De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tambores nas profundezas

Então, contrariando o que disse na postagem anterior, não demorei um mês para retornar, mas isso só porque arranjei um tempo realmente livre para escrever. O fato é que, assim que terminei de falar d"A Máquina do Tempo", prossegui pensando e planejando essa nova postagem, de forma a unir a idéia das duas anteriores... então tenho a alegria de agora a pouco abrir meu e-mail, receber o artigo semanal do meu pai e ler algo magnífico a complementar maravilhosamente a minha idéia. Bom, vamos lá.
Noutros tempos já tinha pensado num paralelo entre nosso mundo e sua história com Minas Moria, dA Sociedade do Anel -O Senhor dos Anéis- e, finalmente, cheguei à seguinte conclusão: ela, claro que talvez pensando além da concepção do próprio Tolkien, resume em si uma reflexão de todo o curso de nossa humanidade. Algo belo, suntuoso, colossal, construído afim de refletir toda a glória e poder da raça dos anões, acabou servindo de calabouço aos seus habitantes que, embriagados em seu orgulho, não viram as sombras de um mal das profundezas lhes rodeando e contaminando. Por fim, Moria deixou de ser a grande fortaleza dos anões, para se tornar seu túmulo... seus moradores foram de amistosos e pequenos barbudos para a corrompida raça dos goblins. A antiga ganância dos pequenos fez algo ainda pior brotar das entranhas do mundo: o Balrog, uma mistura de densas sombras e fogo, um demônio da antiguidade da Terra-Média. A decadência tornou-se absoluta. A história humana também tem como seu maior mal a ganância... ela nos levou à Queda e está nos levando ao colapso.
O homem tem, nos últimos tempos, construído seu sonho de grandeza, seu suntuoso império, regado à tecnologia e dinheiro. Com o poder que exerce, embriaga-se em seu orgulho, em sua vaidade, em seu posto... e não percebe o mal crescente, que já faz um cerco intransponível entorno de sua fortaleza... tão pouco refletem em seu "espelho mágico" as sombras que encobrem o sol. Legiões cada vez maiores se aglomeram, fechando todas as passagens, todos os caminhos, entulhado os poços, derrubando os aquedutos, erguendo paliçadas e cavando trincheiras. O homem aprisiona-se em seu sonho vão de erguer um mundo ideal... e construíra em seu mundinho fechado, fundamentado em egoísmo, uma arapuca, da qual só poderá sair nas mãos do caçador. De certo modo, essa é a idéia que expressei na postagem anterior.
O que possibilitou que o ogro Grendel fizesse sua maior chacina noturna no salão de Hrothgar fora a festa da noite anterior, quando os soldados se perderam no hidromel, enquanto glorificavam o rei em seu grandioso banquete. Bêbados, nada viram ou sentiram, enquanto o ogro os matava um por um. -Do livro Bewulf.
E aqui estamos nós, vivendo em uma sociedade embriagada de si mesma, a festejar incessantemente sua própria e superficial glória, distraída e, em sua insanidade típica de quem bebe demais, tentando explicar-se com fábulas e suposições que beiram a loucura. Perde-se cada vez mais... Bêbado, o homem não vê as sombras nas cercanias e deixa-se contaminar profundamente, a ponto de se corromper noutro ser, tornando-se uma aberração, caricatura daquilo que já fora.
Nesse cenário os encontramos, sóbrios no meio dessa orgia, acordados para a realidade devastadora da humanidade, sozinhos nas sombras e entre uma legião de homens corrompidos, insanos - goblins. Vejo-me na mesma situação em que estava a Sociedade do Anel em Moria, quando fora percebida pelos habitantes das trevas: "entrincheirada" na sala do Túmulo de Balin, enquanto boas dezenas de inimigos se amontovam nos portões, carregando consigo uma de suas bestas de guerra, um troll das cavernas - não tardou para um voraz e mortal combate. - Aqueles que estão corrompidos sentem repúdio dos remanescentes e desejam, a todo custo, destruí-los.
O homem de hoje aniquilou todas as suas chances de reencontrar sua essência genuína, de chegar-se ao Paraíso, quando abandonou Aquele que tem a única e derradeira solução, Jesus. Então, partindo do pressusposto de que Deus não existe, constrói toda uma seqüência de filosofias e ciências que prometem solucionar seu problema existencial, logicamente fracassando. A arrogância humana chega ao ponto de querer aniquilar toda e qualquer idéia que professe Aquele que deseja destronar e tomar o lugar: Deus. Sou capaz de ver nos goblins de Moria a humanidade perdida, que trabalha com todas as suas armas em prol da destruição daqueles que ainda defendem o verdadeiro Rei.
Mas há algo muito maior do que os goblins por detrás desse anseio por terminar o reinado do Eterno Senhor: um mal extremo, o rei das trevas, o próprio Satanás, que envia suas fantoches para lutar por ele em sua empreitada que, mais do que tudo, visa a destruição completa da Obra-prima da Criação. Por traz de toda essa insanidade, do homem destruíndo a si mesmo e negando a ajuda do Único que pode lhe salvar do colapso, só pode haver a mão voraz do Caído. O homem só pode estar em coma alcoólico para agir dessa forma! -Para compreender melhor essa insanidade, leia: Autólise.
Aqui estamos, cristãos -aqueles que não cederam às trevas. É impossível caminharmos nesse mundo expressando nossa fé sem chamarmos a atenção dos chacais, que, famintos, acabam por nos rodear. A Bíblia é muito clara quando afirma que não há "cristão sem perseguição", já que estamos, como inimigos, no centro de um Império de Trevas, acabamos sendo completamente repudiados por quase todos, considerados peças indesejáveis aos senhores deste mundo - e não há motivo algum para que o incrédulo nos queria vivos, transmitindo nossa ofuscante luz em meio a essa escuridão espectral. Qualquer sinal público de fé, hoje mais do que nunca, é rapidamente repelido. Todas as armas do Império se voltam contra nós, afim de nos sufocar, amordaçar, calar e, se possível, matar - destruindo nossa mente, arruinando nossa constituição humana, nos aprisionando... e muitos cristãos, de pastores à membros de igreja, estão bebendo do hidromel oferecido pelo Inimigo e se deixando embebedar.
Não, não há situação que me lembre em filme e livro que melhor possa exemplificar como me sinto como um cristão de nossos dias, como a viagem da Sociedade do Anel em Moria e sua batalha mortal, iniciada no Túmulo de Balin e terminada por sobre um abismo sem fim. Uma cena do filme - ou passagem do livro- que me deixou com um nó na garganta fora o momento, logo após a constatação da morte de Balin, em que Gandalf toma e lê um empoeirado e duramente agredido livro, a relatar os últimos momentos dos anões de Moria, quando cercados pelos invasores:

"Eles tomaram a Ponte e o segundo salão. Nós obstruímos os portões, mas não podemos segurá-los por muito tempo. O chão treme. Tambores... tambores nas profundezas. Não podemos escapar. Uma Sombra se move nas trevas. Não podemos escapar... Eles estão vindo."
Sim, não podemos escapar. Nós fizemos muito barulho... eles ouviram. Sim, "eles" estão vindo. Eu posso escutar os "tambores nas profundezas", a ecoar nos paredões rochosos dessa caverna infindável. Também escuto as suas vozes agudas, estridentes, estão eufóricos. O chão treme, suas passadas desordenadas acompanham a marcha de trolls e outras criaturas. Não, não podemos escapar, guarniçados nessa sala escura, onde há apenas uma porta obstruída. Eles estão chegando. O fato de existirmos, o fato de existirmos e estarmos aqui, é suficiente. Eles nos querem mortos e estão vindo. Tomemos nossas espadas, nossos arcos, cajados e machados, ou lutamos em resistência até o fim, ou vivamos, como prisioneiros, padecendo de uma vida vazia até a morte, se negarmos o nome daquele que nos enviou. Prefiro lutar até o fim, certamente viver menos, mas viver uma vida com perspectiva, regida por uma Causa pela qual vale a pena morrer!
Esse é o nosso mundo. Um abismo profundo, de trevas cada vez mais envolventes e penetrantes... esse é o nosso mundo, tomado por uma sociedade de homens corrompidos e bêbados, destinados à morte, regidos pela morte, preenchidos de morte. Uma legião de assassinos vorazes, de mortos-vivos sedentos por carne fresca, sedentos pelo definhar daqueles que vivem. Esse é o nosso mundo, onde reina um mal terrível, onde marcha um demônio antigo e que tratará de vir pessoalmente ao nosso encontro se não nos entregarmos perante as pressões das sombras e de seus servos. Muitos dos nossos caíram antes e ante nós. Porém, não temamos os gigantes desse mundo! Os que caem, caem por falta de fé e ousadia! (Números 13 e 14) O Deus do Universo está do nosso lado nessa empreitada e não precisa de números em Seus exércitos, apenas de guerreiros fiéis!
O que nos pode ser de maior bom senso, ao vermos o homem tropeçando cada vez mais em seus sonhos falhos, rumando para seu próprio colapso, enquanto carregamos conosco a Verdade, a solução, o Único Caminho, nos impormos em ousadia e levarmos a mensagem de Cristo? Conceber que não temos como sair, em vida, desta fenda escura e que, portanto, temos algo nobre a fazer aqui? O Filho de Deus esteve nesse mesmo ambiente e iniciou uma obra que temos a obrigação de continuar! O que há de mais nobre do que isso? Por honra, por amor aos caídos! Os caídos que tentam nos derrubar, estes é que precisam da luz que portamos! Resistamos a eles e lhes mostremos a Única alternativa!
Então remeto-me à Batalha do Abismo de Helm, dO Senhor dos Anéis e As Duas Torres. Guarniçados, os últimos remanescentes, nessas intransponíveis muralhas de rocha. Se temermos as legiões de dezenas de milhares que nos pressionam contra o paredão, se, horrorizados, deixarmos um traço de rebeldia e traição entrar em nossos portões, se permitirmos que a escuridão da falta de fé e ousadia nos tome, cairemos em ruínas. A história de Tolkien nos dá uma bela lição: se não fosse a pequeníssima brecha no muro externo, Helm jamais teria sido invadida, pois aquela pequena abertura, reconhecida pelo inimigo, servira de depósito para explosivos, a dinamitar os fundamentos dos muros. Não podemos deixar brecha alguma! Fortifiquemo-nos no Senhor dos Exércitos, deixemos formar, entorno de nós como Corpo de Cristo, uma indestrutível e impenetrável muralha de fé e coragem, que supere a própria MORTE!
Não esqueça: eles estão vindo. O "mundo" e suas armas de guerra. A questão é morrer rendendo-se -ao deixar arruinar a mente e permitir que nosso corpo se torne hospedeiro dos vermes mundanos-, ou lutar até o fim, até a morte física -e redenção no Céu- ou até a vinda do Rei! Resistamos até o FIM! Como diz Gimli em Moria, quando as portas da sala do Túmulo estão sendo arrombadas: "Deixem eles virem! Há um anão em Moria que ainda respira!"

Segue o vídeo de introdução do jogo World of Warcraft, cuja música chama-se War Drums, relatando o recomeço das guerras entre a Aliança e a Horda, quando os inimigos começam a se vigiar e infiltrar. Com o mal da guerra às portas, os oponentes não se esconderam ou ocultaram, aceitaram o inevitável e partiram para o conflito... não se pode agir calmamente quando chega-se ao extremo!


Natanael Castoldi
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E, por fim, o citado artigo do meu pai:

REMANESCENTE FIEL

O tempo que vivemos, definido como pós-modernidade coloca-nos diante de desafios gigantescos, pois a mentalidade corrente desse pensamento é a desconstrução. Num mundo globalizado e pluralista, todas as culturas e experiências se misturam , desencadeando aquilo que alguns estudiosos chamam de “contaminação cognoscitiva”, ou seja, todos os conhecimentos são afetados por outros conhecimentos e assim as essências vão se misturando, avançando uma para dentro da outra até ao ponto de inverter radicalmente alguns padrões que eram tidos por inegociáveis. Especialmente afetados por esse fenômeno estão os conhecimentos que envolvem o comportamento. Não se pode mudar as leis da física, da química, da matemática, porém pode-se mudar a filosofia, a religião, a moral, a ética. Ora, à medida que essa mistura acontece, a tendência lógica é que os padrões antes reprimidos serão agora supervalorizados em detrimento aos valores estabelecidos. Por isso se fala tanto em direito das minorias.

Um fato, porém, é compreender o tempo que estamos vivendo, outro é ter por legítimas todas as mudanças que estão acontecendo. Olhando para a Bíblia, percebemos que a nação de Israel, como povo escolhido, atravessou crises terríveis, porém em meio aos períodos da mais degradante corrupção, sempre restou um remanescente fiel, através do qual Deus pôde depois tomar de volta para si o rumo da nação e levar a termo o Seu propósito. Jesus foi o ponto culminante desse processo: “Eis que vem dias, diz o Senhor, em que cumprirei a boa palavra que proferi à casa de Israel e à casa de Judá. Naqueles dias e naquele tempo, farei brotar a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra”Jeremias 33.14-15.

A pós-modernidade, questiona tudo, flexibiliza tudo, relativiza tudo. Porém isso não significa que todo questionamento é legítimo, que toda flexibilidade é positiva, que todo relativismo liberta. O teólogo americano Peter Berger afirma: “O relativismo liberta, mas a liberdade que dele resulta pode ser muito dolorosa”. Essa é a questão que precisamos considerar se não queremos ser engolidos por essa avalanche de novos conceitos que minam todas as nossas estruturas.

Pais e filhos precisam refletir e dialogar sobre as mudanças que estão sendo impostas pela mídia e ver até que ponto elas serão positivas para a família; professores e alunos precisam refletir e dialogar sobre as mudanças que estão sendo introduzidas na cultura jovem e ver se elas de fato contribuirão para a construção da verdadeira cidadania; lideranças políticas e sociedade deverão refletir e dialogar sobre todo um arcabouço jurídico que está sendo imposto em nome da pretensa defesa dos “Direitos Humanos” e ver até que ponto essas novas leis de fato criarão uma ordem social justa e saudável; o povo de Deus deverá refletir e dialogar até que ponto determinadas as mudanças na cultura religiosa, afetarão a integridade da doutrina e da vocação do cristianismo como sal e luz do mundo.

Há coisas que podem mudar, mas há coisas que não podem mudar, porquanto há coisas que foram, são e sempre serão certas e outras que foram, são sempre serão erradas. O relativismo pode ser atraente num primeiro momento, mas não existe a possibilidade de que tudo seja a mesma coisa. Um mundo sem limites é como um corpo tomado pelo câncer. Seria loucura ignorar tal diagnóstico!

Prezado leitor: Se você se sente identificado com minhas angústias, quero lhe dizer que mesmo num contexto onde tudo parece ter ficado velho e inútil, onde tudo parecer ter perdido a razão e o sentido, Deus honrará seus remanescentes fiéis: “Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova”Jó 14.7-9.

JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!

Armando Castoldi

"Tudo o que fazemos em vida ecoa pela eternidade!" Maximus Decimus Meridius -Gladiador.

Assista, por fim, um vídeo sobre a Batalha dos Campos de Pellenor, o derradeiro embate pela sobrevivência dos Povos Livres da Terra-Média, quando todo o mal de Mordor e seus aliados choca-se nos muros da capital de Gondor.

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