De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ávidos por poder

Não pretendo escrever um artigo nerd, mas pode julgá-lo assim, se dessa forma te parecer. Desde os 13 anos jogo, agora bem menos do que outrora, um famoso RPG online, World of Warcraft, jogo que sempre me inspirou com seus cenários, trilha sonora e enredo. É um mundo em guerra. Duas facções, divididas em dois continentes, basicamente, conflituam pelo domínio de tudo, de um lado os iluminados da Aliança, formada por humanos, anões... e, do outro, a Horda, que, com seus orcs, mortos-vivos e blood elves, prega o caos. De todas as raças que envolvem a guerra mundial de Azeroth, a que mais me chama a atenção, devido à sua história, é a citada dos blood elves, única que já serviu às duas facções.
Os blood elves, à princípio, chamavam-se high elves. Surgiram ao lado dos night elves, no coração das florestas. Porém, desde o começo, as duas raças irmãs começaram a traçar caminhos distintos: os night elves cultivaram um grande respeito pela natureza e seus seres, os high, porém, sugando da natureza, viciaram-se em poder. Devido à isso, foram expulsos de tais terras pelos night. Continuaram, porém, na Aliança.
Após sofrerem um massacre numa guerra contra a Horda, passaram a se chamar blood elves e isolaram-se em sua capital. Seu vício, porém, ainda imperava. Não havia mais o que conseguir da Aliança, então, já contaminados, foram pressionados pela Horda e mudaram de lado, com promessas de grande poder, do vício suprido.
Não creio que nossa realidade humana se distancie muito dessa história, em especial, a realidade cristã. Alguns dos nossos portam-se como os night elves, buscam preservar aquilo que os sustenta, seguir lenta, mas constantemente, sabendo que as maiores, mais rígidas e frutíferas árvores são as que mais profundamente fixam raízes e demoram mais a crescer. Outros, porém, são como os blood elves, não caminham com a motivação certa, não esperam o tempo ideal, querem tudo o mais rápido possível mesmo que, para tal, destruam o que os cerca. São os cristãos "ávidos por poder"... aqueles que cantam: "Senhor, incendeia a Tua Igreja!"
Como são cristãos viciados em poder?
Cristãos ávidos por poder são aqueles que simplesmente querem ser os maiores, que querem ser os mais fortes, que querem ver toda a igreja abaixo de seu nível... Cristãos ávidos por poder precisam mantér seu orgulho, seu status. Esses indivíduos são um imenso perigo para a Obra. Eles sugam como vermes, querem ser imensos às custas do esforço dos irmãos!
Pense, analise. O que querem pastores que deturpam a Palavra, falam só coisas bonitas, só falam de prosperidade, estimulam um "culto-show", afim de atrair multidões, apenas número? Poder. Como, noutras palavras, diz o jazido padre Antônio Vieira: feliz do pregador que deixa seu público em silêncio, que desagrada muitos, já que fala a dolorosa verdade. Pregadores que destróem a Bíblia afim de comandarem congregações gigantescas não querem nada menos do que poder! Poder político, poder aquisitivo, poder sobre o povo! Aniquilam os fundamentos de sua fé em prol de seu antropocentrismo suicida!
Ah, isso não se limita só à pastores, pois não são só alguns pastores que deturpam a Palavra em busca de mais "poder"! E como há cristãos que usam de argumentos como "Deus me revelou", "sinto paz nisso" e etc, como ferramenta de manipulação, afim de persuadir os que o cercam, ampliar sua área de dominação (os "cristãos territoriais") e o conquistar de seus anseios. Como há cristãos que usam o cristianismo apenas como ferramenta para o crescer do ego, buscando cargos, buscando PROSPERIDADE, apenas! Ávidos por poder...
Além da questão material, há a questão espiritual. A má compreensão do cristianismo e de Deus provoca uma busca errônea na área espiritual. Querem, acima de tudo, poder espiritual, pensando que Deus só serve para suprir-lhes o vício. Buscam, mais do que tudo, dons espirituais, buscam, com obstinação, habilidades para expulsar demônios, falar em línguas, profetizar. É verdade que quem não procura não pode encontrar e que devemos buscar crescimento espiritual, certamente, mas não em primeiro lugar, antes de tudo devemos buscar a comunhão com Deus, quebrada no Éden!
Já que você pode estar confuso, vou definir melhor o problema do cristão ávido por poder: ele usa Deus como escadaria para obter o que deseja para si, ao invés de, desejando Deus, conseguir, como conseqüência, aquilo que quer. -Quer as 'coisas' e usa Deus para tal, enquanto deveria querer Deus e, assim, conseguir as 'coisas'. Para ser grande não permite que grande seja o poder de Deus em sua vida, mas, sim, prefere que nele seja maior o seu próprio e humano poder. Deus é só mais um meio de crescer para si.-
-É óbvio que quem quer, antes de tudo, poder para si, afim de ser grande perante os outros, cursa uma espécie de antropocentrismo! Deus deve ser o centro da vida, pois é o Pai da Vida, jamais o homem, que caminha para a morte! Como o mortal pode reinar a vida e, ainda por cima, desejar obter sucesso?-

Qual o grande problema do cristão ávido por poder?
O vício de poder é terrível! Geralmente o cristão que caminha assim não irá segundo o tempo de Deus, até porque Deus não está em primeiro lugar na sua vida, antes vem o ego. Ele quer tudo... e logo! O maior problema é que, muitas vezes, pede coisas que Deus jamais lhe dará, primeiro, porque Deus não é O maior na vida dele, depois, porque Ele sabe qual é a motivação do pedido e o estrago que causará. Por exemplo: aquele que pede, constantemente, abundância financeira, provavelmente não a receberá de Deus, já que Deus sabe que a riqueza tomará o Seu lugar na vida daquele que tanto a anseia e que usa O usa como meio para obtê-la.
A questão é que esse cristão precisa suprir seu vício, sustentar a vastidão de sua vaidade... se Deus não lhe der o que almeja, ele tende a buscar métodos mais impuros de o obter, distante do Pai pode mentir, e dizer-se bom cristão, afim de, com o cristianismo em mãos, usá-lo como ferramenta de prosperidade e, como já caminha com alguma impureza, não temendo deturpá-lo terrivelmente. À medida que vai fazendo menos coisas segundo Deus, mais distante dEle fica e, mais terríveis se tornam seus atos. No final, já estará do "outro" lado, trabalhando com Satanás... e encontrando o mais terrível inimigo de todos: Aquele de quem zombou e cujas coisas deturpou! Ah, nessa hora o inconsistente poder adquirido não valerá de nada, pois o Senhor de Tudo NUNCA será derrotado! Agora o falso cristão descobrirá que seu "grande" poder é coisa ridícula perante o poder do Criador! Nas mãos do Maligno, tudo lhe será tirado. -Êxodo 20:5
--Quem não se contenta, primeiro, com Deus e vive uma busca insana por puro poder, certamente tem um vazio interior que precisa ser preenchido, uma carência. Um cristão com aquele vazio tão falado é um cristão em que o Pai não pode reinar, já que o "eu" é maior em tal vida.--

BASTA DEUS, Ele é TUDO!

Eu não digo para não buscarmos mais. Devemos, sempre, dia-após-dia, tentar crescer! Mas crescer EM Deus! Buscando e amando primeiro à Ele, almejando comunhão e se humilhando perante o Seu poder, que é o primeiro mandamento -Êxodo 20:3 e Mateus 22:37-, amando nossos irmãos, e não tentando os diminuir -Mateus 22:39-, valorizando a Criação e a Obra e honrando o Reino, assim seremos grandes! Inimaginavelmente grandes!! "É NECESSÁRIO que Ele cresça e que eu diminua." João 3:30.
Natanael Castoldi

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