De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

domingo, 29 de maio de 2011

Bravura

Hei, cristão, como vai a tua vida? Confortável, sentado numa boa, na tua poltrona de marfim (Amós 6)? Comendo bem e até demais? Amigo de tudo de todos? Em paz com o mundo? Um pouco amigo da igreja, um pouco do mundo? O culto só às vezes, pra estar de bem com Deus e pro pastor não incomodar? Um pecadinho aqui e ali, pois "Deus perdoa"? Tudo na mordomia e tranqüilidade? Se assim for, deve estar muito boa... e muito pouco cristã, porque, leitor, a vida cristã não foi projetada para ser boa, principalmente no sentido de fartura e comodidade.
Existem dois crivos fundamentais para que se saiba, sem erro, se o que tu presencia por aí nas igrejas é cristianismo ou não e estes dois crivos, infelizmente, não trabalham com o mínimo de paz, descanso e fartura: o cristão de fato É perseguido, oprimido pelo "mundo" -1Tessalonicenses 3:3 e 2Timóteo 3:12 (Salvos pela dor); o cristão de fato promove boas obras, produz bons frutos, abre mão do que tem para dar ao que não tem, seja o que e como for, Tiago 2 ("Anticristianismo cristão"). A questão, no fim das contas, é o teste de caráter e é nisso que o cristianismo se diferencia largamente de todas as religiões: meros rituais não te aproximam de Deus, você precisa ser coerente, precisa colocar o coração naquilo que faz - é aqui que se encontra o único Deus, o mais sóbrio de todas as religiões: Aquele que não é cego, que não é comprável, que não é manipulável, que não é bobo.
Leitor, a Bíblia é muito clara: você precisa amar, amar teu Deus e amar os próximos e isso te obriga, sim, a deixar Deus ser teu dono e prostrar-se como servo aos que vivem ao teu redor -Marcos 12:30-31. Analise o poder das palavras de Cristo:
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.
Você percebe? Amar a Deus de TODO O CORAÇÃO, sendo Ele teu ÚNICO senhor -até porque ou Ele o é, ou não está em ti-, amá-Lo com todas as forças e todo o entendimento. Tamanha entrega a Deus vemos raramente nas igrejas de hoje, então é que pergunto o quanto das igrejas de hoje ainda temos como cristãs de fato. A questão é que esse primeiro mandamento induz à perseguição, pois nós, ao servirmos Deus com todas as forças, que o "mundo" odeia e quer destronar, conseqüentemente nos tornamos objeto de ódio para os mundanos, pregando o que não querem ouvir, tampouco aceitar.
Amar o próximo como a mim mesmo implica em total dedicação para o bem dos que cruzam meu caminho, seja no auxílio financeiro ou noutras formas de sustento, seja em conselhos, seja em oração, seja em serviço e, principalmente, na distribuição daquilo que temos de mais precioso: a Boa Nova. Se eu estou salvo em Cristo, isso me conforta e me alegra, então por que me envergonhar de divulgar esse amor? Temer ou não desejar transmitir o incalculável amor de Cristo mostra o quão terríveis somos e o quanto menosprezamos a eternidade daquele que está próximo. A vida do cristão deveria ser voltada quase que exclusivamente para a transmissão e defesa do Evangelho, senão, por que Deus nos teria colocado no meio desse mar de mortos?! Para vivermos por nós e pelas riquezas e conforto, logicamente não. Assustadoramente traiçoeiro e frio é o cristão que, mediante esse mundo de mortos, vive para si! Esse só é cristão de nome e está tão morto quanto os que não conhecem a Verdade -pois é pior conhecê-la e não segui-la do que não ter acesso à ela.
O chamado de Cristo, amigo, não é para vida nesse mundo, é para Vida Eterna, já que é no céu que viveremos de fato. Não digo que nesse mundo não devemos desejar uma vida, na medida do possível, boa, mas não é para buscarmos boa vida terrena que aqui estamos, isso, se nos entregarmos por completo a Deus, Ele mesmo o fará, se assim desejar. O fato é que o nosso chamado nesse mundo é de privação, de batalha, o cristão precisa diminuir em si, diminuir como criatura, para que Deus cresça. O cristão precisa lutar contra si mesmo, enfrentar sua natureza carnal, enfrentar suas vontades, enfrentar seu orgulho, enfrentar o desejo de desistir da luta e viver de mordomias. O cristão não vive para si, por isso não busca a vida nesse e para esse mundo, o cristão vive para os outros, deixando-se morrer fisicamente, degenerar-se, sacrificar-se em prol do constante plantar de Vida Eterna no solo incrédulo, pois o cristão verdadeiro considera-se menos importante do que a Obra, menos importante do que os caídos, menos importante do que Deus, menos importante do que a Palavra! O cristão não se contenta em ter uma vida com Deus, ele precisa ter uma vida com Deus, mas, também, uma vida dedicada aos próximos -de qualquer forma, é impossível ter vida com Deus de fato e não ter vida a transbordar para os outros. No final das contas, o verdadeiro cristão, mesmo que faça muito, perceberá que não faz tudo o que pode mediante o tamanho de sua missão aqui, mediante a importância de seu trabalho. Estou sendo radical? Utópico? Não... por mais difícil que seja ser assim, essa é a dura realidade e é assim que deveríamos ser depois de criarmos vergonha na cara. A vida dedicada à LUTA, à CAUSA!
Existem dois pontos importantes a serem comentados aqui. O primeiro fala da privação em si: nós não devemos nos considerar donos de nós mesmos.

A Privação
O conceito é simples: você conhece a Verdade -ela é a única resposta para a Vida Eterna- e um mundo inteiro de cristãos e não-cristãos não a conhecem de fato e, portanto, estão caminhando ao Abismo. Essa Verdade é clara: você precisa divulgá-la aos caídos. O que fazer? Dedicar a vida e as forças para isso, pois não há nada mais nobre, urgente e importante do que isso para ser feito. Se você realmente crê em Deus, por que não dedicar-se por completo a Obra?! Deus lhe proverá sabedoria para administrar essa situação.
Lendo os Livros Proféticos, Antigo Testamento, percebi uma coisa: Deus, muitas vezes, te levará ao extremo em nome dEle, porque, afinal, tua vida, já salva, é menos importante do que a vida de milhares de incrédulos que pode atingir. Há três exemplos fortíssimos de privação em nome da mensagem de Deus: Jeremias, Ezequiel e Daniel. Estes foram profetas para Judá, profetizando a queda de Jerusalém pelos babilônios, assim como o retorno do Exílio e a restauração. Sua mensagem era urgente demais para que a proferissem com cautela e temor.
Jeremias: ele foi o profeta mais castigado, desprezado e perseguido, mas, devido à tanta pressão, tornou-se o profeta mais heróico e ousado do Antigo Testamento - porém a sua mensagem não foi aceita e ele não obteve sucesso, senão para com Deus. Assim como outros profetas bíblicos, Jeremias falou o que o povo, patriota e longe de Deus, não queria ouvir, sendo uma voz solitária na multidão doutros profetas, falsos, a falar o que agradava aos ouvidos judeus, por isso fora tão oprimido e perseguido.

Porventura furtareis, e matareis, e adulterareis, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes,

E então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas abominações?

É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o SENHOR.

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Deus o levou à exaustão, enviando-lhe para longas distâncias, como o Eufrates, quando e onde enterrou um cinto de linho até que apodrecesse, afim de que pudesse usar isso como exemplo visível ao povo em relação à situação de Judá. Jeremias não pôde casar e teve de viver como se estivesse no cativeiro babilônico, certamente passando-se por louco aos olhos do povo. Ele teve de viver em solidão para que os hebreus vissem nele a mensagem viva daquilo que Deus profetizava através dele.
A palavra de Jeremias foi tão forte que ele acabou sendo preso e torturado por um sacerdote, Pasur, o que o faz cogitar em desistir do ministério, mas, confinado na vingança de Deus, se manteve. Quando Jerusalém foi sitiada novamente, Jeremias foi preso outra vez, mas agora por um grupo nacionalista, que o considerava inimigo do Estado. O segundo cerco babilônico foi tenebroso para Jerusalém e Nabucodonosor colocou um governante na região, chamado Gedalias, que foi assassinado pelos judeus, que logo fugiram para o Egito, com medo do rei da Babilônia, e levam Jeremias seqüestrado. Lá Jeremias morreu apedrejado.
Ezequiel: também profetizou sobre a queda de Jerusalém e, por isso, fora duramente perseguido. Sua mensagem, para ser transmitida, exigiu ainda mais esforço do que a de Jeremias: ele teve que montar uma maquete de jerusalém para ilustrar o cerco, deitar-se de lado por 410 dias, afim de simbolizar a duração do cerco, e teve de coser coser sua comida com fezes humanas como combustível -que Deus substituiu por esterco de gado- para simbolizar a fome que os habitantes de Jerusalém passariam durante o certo. Ezequiel 4.
Ezequiel teve que se humilhar ainda mais para transmitir a mensagem: cortar seu cabelo para fazer outra ilustração -lembre-se que o cabelo era muito valorizado pelos judeus. Ezequiel 5. O maior sofrimento de Ezequiel, no final, fora a morte de sua esposa, que simbolizava a destruição de Jerusalém. Ezequiel não pôde chorar nem ficar de luto. A tradição judaica diz que ele morreu apedrejado pelos judeus.
Daniel: esse teve um ministério, aparentemente, de mais sucesso, mas, ao lado de seus amigos, exilados na Babilônia, padeceu de grandes tribulações. Jovem, com 17 anos, levado a um mundo hostil, onde era um dos poucos judeus, teve de ser extremamente forte e fiel. A sua demonstração de fé iniciou-se assim que chegou à Babilônia com seus compatriotas (Hananias, Misael e Azarias): não comer do alimento impuro e profano do rei. Eles não usaram como desculpa a frase comum: "isso é legalismo, não faz mal", afim de tapear a consciência e ceder aos prazeres. Deus honrou a postura desses jovens hebreus e os faz mais bem nutridos do que os demais.
Os amigos de Daniel passaram por desafio ainda maior: por não se curvarem à estátua de Nabucodonossor foram lançados numa fornalha ardente, mas não morreram, pois Deus os guardou.
O grande desafio de Daniel fora a cova dos leões. Dario, da Pérsia e novo governante sobre a Babilônia, proíbe orações e petições a deuses e senhores, a não ser ao rei, sob pena de morte. Daniel seguiu levando a vida normalmente e continuou orando à Deus de janelas abertas, nisso ele é capturado e lançado entre os leões. Deus não esqueceu de Daniel e honrou sua coragem e fé, amansando os grandes felinos e tirando seu profeta com vida, assim ele ganhou ainda mais crédito e poder na corte.
O Novo Testamento nos dá outros belos exemplos de total dedicação e privação em nome de Deus: Jesus e João Batista. Jesus você já deve conhecer bem: sua pobreza material, suas incessantes viagens, seu amor pelos homens e seu sacrifício final, por isso vou falar mais de João Batista nessa postagem: ele teve uma missão dificílima, pois veio como uma foice numa densa e hostil floresta para abrir caminho e facilitar o ministério de Jesus. Ele certamente era tido como louco, bradando com ousadia e poder no deserto, habitando o ermo e privando-se de alimento e vestimenta comum -contentava-se apenas com aquilo que Deus lhe dava na natureza e dedicava-se, exclusivamente, no pregar da Palavra e no batismo, até porque foi ele que batizou Cristo. A sua vida não tinha importância maior do que a sua missão nesse mundo - ele fora preso e degolado à mando de Herodes, que recebeu num prato a sua cabeça decepada.
Eu não sei quais são as tuas impressões ao ler sobre esses heróis da fé, mas eu refleti muito sobre isso e cheguei a uma conclusão: os homens a quem Deus escolhe e que se tornam servos extremamente submissos, tendem à privação, opressão e ao martírio. À princípio questionei, involuntariamente, como Deus pôde fazê-lo, mas em seguida, analisei melhor: Deus é quem mais sabe do fato de que a nossa efêmera vida aqui não deve ser a vida ideal, pois isso, além de utopia, toma o lugar de coisas mais urgentes: a transmissão da mensagem dEle. Foi isso que Ele estimulou que fizessem os seus subordinados que, no final das contas, após a batalha fervilhante que desenvovleram na terra, receberem grandíssimo galardão nos céus. É essa esperança que deve reger o cristão: a Vida Eterna deve ser o descanso, o conforto, a boa e farta vida e servir de estímulo para que desejemos e vivamos uma vida de privação aqui, em nome da pregação do Evangelho pelo exemplo, pelo esforço e pelas da palavras.
Ezequiel e Jeremias certamente e em muitos momentos preferiram abandonar a sua missão e deixar o povo que os odiava padecer do juízo de Deus, mas não, eles não desistiram e, por amor à Deus e aos homens, seguiram na oposição. O que mais me envergonha como cristão reclamão e abastado que sou é ver o tamanho da privação de que padeceram e das situações terríveis em que foram colocados, afim de ilustrar a mensagem de Deus e servir de exemplo vivo de fé em meio às tribulações. Você achou pesada a idéia de Ezequiel ter que se alimentar com fogo produzido por esterco de gado, como ilustração da mensagem de Deus? Pois abandone um pouco seu orgulho e egoísmo e pense no valor que tem um esforço dessa dimensão se, porventura, surtir algum efeito, por menor que seja -pois a salvação de um único caído vale mais que a tua vida já salva. Mateus 5:29 deixa bem claro: é melhor destituir-se até de um membro de seu corpo, se ele te leva a pecar, do que perder a salvação! Em nome da Vida Eterna, minha e dos próximos, todo esforço é pequeno.
Nessas horas devemos nos lembrar de Jonas, que Deus enviou para o coração do Império Inimigo, Assíria, para que pregasse a Sua mensagem, afim de que se salvassem de seu mau caminho. Jonas relutou -e até com alguma razão, já que os assírios eram inimigos de Israel-, mas acabou levando a Palavra de Deus ao inimigo pagão, fazendo Nínive, por algum tempo, se curvar ao Senhor. Assim também os profetas, todos, transmitiram a mensagem de Deus numa sociedade de inimigos, que, sem titubear, os mataram. É assim que o cristão deve pensar: levar a Palavra de Deus ao nosso inimigo, ao "mundo", mesmo que ele nos queira mortos - e é aqui que entra um exercício de amor ainda mais complicado: se o governo, por exemplo, perseguir e oprimir segmentos da sociedade que se opõe ao cristianismo, devemos defender esses tais segmentos. Não estamos aqui para o enfrentamento com homens, mas para a divulgação da Palavra. Provérbios deixa muito claro que precisamos amar os nossos inimigos (25:22; 25:17-18; 25:21). Saladino, durante a era das cruzadas, presenciou o seu inimigo europeu padecendo de grande fome em seu acampamento e, para a surpresa dos falsos cristãos medievais, o muçulmano enviou suprimentos para eles, abastecendo-lhes com frutas frescas e água, já que não haveria honra na vitória sobre derrotados. É assim que devemos ser, se confiamos que Deus é quem luta por nós.
Bravura! O cristão é fruto de uma mensagem peculiar: ele alimenta o seu inimigo, mesmo que esse inimigo deseje-lhe a fome, não se importa de fortalecer seu oponente, ao invés de destruí-lo. O cristão luta contra si mesmo, derrubando seu orgulho, sua ganância, sua vontade, procurando, dentro de si, e desafiando os seus problemas, a sua natureza, num duelo exaustivo, para assim se prostrar ao Senhor do Universo, afim de ser usado como seu Emissário. O cristão aprende a ser bom para um mundo que o persegue e, dessa forma, enfrenta o Império das Trevas, para libertar os cativos. O cristão, portanto, enfrenta-se a si mesmo e enfrenta esse mundo, simplesmente por amor. A morte não lhe é problema, apenas uma passagem para um lugar muito melhor.
Abraão nos é exemplo magnífico nessa questão toda: ele aceitou matar seu único e prometido filho, seu bem mais amado e precioso, porque Deus o mandou. Ele entregou tudo o que tinha de melhor, de mais amado, para quem ele amava ainda mais, Deus -que, honrando sua submissão, o privou do sacrifício de Isaque. Assim deve ser o cristão: sempre que algo que preza e ama se opor a Deus ele não pode ceder, ele sempre irá optar por permanecer com Deus, SEMPRE, pois Deus é quem lhe dá a verdadeira alegria, a salvação e a Obra, a vida dos incrédulos, são mais importantes do que algumas mordomias, do que um romance cinematográfico, do que o sucesso. Não digo para abandonar isso tudo, mas, sim, colocar Deus no centro e fazê-Lo levar-lo para onde Ele quer, como um barco à vela que segue com o vento. Não podemos nos colocar, ou colocar outros, no lugar de Deus, tampouco acharmo-nos deuses de Deus. Ezequiel 28:6-10. É aqui que enquadro o exemplo de Daniel e seus companheiros: certamente o desejo por comer as iguarias profanas do rei entrava em atrito com a centralidade de Deus em suas vidas -eles optaram por Deus; certamente a obrigatoriedade por se prostrar perante o ídolo material erguido pelo rei em sua homenagem, cuja negação culminaria em morte, entrava em atrito com a soberania de Deus em suas vidas, afinal: ou eles se prostravam, ou morriam... eles optaram pela morte, sem o tal argumento "Deus me perdoa depois"; da mesma forma, Daniel não se acovardou com o decreto de Dario e continuou orando à Deus de janela aberta, questão que, para ele, certamente entrou em atrito com o senhorio do Pai em sua existência, pois sua vida estava em jogo... mas ela não era tão preciosa quanto Deus e ele não usou do argumento: "vou diminuir minha vida de oração e me esconder quando o fizer, Deus perdoa", não, ele optou por Deus e, portanto, manteve-se como luz evidente nas trevas. João Batista certamente teve de abrir mão de si mesmo em tudo para servir a Deus e isso, sem dúvida, lhe levou a atritos internos e colocou em jogo a soberania de Deus em sua vida, pois estava em cheque o conforto de uma vida normal, mas, não, ele viu-se menos importante do que o Senhor do Universo e concebeu que sua missão, de preceder o Messias, valia mais do que sua família, do que uma residência, do que sua mera existência. Saber o que Deus quer, mas, mesmo assim, rejeitar, é "ateísmo prático". A verdade é que esse tipo de cristão crê muito pouco em Deus para não temê-Lo ou respeitá-Lo e, provavelmente, preferiria que Deus não existisse, pois poderia pecar deliberadamente.
Você percebe? É inevitável: quem quer ter Deus no centro, terá de negar e abrir mão de muita coisa e, além disso, submeter-se em ser e fazer o que Deus deseja, o que, talvez, seja mais difícil do que o primeiro passo. Mediante isso tudo, não compreendo de onde vem a teologia da prosperidade, o cristianismo de consumo e outras besteiras satânicas de nossos dias. Ser cristão não tem nada, ou tem muito pouco, com prosperidade material ou submissão (idolatria) aos cifrões e produtos que se adquirem com eles, pelo contrário, ser cristão é abrir mão de si mesmo e de um mundo inteiro de possibilidades para ser para Deus e para os homens, para ser Eterno!
Quantas vezes não temos Deus no centro de nossas vidas? Quantas vezes caímos em tentações pecaminosas, "iguarias do rei"? Quantas vezes nos prostramos e idolatramos alguma "estátua de Nabucodonossor" por aí, seja um pecado, seja um objeto, sejam pessoas? Quantas vezes nos omitimos e temos vergonha e medo de evidenciarmos nosso cristianismo? Quantas vezes cedemos às comodidades da vida e nos estatizamos? E, por causa dessas bobagens, o quanto deixamos de crescer em Deus? Quantos incrédulos permitimos que caiam no Abismo?!
A vida cristã, leitor, é uma vida de honra, uma vida de guerra. Assim que você se converte, aceita o chamado de Cristo à batalha, inicia uma marcha ao epicentro do conflito. Você bem sabe que, ao longo da história, o guerreiro que marchava para o conflito deveria abrir mão de si mesmo, de seus instintos de sobrevivência, de sua comodidade, de sua família, de seus planos e de sua herança, para se dedicar exclusivamente ao seu chamado, ser excelente no conflito em nome de seu rei e derrubar tantos inimigos quantos conseguisse. À partir do momento em que entrava em marcha, esse era seu foco, somente esse, sabia que essa empreitada tinha grande potencial de tirá-lo a vida, mas isso não importava mais do que defender sua família, seu povo, suas terras, seu rei. A vida cristã é assim: depois que você inicia essa campanha, o foco central de toda a sua existência deve estar na dedicação total em tal missão, seus passos devem levá-lo, sempre, para a honra de teu Rei e para a vitória sobre o Inimigo. Não há espaço para viver para si mesmo no centro do combate, no emaranhado de oponentes se digladiando, no sangue, nos gemidos de dor, nos urros de fúria, nas nuvens de flechas. Todas as suas forças devem estar concentradas ali, na mão empunhando a Espada. E, sim, vivemos essa batalha e temos o que defender, ou você não vê as trevas profundas ao teu redor, sufocando e aprisionando bilhões de caídos?!
Quem vê O Senhor dos Anéis percebe a entrega de Frodo à sua empreitada em prol da destruição do Um Anel. Ele abandona sua vida tranqüila e farta para lutar contra o Senhor do Escuro, seus espectros, seus orcs e suas fortalezas. A sua demanda chega no extremo, ele já se conforma com o fato de, muito provavelmente, sair sem vida dessa missão, mas não reluta em prosseguir, pois muito está em jogo, é nobre continuar, o fruto será grandioso. Seu amor pelo que é bom, pelos conhecidos e desconhecidos e pela Causa é mais importante do que a sua própria sobrevivência.
Como segundo ponto:
A segurança em Deus
Às vezes me desanimo, pois vejo quão dura é a minha missão e como, no enegrecer dos horizontes futuros, ela pode, de fato, me levar ao limite, à morte. Também fico perplexo vendo as movimentações evidentes de trevas em nossa política, os levantes anticristãos e contra toda a moral, em prol da união mundial e o caminho evidente para o reinado do Anticristo. Mediante o horrorizante futuro já senti minha fé fraca, perdendo-se... Satanás me parecia tão "por cima"! Mas, lendo os Profetas, acalmei-me:
Em Isaías há uma profecia de que Deus levantaria (e levantou) um rei pagão para consumar seus planos - Ciro, da Pérsia. Is 45:1-5. Também lê-se, em Daniel, Deus usando Nabucodonossor e Dario, assim como os líderes doutros povos, como a Assíria, Síria e Edom, afim de consumar Seu juízo sobre Israel e Judá. Após ter tido conhecimento disso tudo, me confortei: tudo o que está acontecendo nesse mundo só o é porque Deus o permite ou, até mesmo, o faz. Os livros proféticos falam, além do juízo em Judá e Israel, do Dia do Senhor para o mundo inteiro, o dia de juízo mundial e, como Apocalipse prediz, é da vontade de Deus que o cerco se feche, que o cenário se transforme e que as profecias se cumpram, aproximando-se do Fim e da Restauração. O que Deus deseja acontecerá e, se Ele deseja e faz acontecer, então não devo me alarmar, mas, sim, exultar.
Leitor: assim como Sauron, nO Senhor dos Anéis, enviava uma espessa camada de nuvens de fumaça para escurecer o campo de batalha e facilitar o posterior deslocamento de seus exércitos, vejo o cenário do Fim de formando. Teremos de ser cristãos de fato, quem sabe, nalguns dos momentos mais dolorosos e opressores para a Igreja... e é nessa hora que devemos fazer a diferença! Sempre achei uma tremenda falta de senso de dever e honra ver a massa cristã se pervertendo ainda mais nos momentos mais negros e perversos da história, ao invés de, nesse cenário extremamente mortal aos incrédulos, ser luz vital para eles. Que vergonha! Os cristãos têm profanado com todas as forças o nome de Deus! Enquanto Davi dava a vida em defesa de suas ovelhas quando o leão ou o urso se aproximava, os pastores de hoje chamam os leões e ursos para pressionar seu rebanho e fazê-lo render mais! E vejo nas ovelha um bando de idólatras fanáticos, sem cultura bíblica alguma, sem vontade de conhecer mais, sem vontade de buscar Deus de fato -sem um intermediário... Preguiçosas! Onde está o caráter?! Onde está o cristianismo? Onde está Deus? Onde está Cristo?! Onde está... o mínimo de moral?! Se até os incrédulos nos fazem, como protestantes, motivo de piada, é porque a nossa moral está mais pervertida do que a deles... e, de fato, está! Isso simplesmente porque afirmamos servir a Deus, que nos disponibilizou a Sua Palavra escrita, mas negamos-a completamente! A pervertemos! Matamos com prazer, dia-após-dia, chicoteando, julgando, pregando e crucificando, enquanto gargalhamos, o Messias! Fazemos pior do que o antricristão, que não tem dever algum pra com Cristo! Não temos temor algum, não temos senso de sagrado, achamos que Deus é como o tapete da entrada de nossa casa: que é pisado por todos, tocado quando se quer, que serve pra absorver toda a nossa imundície, que só existe para limpar e servir. POXA, ELE É O SENHOR DO UNIVERSO!! Cães malditos, aproveitadores, hipócritas horrendos, vermes consumidores que somos!!! Sem honra, sem moral, sem amor algum! Criaturas inúteis, mentirosas, venenosas, destrutivas, herdeiras de algo maravilhoso, mas terríveis o suficiente para pervertê-lo em prol de nossas mordomias e nosso luxo. Eu tenho repulsa, nojo, eu ME IRO comigo mesmo e com o caminho que a igreja de meus dias está tomando... antro de ladrões, antro de ratos, abutres, coiotes, hienas... assassinos!!
Façamos algo, sejamos cristãos de verdade! Façamos nossa vida valer um centavo que seja!! Tomemos a Causa Cristã como a nossa luta, Deus como o centro de nossas vidas!! Eu te faço um apelo, leitor: decida-se, se for cristão! Deseje purificar-se de fato ou desista do cristianismo. É melhor um gato doméstico saudável do que um leão tomado de cólera. Chega de profanar a Palavra, o nome de Cristo! Chega de destruir, lançar a Bíblia ao fogo! Chega de... declarar-se inimigo de Deus!! Não estamos nesse mundo pestilento para viver de luxo e prazer, estamos aqui para sermos servos renegados e totalmente dedicados à salvação dessa humanidade de mortos!! Nada mais do que isso. Somente isso. O descanso nos está esperando na Vida Eterna.
Natanael Castoldi

Leia também:
-Moral? <-

sábado, 28 de maio de 2011

Ilusão

Desde que começei a escrever nesse blog, me determinei: "não será um blog científico, não é necessário escrever nada sobre evolucionismo, outros já falam disso." Mas, há muito essa determinação caiu por terra. É claro, não pretendo escrever aquilo que você pode ler em qualquer lugar e, tampouco, falar o que todo mundo já fala, meu trabalho só tem real valia se for diferente em sua abordagem, caso contrário, seria inútil. O fato é que não é necessário se deter demais nas questões científicas, já tão abordadas, mas, também, vejo que é interessante expor alguns conceitos sobre os quais venho refletindo desde que, por acaso e amor à Deus, me enveredei em debates científicos aos 12 anos, o que mudou a minha vida e que me fez vir a escrever esse blog. Se você deseja, antes, ler uma abordagem mais completa, que mescla ciência, evidência histórica sobre a veracidade de Deus, filosofia e razão, pode ler as seguintes postagens: "Perdidos no pântano", "Pelo que luto", "Mente invertida", "Geocentrismo", "Apologia ao suicídio", "Por que se opor?", "Ciência e fé", "Desespero", "Os Melhores Contos da Mitologia Cética" e "Involução?"
A questão fundamental dessa postagem é provar que o próprio mecanismo da Teoria da Evolução pode servir de prova para a existência de Deus. Da mesma forma que a pouquíssima possibilidade de o Universo existir sem Deus é argumento do cético para o ceticismo e argumento do crédulo para o teísmo, a Teoria da Evolução pode ser usada como argumento para ambos, dependendo do âmbito analisado... no final, como na relação "universo com/sem Deus", prova-se que a visão do teísta é bem mais coerente, afinal, a questão mais óbvia e fundamental para qualquer ser racional é a existência de algo superior nesse complexo e vasto Universo.
Os mais antigos povos tinham como incontestável a existência do espiritual e de um deus criador, sem excessão. Não havia questionamento sobre a atividade criadora de um deus, a unica variante era a forma como o povo concebia tal deus e como ele criou. A crença no superior, espiritual, não existia nos povos primitivos devido a seu parco conhecimento, existia nos primeiros povos simplesmente por ser um conhecimento tão óbvio e simples de se deduzir, que era impossível que os povos mais rudimentares não o compreendessem. A filosofia, à princípio, fora a grande inimiga do homem nessa questão, aniquilando as mais simples compreensões e substituíndo-as por questionamentos infindáveis e sem resposta coerente. O homem distanciou-se, aos poucos, da simplicidade observável e fácil de compreender, enveredando-se nas letras, nas teorias, nos números, na frieza de sua mente trabalhando na solidão, numa sala escura. A atividade intelectual criativa que, para o antigo, era inquestionável apenas observando-se uma folha ao chão, passou a ser questionada por aquele que se trancafiou num laboratório. Então todo um conhecimento e compreensão de mundo fora arquitetado, comportando tais idéias precipitadas, como se fossem verdade, formulando uma seqüência de teorias, meras teorias, que, unidas, formavam uma unidade teoricamente coerente. O problema está na prática. A natureza não deixou de evidenciar um criador simplesmente porque o homem afastou-se dela e a tornou em meros números, textos e gravuras... distante da natureza é mais fácil manipulá-la, fazê-la ser fruto do que não é, pois, longe de um bosque florido, não há todo o apelo presente nessa imagem forte que, em nosso espírito, em nossa mente, é facilmente compreendida como arte obtida das mãos de um criador intelectual e amoroso. A natureza não podemos superar, mas os números, com estes fazemos o que quisermos.
Nem Darwin ou Lamarck ousavam afirmar que Deus não existia mediante a natureza que analisavam em suas expedições. Darwin, meu caro, era deísta, crendo o poder criativo e inquestionável do Deus Criador, que, após ter formado e programado o Universo e a Vida, afastou-se. Claro, sua idéia sobre Deus é precipitada, mas consolida a idéia acima: no ambiente natural ele não pôde negar. O problema, leitor, veio com seus sucessores, os darwinistas, menos originais e curiosos, não cruzaram esse mundo em seus estudos e procurando consolidar, por meio da observação, o que Darwin pregou, esses mais tomaram a obra escrita do biólogo inglês, frio e passível de interpretação, esmiuçaram e exploraram o conteúdo escrito, de forma tendenciosa e no isolamento de seus escritórios e laboratórios. Partindo do pressuposto de que os escritos de Darwin eram honestos e inquestionáveis, apoderaram-se da vida, da pessoa de Darwin e de sua obra. Tornaram-no um ateu revolucionário, "que matou Deus", censuraram os escritos do próprio "pai da evolução" que faziam sua teoria parecer menos ateísta do que realmente era. Foi muito mais fácil trabalhar com letras e números, com páginas, do que observando a poesia que um bosque decíduo recita sobre Deus. É assim com os ateus militantes de hoje.
"Mas há inúmeros pesquisadores que estudaram o evolucionismo em ambiente natural!" Verdade. Mas todos com a mente transformada e condicionada a ver somente aquilo que Darwin disse. De certo modo, parece que a natureza nunca foi observada de fato pela ciência cética, porque ela finge não ver ou deturpa verdades tão óbvias, coerentes, racionais!! Se estudaram a natureza onde ela impera, devem tê-lo feito com uma lupa e se detendo só ao pequeno círculo ampliado, sem erguer a cabeça e analisar a imensidão da floresta, analisar o cenário ao seu redor, o evidente quadro pintado pelo Criador, a beleza, a vida, a arte, a organização! Apegam-se a detalhes minúsculos, mas esquecem-se de todo o contexto, assim como fazem com as letras e números. Parece impossível que tenham, realmente, observado a natureza e constatado, imparcialmente, que ela é fruto casual... não terem percebido a impossibilidade disso num simples botão de flor, numa pequena borboleta, no sol, ou, quem sabe, olhando para sua própria mão, que segura a lupa.
A mente tão desenvolvida que trabalha para confirmar a evolução casual é prova, em si mesma, de que essa evolução casual é impossível!! Como pode o cético deter-se tanto em microorganismos e membranas e deixar de olhar para si mesmo?! Com uma mão acha que prova que a evolução casual é verídica, com a outra, involuntariamente, constata a verdade oposta -com palavras diz uma coisa, mas seu próprio organismo afirma o contrário. O próprio emissário do ateísmo, em sua complexidade física, em sua essência espiritual, em sua profundidade intelectual, é evidência de que Deus existe. Ou poderia, do acaso, vir a existir tamanha complexidade, um ser tão vasto e disposto em três dimensões, sendo o corpo, a mente e o espírito? Um ser tão profundo, à ponto de falar a respeito do caos que o originou? Mas, me diga, o caos não é imensuravelmente menor que o homem, para que seja seu progenitor?! Onde nossos "genes" se encontram no caos? Para originar-nos, no mínimo, esse tal "caos" precisaria possuir um intelecto igual ou superior ao nosso, de quem poderíamos herdá-lo... e, quem sabe, esse "caos" deveria ser "organizado", de quem, por fim, obteríamos a nossa própria organização física. Isso é possível... no caos? Nosso pai criador é tudo, menos isso!
Essa é uma concepção tão simples e primordial! Só com o "espírito cego" é que se pode negar uma verdade tão óbvia, como falei na postagem "Barbárie". O cético, ao partir da total desordem, de uma explosão casual, num vazio absoluto, de matéria em caos a originar-se da "não-matéria", há de defender a idéia de que o Universo adquiriu complexidade com o tempo, burlando sua própria "genética", suas próprias condições criativas. Ora, os animais dificilmente nos surpreendem, porque aquilo que está embutido neles é praticamente inviolável, está na sua genética e, portanto, como ela determina ele será. A matéria bruta possui determinada constituição e disposição, portanto ela, como ela é, não poderá fugir disso por conta ou escapar de um ciclo químico, ela está presa sempre na mesma ordem ou no mesmo ciclo e, naturalmente, não fugirá disso, não surpreenderá, não fará algo novo, que burle aquilo que determinam seus "genes", o mais fácil. À partir da matéria minúscula, podemos falar do Universo material inteiro, pois ele é constituído dessa "matéria minúscula" e a verdade imutável nos fundamentos, define toda a seqüência.
O Big Bang casual é um ataque ao conceito acima. O vazio mortal é absoluto em sua "genética" que o determina a ser "vazio absoluto" e que o prende nisso, impossibilitando que ele, por ele mesmo, deixe de ser assim. A origem da matéria nesse espaço imaterial é completamente impossível, até porque a própria explosão teria que criar LEIS, como as da física, que indicam organização, cálculo, planejamento. "O Big Bang era matéria eterna, toda a matéria que existe hoje comprimida num espaço menor do que tudo o que concebemos e que veio a explodir", isso pode ser afirmado, mas não passa de completo absurdo, já que o Universo é feito de átomos, ele não pode se comprimir em coisas muito menores do que átomos ou muito menores do que ele mesmo (isso é suposição minha). Outro problema é que a matéria não pode ser eterna, já que decai em energia... e se ela fosse, nada teria acontecido, pois não existe novidade no eterno. Também há a questão dos "genes da matéria" que, definidos pela quantidade tal de gravidade e dispostos de determinada maneira, tenderiam a prosseguir dessa forma, não havendo condições naturais na matéria para promover a novidade dentro de um sistema já definido.
O resultado da "Grande Explosão" promoveria o caos, toda a matéria comprimida ou originada do vazio, sendo lançada para a vastidão do Espaço, criado enquanto a matéria se deslocaria. Nesse cenário há dois problemas: primeiro, o Espaço e o Tempo não seriam originados com o avanço da matéria do Big Bang, pois, sem Espaço nem Tempo, a própria matéria não tem para onde nem como se deslocar. Segundo, o clima caótico definido agora, em sua genética caótica, manter-se-ia em caos, pois o caos não pode produzir organização, isso burla a regra que o gerou e que o rege.
Pulemos a etapa "pós-explosão". Qual o problema agora? As infindáveis novidades. A matéria caótica, por ela mesma não pode formar e se organizar de modo a fugir da sua constituição natural e de seu ciclo, se não com a intervenção de um intelecto. Nas formação dos planetas, muita matéria inexistente no Big Bang se formaria, não digo apenas em quantidade, mas em variedade. O próprio avanço de complexidade é inerente à "genética" da matéria que, em si, tende a possuir apenas energia para manter-se como é, e, com o tempo, perdê-la nesse processo de manutenção, decaindo em complexidade. Vale ressaltar que o aumento da complexidade exige produção de energia para além do existente -nada se cria- e que o aumento de complexidade exige "novidade" e a novidade irá burlar a "genética" da matéria. Como se vê, isso tudo é impossível, se não pela ação intelectual de um ser desprendido, além da matéria. Desde a idéia do Big Bang a possibilidade do ceticismo ser verídico cai por terra, portanto, toda a seqüência das teorias céticas é falha.
A Origem da Vida explicada casualmente é o segundo salto mais absurdo dessa história, se equiparando à insanidade que é conceber "matéria do vazio", dois opostos que nunca podem se completar -onde há matéria não há vazio e ele não pode vir a existir. Onde há vazio não há matéria e ela não pode vir a existir! A questão agora é a vida a originar-se da matéria morta, bruta, um outro aumento absurdo de energia e complexidade. Todo o processo, até então, exigira uma quantidade impossível de sorte no acaso, mas, dessa vez, a sorte no processo de tentativa-e-erro burla todas as condições imagináveis, é absolutamente impossível o vivo sair do morto, menos ainda se esse "morto" nunca fora vivo! A "novidade" aqui extrapola todos os níveis de novidade já relatados, pois a matéria morta se organiza de tal forma a conseguir viver, é o salto da morte para a vida, ora! E SEM A INFLUÊNCIA INTELECTUAL! A matéria brutal, organizada da forma que é, em hipótese alguma terá, em seus "genes", a informação para a vida, aquilo que é necessário para a vida se originar. Aliás, a informação para a vida não pode ter sido originada casualmente, deveria, no mínimo, ter vindo imutável desde o Big Bang (ou de Deus?), ou você espera que a matéria tenha se transformado, casualmente -mais uma vez, de tal forma e de maneira tão nova, à ponto de criar, sendo morta e sem influência de vida, o manual genético para a vida? As páginas de infindáveis informações orientado sobre "como viver", sendo que a vida de antemão não existia, para ser explicada e orientada?! Informar sobre algo que não existe é uma tremenda novidade! Ainda pior do que se auto-organizarem casualmente números imensuráveis, de forma complexa e sem chance de erro, é afirmar que a morte poderia informar-se por conta sobre como começar a viver.
Nesse processo todo também há a questão da origem da matéria orgânica, essencial para a vida. A matéria bruta poderia, teria "informação", "genes" em si para se unir de tal forma a produzir algo totalmente novo? Difícil imaginar...
Originada a vida, com informação adquirida da matéria bruta sobre como se nutrir, nos deparamos com outro dilema: como veio a se reproduzir? A reprodução de um micro-organismo exige a duplicação de todas as organelas e dos genes. Ok, a vida se originou, mas precisa se mantér, senão se degenera. Então a informação, o DNA, não pode ter se originado sozinho, necessariamente ele precisa do RNA, assim como o RNA precisa dele, numa relação inviolável, o que dificulta ainda mais as coisas... A matéria bruta deve ter mesmo sabedoria, à ponto de informar sobre a vida e, ainda, ensiná-la sobre como se mantér e reproduzir. O sistema intrincado de duplicação genética exige precisão além da cirúrgica e evidencia a ação de algo intelectual em si mesmo, pois, agora, algo está trabalhando sobre o DNA, por isso, o DNA não o está informando de como fazê-lo, está sofrendo a ação e não agindo. A matéria viva, por fim, se supera, extrapolando sua condição original e fazendo algo novo: se reproduzir.
Observação: na postagem "Pelo que luto" eu deixo claro que nada material pode auto-existir e se auto-organizar, existindo bases para as bases da matéria -espiritual- e por aí vai. A informação genética também não pode auto-existir e coordenar-se a si mesma, ser auto-suficiente em sua existência e atuação, definindo a si e, então, todo o andamento da vida. Veja bem: materialmente falando, é possível algo coordenar-se a si mesmo? Uma coisa só acontece devido à outra. Basear-se em si mesmo para viver, existir? Toda a matéria beseia-se noutra. Informar-se a si mesmo sobre como informar?! O DNA, que é a informação da vida é influenciado pelo que para sê-lo?! Tudo me leva a crer que há informação para além da matéria, para além do DNA/RNA, uma informação a informá-lo, a conduzí-lo, a regrá-lo, a organizá-lo, uma inteligência superior, imaterial... Deus! Leitor, tudo nesse mundo depende de outra coisa para existir, para SER!
... A Causa Primeira da Informação deve ser informativa; da Vida, viva; da Inteligência, inteligente; da Complexidade, complexa... Deus é a única resposta a comportar tudo em seus fundamentos! Ou o Caos é alternativa coerente?!

Com a reprodução inicia-se a evolução. Mas a evolução, em si, é problemática, pois ela trabalha com intensa novidade. O organismo, casualmente, por mutação, nasce com uma membrana a mais que, por acaso, lhe é útil, em sua constituição, para facilitar a alimentação, então ele se duplica e forma outros como ele que, mais aptos, dominam. O estranho é o surgir da informação nova e organizada, casualmente, de forma a criar algo útil e não matar a criatura. A ciência cética só pode explicar a errônea evolução em complexidade e novidade, de duas formas: gradativa ou através de saltos. Das duas formas há evidenciação da ação intelectual. Sem ela...
As asas nas aves: pode ter sido um salto, através de mutação, de um membro totalmente diferente, para um apto a voar -e isso é um grande problema. Como, por acaso, surgiria, do nada e sem informação anterior, um membro totalmente projetado e destinado para o vôo? A não ser que o salto seja calculado e premeditado por um intelecto superior. A outra alternativa, a gradativa, também é estranha, pois trabalha com a continuidade... mas, como a evolução supostamente acontece por mutação, a continuidade cai por terra. A mutação, leitor, não ocorre de forma calculada, os genes se embaralham novamente, deixam de formar o sistema que formavam, para, dispostos de forma totalmente nova, formarem um sistema totalmente diferente, é como arrancar tijolo por tijolo de uma casa e dispô-los novamente, mas noutros lugares... o pior é que, com a evolução, trabalhamos, na origem da vida, com um canhão atirando todos os tijolos e esperando que eles, por acaso, formem uma casa ao caírem e, na seqüencia, dinamita-se a construção e espera-se que ela, por acaso se reorganize da mesma ou doutra forma. Se houve continuidade de um mesmo processo evolutivo através de mutações, então elas são calculadas na medida certa e para um determinado fim, há um projeto a ser seguido, há um resultado a ser esperado, há um intelecto fazendo os genes se disporem, de tempos em tempos, de forma a construírem, gradativamente, o ser final, o objetivo. Nesse caso, as mutações deveriam trabalhar como agentes ampliadores da casa, não reorganizadores, isso exige informação nova, mais genes, fora daquilo que a criatura possui. É impossível se originar informação!
A origem do útero: ele pode ter se originado, por acaso, de um salto evolutivo, fazendo um réptil ou ave com um sistema mais primitivo, mudarem-no totalmente de uma geração para a outra. Isso, em si, é impossível, porque modificaria, de uma vez só, uma quantidade absurda de informação, além de exigir informação nova, o que torna absoluta impossível a formação casual, a tentativa-e-erro mataria o indivíduo. Todo o complexo sistema reprodutivo e para a gestação uterina do feto deveria ser formado, casualmente e repentinamente, mas os fatores problemáticos seriam tantos que é impossível conceber tamanha "novidade" de forma a não ser projetada. A outra alternativa é gradualista, sendo todo um projeto evolutivo traçado, afim de substituir, de forma coerente e pouco-a-pouco todo o sistema atual da ave ou réptil pelo uterino, seria uma evidente obra intelectual, com começo, meio e fim -e todo esse processo obtido com perfeição, sem erro. O problema é que, na questão do útero, é impossível recorrer a gradação, pois um meio-termo entre gestação externa e interna, um sistema intermediário que comporte essa transição, é impossível, certamente a criatura -se é que esse sistema tem como existir, pois hoje não se vê meio-termo-, seria estéril, caso não morresse. Isso sem contar que deveria mudar de ave ou réptil para mamífero, seja gradativamente ou em salto, pois é impossível ter o metabolismo de aves e répteis e, ao mesmo tempo, promover uma gestação intra-uterina.
O morcego: qual seria o seu ancestral? Um rato? Bom, o fato é que o morcego não pode ter evoluído gradativamente, como um projeto calculado e com determinado fim, pois o intermediário entre "rato" e morcego não sobreviveria, com asas disformes e sem aptidão para vôo, parcialmente bípede, cego e movido pela audição. O seu sistema sensitivo, através de sons e sua captação, é todo calculado para o ar, no chão, cheio de obstáculos, morreria, seria presa fácil e raramente conseguiria se alimentar. O ser morreria... A natureza, em nome da sobrevivência, sempre busca o caminho mais fácil, o desafio contra o quase impossível é fruto da iniciativa, extra-instintiva, de um ser intelectual, racional. Nessa hora você precisa imaginar um morcego nascendo de um rato, em uma geração totalmente pronto, perfeito para voar e sobreviver, do nada, por acaso -até porque um morcego intermediário seria um risco à espécie, não um agente para a sobrevivência, a seleção natural o aniquilaria. Leitor, isso é impossível -senão pela ação de um intelecto superior!! Como uma mãe rato saberia alimentá-lo? Ensiná-lo a voar?! Parece bobagem o que falo, mas a única alternativa cética é igualmente absurda. O mesmo crivo deve ser feito em relação à saga até as glândulas mamárias, do assexualismo para o sexualismo, do sistema de sangue frio para sangue quente, da respiração na água para fora da água, do olho primitivo para o nosso, superior a um super-computador, de um cérebro extremamente limitado para a mente até então quase inexplorada do homem.
-Só um comentário: à partir da gradação, deveríamos deduzir que, por uma questão óbvia, cada mínimo passo evolutivo de cada ser representasse um fóssil diferente, o que nos proporcionaria bilhões de bilhões de vestígios a serem encontrados - nos saltos, um pouco menos. Mas a questão é: onde estão estes elos? A grande maioria está perdido, é só dedução... dá pra contar nos dedos o número de elos evolutivos encontrados, tanto que, quando achado um "suposto", a ciência exulta, fica eufórica e viaja ainda mais. A pouca variedade de fósseis indica mais extinção do que evolução, aponta ao fixismo. Outra: por que hoje temos nós, o grau mais alto e, de nós, um vácuo gigantesco para os mais primitivos? Por que temos chimpanzés, o abismo e nós, somente? Onde estão nossos irmãos? Acho que, pela inteligência, teriam sobrevivido antes nossos supostos ancestrais próximos do que os chimpanzés ou orangotangos. Se temos os mais primitivos e os mais novos, por que não temos vivos os intermediários?! Ou, por que não temos os intermediários em lugar dos mais antigos?! -Não estou dizendo que o homem evoluiu do chimpanzé.- No são só observações minhas, não relevem uma besteira qualquer, mas, de qualquer forma, essas questões fundamentais fazem sentido. O fato é que, acima da teoria está o que se observa, se não se pode observar, então a teoria não é válida... mas Deus, que não é observável? Ele é a única alternativa viável se a evolução é impossível, e essa é uma prova observada de Sua existência.-
Então, voltando ao morcego, agora suponha: se nasceu, do nada, um morcego de um rato, como se reproduzirá? A menos que ele tenha a sorte de outro morcego igual e do sexo oposto, casualmente, ter nascido de outro rato, aproximadamente no mesmo momento e bem próximo geograficamente, para possibilitar que os dois se encontrem e se reproduzam. Gradualmente a situação é semelhante, pois, para mantér as características adotadas, só haveria uma mínima possibilidade se conseguisse ter acesso a outro, do sexo oposto e com as mesmas características, até porque, muito provavelmente, esse rato modificado não seria compatível sexualmente com os demais ratos... isso se não fosse estéril. A chance de sucesso é absurdamente pequena -isso vale para toda a suposta cadeia evolutiva. À partir dessa necessidade de "outros" para a sobrevivência, podemos falar dos ecossistemas que, não sendo como naturalmente são, na variedade dos seus habitantes, entram em colapso, pois há uma interrelação vital entre os seres que o constituem, qualquer peça a menos agride todo o sistema, qualquer ser, no devido grau de complexidade em que está, é essencial e, se o rompesse para "mais", provavelmente morreria, burlando a ordem -assim como qualquer um para "menos". Em ambos os casos, o sistema morreria, como o organismo que é na totalidade. Isso indica que todas as peças foram encaixadas no mesmo instante, cada um com a sua respectiva função já ordenada. Há insetos que só se alimentam de um tipo determinado de planta e essa planta só sobrevive por causa desse tipo específico de inseto. Como você explica, evolutivamente?
O argumento sobre a impossibilidade do intermediário é favorável à biologia molecular, pois, afirmando que o morcego não pode ter tido um estágio mais primitivo de complexidade, que o útero não pode ser menos do que é, que a célula, sem uma organela morre, então não pode haver evolução, apenas fixismo, com algumas pequenas variações adaptativas. Os seres só podem ter vindo já prontos!! Isso é evidência derradeira e observada da existência de Deus!

O que quero que você veja aqui é o seguinte: Deus é essencial, seja no âmbito criacionista, seja no âmbito evolutivo. A gradação indica um projeto sendo construído, o salto evolutivo indica o desejo de um intelecto de mudar totalmente um determinado sistema -ambos são impossíveis casualmente. O cético, quando fala de evolução, fala de Deus! Mas, não se engane, leitor, eu sou totalmente criacionista por razões bíblicas e por outras que você lerá mais tarde no blog. A questão é óbvia! Use o mínimo de sua razão e constate! Usei poucos exemplos? Apenas um parafuso solto numa máquina pode comprometê-la totalmente e, para se contar até cem, não pode haver número algum faltado. Apenas UM exemplo anti-evolucionista, que exija um milagre, já destrói a teoria! O mais interessante é que existem inúmeros exemplos... O cético, no final, vive uma ilusão, a ilusão de que a Teoria da Evolução é uma arma contra Deus... triste aposta! Agora pergunto: onde fica o ceticismo se desde a Origem do Universo Deus é a única explicação?! Difícil responder... parece que fica apenas na cabeça daqueles que não querem, acima de tudo, crer no Criador e que, limitados espiritualmente, se contentam com os farelos e pequenos grãos, de conhecimento superficial, que os emissários da ciência cética lançam pelo caminho. Parece-me evidente a desonestidade, porque coisas tão óbvias não podem simplesmente terem passado despercebidas!
-A não ser que a minha lógica e filosofia tenha falhado, mas me parece tudo muito claro!

Leitor, não adianta falarem de orangotango, de semelhança genética e de padrão, de "bico de pássaro", de borboleta preta e branca, de recapitulação embrionária, como sendo a meia-dúzia de argumentos em prol da Evolução se ela, de qualquer forma, é impossível casualmente! Até porque o o padrão pode ser fruto do desejo intelectual e a "semelhança" (1% de diferença já é uma distância muito grande) genética vir disso. No mais, de nada vale, como já disse outrora, tentar arranjar argumento no número 100 se a contagem tranca no número 1! De nada adianta falar contra Deus se Ele é a única alternativa nas Origens do Universo e da Vida, se a Bíblia é comprovada históricamente e suas profecias indicam ação divina, se eu vejo Deus trabalhando em minha vida, Seu nítido agir em mim!!! De que adianta questionarem a Arca de Noé, por exemplo, se a evolução se impossibilita já na origem da vida? Qual sua moral?! Além disso, o cético precisa desconsiderar todas as experiências espirituais relatadas pelo mundo inteiro ao longo da história inteira, seja com demônios, seja com o Espírito Santo, seja de "quase morte", seja de bruxaria ou através de Deus. Há muita coisa a desconsiderar para se ser cético... o que é bem arriscado, pois somente um acontecimento sobrenatural, apenas um, prova o espiritual!!! E todo o mais que estudarmos profundamente na ciência, história e filosofia, prova o Deus Cristão!
Natanael Castoldi

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Barbárie

Estou participando, aqui no Janz Team Brasil, do V Encontro de Educação Transformadora. Nesses primeiros momentos, tivemos uma palestra muito interessante com Karin Wondracek, com uma longa vida de estudos e diplomas em psicologia -o mais bacana é ouvir uma psicóloga cristã com tal nível de conhecimento. A palestra focou-se mais numa questão que chamou-me muito a atenção para a compreensão da sociedade pós-moderna, o porquê de estarmos vivendo um período tão podre. Achei engraçado o fato de eu ter chego a conclusões semelhantes noutras postagens, através da análise do que presenciei... isso me foi uma lição: basta observar!
Michel Henry, um filósofo francês do século passado, definiu os movimentos da sociedade atual como um reencontro à realidade de barbárie, como uma cólera a se espalhar pelo mundo pós-moderno, que, sem dúvida, levar-nos-à a ruína. A sua frase a me chamar a atenção diz o seguinte sobre a barbárie: "É a doença que acomete a vida, na qual se destrói os seus fundamentos, de forma silenciosa e progressiva." Analise bem essa verdade. O que segue é minha reflexão própria, a estalar como conseqüência daquilo que ouvi. -O apóio à libertinagem e repúdio à disciplina, o ataque à moral e ética, o ataque à razão e ao conhecimento e o ataque ao cristianismo são traços da barbárie de nossos dias, que atingem, completamente, o valor e a manutenção da vida!
Não quero ofender os povos bárbaros da época romana, pois eles tinham determinado nível de conhecimento e sofisticação, mas, convenhamos, a análise fria de seus atos de guerra contra o Império Romano, que lhes oprimiu, representa muito. Como um vagalhão, passaram por cima de tudo o que puderam, mataram mulheres, crianças, idosos e, é claro, homens aptos a lutar, muitas vezes de forma brutal. A marcha desses povos foi marcada por massacres, pilhagens e a destruição completa, até não restar perda-sobre-pedra, de determinadas vilas. Eles não valorizavam o acervo cultural, as bibliotecas, as universidades, os fóruns, os museus, nada, pois, além de não terem conhecimento suficiente para usufruir razoavelmente daquilo, seu ódio falava mais alto. Roma, a Cidade Eterna, feita de construções colossais e milenares, recheada de história e conhecimento, fora reduzida de uma metrópole importantíssima a uma cidade comum, de mais de um milhão de habitantes, terminou com cerca de 20 mil quando, finalmente, ruiu. O que sucedeu? O Império, desfragmentado, deu espaço a um vácuo político, ao caos e, logo, opressão da Igreja, nova imperatiz da Europa na Idade Média. Por fim, o avanço do conhecimento de mundo fora abolido por um milênio, até a Reforma Protestante.
Quando derrubado o poder da Igreja Medieval, levantou-se um novo tipo de "avanço bárbaro", pois, assim como os primeiros odiavam e tentaram derrubar tudo o que podiam do opressor, do Império Romano, os reformadores e pós-reformadores levantaram-se para destruir tudo o que concordava com o tirano governo do papado na Idade Média. Tentaram esfacelar, tornar cinzas, pó, tudo o que fazia parte do antigo regime, enterrando-o abaixo de um terraço pavimentado, em uma sepultura. Esse papel fizeram melhor os pós-reformadores, os renascentistas, os céticos, inimigos da fé cristã e emissários do ateísmo. Enquanto a oposição dos bárbaros ao Império Romano fora de aniquilação cultural e do conhecimento, a oposição dos "bárbaros" à Igreja Medieval se deu com a reposição dessa cultura e de tais conhecimentos abandonados e, para tal, decidiram abrir mão da cultura cristã, posterior ao almejado período de ouro de Roma e, deturpada, protagonista dos horrores medievais. Levantou-se um movimento crescente de total apego à razão e repúdio à fé, a enveredar a busca pela Verdade.
Só para completar a seqüência, hoje levanta-se outro movimento "bárbaro", e, como o ser humano está perdido, perambulando na vastidão e história desse mundo como um bêbado, retorna à parte da realidade medieval. O primeiro movimento destruiu o centro cultural da Europa, Roma; o segundo recuperou-o, destruindo o sistema irracional e opressor que pós-romano; o terceiro revitaliza o outrora repudiado sistema irracional e opressor. O ideal de mundo concebido com o enfraquecimento da Igreja Medieval, baseado na liberdade e no vasto planeta a ser descoberto, afim de fazer o homem, na excelência da ciência, da razão, da tecnologia, vencer seus maiores dilemas e resolver os problemas mundiais, mostrou-se utópico e foi longe demais no conhecimento bélico, traumatizando gerações com conflitos horrendos. Então se levantaram as questões: "pra que razão? Para onde ela nos levará? Pra que buscar a Verdade, se ela é relativa e todos são donos dela?!" Não é mais necessário refletir, não é mais necessário conhecer, basta viver, e viver o HOJE. A morte da razão parece um retorno ao que existira na Idade Média, mas não só na questão de conhecimento e anseios, já que, como o ideal é viver o HOJE, segundo a sua verdade e sem dever explicações para ninguém, a humanidade está deixando de lado a arrogância cética e fazendo fluir seu instinto religioso, apegando-se, por fim, a uma espiritualidade particular e, sem dúvida, infundada, sendo resultado do instinto, de uma escolha sem fundamento racional.
Não há como ser diferente, o homem nunca encontrará O Ideal sozinho, idealizará uma sociedade regrada e almejando o progresso, se decepcionará e irá substituí-la pelo inverso, apostando ser a forma certa e assim por diante. Nunca irá se contentar e o ciclo será interminável, justamente porque falta o principal, o eixo dessa roda descontrolada: Deus. Como irão funcionar as engrenagens de um sistema, se a engrenagem mestra for descartada?!
O que percebo, com tristeza, é que hoje a tentativa não é, de fato, encontrar o melhor para o prosseguir da humanidade, o homem está decepcionado, está exausto, cansado de tentar em vão. A frustração, a dor, o desgaste, milênios de construção e destruição em vão. Uma busca tão vasta pelo conhecimento profundo deste universo para, no final, concluir que, enquanto "sabe tudo", na verdade "não sabe nada" e o futuro prossegue obscuro e mortal. O guargador dos porcos, rebelando-se, abriu o chiqueiro, para que cada porco buscasse aquilo que lhe parecesse melhor antes de morrer. Assim está a humanidade que, cansada de cair, tornou-se numa legião de indivíduos isolados, na busca individual e egoísta de seus próprios prazeres e sonhos, daquilo que mais querem HOJE, para que aproveitem e sejam seus deuses antes que o fôlego, já se perdendo, cesse de vez... a questão é aproveitar ao máximo os últimos cinco minutos da festa. A cultura de nossos dias não visa o amanhã, não projeta, apenas vive o AGORA e o faz de forma insana, o que me parece indicar que a humanidade está disposta a cair só mais uma vez, uma última vez, para, depois desse último fracasso, não mais ter de se dar ao trabalho de prosseguir. Aqui, ao meu ver, entra uma questão escatológica: mediante esse clamor por uma morte rápida, em meio à decepção total, um líder mundial que se prontifique a revitalizar esse mundo decaído e que tenha uma proposta atraente para o HOJE e uma ainda melhor para o amanhã, será idolatrado por multidões incontáveis de exaustos seres errantes.
Bom, eu fugi um pouco da idéia original dessa postagem, já que minha mente foi divagando e se enveredando na inspiração. O fato é que o ser humano construiu o sistema que virá a engolí-lo, primeiro porque partiu, no Modernismo, de um pressuposto muito questionável: a inexistência de Deus, assim, portanto, negou a existência de seu aspecto espiritual, fingiu não existir a sua fonte de vida, aquilo que o movimenta, aquilo que o liga ao Criador. A ciência, então, definiu o homem como sendo pura e eletrizada matéria, disposta de forma complexa. A raça humana passou a se limitar a números, letras e fórmulas. O homem, então, tornou-se nada mais do que moléculas... e é aqui que começa a real barbárie: se ele ligou-se por acaso e não passa de uma máquina cheia de energia, por que não posso eu obter um para mim, comprá-lo, vendê-lo ou, simplesmente, desligá-lo, afim de usar as suas moléculas para fins mais interessantes e lucrativos? Fazer sabão?!" Dessa idéia partiram os alemães nazistas na 2ª Guerra Mundial. A lacuna dessa compreensão existe até hoje e ela é, sem dúvida, mortal, já que o conhecimento, baseado na sistematização, afasta-se da vida na totalidade.
Forma-se uma situação incabível: cada vez mais o homem sabe sobre suas próprias moléculas, sobre o universo, mas, cada vez menos, sabe sobre aquilo que o faz seguir em frente, aquilo que acontece na versão invisível de seu interior, cada vez menos se conhece.
Esse desvalorizar do espírito que somos na essência, nos leva ao caos e ao falho conhecimento. Como criaturas de Deus, nosso espírito tem semelhança com o Pai e, portanto, é uma fonte criadora, uma fonte de inspiração, que nos leva a buscar conhecimento, compreender o mundo à nossa volta. Quando valorizamos nosso aspecto espiritual, afloram em nós conhecimentos que parecem naturais, inatos, mas que estavam obscurecidos até serem estimulados. Talvez esteja aqui a certeza tão viva e poderosa nos cristãos de que Deus existe: esse não é um conhecimento obtido, essa é uma certeza que nos parece claramente respondida, fruto de uma compreensão inata. Da mesma forma, muito do que escrevo nesse blog surge de forma repentina, apenas com alguns estímulos externos, possibilitando que eu escreva coisas que nem eu mesmo "sabia que compreendia", como a relação original de "períodos de barbárie" relatados acima, que não me eram evidentes antes de... escrever sobre eles. É claro que, não temo dizer, nesse caso pode ter haver com a ação do Espírito Santo.
O fato é que certas coisas que me são muito, muito claras, parecem totalmente obscuras ao cético, como se ele não conseguisse ver a razão que vejo, compreender com a clareza que compreendo. Parece-me tão complicado alguém sendo humano e sentindo-se por dentro, tentando compreender essa sensação de que algo está cheio -ou vazio- no interior, de que existe alguma coisa profunda ali, que parece não ter fim e foge à simples matéria, não crer ser uma criatura espiritual -para mim é tão evidente! Assim como me é óbvio, observando um pequeno bebê, a inteligência superior que há por detrás dele, algo que está no controle de tudo, que sabe o que está fazendo e que está eufórico com a sua juventude -me parece impossível o cético não notar isso. A resposta? Eles ocultam em tão grande segredo o seu próprio espírito que, adormecido, não lhes servira como agente esclarecedor do óbvio. Para compreender um mundo fortemente ligado ao espiritual, não se pode partir de uma idéia reducionista e materialista!
Repare, um bebê não aprende a ser curioso, a observar o fundo do quarto, querer saber o que existe ao redor e porque é assim, algo dentro dele o faz buscar conhecimento. Também procure lembrar das respostas e dos estímulos que teus sonhos já te deram e como isso auxiliou-te em enigmas e situações difíceis. É teu espírito, com conhecimento inato, dotado de razão, a te auxiliar... E, mais provável e comum, o Espírito de Deus falando diretamente.
A questão é que o afastamento de Deus e o encobrimento do espírito, limitam o intelecto, limitam a razão humana, que se isola apenas em sua matéria e sua mente. Nunca na história isso se vê tão evidente. Engaiolaram o que existe dentro, toda a razão que só a matéria eterna pode proporcionar, foi aniquilada. As pessoas estão se isolando do que está próximo e tentando se conectar ao que está longe, sabendo mais sobre o terremoto no Japão do que sobre o câncer de seu vizinho. A frieza irracional, a frieza do cibernético, amplia a selvageria dentro de nós: a dor daquele que está perto nada mexe comigo, mas não conseguir zerar um jogo de computador é o fim do mundo. A morte de um parente dói menos do que não conseguir comprar um tênis de marca. Isso é inconcebível!!
Sem um estímulo espiritual para a busca de conhecimento e aprofundamento, nossa juventude não suporta ter que ouvir mais de um minuto seus pais ou professores, tampouco ler algo maior do que um parágrafo. A nossa juventude simplesmente não quer conhecer, aprender, se limita ao que é estritamente necessário, jamais lerá um livro que fale de filosofia, sociologia, a Bíblia, mas consegue, tranqüilamente, ler milhares de páginas de conhecimento inútil em romances infundados como os da saga Crepúsculo, que em nada contribuem para o crescimento do indivíduo. Esse, leitor, é um conceito novo para mim, portanto, desconsidere alguma confusão de idéias.
O fato é que o homem moderno tem deixado aflorar os instintos bestiais de sua natureza carnal, mas tem tentado abafar os instintos espirituais que lhe são inatos. Essa combinação é mortal e o leva, sem dúvida, à escravidão física e intelectual, já que sua mente se prende ao simplório, ao superficial, ao que um ou outro pensador tendencioso lança, evitando criticar, enquanto se distrai com sexo e drogas dos mais diversos tipos, da televisiva à musical.
Essa superficialidade torna aceitáveis e até coerentes bobagens totalmente mortais, como o apóio à direitos irrestritos aos homossexuais, o feminismo, ser crime disciplinar a criança, colocar preservativos em escolas, apoiar o relativismo, não diferenciar homem e mulher, distribuir "kits gay" para crianças do Ensino Fundamental, conceber a matéria sair do vazio, a vida surgir do bruto... A superficialidade está destruíndo a humanidade. A insanidade é a regra. E isso não se limita apenas ao mundo secular, mas à "igreja secular": promiscuidade, libertinagem, hipocrisia, mentira, fanatismo, legalismo, superficialidade na fé e conhecimento bíblico... será que as igrejas enveredadas nessas questões realmente conhecem a Deus?! Estão nEle? Ou na mesma posição espiritual que os céticos? Reflita e leia a postagem "Superficial?"
Na palestra foi-nos apresentado um gráfico muito interessante, que dividia nossa vida em dois eixos, um horizontal, onde interagem diretamente o "eu" e o "mundo" e um vertical, onde estão, em extremos opostos, o "vazio, caos" e "o sagrado". As raízes de nossos problemas estão na negação de um desses aspectos, na prática de apenas um ponto ou um eixo. Quando eu me detenho só no "eu" e no "mundo", acabo aderindo ao reducionismo materialista, que luta contra a verdade espiritual. Quando fico só no "sagrado", me enveredo no espiritualismo, "tudo é Deus ou o Diabo", tornando-me fanático. Quando nego o "sagrado", sobra-me o "vazio, caos", então sigo insano atrás de algum conforto. O ideal é haver o equilíbrio. A humanidade está se enveredando num caminho onde nada mais pode ser sagrado... O que resta?!
Outro ponto que chamou-me muito a atenção na palestra, atentando para a existência de um espírito a nos mover, falava sobre como se portam os bebês e quais são os aspectos principais de cada evento:
1º A boca: a primeira pessoa de quem o bebê se alimenta já começa a formar nele a identidade. Diz-se que o recém-nascido consegue focar sua visão numa distância de até 30 cm, exatamente a distância entre seu rosto e o rosto da mãe, enquanto é amamentado. Seu olhar logo capta quem é seu progenitor.
2º O sorriso perante a face: quando o bebê, ao olhar para um adulto, ri-se, ele está indicando seu conforto e segurança para com ele, está se identificando com alguém, comunicando que compreende que pertencer a essa espécie.
3º A angústia, o estranhamento: quando se vê em meio a rostos estranhos, longe dos pais, tende a se sentir inseguro, assustado.
4º O "não": a criança, ao ver que nem sempre seus pais estarão perto, tende a começar a preparar-se para tal, procurando se isolar aos poucos, ganhar independência, à medida que cresce.
O homem precisa, desde o começo, encontrar um rosto que diga quem ele é, um rosto que o identifique, o rosto dos seus pais. É por isso que buscamos a Deus: através dEle descobrimos quem somos. Também é por isso que Jesus veio, com um rosto e falando-nos quem é o nosso pai. É a renúncia desse pai que faz a humanidade caminhar loucamente por infindáveis caminhos, buscando outro com quem se identificar. Nosso instinto de sobrevivência nos leva à isso!
O início da história humana se parece muito com os acontecimentos do início do bebê. Primeiro, criados por Deus, o víamos face-a-face, perante Ele nos sentíamos seguros, identificados e longe dEle, angustiados. Com determinada "maturidade", veio o "não" e, portanto, só restou a angústia, em meio a um mundo estranho e hostil. Em meio a essa angústia, o homem passou a procurar, com todas as suas forças, o rosto de seu pai, o rosto com quem se identifica, o único que pode lhe trazer segurança, mas, principalmente nos últimos séculos, decidiu-se que seu pai não é Deus, é outro. Daí a jornada não têm fim, parte do pressuposto errado, abandona o seu Criador, mas, mesmo assim, busca quem ou o que o criou. Abandona o seu pai, o único com quem pode se identificar e sentir seguro, mas quer encontrar alguém -algo- com quem -o que- se identifica e se sente tranqüilo. Daí voltamos aos movimentos de barbárie e da recente desistência humana de continuar procurando: essa missão é impossível. O homem continua angustiado, sem saber de onde vem, para onde vai, pra que serve, pois não sabe qual é a sua identidade, portanto o fim decisivo, após milênios de dor, é uma opção razoável.
Essa também é uma questão apologética: se o homem tem sede por buscar a sua origem, um pai, alguém com quem se identificar, então, obviamente, esse alguém existe e, mais, é intelectual, pois o mero acaso não colocaria no espírito humano -tampouco criaria o espírito humano- esse anseio por encontrar seu pai. Se existe a busca por um pai, então existe um pai. Posso tentar bolar um crivo para ver quem é esse pai... vejamos:
-Somos seres dotados de determinadas características, possuímos genes físicos e "genes" espirituais. Na busca por nosso pai, que possui a "genética" semelhante a nossa, seus filhos, deve-se atentar para aquele com quem nos sentimos completos, seguros, confortáveis. Não falo de pais humanos, falo daquele que os criou.
-Nem todas as respostas, por mais coerentes que sejam, são viáveis. O cético por crer que o universo veio do vazio e a vida veio da matéria bruta e considerar o acaso o seu pai, mas duvido que ele se confortará com essa idéia, que terá a sua identidade constada ali, que isso lhe satifará, que se sentirá seguro e completo nisso. Muito provavelmente, quando sentidas essas sensações, a hipótese não estará indicando a verdade sobre nosso progenitor, portanto, a verdade é outra, oposta.

E o cristão? É dificílimo encontrar cristãos de fato abandonarem a sua fé e é incrivelmente fácil encontrar cristãos sorrindo e de braços abertos para o Pai, o Criador, a quem encontraram e quem lhes fez encontrar, por fim, sua identidade, sua razão de ser e seu destino. O cristianismo, sem dúvida, é A Verdade, pois é nele e somente nele que se encontra, de fato, o paradeiro final, a alegria verdadeira. Não digo que a vida cristã é confortável materialmente, ou que sempre nosso espírito humano exultará, Davi no salmo 55 é exemplo disso. Mas a identidade, segurança, alegria, o sentir-se completo está na certeza de que, se perseverar nos caminhos do Senhor, do Pai, morarei eternamente em Seu Reino. Também é claro, apenas uns poucos minutos de alegria no Espírito Santo fazem valer e sobressaem todo o sofrimento, nos afirmam, acima desse mundo inteiro, que sabemos para onde vamos.
Sou grato a Deus por ter me feito nascer em lar cristão e, justamente por essa gratidão, creio que devo defender essa fé e divulgá-la sob qualquer circunstância!

Natanael Castoldi

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