De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O senso de dever

Ao assistir O Patriota na noite de quinta ressaltou-me a idéia de dever. Na batalha final do filme, o grande conflito travado, vi cenas impressionantes e mediante uma delas me questionei: "Por que eles não correm, não se defendem?" Pois tratava-se do primeiro choque entre os exércitos. Naquele momento os patriotas, em menor número, encaravam os ingleses...
... Uma coisa interessante das batalhas naquele tempo da história, quando as armas de fogo não tinham longo alcance, era o fato de os inimigos não ficarem muito mais de cinqüenta metros um do outro, as fileiras imóveis, enquanto um lado atirava o outro recebia sem recuar, sem ao menos ter como se defender. Os soldados precisavam ficar com os pés cravados naquele exato local para não principiar o caos da fuga, eles morriam em nome da vitória...
Não demorou e logo me remeti ao que vi noutro filme, Mestre dos Mares, que retrata a forma de conflito naval que realmente encheu os mares no século XVII. Dois inimigos se encontravam em alto mar e os navios, então, se direcionavam um em direção ao outro até se verem lado a lado para começar o bombardeio. O engraçado é que ambos se destroçavam em nome da nação e da vitória. As bolas de ferro, lançadas em explosões de pólvora, davam contra a madeira das embarcações, que estilhaçavam com o choque. Parecia suicídio. Nenhum dos dois realmente ganharia no final, um deles, se não se entregasse, certamente afundaria no mar e o outro, mesmo vencendo, poderia ter a embarcação completamente comprometida. Mas o capitão, a tripulação, todos, TODOS tinham ciência do dever e arriscavam suas cabeças em nome dele, TUDO PARA CUMPRIR A MISSÃO.
O Último Samurai remete a um momento ainda mais dramático da história: a luta da resistência samurai contra a modernização japonesa. O senso de dever dos samurais, o código que se dispunham a seguir, os fizera, naqueles tempos, enfrentar um inimigo que sabiam que os derrotaria. Mesmo assim marcharam com espadas e armaduras contra as explosões das bolas de canhão, as espingardas e outras tecnologia séculos à frente. Perderiam, mas perderiam com ciência de terem cumprido o seu dever, resistir até o fim.
Coração Valente, também baseado numa guerra real, por fim, nos lembra doutra forma de conflito, um pouco mais justa, mas igualmente assustadora. Os inimigos tinham a boa vontade de se reunir e combinar o local e o dia em que se enfrentariam, então lá, no campo escolhido, se posicionavam frente-a-frente, cada lado portando as melhores armas brancas de que dispunham, todos os guerreiros visando nada mais do que cortar ou estraçalhar todo e qualquer inimigo que se colocasse no caminho. Eventos da antiguidade nos remetem a conflitos em que quase trezentos mil homens se encontraram para a terrível carnificina. As situações comentadas são tão complexas que demoramos a compreender o que leva o homem a se colocar nelas, há todo um contexto histórico, cultural e, é claro, emocional. Mas nem tudo se explica apenas nisso.
Bom, valeria a pena perder a vida em nome da causa, já que o morto não poderia aproveitar a vitória? Certamente! Se homens chegaram a ponto de se reunir para desferir golpes de machados uns nos outros, só pode haver, por detrás, uma causa pela qual valia a pena morrer, seja a defesa das terras, da família, das futuras gerações, do nome. E, além disso, um desertor teria de conviver o resto da vida com uma vergonha impagável, cujo preço mais próximo de seu valor negativo seria a morte... então melhor ter morrido no embate. Os navios se estraçalhavam, os mosqueteiros se fuzilavam, os guerreiros se golpeavam com clavas ou se rasgavam com machados, acima de tudo, devido ao senso de dever! Faziam o que deviam fazer... e deviam defender a causa, defender toda uma sociedade, toda uma idéia, deviam vencer! Eles não fugiam, pois lutar era o que deviam fazer e pronto.
Pense bem: como não lutar por uma terra e um povo que te alimentou e sustentou? Como não lutar pelo lar? Como não lutar pelo que o guerreiro se prontificou e um dia jurou defender?
Infelizmente hoje esse conceito de lutar até o final através do senso do dever está se perdendo. Não me refiro às guerras, que perderam o sentido, já que o indivíduo morre ao levar um tiro de um soldado escondido uns dois mil metros distante, me refiro à outro cenário de batalhas, me refiro ao cenário da fé e das idéias. Ninguém mais sacrifica nada, todo mundo só busca o que lhes der lucro imediato e constante, se não der lucro desde o começo ou se parar de dar lucro com o tempo, desiste-se e se busca outra coisa -isso se reflete nos relacionamentos. O ser humano moderno quer, acima de tudo, o conforto e o bem do "eu". "O coletivo que vá pro Inferno", praticamente todos afirmam.
Você, leitor, consegue contar quantas pessoas conhecidas levantariam de suas poltronas, sairiam da frente da televisão, teriam a boa vontade de realmente lutar pelo que acreditam? Atualmente quase todo o dizer fervoroso fica apenas na teoria. Na hora em que o ilustre falastrão tiver que provar o que tanto fala, foge como um covarde. O senso de dever não existe mais, ninguém mais concebe o que é honra. Os cristãos não são excessão.
Pouquíssimos "convertidos" realmente "convergiram" para o cristianismo. Dizem seguir a Palavra, afirmam fé e devoção à Deus, mas na hora em que não forem mais tão "abençõados" ou que surgir algum problema na igreja, pulam fora, desertam. Não são guerreiros, jamais pensaram em lutar pelo que acreditam, pois lutar cansa. Na hora de tomar armas e enfrentar os problemas, largaram tudo e foram buscar lucro noutra igreja ou ideologia.
Ora, cadê o senso de dever? Onde se alimentaram e cresceram espiritualmente, em respeito à isso, em nome disso? Na defesa disso! Cadê o senso de dever, já que, à princípio, professavam fé na Palavra e naquele que a inspirou? Depois que há a submissão a um ideal, a um senhor, negá-la é traição e a uma das mais terríveis vergonhas! Isso é completamente desonroso - e viver sem honra, por menos que ela seja valorizada nesses dias vergonhosos, é terrível! Uma pessoa sem honra não vale nada, não serve pra muita coisa e não é digna da confiança de ninguém. E como há cristãos assim! Por isso digo: se um dia vier perseguição aberta no Brasil, restará 1/10 da Igreja - pelo menos restará a parte realmente comprometida. As baixas são inevitáveis, mas quando os mais fracos desistem, "morrem", há mais espaço para a elite combater com excelência.
Ninguém mais quer suar, ninguém quer criar algumas boas cicatrizes defendendo a Causa! Quem pensa que Deus é burro e não percebe essa falta de vontade e a totalmente errada motivação, está, mais do que tudo, ENGANADO. Esse verdadeiro descrédito ao poder do Deus Vivo também cria uma situação em demasia delicada. Melhor não incitar a IRA de Deus, não desafiá-Lo.
Sabe, homens lutaram e morreram por causas muito menores do que a nossa, muitos homens morrendo por causas estúpidas, como vingança e ganância, mas se prontificaram a lutar, pois esse era o seu dever e ponto final. Logo nós, que temos a graça de conhecer a Verdade e sermos salvos eternamente não iremos ter a boa vontade, e a vergonha na cara, de levar a salvação eterna aos perdidos? Eles merecem a salvação tão pouco quanto nós... mas, quem sabe, muitos a valorizariam muito mais que nós a valorizamos, muitos se tornariam guerreiros muito mais poderosos, maiores do que os que lhes pregaram a Boa Nova!
... Assim foi com o pai espiritual de Martin Luther King, por exemplo, que, indiretamente, tem grande mérito na sua história de sucesso, defesa da causa, luta em nome do dever. Uma pessoa simples pode ter começado uma cadeia interminável de conversões!

O interessante é que, por mais que alguns estejam pensando o contrário lendo aqui, o ambiente em que defendemos a causa é arriscado e, corremos sim, risco de vida. Risco literal. Estando em Deus, jamais. Mas se, temendo o Inimigo, que dá contra nós com tudo o que tem, se cedermos aos poderes do mundo e de nossa própria natureza e virarmos para trás na batalha, assim fugindo e desertando, poderemos, de fato, morrer. Do pecado a morte é o único fruto. A morte eterna.
Cuidado, para ficarmos para trás no conflito e deslocados do exército a que servimos basta parar de marchar e desistir de lutar, "relaxar". Sozinhos, então, estaremos expostos ao oponente. Descansar sozinho, abandonar o apoio dos companheiros de armas, é suicídio. Se o monstro da natureza humana vencer ali, na solidão, não haverá ninguém por perto ajudar a contê-lo. Se os chacais do bosque se aproximarem, um ou dois poderão ser abatidos, mas dez outros imobilizarão a presa. Não é um conflito simples. O peso dos arietes de um Mal milenar batem de fora pra dentro de nossa alma -mundo e Satanás- e outro bate de dentro pra fora -a natureza humana.
Honra! Lutemos juntos em nome da nossa e da salvação dos incrédulos, em nome do dever! EM NOME DO DEVER vale a pena lutar até o fim, seja na perseguição aberta, seja na perseguição sutil! O Senhor dos Exércitos está do nosso lado. Avante!
Natanael Castoldi

Segue um vídeo que resume bem as principais batalhas de vários filmes épicos, dê uma olhada pra continuar no clima.

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-Guilda <-

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