Visão

Eu sempre me peguei pensando... Como é melhor imaginar Deus? Como é melhor se portar diante dEle? Eu sei que nunca conseguirei ser, como humano, o que Deus merece de mim, nunca conseguirei alcançar o "melhor", nem realmente concebê-Lo devidamente. Ele é tão grande!! Nós... tão limitados. - Claro, devemos tentar dar o máximo que conseguimos de nós, Deus entenderá nossas falhas... Por que entenderá? É o que veremos logo abaixo.

-Dê um "play" na música abaixo antes de prosseguir-

Nasci numa igreja mais tradicional, Batista Pioneira, e hoje sou membro de uma igreja basicamente "sem bandeira", Comunidade Cristã, nem tão tradicional nem tão pentecostal. É uma igreja livre de tradições e dogmas humanos, apegada unicamente à Palavra. Essas minhas duas fases de vida me abriram um leque de concepções. Me questiono, então: tradição ou "não-tradição"?

De fato, nem toda tradição é ruim, muitas vezes um método de culto é eficiente e interessante, mantém a ordem e incita o temor, tudo bem, até vale a pena ser perpetuado... Mas e aquelas igrejas movidas essencialmente por suas tradições de décadas e séculos? Movidas pelo legalismo? Aquelas que nivelam o poder da Palavra à tradição e reduzem o agir de Deus nos padrões de seus costumes? Aquelas igrejas que acham que Deus não age sem os vários rituais? Ou que acreditam que os próprios rituais é que têm poder? É aqui que mora o problema.
Deus é um deus de ordem e organização, mas também é um deus de razão e sabedoria. Rituais infundados e forçados podem até gerar ordem, mas não vão incitar o nosso sábio Pai a fazer mais ou fazer menos, Ele não pode ser manipulado... Na verdade age com mais liberdade em meio a simplicidade e respeito. Deus não pode ser reduzido à rituais. Deus não pode ser visto como tradição! Aqui temos uma deturpação parecida com a dos fanáticos de hoje, que parecem crer que só Deus como ELE É não basta.

Pensem no que Deus é e tentem conceber que diferença faz para Ele o povo sentar e se levantar dez, doze vezes (missa), ascender e apagar velas, vestir ou não um traje especial para pregar (claro, devemos nos vestir bem para os cultos, em respeito a Deus) e etc. Não faz diferença nenhuma. Que poder tem o fato de não comer carne e não trabalhar no sábado? São tradições, Deus não se importa com elas! Se fossem essenciais, por que Ele trabalharia tanto com pessoas "não tradicionais", assim como tradicionais? Temos que mudar nossa imagem sobre Deus, Ele é muito mais racional do que pensamos.

O problema, de fato, é a imagem que criamos de Deus. Um velho frio e ríspido, distante, nos observando sério, exigindo demonstrações, mesmo que infundadas, de nossa fé, enchendo-nos de regras inconcebíveis. Deus, basicamente ocupando o espaço sobre e dentro do templo, dando mais atenção ao que fazemos na igreja do que no que fazemos em casa. Dando mais atenção aos rituais do que ao nosso coração. Deus não é assim...
...E Ele deve se decepcionar com a imagem tão deturpada e limitada que criamos.
Nossa concepção diminui Deus, esquecemos que Ele é absolutamente sábio, que Ele é caráter, moral, amor. Deus, em sua onipresença, nos conhece por completo, conhece nosso coração, sabe quando fazemos algo por obrigação, algo de forma forçada... E isso Ele não deseja de nós. Tradições podem levar, além da limitação de Deus, à um trilhar forçado do cristianismo. Ele não é um ditador, um rei mau, que escraviza...
...pelo contrário, Ele é o que há de mais maravilhoso nesse universo, Ele é nossa porta para a liberdade, alegria, eternidade!

Essa imagem indevida que formamos de Deus também reflete em nosso louvor, em nossa reflexão da Palavra e nas orações. Fazemos tudo como uma seqüência de rituais quase que mecânicos, sem a devida devoção, mas mais para "contentar" Deus, mostrar pra Ele que "cumprimos" nosso papel. Ora, Ele não é enganável... Pra quem estamos tentando mentir?
Deus não se contenta com o "ato" de O buscarmos, mas sim com a COMUNHÃO que temos com Ele. Tornamos Deus algo tão frio... Até mesmo O imaginamos como um idoso cansado, que não tem muita paciência para nos ouvir, que prefere algo rápido e não se importa com a falta de qualidade, que nos escuta sem atenção e desejando que saiamos logo de sua presença para voltar a dormir. Deus não é monotonia...

...que o diga Noé!

Quanta ousadia nós temos... Que falta de temor!

Do que vale a oração, por exemplo, toda programada, repetida e repetida, decorada? Se for pra sempre seguir o mesmo padrão e reutilizar as palavras, então nem vale a oração, Deus não tem memória fraca, certamente também já decorou o que planejamos dizer.

Deus é tão grande! Tão poderoso! Formou nosso sol ou o magma da Terra! Mas, ao mesmo tempo, foi tão perfeccionista e soube ser delicado, construiu máquinas tão complexas e diminutas, soube tecer com todo o cuidado as asas das borboletas e as pétalas das flores. Também é bem humorado, "se não não teria criado o ornitorrinco", como diz meu irmão. Deus fez o homem com tanto amor, colocou no homem a sede de se relacionar com o Ele, pois o Pai deseja se relacionar com o homem.

Ora, um relacionamento não se constrói com uma troca de ações mecânicas, forçadas, também não se forma entre o robô e seu criador. Um relacionamento só se cria entre dois seres que o desejam escancaradamente e espontaneamente!

Isso só me faz crer num Deus divertido, num Deus amigo, em um Deus próximo, num Deus que quer ouvir nossos desabafos, que quer nos presentear, que quer nos alegrar, nos dar apoio! Deus se preocupa mais com nosso caráter do que com o cumprir de roteiros predeterminados. Deus se preocupa mais com a nossa fidelidade na amizade com Ele do que com o jogo de subornos que normalmente fazemos ("eu finjo que oro e Tu me tira o peso na consciência", "eu finjo que Te louvo e Tu me dá aquela tal mordomia") - o que Ele certamente não aprova.

Deus não é um velho carrancudo! Se fosse frio teria colocado algumas máquinas perambulando no gélido Plutão, não seres tão belos como nós em uma planeta tão iluminado, quente e exuberante como a Terra!

Poxa, Deus é amor! Ele não vai nos "chicotear" se, por ventura, não conseguirmos orar ou ler a Palavra devidamente num determinado dia abarrotado de coisas - claro, Ele não vai gostar muito -, Deus entende pelo que passamos, conhece nossas batalhas, sabe de nossos sofrimentos! Ele não é um ditador celestial, como já disse! Tenhamos uma imagem mais inteligente, mais racional, sim, de Deus. Onde há razão num cristianismo "industrial"? Todo mecanizado, programado e repetitivo? Deus não quer massas idênticas, Ele quer filhos!

Aprendamos a orar com sinceridade, colocar TUDO diante dEle, pois, de fato, Ele sabe tudo sobre nós. Conversemos com Deus com mais fluência e intimidade do que fazemos com o melhor de nossos amigos humanos, coloquemos nossas indignações, insatisfações e, logicamente, nossos agradecimentos, nós devemos constituir um diálogo, não um monólogo! Assim devemos nos portar em todas as questões referentes a cristianismo em nossas vidas.

O mundo do controle de massas, o mundo da homogenia, o mundo dos manipulados, o mundo dos acéfalos precisa de pessoas espontâneas e convictas! A Igreja está sedenta de cristãos verdadeiros!! Devemos MELHORAR nossa VISÃO de cristianismo e de Deus!

Natanael Castoldi

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