Tal proposta resumia-se na idéia de que a vida não é um caminho reto e contínuo, que na vida existem vários fins e outros tantos começos, que nada, nem o casamento, é eterno. Parece mais uma das típicas consolações para os vestibulandos e os leitores em geral que, como nunca, estão dependendo de auto-ajuda devido ao declínio da mente. A idéia venenosa de redação culminava nas seguintes afirmações:
"A vida é uma ciranda de muitos começos. Escolha a profissão que você julgar a mais de acordo com o seu coração, sabendo que você é definitivo. Nem o casamento. Nem a profissão. Nem a própria vida..." (...) "Mas a vida não é uma corrida em linha reta. A vida é uma ciranda de muitos começos."
Sutil, não? Idéia antropocêntrica, cética e absolutamente mortal...

... Eu simplesmente não consegui deixar de argumentar o inverso. O que segue é a redação na íntegra:
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Construir para Durar
Com o tempo, a explosão de novidades que nos bombardeiam diariamente e a extrema dinamicidade da vida profissional, os valores duráveis acabaram se diluindo. As torrentes da rotina inconstante levaram embora o que havia de melhor e mais íntegro na sociedade, tornando o perpétuo, mortalmente perecível. Até que ponto a humanidade evolui? Até que ponto ela suportará com seus ideais de periódica "mudança de tudo"?
Embora mais rígida e bruta em todas as áreas, a sociedade de nossos antepassados e ancestrais fora, nitidamente, mais sólida, constante e psicologicamente poderosa. Isso se devia à clara concepção de todos os indivíduos em relação ao certo e errado, aos valores, ao ético e moral. Desde o nascimento todo um caminho já começava a ser arquitetado e, ainda criança, o homem aprendia a construir "pra vida toda". O emprego era tão definitivo quanto o casamento. A importância do legado póstumo era devidamente concebida. Hoje... só ruínas!



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Na segunda postagem do blog eu falo algo sobre isso, A Velha Glória que se perde desde a saída do Éden. O absoluto oposto da tal Velha Glória está explícito no título da postagem: dadaísmo social...

... De fato, não sei se existe essa expressão, não me lembro de ter lido ou ouvido em lugar algum, portanto, considero-me aquele que primeiro a usou. Vamos ao esplanar:
O dadaísmo foi uma das vanguardas do início do século passado, o movimento mais radical dentre todas as barbaridades que surgiram nesse período com o intúito de acabar com toda a boa arte e instituir o princípio do seu colapso. O dadaísmo pregava a destruição de tudo, se opunha a qualquer forma de equilíbrio, almejando a agressão à cultura, a instauração do caos e da loucura. Desenvolveu-se com base o ceticismo e pessismismo. - A face escancarada de Satanás.
É em demasia fácil compreender do que trata o "dadaísmo social" e, analisando a redação acima, já se tem toda argumentação necessária para tê-lo como maior ideologia -involuntária e inconscientemente- seguida pela humanidade de nossos dias. A destruição da velha ordem, o fim do belo, do sóbrio, da cultura, da sabedoria, da Criação. Acontece que no dadaísmo social o homem não está destruindo apenas aquilo que toca, está destruindo a si mesmo!

Eu acho engraçada essa prepotência humana. Podemos morrer ao tropeçar, não conhecemos metade da complexidade de nossa constituição física e mental, não conseguimos explicar uma fração do que ocorre no universo e queremos nos colocar no posto de deuses donos do destino. Só o fato de sermos fisicamente mortais já deveria tornar esse antropocentrismo nossa sepultura - cava-se e cava-se em demasia, mais do que os conhecimentos e capacidades possibilitam. Logo as paredes desse túnel de orgulho ruirão e serão, sim, o eterno túmulo dos homens. Paremos, nós, de contribuir com nosso próprio fim! Do lado de fora da passagem por onde entramos há luz e certeza de vida!

Finalizo com uma frase magnífica do saudoso C.S. Lewis:
"Mera mudança não é crescimento. Crescimento é a síntese de mudança e continuidade, e onde não há continuidade, não há crescimento."
Natanael Castoldi
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