De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Extremos

Ah, os extremos! Um dos fatores de descrédito dos cristãos perante o mundo é exatamente esse: quase nunca são moderados! Ou fanáticos ou estáticos, espirituais ou materialistas demais, vêem o homem como a pior verme da Terra ou o GRANDE REI desse mundo, legalistas ou adeptos da libertinagem... Como é difícil encontrar um meio-termo em nosso meio! Não falo do meio-termo "morno", o que é pior do que frio ou quente, já que o morno é um hipócrita -vive a Verdade como se fosse mentira. Difícil achar razão e sobriedade na massa cristã, sempre extremos opostos, o que mostra aos mundanos uma imagem totalmente deturpada do real cristianismo, pois a maneira como os cristãos o seguem transmite uma imagem de insegurança, de uma idéia fraca, esfacelada, de seguidores divididos, de um deus de muitas personalidades.
A falta de consenso, posturas que beiram a loucura, a briga interna dos "irmãos", tudo isso têm raiz na má compreensão da fé cristã e de Deus. Se os supostos cristãos NÃO CONCEBEM o que é cristianismo e o seguem de forma em demasia ERRADA, como é que queremos que o "mundo" se converta? Nem os de "dentro" zelam por ele! A maioria dos cristãos dão um exemplo negativo para tal, pois contradizem a Bíblia, pisoteiam as palavras de Jesus, dão risadas de Deus enquanto pecam deliberadamente! Que espécie de fé é essa? Se eu fosse incrédulo, teria dificuldades de me converter ao evangelho analisando a forma como é transmitido, de me prostrar ao Deus cristão, presenciando a forma e freqüência com que seus "filhos" O desrespeitam, O desonram, O descartam, O traem...
... Ou seja: "aderem" a uma religião cujo o foco central é Deus, mas não querem Deus! Isso não tem cabimento! -Seria a mesma coisa que alguém que tem pavor de água, que não sabe nadar, construir uma piscina olímpica em sua casa. Não será de proveito algum, não terá utilidade nenhuma!

Ainda bem que nasci num lar cristão, regido por pais sóbrios e transparentes, ainda bem que, desde cedo, recebi a Palavra como um todo, ainda bem que conheci muitos cristãos verdadeiros, ainda bem que consigo viver uma experiência com Deus diferente da igreja antropocêntrica de nossos dias. A vida que levo criou em mim uma fé inabalável em Deus, pois eu sei que existe, sim, um cristianismo ainda puro e baseado no Pai - não no homem mortal. Sei também que não devo me apegar aos homens, aos "irmãos", para basear minha fé, pois certamente me desanimaria e pensaria: "o cristianismo é utopia!". Mas há Jesus, O Messias, aquele que instaurou o cristianismo em nosso mundo e que, além disso, foi o maior e melhor exemplo de que o cristianismo pode, sim, ser seguido inteiramente.
Bom, depois dessa reflexão que, sem ter planejado, tomou um rumo um pouco diferente do que pretendo nessa postagem, vamos voltar ao assunto principal. Extremismo. Devemos, sim, ser cristãos fervorosos, mas equilibrados, é impossível fazer algo direito se a "balança" espiritual estiver desequilibrada, se eu for cheio do Espírito Santo, mas não tiver conhecimento adequado da Palavra ou tiver conhecimento demasiado da Bíblia, mas pouca experiência com Deus.
Acontece algo parecido em relação à luta contra o mundo espiritual enegrecido, contra a corja satânica. Como o cristão se apega mais à "forma" do que à Deus e a fé cristã toma ares muito mais humanos do que divinos, o extremismo é uma realidade nessa questão. Geralmente há duas posturas do cristão perante os demônios: completa desconsideração à sua existência e atuação...
... e outra, no extremo oposto, de demasiado interesse e supervalorização dos mesmos.
... O extremismo sempre beira a insobriedade e confusão, Deus é sóbrio e claro!

O primeiro tipo de cristão citado é quase pior do que o segundo, pois a cegueira em relação à atuação de Satanás...
... provoca um caminhar sujo no cristão, ele se torna morno ou frio. Sem conceber os riscos de pisar no lamaçal do pecado, se arrisca e sua ignorância ou falta de comunhão com Deus o leva a um ponto, nesse pântano, em que afunda no lodo pútrido e já não consegue mais se livrar sozinho. Muitas vezes o cristão está tão anestesiado pelo pecado e confundido em sua falta de conhecimento e experiências com Deus que nem ao menos percebe sua situação de morte!
A causa dessa falta de percepção está no materialismo de tal indivíduo -tudo se resume ao mundo físico. Sua vida, embora intitulada como "cristã", nunca envolve a busca pelo espiritual, não há desejo pelo Espírito Santo, não há busca por mais de Deus e, muito menos, interesse em se proteger do Maligno, a visão está embaçada, é difícil entender bem o que o leva à isso... até porque tal atitude se resume em loucura!
Do outro lado, no extremo oposto, está aquele que se auto-intitula "inquisitor do Reino", o "Van Helsing de Deus", tomou para si o papel de "mata-demônio" e é conhecido como "Fulano, o terror do Diabo". Sempre anda com seu manual "anti-satã", onde descreve "a agilidade, a resistência, a força, a idade e a atuação de cada demônio". Esse sabe o nome da classe de cada tipo de demônio e, se duvida, o nome próprio de cada um. Parte pelas igrejas com seus "pregos de prata, dentes de alho e água benta", fazendo suas "batalhas espirituais", expulsando o demônio que causa dor de cabeça, o demônio que causa dor de garganta, o outro que causa dor de ouvido, aquele que fez o guri cair de bicicleta e se machucar... Ah! Também não se pode esquecer do demônio que provoca a queda de cabelos. --Faça-me um favor!--
... Claro, com cada demônio expulso ele bate um bom papo, faz uma entrevista e procura conhecer mais sobre ele, afim de dar uma incrementada no seu diário. Talvez também anote o endereço do futuro novo "lar" do decaído, prometendo dar uma voltinha lá um dia pra tomar um cafezinho.

O problema desse cristão é óbvio. Não é bom ter mais experiências com Satanás do que com Deus! O interesse demasiado pelo Inimigo é um perigo, pois o Pai da Mentira, quando recebe espaço e crédito demais, sabe muito bem como corromper o indivíduo, já que tem grande experiência com seres humanos e conhece bem todo o tipo. O "carrasco do Mal", também pode se achar-se importante e poderoso demais, cresce o ego e a independência de Deus.
... E se, depois de já estar distante do Eu Sou continuar trabalhando no ramo, é de se duvidar para quem está fazendo seus serviços, pois Satanás também gosta de um bom teatro de enganação e prestigia no cristão a postura errada e o mal exemplo! Quem sabe o tamanho do acesso que o Inimigo tem perante uma igreja onde o "exorcista", na verdade, está nas mãos dele e o povo todo, enganado? Veja bem: o convívio rotineiro e intenso pode tornar o Inimigo um colega de trabalho do exorcista, forma-se uma relação de troca... No final, é claro que tal "caçador" torna-se escravo daquele que supostamente combatia. - O "cristão demonólogo" é um grande perigo para o coletivo, ao contrário do "cristão materialista", que também, de certa forma o é.
Poxa! Jesus não sentava-se com o discípulos e lhes ensinava tudo sobre o reino das trevas, mas, sim, falava do Reino de Deus! Jesus também não saía por aí procurando o Inimigo, procurando demônios para expulsar, apenas o fazia quando um endemoniado se apresentasse perante ele.
... É muito mais importante divulgar a Palavra do que expulsar demônios, pois não adianta fazê-lo num incrédulo qualquer e deixá-lo seguir seu rumo errante, sem conhecimento de Deus, pois daí sete demônios piores voltarão e o indivíduo se tornará ainda mais escravo do que antes (Mateus 12:43-45). E tem outra: nenhum cristão tem o poder de matar um demônio. Ele sairá do corpo mas entrará noutro, se puder. Não sei o quanto são válidos os shows de exorcismo em massa.
Que tipo de cristianismo seguem os "cristãos-demonólogos"? Parecem dar mais importância à Satanás, ao conhecimento do Maligno, do que à Deus e à Palavra. Logicamente, não seguem um cristianismo verdadeiro e genuíno. O que devemos fazer, enquanto cristãos verdadeiros, é não subjugar nem supervalorizar o poder de Satanás, nenhum dos dois casos é saudável. Sejamos coerentes, um meio-termo, sem extremos, é o ideal. Não devemos esquecer que existem demônios ou sermos ignorantes em relação ao assunto mas, também, não precisamos obter conhecimento demasiado sobre eles. Além de uma razoável base de conhecimento, basta sabermos que o nome de Jesus é mais poderoso do que qualquer inimigo, também que devemos estar fortes e em Deus, afim de termos autoridade espiritual para que o demônio não dê risadas se tentarmos expulsá-lo. Nada de ir atrás de possessos, nossa missão não é essa, nossa missão é, antes de tudo, levar o Evangelho à toda Terra, converter incrédulos e, se necessário, quebrar as amarras demoníacas da vida que influenciarmos. É claro que, ao libertarmos cativos, instigaremos o seu carrasco, daí é que a luta se faz necessária! Marcos 16:16-18.
Natanael Castoldi

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