi ali que começou o declínio. Sem condições de proteger todas as terras e dominando milhares de povos oprimidos, Roma começou a ser largamente invadida e despedaçada. Por trezentos anos tentou resistir, mas não foi capaz.
Sua ganância fomentou o ódio vários povos da Europa e além, seu poder encheu os olhos de reis inimigos. O crescimento assombroso foi o seu fim. Então a 'Cidade Eterna", após mil anos invulnerável, foi tomada pelos invasores e o Império estourou em mil pedaços, dando espaço para as trevas da Europa Medieval.
Com os hunos foi um pouco diferente. A expansão de seu império tinha um só nome: Átila. Ele que saiu das estepes da Ásia Central e, com seus mais 350 mil cavaleiros, cavalgou até a Alemanha e conseguiu desafiar Roma sozinho, quando o Império Romano ainda era considerado "imortal".
Átila perdeu, sim, de Roma após algumas vitórias, mas foi ele que principiou o início do fim romano, já que, depois dele, Roma nunca mais se reergueu da mesma forma.
Relatos afirmam que Átila morreu após uma festa, com uma grave infecção.
A questão dos hunos é a seguinte: quando o O Terrível morreu, seus filhos não conseguiram segurar aquilo que, ele, seu pai, havia construído. Na verdade eles estavam divididos, com interesses opostos, mas ganância em comum. Isso causou uma verdadeira "guerra" na corte e enfraqueceu o poderoso império, que, com problemas internos, não resistiu à invasões de vingadores e gananciosos líderes de povos próximos, unidos para derrubar o colosso asiático.
Creio que esses exemplos "imperiais" relatam aquilo que não devemos fazer como igreja e que, infelizmente, tem sido feito. Assim como Roma, a Igreja está tentando se tornar poderosa e grande, isso é bom, mas o método usado é falho, cheio de ganância e superestima. A Igreja está tentando crescer em tamanho, mas não se preocupa com a consistência, com a força, com as bases. Apenas está se expandindo de forma explosiva, angariando multidões de pessoas que, muitas vezes, manipula, oprime, de pessoas que não são estimuladas a se tornarem verdadeiras "fortificações", redutos da Palavra, sentinelas do Império...
... Assim formam-se cristãos "macios", que debandam ou traem a qualquer sinal de fraqueza, com qualquer repreensão ou busca por disciplina. Por isso que a Igreja está fracassando.
Curiosidade: a Inglaterra não é invadida e dominada desde 1.066, pois os normandos, quando a conquistaram, adotaram uma política efetiva de defesa, construindo castelos por toda a Bretanha. Essa postura reflete diretamente no poder inglês dos séculos que seguiram, quando constituiu um dos maiores impérios da história, se não o maior.

Também como aconteceu com os herdeiros de Átila acontece com nossa Igreja. A Igreja de hoje luta contra si mesma, ocorre uma verdadeira guerra entre as congregações para ver quem possui mais membros, quem tem mais poder financeiro, templo mais bonito, banda mais habilidosa... Uma igreja rouba membros da outra, uma igreja difama a outra, um pastor duela com o outro.
Esse conflito interno só pode causar a ruína, a desgraça, o descrédito, a insegurança. Vendo essa situação, o maior interesse das igrejas de tentarem dominar as riquezas internas, é que a mídia, a ciência e o povo incrédulo sentem-se à vontade para atacar e ajudar a despedaçar a Obra. As investidas "de fora" só são tão efetivas, pois existe grande fraqueza "dentro".
Às vezes vejo algumas igrejas como gladiadores: fazem um "sangrento" espetáculo para o mundo todo assistir de "camarote".
Povos fracassaram agindo de forma precipitada, nós temos exemplos históricos, mas, mesmo assim, estamos fazendo o mesmo, repetindo a receita do fracasso. Ora, que estupidez! Como a Igreja poderá vencer assim? Impossível. Devemos ter ciência disso, usar nosso conhecimento histórico e nosso senso crítico, além do temor de Deus, para tentar mudar essa realidade, pelo menos, em nosso meio. Podemos fazer a diferença. Átila, um único líder, em poucos anos cruzou milhares de quilômetros e desafiou Roma, da mesma forma, poucos cristãos sérios podem fazer imensa diferença em pouco tempo!
Eduquemos nossos sucessores cristãos de forma correta, para evitar herdeiros temerários, herdeiros que desonrem todo o serviço feito, herdeiros que venham a destruir a obra que os primeiros batalharam para erguer. Esse tipo de herdeiro já existe e está destruíndo o cristianismo. Que, pelo menos, os nossos venham a mudar essa realidade. PENSEMOS NO LEGADO QUE IREMOS DEIXAR! Que as trevas não sucedam nossa partida! - Como foi com Roma: seu fim deu espaço para as trevas medievais.

Natanael Castoldi
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