Nos impressionamos com o pensamento complexo, com a reflexão profunda e ricamente trabalhada, mas creio ser ainda mais impressionante a simplicidade, a capacidade de alguns de, após longas horas ou alguns segundos de exercício intelectual, expressarem assuntos de grande complicação e mistério em poucas e inquestionáveis palavras. Dizem que o verdadeiro conhecedor de algo é aquele que consegue trabalhá-lo com o mínimo de palavras possível, também se diz que quanto mais facilmente se conseguir explicar algo, mais próximo do que compreendemos como verdade ele está, pois independe de grandes e longuíssimos acertos filosóficos persuasivos. A Verdade, no final das contas, não deve ser algo difícil de encontrar ou compreender, entendendo que o maior desafio da humanidade não é desvendá-la, mas aceitá-la! Um dos homens que melhor tem me mostrado isso é o grande pensador e apologista cristão, C.S. Lewis... mas ninguém melhor do que Jesus Cristo, não é mesmo? Nessas me pego tendo cada vez mais certeza de que, pela facilidade e simplicidade como a filosofia cristã consegue trabalhar em seus fundamentos, honestos e coerentes, não existe nada mais verdadeiro e óbvio do que o cristianismo! E não me venha com as propostas mirabolantes de caras como Dawkins que, em prol de sua rebeldia, cegou-se à ponto de sugerir coisas como o dito "tempo imaginário".
O nome da postagem, Filosofia simples, trabalha com a questão já mencionada. Iniciei minhas reflexões filosóficas acerca da fé cristã com algo que agora chamo de "filosofia bruta", trabalhando com conceitos mais frios e palpáveis, fundamentados na nua observação, regados de pouca profundidade e complexidade, mas, ainda assim, providos de conceitos rígidos em seus fundamentos -você pode observar esse momento em "Pelo que luto". Passado o momento em que deparei-me com as primeiras maravilhas da filosofia, outra fase se iniciou, mais madura, mas não tão convincente, por se tratar do desenrolar de pensamentos incertos acerca de coisas certeiras, de um pouco prestigiado pensador tentando responder questões até então tenebrosamente misteriosas, chegando a respostas aceitavelmente conclusivas, o marco mais significativo se deu na postagem "A Razão", falo de uma espécie de "filosofia composta". Nesse momento emaranhei-me nas complexidades do Universo, mergulhando nas questões moralidade -"Pandemia"-, origem de tudo -"Caverna"-, origem do Mal -"Incoerência"-, necessidade da perfeição -"O Perfeito"-, natureza humana -"Sapiens"- e influências da alma -"Pneumo"-, chegando a resolução de grandes dilemas com os quais não conseguia sossegar. Num ponto de relativo conforto, escrevendo um comentário do Evangelho de João, uma síntese da fé cristã, um resumo em imagens das esferas contidas na apologética cristã e num momento de maior prática da minha fé, consegui resumir e simplificar melhor tudo aquilo sobre o qual já havia pensado e olhando para traz comecei a notar algo animador: as coisas, na verdade, são bem mais simples e fáceis de explicar do que costumamos conceber! Essa foi a conclusão na qual cheguei depois de um passo bruto e um composto, resultando no que passei a considerar uma "filosofia simples".
Parecem três momentos filosóficos necessários para o homem sensato: o primeiro expressar de seus pensamentos em relação à matéria recebida, o lapidar desse pensamento, que já se vê munido de personalidade e novidade e, por fim, o simplificar, o sintetizar do mesmo, se ele, de fato, for coerente - muitos param no primeiro passo e se perdem em argumentos superficiais, outros estagnam no segundo e se confundem no mar de informações - ou tentam, seguindo outros, pular o primeiro passo, afogando-se de súbito -, mas não muitos chegam no terceiro, quando verificam se tudo o que até então pensaram tem alguma valia ou fundamento observável, experimentável, repetível e, somente nesse estágio, conseguem se surpreender com o fato de que o que pensaram como "filosofia bruta" tinha mais coerência e profundidade do que imaginavam. Creio que quase que sempre a verdade está na superfície ou numa parte bem rasa do solo que decidimos escavar até as profundezas... e é no momento em que nos vemos exaustos de tanto cavar que percebemos que o barro que existe ali onde estamos é o mesmo barro que existe de onde viemos!
O que entendo como filosofia simples só precisa dinamitar os fundamentos daquilo que se opõe, afim de ver todo o suntuoso edifício de mentiras erguido sobre esses alicerces extremamente frágeis -mas por estarem escondidos das vistas, enganosos- ruir completamente. Nós não precisamos discutir nada além da Origem do Universo, não é necessário se falar de tempo, nem origem dos planetas, nem origem da vida, nem evolução, nem moralidade, nem pecados dos cristãos... nada disso, nenhuma argumentação cética fundamentada nesses passos avançados tem valor quando entendemos que todas, para o derrubar de Deus, dependem da certeza sobre o primeiro ponto, que é a origem de tudo o que pôde ter resultado naquilo que pregam - uma vez havendo incerteza ou certeza de impossibilidade, todo o mais se rende à opção, que é Deus. Sobra, portanto, trabalhar as questões de COMO Deus criou o Universo, COMO Deus criou a vida, COMO Deus fez a vida se desenvolver, COMO o homem escolheu por se afastar de Deus e COMO o homem consegue profanar até a coisa mais divina que temos em mãos: a fé cristã. Só nos sobra os "comos" e, talvez, os "por quês", mas jamais haverá espaço para um "se" e, tampouco, "ou". O que segue se trata da reflexão mais simples possível sobre as Origens:
Não quero discutir "que" criador, de "que" religião seria, somente falar do Senhor Deus que criou o Universo e cujas características necessárias para ter sido o estopim dessa criação se enquadram perfeita e exclusivamente ao Deus que encontramos na Bíblia e nenhum outro, como pode ser lido em "Inescapável". De qualquer forma, o assunto não é "qual" da parte do teísmo. O embate é entre teísmo e ateísmo, de um lado aquilo que engloba tudo o que se refere à crença nalgo que transcende aquilo que se vê e, doutro, pura e simplesmente a matéria e energia observável e experimentável. Um ponto pacífico para os dois lados é a necessidade de uma origem para tudo o que vemos, tudo aquilo que sabemos depender de outra coisa para ter existido ou existir, ou seja, o universo material, pois é absolutamente impossível que aquilo que contenha energia limitada, pelo fato de ter saído de algo anterior, também limitado e assim por diante, tenha condições em si mesmo de ser eterno - um tempo infindável simplesmente não pode ser compreendido por matéria findável, um tempo infinito simplesmente não pode ser concebível para a matéria finita e qualquer quantidade de energia, por maior que seja, chegando ao inimaginável, continua sendo finita e, apenas por isso, é pouco e nada diante do infinito. Uma origem é inescapável, mas para a matéria findável e finita, por isso só podemos trabalhar com extremos, já que um meio-termo é findável e finito: Tudo ou Nada. Ou o Tudo como originador de tudo o que existe ou o Nada como originador de tudo o que existe. O primeiro contato com esse raciocínio já nos traz, de cara, qual a alternativa mais coerente - e eu nem preciso dizê-lo.
O que é o Tudo? Primeiramente é algo, o elemento ilimitado necessário para a origem daquilo que é limitado, a existência infinita essencial para a existência finita. O Tudo é feito de si mesmo, auto-existente. O fato é que, como é necessário termos uma origem para o Universo, um causador maior do que aquilo que causou, ou seja, um causador ilimitado, infinito e eterno para o que é limitado, finito e mortal, esse Tudo é inescapável. Tal elemento é o que é, tendo o atributo de eternidade, sendo ele a própria eternidade, tendo o atributo de existência, sendo ele a própria existência. Antes daquilo que não é ele existir, só ele havia e ele era tudo, agora que existe algo que não é ele, só ele existe além daquilo que, saindo dele, não é ele, mas, mesmo assim, por ele ser infinito, ao contrário daquilo que veio dele, continua sendo Tudo, já que o limitado é incalculavelmente menor, a ponto de ser quase nada, diante do ilimitado -interessante como, mesmo assim, o Tudo nos valoriza acima de toda a lógica e razão, com base em perfeito e inexplicável amor! Entendo que esse Tudo não precisa de motivos para ser o que é, pois simplesmente é, eternamente, também concebo que sendo ele a resposta para todas as perguntas acerca do universo limitado, não pode ter uma resposta para si mesmo, uma explicação completa em relação aos "por quês" ou "comos". Não existe nada nesse universo limitado que nos possa servir de parâmetro ou até mesmo sustentar de modo coerente uma resposta sobre o Ilimitado, e se existisse, o tempo finito seria insuficiente para explicá-lo de modo coerente, já que o mesmo é infinito. Ele É e, sendo, me basta. É assim que me porto: todas as minhas perguntas em relação ao finito, limitado e mortal se respondem com Deus, mas à partir dEle as coisas já estão além de meus domínios e dignidade, me limitando a umas pequenas respostas e conclusões.
O que é o Nada? O Nada, de certo modo, também é ilimitado, pois é impossível que algo que não exista tenha algum limite, assim como é infinito, por não ter início e fim, por não ter ou ser nada. Por mais que compreendê-lo seja mais difícil que entender o Tudo, é a única opção, alternativa ao mesmo, já que um "meio-termo" seria, por si só, limitado, finito e mortal, enquanto o Nada, assim como o Tudo, não o é. Se não queremos o Tudo, só nos resta o Nada e ponto final, é impossível sugerir outro originador para o Universo além desses dois e, obviamente, somente um deles pode existir, pois um anula o outro completamente, já que se tratam de extremos absolutos - o "máximo de tudo" e o "máximo de nada". O cético, quando nega a existência de Deus, só pode se contentar com a única alternativa, o Nada, e é com ela que precisa trabalhar. O fato é: enquanto o Tudo explica tudo, mas nem todas as explicações do mundo seriam suficientes para entendê-Lo, já que Ele é mais do que aquilo que veio dEle, o Nada explicaria o quê? É uma questão de coerência, de causa e efeito: o Nada não pode explicar nada e não existe nenhuma explicação no mundo para entendê-lo ou prová-lo, já que num mundo regido pela existência, não existe espaço algum para a inexistência, num universo que, embora limitado, ocupa todo o espaço em que se encontra -e onde se encontra?-, é impossível que um "nada absoluto" seja encontrado. Isso tudo é muito óbvio, é uma filosofia muito simples!
Agora faço outra pergunta: o "nada" pode ser, realmente, uma alternativa para algo? "Nada" é o mesmo que "nenhum", não é? Um zero de tudo, desprovido de qualquer existência, pois qualquer pingo de algo já anularia o "nada" e, por ser somente um "pingo", seria limitado e, portanto, incompatível com a eternidade; o "nada" é algo inexplicável, pois não há nada que possa explicá-lo, por não ser nada para ser explicado; o "nada" é o mesmo que a ausência absoluta de tempo, espaço e matéria... o "nada" é "nenhuma coisa"! Como o "nada", que não é nada mesmo, que não é coisa nenhuma, poderia originar alguma coisa?! Poxa, o "nada", que não possui absolutamente nada, nem ao menos existência, não pode ser o genitor de existência nenhuma... mas as coisas que existem... existem! Só nos resta o Tudo, não é? O fato é que eu ainda não respondi a pergunta do início desse parágrafo, pois, mesmo sendo impossível o Nada original algo, ele ainda poderia ser uma alternativa ao Tudo, portanto, trabalhemos melhor com outra questão: se "nada" é o mesmo que "nenhum", qual seria a opção, alternativa, para o Tudo? "Nenhuma"... nenhuma?! Pois a própria natureza da palavra já nos respondeu! Não há nenhuma alternativa para o Tudo! Se não há nenhuma alternativa para o Tudo não podemos fugir de uma só conclusão: o Tudo é a única opção, não existe nenhuma outra compreensão plausível, nada, literalmente nada! Só o Tudo pode explicar tudo, não tem como discutir isso. Para facilitar, já que estamos tentando simplificar as coisas, faça o seguinte esquema mental: o Universo está posto num canto abaixo do seguinte título: "Ligue o originador ao que ele originou". No outro canto, também abaixo do título, temos o Tudo, Deus, e você precisa ligar ao Universo quem você acha que o originou... e é daí que você me pergunta: cadê a alternativa?! Como a alternativa ao Tudo é absolutamente nada, é impossível expressá-la, com a sua própria ausência a demonstrando... mas se "nada" não está demonstrado como opção, que diferença faz, já que não é nada mesmo? Não faz falta "nenhuma", não é? Mas se o "nada", mesmo devidamente expressado com "nada", não está aparecendo, já que não é "nada", no final das contas não sobra somente uma única alternativa, que é Tudo?! O Tudo, portanto, é o originador do Universo... e se você quer ligar o "nada" a algo, não conseguindo pelo fato de ele inexistir, compreenderá que o "nada" só pode ligar-se a "coisa nenhuma", logo, fica bem óbvio que o Universo, que é algo, não pode ter vindo dele- e o ceticismo da parte dos ateus é tanto que se prestam a, por não crer no Pai, creditar "coisa nenhuma"! O fato é que o maior do finito é quase que nada perto do Tudo e o menor do finito é infinitamente maior que o Nada - qual dos dois, portanto, explica melhor a existência das coisas?!
Essa é a Filosofia simples! Trabalhamos com duas palavras e seus sinônimos e chegamos a uma conclusão óbvia, mas que só se torna óbvia depois de muito pensarmos. Se, no começo, entendemos que a Origem do Universo é um ponto pacífico entre ateus e teístas, concluímos a postagem entendendo que a existência de Deus também deve ser um ponto pacífico, de valor inquestionável, sobrando aos céticos apenas a voluntária e incondicional rebeldia contra O Criador. Deus existe, é impossível, segundo a mais pura e simples lógica -e, se você preferir, a mais profunda também-, desacreditá-Lo! Não tem como discutir isso... e, se não tem como fazê-lo, então toda a argumentação ateísta, que depende da inexistência de Deus, cai por terra e torna-se em nada além de falácia, mentira, desonestidade ou ignorância. Não existe Big Bang, nem Evolução, nem nenhum outro trufo ateísta que possa fazer alguma coisa! São o mesmo que nada diante da indiscutível existência de Deus e, sendo ou não fatos, passam a não ser mais originadores do Universo ou da Vida, mas apenas meios pelos quais o Tudo criou o Universo e a Vida em toda a sua variedade!! E, uma vez concebida a existência de Deus -"a existência dAquele que é a própria Existência", dAquele que é "o pai da existência daquilo que existe"-, nenhum meio tem valor decisivo na argumentação, sendo somente uma ferramenta, um mecanismo pelo qual O Criador promoveu um princípio em prol de um determinado fim. Nada mais e nada menos do que isso! O que aconteceu com aquilo que Ele criou também não passa de um meio, planejado ou não, que caminha para determinado fim -para alguns, eternamente benigno-, mas isso tudo é outra discussão, o que nos vale, de momento, pela Filosofia simples, é entender que extinguiu-se o espaço para qualquer pergunta provida de "se" ou "ou", não havendo condição nem alternativa, sendo de valor vital e exclusivo as perguntas "como" e "por quê". Quando resolvemos o começo de tudo, passamos a trabalhar todas as demais questões com base na resposta que primeiramente obtivemos -não se trabalha com o número 100, quando você ainda nem falou o 1! E então, num passo de cada vez, compreendemos o Universo de modo razoável e consistente! Se, no caminho, questões mais específicas se levantarem ou lacunas se evidenciarem, volte aos termos da Filosofia bruta e da Filosofia composta e, se a reflexão se der com base em esforço e honestidade, respostas consistentes ou satisfatórias sempre surgirão.
Natanael Castoldi
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