A experiência em Gramado, na temporada de acampamentos a qual me referi na postagem "Tempo de Descanso", foi muito rica e vasta. O convívio com cristãos de várias idades e de gerações mais novas, além de seguidores de religiões diferentes, faz-me perceber a quantas anda o ensino do cristianismo para os pequenos e compará-lo ao que percebi nos não-cristãos. Decepcionei-me.
Numa semana, em especial, tive no mesmo quarto um católico, um budista e três protestantes e essa foi a semana que mais me fez refletir. Um dos protestantes, o que mais falava, se via largamente contaminado por idéias ateístas de mundo, outro se interessava menos ainda por Deus, foi para o acampamento cristão sem o desejo de orar uma única vez, sem vontade para cantar e louvar, mas motivado para a rebeldia. O último protestante, por fim, salvou essa parte do grupo, embora conhecesse tão pouco quanto os outros a Bíblia. O católico, embora sem conhecimento bíblico, parecia estar lá pelos motivos certos, sendo exemplar em atitudes, também não foi necessário pressioná-lo para participar das atividades e se envolver com Deus - ao contrário de dois dos protestantes. Aquele que restou, por fim, foi o que mais me impressionou: o budista. Não tive acampante ao longo dos 40 dias que se interessasse mais por Deus do que este, não tive acampante mais disciplinado e entusiasmado por saber mais sobre o Pai, sempre que podia, me perguntava coisas, lia a Palavra e alguns folhetos que dei pra ele. Relacionando todos os exemplos vivos que tinha diante de mim, envergonhei-me! Os protestantes ainda estão fazendo a diferença? Ainda são parâmetro de vida e ânimo? Pelo visto... não! O brilho no olhar se perdeu enquanto contaminados pelo "mundo".
As novas gerações de cristãos, sem dúvida, tanto quanto as de incrédulos, estão percebendo a decadência do cristianismo e se adaptando. Os cristãos se tornaram os lobos do cristianismo. Os pais de lares cristãos não estão mais, devidamente, instruíndo seus filhos quanto à Palavra, não se preocupam com seu crescimento espiritual, com sua vida de oração e reflexão sobre Deus. Os pais não estão servindo de exemplo para os pequenos, se envolvendo em vícios, adultério e mentiras. Outrora ser protestante era um atributo reconhecido pelos mundanos: automaticamente o indivíduo era considerado justo, confiável e sóbrio. Hoje, porém, não passa de sinônimo para ladrão e hipócrita. As crianças percebem quando seus pais atuam na igreja, sendo pessoas completamente diferentes no templo e perante os irmãos, enquanto em casa são violentos e impuros. As crianças notam a hipocrisia de pais, que na igreja parecem santos, mas em casa as convidam para assistir pornografia = Big Brother. Que espécie de Deus essas crianças concebem existir? Um Deus local, que se encontra apenas na igreja e que é facilmente enganado por um teatro de fingimentos? Um Deus que não se importa com o pecado? Um Deus frio e distante, que só precisa ser encontrado aos domingos? Um Papai do Céu, que só existe para presentear e trazer fortuna? Um Deus pequeno, que não deve ser temido e respeitado? Um Deus que conseguimos manipular, uma força espiritual que atua em nosso favor? Não sei... mas sei que, de forma alguma, é possível conhecer o verdadeiro Deus se o pequeno se embasar nos fatores acima.
O fato é que a dualidade desse cristianismo apresentado -parte sujo e parte limpo-, confunde as crianças, o legalismo -maior zelo em relação a que tipo de música ouvir do que a comunhão com Deus-, as deixa ainda mais confusas, pois traz regras que não se fundamentam na razão bíblica, também o fanatismo insano, que concebem ser mais fruto das emoções do que ação de Deus - elas vêem seus pais gritando e rodopiando na igreja, mas sabem dos monstros que são em casa. Como esperar que as novas gerações cristãs se alegrem com as coisas de Deus? Como exigir? Como?! A indisciplina, a ignorância em relação à Palavra e o completo desinteresse com as coisas de Deus são resultado óbvio do trabalho terrível que as gerações anteriores fizeram! Por isso, também, muitos se entregam ao ateísmo: mediante tanta incerteza e confusão, o completo caos -oposto de Deus-, a proposta cética parece mais sóbria e confortável. "Por que irei acreditar no Deus que lidera esse bando de loucos?" Essa é uma pergunta comum e baseada em observação. Como se entregar à Deus, se aqueles que dizem serví-lo O contradizem constantemente?
Agora, deixando um pouco de culpar a mídia e o governo por tudo, culpo os cristãos pela sua própria queda. Muitos cristãos tornam-se ateus por causa de seus "irmãos" na fé. A maioria dos cristãos que desanimam com as coisas de Deus o fazem por culpa dos próprios cristãos e não por causa das pressões do mundo. É, realmente, desanimador. Como os de antes de mim queriam ver uma geração de cristãos fervorosos se trataram a igreja como um clube onde se reúnem cristãos para fingir? Se não mostravam alegria ou ânimo algum para com as coisas do Alto? Como queriam ver uma geração forte, se não transpareceram essa força? Um geração de cristãos verdadeiros se consideram Jesus apenas uma peça opcional nas celebrações? Ah, minha geração, os jovens cristãos dessa época, estão afundados em adultério, vícios, vulgaridade, festas... e, se o exemplo relativamente ruim dos anteriores fez minha geração ser essa imensa vergonha, imagine no que se tornará a próxima geração, que cresce baseando-se no exemplo satânico da minha!
Eu sei que a salvação e a fé é individual, que, se minha fé se baseasse nos outros eu facilmente desanimaria, mas para a massa ignorante e carente desse conhecimento, este senso lógico de cristianismo não existe e o desanimo para com Deus é resultado óbvio. O mais engraçado disso tudo é que a pessoa não precisa parecer desanimada para estar assim, pois muitos cristãos mortos espiritualmente são os senhores da "rave gospel", essa questão se trata do ânimo para com as coisas de Deus. Aquele que escuta mais músicas seculares, canta mais alto as vozes do "mundo", que durante o louvor pensa em mil e um assuntos diferentes, aquele que mal sabe orar e sempre que pode foge da oração, aquele que nunca encontra seu Deus quando sozinho... Este é o desanimado. Como pode ter chegado a esse ponto?! Servimos ao Senhor do Universo e temos preguiça, desanimo?! Como os anteriores foram capazes e tiveram a falta de vergonha para principiar essa "triste história"? Depois que um budista se animou mais com Jesus do que os meus irmãos cristãos, não sei mais o que falar.
Pensemos nisso. É normal um cristão não gostar de orar? É normal um cristão não querer ler a Bíblia? É normal um cristão não querer saber de Deus? Dias confusos! Os seguidores do cristianismo ignoram todos os seus fundamentos! Deixam de ser servos de Deus, deixam de considerar Jesus seu senhor, servindo mais ao Maligno, mas, mesmo assim, ainda ousam pisar nos templos! Hipocrisia! É tão claro como um dia ensolarado o fato de os incrédulos verem nitidamente esse jogo de falsidade e mentira! Não são burros... talvez mais inteligentes que maioria dos supostos cristãos! É mais do que óbvio que cristãos não desejarem e prezarem pelos fundamentos do cristianismo indica que algo está muito errado... E sabemos o que está errado! Agora, o que fazer? Seria completa estupidez, completo descrédito e falta de temor para com Deus, identificarmos o problema e o ignorarmos! Não haveria vergonha maior... não há vergonha maior! É como localizarmos um ponto de infiltração numa embarcação e guardarmos segredo, deixando o navio naufragar.
Para o bem do cristianismo, façamos algo! Os incrédulos percebem em nossos olhos opacos a morte, o fracasso, e jamais se entregarão dessa forma! Só uma espécie de reforma dentro da igreja, uma cruzada para recuperar valores cristãos esquecidos, reaver a luz da razão e a simplicidade do cristianismo primitivo, nos fará, novamente, a forte oposição ao caos e depravação do "mundo", o refúgio em meio ao lamaçal! Purifiquemos a Igreja, começando por nós mesmos, reavendo nossas prioridades, nosso senso de dever! Ergamos a Espada e lutemos! Não devemos deixar um legado de morte para nossos sucessores, não podemos permitir que nosso mal exemplo leve ao Inferno toda a nova geração de cristãos descompromissados e promíscuos e que, através deles, uma geração inteira de incrédulos também caminhe para o Abismo! Responderemos por isso! A culpa e a vergonha será NOSSA!
-Se não conseguimos nem cuidar dos nossos, como queremos receber os de fora? Pensamos tanto e quase que exclusivamente em missões aqui e ali e esquecemos de tratar nosso próprio corpo como Igreja, permitindo que vermes sugadores sequem nossas entranhas!-
Que tipo de "noiva" constituímos para esperar Jesus? Uma noiva desanimada e completamente desinteressada? Não se esqueça: nosso desanimo para com as coisas de Deus mostra o quanto O menosprezamos, nos mostra que oferecemos nosso PIOR para Ele, enquanto, para o "mundo", vendemos nossa alma! Estamos destruíndo algo maravilhoso!!! Estamos entortando os trilhos, derrubando as pontes, entulhando as entradas, estamos produzindo nosso próprio fim! O fim de algo pelo que milhares de pessoas morreram e deram tudo o que tinham! De algo que salvou eternamente centenas de milhares de almas! Que porcaria estamos fazendo com o cristianismo? QUE VERGONHA!
Essa é uma simples reflexão, talvez sem muita novidade, beleza gramatical ou organização, mas, certamente, tem seu valor e queria compartilhar.
Natanael Castoldi
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Hey Natanael, tô aqui me identificando de novo com teu tema. Uma das (várias) coisas que me chamou a atenção: "As crianças percebem quando seus pais atuam na igreja, sendo pessoas completamente diferentes no templo e perante os irmãos, enquanto em casa são violentos e impuros."
ResponderExcluirme dá um frio na barriga só de pensar no que essas crianças vão se tornar, se não forem investidas por cristãos verdadeiros, apaixonados por Cristo, e aí, eis o outro obstáculo, onde esses cristãos foram parar? As vezes, quando eu olho pra realidade das igrejas aqui onde moro até chego a pensar que estamos trazendo o mundo pra dentro da igreja, pra que elas fiquem lotadas, justamente por não dar conta de vencer isso. Provavelmente os meninos que tu citou acreditem ser cristãos de verdade, porque estão com os pais, todos os domingos no banco da igreja, é difícil achar um culpado.. eu só consigo pensar em ser diferente, talvez sirva de algo. Deus te abençoe!
Opa! Obrigado, fico bem feliz por ter retornado a comentar aqui!
ResponderExcluirÉ verdade! Com o mau exemplo que vêem, se tornarão ainda piores! E os futuros filhos delas? Não quero nem imaginar!
De fato, muitas igrejas tem levado o mundo para dentro dos templos, para tornar o ambiente confortável e atrativo para os mundanos. Isso tem destruído terrivelmente o cristianismo de nossos dias!
Sim, os guris que citei acreditavam estar sendo bons cristãos, pois é assim que o cristianismo é apresentado perante eles. É complicado saber como agir... mas existe, realmente, algo que podemos fazer de imediato, como tu disse: sermos diferentes!
Abraço!!!
Essa foi uma das melhores postagens que tu ja fez, na minha opinião. Acredite! Uma das melhores! o/
ResponderExcluirOpa!! O loco XD
ResponderExcluirVlw cara!!
Fico tri feliz em ler isso ^^