No embalo de outras postagens sobre a decadência da igreja em nossos dias, pretendo falar sobre o jogo de aparências que toma conta de boa parte da massa cristã de nossa nação ou do ocidente como um todo, o que é muito alarmante. -Abaixo, a música tema selecionada-
Há uma espécie de falta de temor de Deus se alastrando cada vez mais no meio cristão, chegando a assemelhar-se com a total decadência dos homens "do mundo" e, na verdade, sendo até pior, pois os cristãos que assim se portam conhecem a Verdade e, mesmo assim, vivem uma hipocrisia, uma mornidão espiritual. Esses cristãos podem ser divididos em dois tipos: fariseus e fanáticos, ambos parecem viver mais em nome de sua imagem do que na busca genuína por Deus.
-Ler Mateus 7:15-21-
Os fariseus são aqueles que praticam o cristianismo apenas por meio de rituais, não o fazem de coração. Fariseus fazem a boa obra esperando reconhecimento, esperando honrarias humanas, desejando alimentar sua vaidade, não vêem o amor, não querem o bem do Reino. Eles querem cargos, querem ter importância dentro de suas igrejas, se sobressaindo dos demais. Lançam fofocas e mentiras sobre outros, brigam para tocar na "banda", cantar no coral, para serem tesoureiros, para abrirem os cultos ou também pregarem. Tentam orar mais alto que os demais, alguns até mesmo forjam estar sendo tomados pelo Espírito.
Não há muitos limites para os que seguem o cristianismo sem temor, eles fazem de tudo para terem grandes nomes no mundo, se esquecendo de que é muito mais importante ter um grande nome no Reino. A igreja já enfrenta o mundo, não pode também enfrentar a si mesma (Marcos 3:25). Deus repudia o farisaísmo (Mateus 23:1-36, Lucas 11:39-52; 20:45-47).
Pior do que o farisaísmo é o fanatismo, embora ambos possam coexistir numa igreja- ou a arruinarem unidos. O fanatismo destrói toda a razão e constância que o cristianismo prega, que a Bíblia nos mostra. O fanático não pensa, apenas segue o fluxo, entrando no 'clima' de euforia e loucura. O fanático se deixa levar por qualquer líder que incentive, que estimule tal euforia. O fanático quer parecer mais 'espiritual' que os outros, quer construir uma imagem falsa para alimentar sua vaidade, seu ego. O fanatismo torna o cristianismo puro caos.
Unção do touro, unção do cachorro, unção do "bagre africano" e por aí vai. Literalmente se rebaixam ao nível dos animais e agem como tais, esquecendo que o homem foi criado para dominar a natureza. Isso incita um princípio de politeísmo, abre uma espécie de leque de divindades bestiais... Junto vem um materialismo estranho, com instrumentos mágicos (martelo da benção, "vassoura-varre-demônio"...). Apenas o Espírito como ele é parece não bastar. Apenas Deus não é o suficiente.
E aqueles verdadeiros espetáculos de exorcismo? No 'picadeiro' os demônios são entrevistados, batem longos e calorosos papos com os pastores - tanto os pastores quanto os demônios estão se sentindo poderosos, valorizados, o centro das atenções - e depois a expulsão. O público vibra, as "pastoretes" dançam, todos bradam com a demonstração de poder. Belo "pão e circo"! Depois dão as chaves de seus carros e casas para o poderoso exorcista. Às vezes penso que esses líderes espirituais combinam os teatros com os demônios e, depois, lhes pagam cachê.
Homens possuídos podem se portar como bestas insanas, mas ainda continuam sendo humanos, e humanos duramente oprimidos, que devem ser amados e libertos sem retumbância, não serem colocados como figuras principais de um horrendo e vergonhoso "show".
E os que, com um golpe no ar, derrubam dezenas, brincam com o corpo do eufórico público? Não confio tanto... Esses instalam um caos sem fundamento, não há busca por crescimento e aprendizado, apenas demonstrações de poder. Como o homem se deixa levar pelo que vê... pelo poder. Isso é triste. Deus não precisa se auto-afirmar e mostrar que tem poder, Ele é Deus!
O neoprotestantismo é uma das raízes dessa destruição toda. A igreja quer chegar o mais próximo possível do mundo para se encher dele, para ter tamanho e poder. Promovem shows de bandas e outros espetáculos variados, o povo não vai para os cultos almejando crescimento, mas para participar da festa. A igreja se torna metaleira para atrair metaleiros, surfista para atrair surfistas, endemoniada para atrair... demônios? E assim o "show" pode continuar.
Deus repudia o fanatismo, o fanatismo põe de lado a principal arma do homem: o pensamento. Deus quer que o homem pense! Não que siga o fluxo. São os fanáticos que "caçam bruxas", "matam hereges". O homem cristão não deve se portar como um animal, insano, incontrolável. Deve pensar e conhecer... Como diz Francis Bacon "Um pouco de filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a religião" ou Pasteur:"Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima." Também Salomão: "Busca a sabedoria como ao o ouro e a prata, e alcançarás o entendimento de Deus".
Devemos buscar a Deus com fervor e vontade, sem dúvida, devemos ser "cristãos ígneos", converter pessoas e expulsar demônios, sim. Mas sem insanidades, sem manchar o nome do cristianismo e atrapalhar a Obra. Deus não prega o imediatismo, podemos crescer nEle de maneira mais suave e bem pensada, constituindo uma estrutura firme e que não venha a ruir. A explosão da igreja e o imediatismo dos cristãos de hoje forma um povo fraco na fé, que foge de Deus assim que algo não sair como deseja - ou assim que 'consegue a bênção'-, que têm suas estruturas arruinadas por qualquer provação. Esses cristãos são como Bebel (Gênesis 11:1-9), querem chegar à Deus da forma errada... e caem em ruínas por causa disso.
A famosa Parábola do Semeador (Mateus 13) exemplifica bem o que acontece. Não sejamos como o solo rochoso e raso, onde a Palavra explode, cresce rápido demais, para logo morrer. Ou o espinhoso, que aceita a Palavra até o momento que o mundo se torna mais chamativo. Sejamos a terra adubada, profunda e que permita o crescimento firme e constante da Palavra, culminando no multiplicar da mesma. Não sejamos fariseus e fanáticos, não sejamos agentes destruidores do cristianismo. "Pelo fruto se conhece a árvore!"
Natanael Castoldi
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