A Velha Glória

Estudar a Bíblia e história, depois analisar a situação de nosso mundo atual me fez refletir sobre a humanidade... - Abaixo, uma música pra entrar no "clima"-

Acha que estamos no apogeu de nossa raça? Pode ser que sim, se observados determinados aspectos. Mas não falo só do avanço tecnológico, do período dourado de conforto e facilidades em que vivemos... Falo da consciência humana, até mesmo da sabedoria e do conhecimento. Será que nós, como humanos, crescemos ao mesmo tempo que fizemos coisas grandiosas? Ao mesmo tempo que enchemos esse mundo quase por completo, clonamos animais, construímos prédios de quase mil metros ou exploramos o espaço? Eu arrisco dizer que não...

No livro Um da tetralogia do Mirante (Um Mirante para Himliche-Welt) eu consegui encaixar esse meu pensamento de forma interessante, diante de um mundo condenado os homens ainda ousam afirmar que estão no auge de seu poder, no auge de sua constituição, mas não passam de carne decaída e corrompida, de criaturas esquecidas... que não se lembram do fato de um dia terem sido assustadoramente mais poderosos e honrados. Temos memória fraca, de fato. Esquecemos do que já fomos um dia e nos arriscamos a um antropocentrismo, achamo-nos o centro desse universo e queremos tudo para a glória de nosso próprio corpo, como se fôssemos o que há de maior ou se estivéssemos no auge de nossa existência... Não passamos de um reflexo do magnífico ‘homem genuíno’, que se deteriorou continuamente desde a Queda.

No princípio o homem era puro o bastante para receber a visita quase que palpável de Deus... Sua alma era absolutamente limpa, se encaixava perfeitamente na essência do Criador. Gênesis 2 expressa exatamente isso. Ter um contato tão forte com o Criador, o conhecedor de todas as coisas, só poderia ter tornado o homem uma criatura muitíssimo inteligente, conhecedora da natureza.

Com a Queda esse relacionamento tornou-se mais distante, Deus já não pode ser absoluto numa alma que conhece o Mal. Ali principiou a decadência.
Pouco depois da Queda o homem certamente ainda guardava muitas lembranças e um forte reflexo daquilo que aprendera no contato absolutamente íntimo com Deus no Éden. A arca de Noé só foi possível com uma tecnologia nada primitiva – encontrou-se ferro fundido fossilizado no Monte Ararat, assim como uma cabeça de martelo de ferro incrustada na rocha. E Babel, em Gênesis 11, quando o homem, há milênios, viu-se preparado para desafiar Deus e ergueu um monumento absurdamente grande. Também o conhecimento astronômico dos primeiros povos, como sumérios, maias e egípcios, que só tiveram um paralelo em complexidade na Idade Moderna. Também a própria vastidão das Pirâmides, construções mais altas do mundo até a Torre Eiffel ter sido erguida, milênios e milênios mais tarde... ou ainda a altura dos muros externos da antiga Babilônia que, segundo o historiador grego Heródoto, mediam 97,53 m ao longo de 56 milhas! Belas muralhas... A Bíblia, em deuteronômio 1:28 e 9:1, comprova a existência histórica de outras cidades igualmente bem muradas. - Mais exemplos aqui.
Tem mais... Como se explica a longevidade dos homens mais antigos? Os pré-diluvianos e os primeiro pós-diluvianos aproximavam de um milênio suas idades, observa-se também, conforme a Bíblia, uma diminuição gradativa da longevidade. Os pré-diluvianos: Adão vivei 930 anos, Enos, 905, Mtusalém, 969, Noé, 950. Os pós-diluvianos: Sem, 600 anos, Héber, 464, Abraão, 175, Jacó, 147, José, 110 anos. Outras personagens da história, não apenas os bíblicos, indicam essa longevidade, como Gilgamesh, que existiu em paralelo aos primeiros pós-diluvianos - a sua epopéia só foi desenterrada no século passado, quando cidades inteiras foram descobertas enterradas no Oriente-Médio. Diz-se que Gilgamesh supostamente governou Uruk por 126 anos. - A verdade é que depois do Dilúvio iniciou-se o fim de uma verdadeira "era dourada", já esquecida, da história humana.

A decadência foi – é - contínua. De fato, uma tecnologia leva a outra, e, sim, as tecnologias se desenvolveram absurdamente com o passar do tempo. Mas como se explica uma capacidade criadora e um conhecimento tão grande nos primeiros milhares de anos da humanidade e, depois, um vazio imenso de milênios, como se algo estivesse se perdendo e sendo esquecido? Como os sumérios possuíam conhecimentos do universo próximo que só foram alcançados novamente há uns poucos séculos? Esse passado é reflexo de nossa “Velha Glória”, daquilo que já fomos e que se perdeu lentamente. Hoje, sim, somos um reflexo do que poderíamos ser ou do que já fomos como homens.

O mundo humano, de fato, apenas na Idade Média esteve tão fraco quando hoje está. Os países não mais se mantém, o mundo inteiro entra em declínio se uma nação razoavelmente poderosa cai. E os formadores dessas nações? E nós? O homem já não sabe mais pensar. Recebemos tudo digerido, recebemos todos os ingredientes já misturados e apenas engolimos, aceitando tudo o que os outros pensaram por nós. Poucos são os homens que ainda pensam, os outros não passam de máquinas manipuladas com toda a facilidade. Somos fracos, nos apegamos aos mais variados remédios, vivemos menos - com dificuldade passamos dos cem anos. Não fazemos mais força, não vivemos mais o desconforto, estamos deteriorados. O crescimento do ateísmo prova o quão deturpados estamos. Nosso capitalismo foi capaz de destruir, em quinhentos anos, o mundo que nos suportou por muitos milênios. Vivemos numa sociedade imediatista, despreocupada, que investe bilhões para tentar provar o impossível – que Deus não existe-, que não é capaz de ver as coisas de forma imparcial, que não é capaz de ser honesta, que perdeu a capacidade de raciocinar, de refletir, de criticar!
A arte sempre foi um dos principais reflexos do que ocorre no interior do homem, pela arte, ao longo da história, podemos verificar como o homem anda, o que se passa em sua mente, o que conhece e até onde sua habilidade o pode levar. O estado espiritual humano mostra-se terrivelmente deteriorado com nossa "arte moderna". Rajadas de tinta, rabiscos, coisas que qualquer elefante treinado ou criança vendada poderia fazer. As músicas de nossos dias em grande parte perderam a complexidade, a inteligência, a beleza. A música faz parte da essência do homem, meche com seu espírito. Aquilo que atrai musicalmente o homem reflete a quantas anda sua integridade espiritual. O que vemos hoje é uma desgraça total. Muito está se perdendo.
O homem está se bestializando à medida que o tempo passa. O animal passou a ser colocado acima de nós – agora somos considerados animais. Cães recebem tratamento de luxo, dormindo em verdadeiros castelos, leis rigorosas que defendem mais facilmente uma agressão a um animalzinho do que a uma pessoa mais desfavorecida. O que está acontecendo? Jovens “ficando” como animais selvagens, dando seu corpo para o uso sexual de muitos outros, como criaturas no cio. A banalização do sexo – na verdade até o estímulo ao sexo, normalizando o ato de ser cometido por crianças de 13 anos... As festas, onde adolescentes se embebedam, tornando-se bestas irracionais, promovendo verdadeiras orgias. Os idosos, que outrora eram respeitados por sua sabedoria e constância, passaram a se largar para os prazeres, tornando-se uma das classes que mais contrai AIDS. Basta entrar em quase qualquer site para ver links e propagandas de páginas de namoro... o homem perdeu a capacidade de encontrar o amor sem precisar buscá-lo, no princípio o homem VIVIA O AMOR! Hoje até um ato bestial qualquer, vazio e descompromissado, é considerado “amor”. Isso sim é uma verdadeira heresia.

O homem de nossos dias está simplesmente jogando fora valores morais e éticos de séculos e os trocando por uma experimentação infundada, mais tendente à pura loucura e insobriedade. A sociedade moderna nada mais é do que uma sociedade de suicidas, sem perspectiva! Em nossos dias culmina a decadência humana, pois muito pior do que como está é impossível... Se o mundo persistisse por mais muito tempo, certamente nos tornaríamos os humanos estúpidos retratados no filme Idiocracy, pois essa é a tendência.

O turbilhão insano de nossos dias, a rotina explosiva, essa loucura absurda que vemos nas cidades, o caos que se instalou. O homem está confuso, o homem está perdido, o homem está cada vez mais morto para sua sensatez, quando mais desfruta de seu orgulho, mais bêbado fica. Hoje a situação é insustentável. - Nenhuma sociedade sobrevive à destruição da mente individual e, menos ainda, à destruição da "família".
Toda essa vasta reflexão me fez lembrar da introdução do filme O Senhor dos Anéis e a Sociedade do Anel, que retrata bem basicamente tudo o que eu escrevi:

"O mundo está mudado.
Eu sinto isso na água
Eu sinto isso na terra
Eu farejo isso no ar.
[...]
Muito do que já existiu se perdeu, pois não há mais ninguém vivo que se lembre.
[...]
E algumas coisas que não deveriam ser esquecidas se perderam.
A história tornou-se lenda, a lenda tornou-se mito.
[...]
E a escuridão retomou as florestas do mundo".

-Créditos da montagem do texto de introdução do Senhor dos Anéis para Ticiano.

O homem é incompleto sem Deus, o homem é caos sem a presença necessária do Pai, pois o homem foi criado para se relacionar com Ele. Com o tempo, com o aumento do abismo que divide o homem caído de seu criador, a nossa “Velha Glória” foi se despedaçando e despencando na escuridão, agora a humanidade está em demasia distante, perdida nas trevas... e está tão cega que não é capaz nem de compreender a gravidade e a realidade de sua situação. Os homens de hoje pensam ser o que há de melhor, mas não passam, repito, de um reflexo do que já foram.
Sorte termos conhecimento daquilo que Deus disponibilizou para discernirmos as trevas da luz e enxergarmos na escuridão. Cabe a nós, cristãos, o buscar de um relacionamento firme com o Pai, o mais próximo possível do que um dia já foi, para não cairmos na desgraça que envolve esse “Mundo Tenebroso”, para resgatarmos das trevas e caos aqueles que ainda estão cegos.

Natanael Castoldi



Deixo o restante da reflexão para ti ;)

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