Hoje pretendo fazer algo diferente: vou trazer-lhes um estudo bíblico com aplicação espiritual para o cotidiano, porém com embasamento arqueológico para cada ponto, tecendo uma reflexão que fundi o espiritual e o material, observável, numa só verdade, como forma de evidenciar a natureza das Escrituras: incontáveis tesouros espirituais incutidos em histórias reais. Pronto pra viagem?
A Graça de Deus no Antigo Testamento:
Resumo geral: 1 - Introdução (história humana); 2 - O problema do homem; 3 - A Graça no Antigo Testamento (evidências arqueológicas); Conclusão
1 - Introdução:
Ao lermos a Bíblia, embora venhamos a perceber uma íntima ligação entre o Antigo e o Novo Testamento, geralmente nos surpreendemos com a ideia de Graça Divina, largamente pregada por Paulo, como algo que não era aspirado ou se fazia nitidamente presente no Antigo Testamento, porém, quando cuidamos em analisar os interesses universais do homem, baseados numa origem física e espiritual comum, o que se reflete nas semelhanças entre as mitologias, verificamos que a proposta cristã é, simplesmente, o clímax de tudo o que os hebreus já almejavam e procuravam.
Gênesis 2:7 diz que o homem veio do pó da terra e recebeu vida espiritual diretamente do Criador. Esses dois pontos são as origens das religiões, surgidas depois da Queda e com base na procura humana pelo Divino, do qual se perdeu: ligado à terra, o homem passa a procurar Deus através de construções, tentando atingir os céus, ou por meio de diversas esculturas e sacrifícios materiais; ligado ao espiritual pelo Sopro do Espírito de Deus, o Transcendente, o homem tende a buscar Deus em si mesmo, através da aptidão física, excelência intelectual, boas obras... Toda a História Humana se desenvolve nessa busca pelo Paraíso Perdido, pelo seu Criador, que não sabe quem é, mas que deseja encontrar ardentemente, usufruindo de todos os seus recursos e meios.
Os egípcios tentaram atingir o Altíssimo através das construções:
E ídolos:
De modo semelhante foi com os babilônios:
Assim como foi com os gregos:
Os ameríndios pré-colombianos:
Os romanos:
Os gregos buscaram a excelência física para atingir Deus:
Os romanos prosseguiram com tal mentalidade:
Assim como os povos do Norte da Europa:
Os gregos usufruíram do intelecto na busca pelo Divino:
E os romanos deram continuidade a tal procedimento:
Os cananeus buscaram o Celeste através do sangue:
Assim como os romanos:
E os ameríndios pré-colombianos:
Os sacerdotes do mundo inteiro buscaram o Elevado por meio de numerosas normas de conduta e ritual (fome, meditação, mantras, isolamento, silêncio, masoquismo...):
2 - O problema:
O mesmo cenário se repetiu ao longo de milênios, com vários povos tentando atingir o Criador das mais variadas formas, mas tudo sem sucesso, sempre fracassando, isso por motivos óbvios, já que o Criador do Universo, Transcendente, Infinito e Perfeito não pode ser atingido pelo homem, criado, imanente, finito e imperfeito, por isso, obviamente, o Divino só poder ser conhecido através da revelação que Ele decide fazer de Si mesmo. As religiões mais primitivas da Mesopotâmia, Egito e Canaã se dissiparam com o tempo, a racionalidade grega e romana quase os levou ao ateísmo, de uma forma ou de outra todos os povos tentaram chegar ao Céu e não conseguiram: geralmente começavam com grandes construções, que pretendiam alcançar o Paraíso perdido no Éden (1), juntamente com os sacrifícios de sangue a serem oferecidos nessas estruturas (2), depois pendiam para a excelência física, na tentativa de atrair a atenção dos deuses, isso através do quase divino desempenho esportivo ou da fúria no campo de batalha em favor da divindade (3), e, por fim, buscavam o Altíssimo, tendo fracassado nas outras tentativas, através da maquinação intelectual (4), que geralmente vinha com rígidos padrões de conduta, jejuns, isolamento, silêncio e até masoquismo e, chegando nesse nível, ao perceberem a impossibilidade de se alcançar o Celeste, pendiam para outras religiões ou para o ateísmo. Foi nesse contexto que o cristianismo ganhou força no início da Era Cristã, se expandindo pacifica e explosivamente pelo Mediterrâneo. O ser humano busca a Deus naturalmente! "Cérebro humano está programado para assimilar o sobrenatural"
noticias.gospelprime.com.br, 18/05/2012.
noticias.gospelprime.com.br, 18/05/2012.
Diferentemente das mitologias tradicionais, o judaísmo inicia com o relato do Todo-Poderoso encontrando um ser humano, Abraão, e ganha mais corpo quando Deus encontra-Se e revela-Se a Moisés, na sarça ardente. Nas mitologias não existem relatos desse tipo, do Criador revelando-se à criatura e se fazendo conhecido, encontramos apenas uma série de estórias envoltas num mundo mítico, deslocado de nosso tempo e espaço.
No Antigo Testamento encontramos o hebreu buscando Deus, muitas vezes, da mesma forma que os demais povos: estruturas, esculturas, esforço físico, retidão. A verdade é que o próprio Deus estabeleceu ordens que orientassem o homem para tal busca, afim de que o mesmo experimentasse a insuficiência desses meios em encontrá-lo.
3 - A Graça do Antigo Testamento:
a - O fracasso nas Construções:
Como as construções foram, geralmente, as primeiras coisas que o homem tentou fazer uso para chegar até Deus, a Bíblia, logo no início, comenta sobre a impossibilidade de se vislumbrar o Divino através de grandes construções. Gênesis 11:1-9 nos conta a história da Torre de Babel: com uma única língua, muitos homens se uniram no mesmo lugar e almejaram construir uma imensa torre, para chegar até Deus, porém o próprio Criador, analisando a prepotência desses indivíduos, tratou de confundi-los, dividindo a "língua mãe" em centenas de idiomas e outras línguas, levando-os à divisão e colonização do restante da Terra. A ideia aqui é que o homem não pode atingir o Céu através de obras, no caso, arquitetônicas - e um grande número de homens juntos no mesmo lugar não faz diferença. Mas, será que a Torre de Babel realmente existiu? Vejamos:
noticias.gospelprime.com.br, 6/08/2013
"'Língua original' existia há 15.000 anos e influenciou cerca de 700 idiomas contemporâneos.
Linguistas britânicos podem estar perto de provar que nossos antepassados, que viveram milhares de anos atrás, utilizavam certas palavras que podem ser reconhecíveis em línguas modernas, e mantiveram o mesmo significado.
Mark Pagel é um professor de Biologia Evolutiva, especialista em linguagem. Ele não é cristão, mas sua teoria sobre o desenvolvimento da linguagem utiliza a imagem bíblica da Torre de Babel como base. Embora ele a chame de 'tradição'.
Usando um software avançado, a equipe de Mark Pagel afirma que conseguiram determinar que algumas palavras mudaram muito pouco ao longo do tempo. Isso comprovaria a existência de uma grande família linguística, que unifica os sete grupos da Eurásia, até agora considerados os mais antigos.
Se for comprovada, a conclusão inequívoca é que existiu uma língua que deu origem às outras em determinado momento da história. É isso que o remete à história bíblica da 'torre de Babel'. Até o momento, os linguistas baseavam suas investigações apenas na existência de sons similares entre palavras, para determinar quais teriam uma origem ancestral comum. Em estudos anteriores, Mark Pagel demonstrou a evolução das 7.000 línguas atualmente faladas no planeta, analisando a utilização da linguagem e por que algumas palavras desapareceram.
'A maneira como utilizamos certas palavras na linguagem cotidiana é, de alguma forma, comum a todas as línguas da humanidade. Descobrimos que os substantivos, pronomes e advérbios são substituídos com menos frequência, ou seja, uma vez a cada 10.000 anos ou mais', argumenta Pagel. (...)
Agora, surgiria essa ligação de 700 idiomas contemporâneos, que compartilhariam a mesma origem. Elas 'descendem de uma linguagem única, utilizada pelo homem há cerca de 15.000 anos', explica Pagel, que publicou seu estudo científico recentemente e foi reconhecido pela Academia Britânica de Ciências."
noticias.gospelprime.com.br, 6/08/2013
"Um artigo publicado pela dupla de pesquisadores Roy Liran e Ran Barkai, da Universidade de Tel Aviv, no mês passado, abre uma discussão sobre a veracidade da passagem bíblica de Gênesis 11 que fala sobre a Torre de Babel. Ela teria existido ou não?
A descoberta em 1952, em Jericó, na Palestina, de uma torre de 8,5 metros seria a prova de que de fato a passagem bíblica estava certa, esse edifício seria um dos primeiros arranha-céus da história da humanidade e poderia ter sido construído para servir ao povo de proteção contra invasões ou como espaço para observação de astros e estrelas. (...)
Um tablete de argila com escrita cuneiforme – um dos primeiros textos da humanidade, datado de 2500 a. C., encontrado no Iraque e traduzido em 1872 – traz um relato controvertido que parece ser um paralelo à história bíblica da Torre de Babel: '…seu coração se tornou mal… Babilônia submeteu os pequenos e os grandes. Ele (uma divindade) confundiu seus idiomas… o seu lugar forte, que por muitos dias eles edificaram, numa só noite ele trouxe abaixo.'
Outro texto cuneiforme, produzido em cerca de 2200 a. C. e publicado em 1968, faz menção de uma época em que havia 'harmonia de idiomas em toda Suméria' e os cidadãos 'adoravam ao deus Enlil numa só língua… o deus Enki, senhor da abundância… e o líder dos deuses… mudou a linguagem na sua boca e trouxe confusão a eles. Até então, a linguagem dos homens era apenas uma.”
noticias.gospelprime.com.br, 4/01/2012
A conclusão de uma inscrição de 2.600 anos foi feita por especialistas e publicadas no livro ”Cuneiform Royal Inscriptions and Related Texts in the Schoyen Collection” (“Inscrições Reais em Cuneiforme e Textos Relacionados da Coleção Schoyen”) onde eles afirmam que a pedra estudada trata-se da placa comemorativa da inauguração da Torre de Babel. (...)
Entre as pelas analisadas está a estela (um poste de pedra) erigida entre os anos de 605 a.C. e 562 a.C., quando Nabucodonosor II governava a Babilônia. A pedra está coberta com textos e desenhos relatando a construção de uma obra.
Os estudiosos disseram que o nome dessa obra era Etemenanki. Em sumério, idioma que já era arcaico nos tempos de Nabucodonosor II, a palavra significa “templo das fundações da terra e do céu”. E o rei da Babilônia carrega nas tintas propagandísticas ao descrever como construiu a estrutura, cuja altura, segundo relatos posteriores, chegava a mais de 90 m."
b - Sacrifícios não aproximam de Deus:
Dentro da questão das construções, lembro-me do Templo de Salomão, onde também se faziam sacrifícios de animais. É interessante notar, primeiramente, que Salomão reconheceu a insuficiência do Templo em 1 Reis 8:27. A verdade é que Deus encontrou Abraão em uma simples tenda (Gênesis 13:14-18) e não libera Seu favor mediante os apelos da suntuosidade (Amós 3:15; Salmos 147:6). O fato, com relação aos sacrifícios de animais, é que no próprio Antigo Testamento ele é considerado inválido para se agradar verdadeiramente a Deus (Salmos 40:6; Salmos 51:16-17). Mas existiu esse tal de "Templo de Salomão"?
veja.abril.com.br, 22/01/2003
"O Instituto Geológico de Israel, que divulgou a descoberta, não revelou as circunstâncias do achado. O dono, um colecionador anônimo, levou a peça para ser examinada um ano atrás. Os testes mostraram que a inscrição datava do século IX a.C., o que coincidiria com o reinado de Joás. Os exames também indicaram a presença de salpicos de ouro fundido na superfície da pedra, que poderiam ter sido causados por um incêndio, como o que destruiu o Templo de Salomão, em 586 a.C. Segundo a Bíblia, Salomão, filho do rei Davi, viveu há 3.000 anos, no auge do Reino de Israel. A Bíblia conta que nobres e plebeus vinham consultá-lo por sua sabedoria. Faz parte da cultura universal a decisão de Salomão no caso das duas mulheres que disputavam a maternidade de um bebê. O rei mandou cortar a criança em duas metades com o fio da espada e descobriu a mãe verdadeira pelos protestos desesperados de uma delas para que deixasse a criança viver. Mas as provas históricas da existência de Salomão são escassas. Evidências de seu famoso templo nunca tinham sido encontradas, e muitas das construções atribuídas a ele foram erguidas por reis posteriores."
amaivos.uol.com.br
"Uma placa de pedra negra contendo uma inscrição fenícia atribuída ao rei judeu Jehoash que reinou em Jerusalém no fim do século IX antes da era cristã foi autenticada por peritos, indicou o jornal israelita Haaretz. Segundo o jornal, esta inscrição de dez linhas escrita na primeira pessoa dá conta de "reparações ordenadas no Templo" pelo rei Jehoash, e assemelha-se muito a uma passagem do Livro dos Reis da Bíblia (capítulo 12).
O fragmento foi aparentemente descoberto durante importantes trabalhos de escavação realizados pelos muçulmanos nos últimos anos no Monte do Templo de Jerusalém, o local mais sagrado do judaísmo."
c - Excelência física não aproxima de Deus:
O herói bíblico de maior aptidão física, sem dúvida, foi Sansão (Juízes 15:14; 16:6,9). Apesar de ser tão poderosamente usado por Deus em termos de força, Sansão não aproximou-se, mas se afastou do Altíssimo (Juízes 16:19-31), reencontrando-O somente no momento em que estava mais fraco. Mas será que Sansão existiu?
Criacionismo.com.br, 08/08/2013; cafetorah.com, 29/07/2012
"Uma pequena pedra encontrada em Israel pode ser a primeira evidência arqueológica da história de Sansão, o fortão mais famoso da Bíblia. Com menos de uma polegada de diâmetro, a gravura esculpida mostra um homem com cabelos longos lutando contra um grande animal com rabo de felino. A pedra foi encontrada em Tell Beit Shemesh, nos montes hebreus próximos a Jerusalém, e data aproximadamente do século XI antes de Cristo. Biblicamente falando, nessa época, os judeus eram conduzidos por líderes conhecidos como juízes, e Sansão era um deles. A pedra foi encontrada em um local próximo ao rio Sorek (que marcava a antiga fronteira entre o território dos israelitas e o dos filisteus), o que sugere que a gravura poderia representar a figura bíblica."
d - O intelecto não aproxima de Deus:
Assim como Sansão, mesmo sendo o mais forte da Bíblia, se afastou de Deus, Salomão, o mais inteligente, também o fez. 1 Reis 4:29-30 diz que Salomão era, no mínimo, o homem mais inteligente de toda a região de Israel e, mesmo assim, afastou-se largamente do Criador, 1 Reis 11:4-6. Salomão, de fato, existiu?
Criacionismo.com.br, 23/02/2010
"A arqueóloga israelense Eilat Mazar afirmou ontem que algumas estruturas encontradas por ela e pela sua equipe, em Jerusalém, datam da época do rei Salomão (1000 a.C.) O achado é significativo, já que há uma nova geração de arqueólogos (entre eles o ateu Israel Finkelstein) que considera os relatos dos reinos de Davi e Salomão, puramente mitológicos. "
permanecerecompartilhar.blogspot.com.br, 29/10/2012; Criacionismo.com.br, 28/10/2008
"Escavações na Jordânia sugerem que a extração de cobre em escala industrial no antigo reino de Edom - região que, segundo a Bíblia, teria sido vassala dos reis de Israel - coincide, em seu auge, com a época do filho de Davi. Em outras palavras: as célebres 'minas do rei Salomão' podem ter existido do outro lado do rio Jordão.
A pesquisa, coordenada pelo arqueólogo Thomas E. Levy, da Universidade da Califórnia em San Diego, está na edição desta semana da prestigiosa revista científica americana PNAS, e bate de frente com os que duvidam da existência de uma monarquia poderosa em Jerusalém durante o século 10 a.C. Segundo esses pesquisadores, como Israel Finkelstein [ele é um arqueólogo ateu, figura sempre presente nas páginas da Superinteressante e da Galileu], da Universidade de Tel Aviv, tanto a região de Jerusalém quanto a área de Edom, onde as minas foram encontradas, eram habitadas por uns poucos aldeões e pastores nômades nessa época. O surgimento de reinos politicamente bem organizados e capazes de empreendimentos de larga escala só teria sido possível por ali cerca de 200 anos depois. (...)
E não é só isso: escavações numa fortaleza próxima também sugerem uma construção na era salomônica, durante o século 10 a.C. Segundo o relato bíblico, Salomão usou vastas quantidades de bronze (cuja matéria-prima, ao lado do estanho, era o cobre) na construção do templo de Jerusalém. Também teria continuado o domínio estabelecido por seu pai Davi sobre Edom e financiado uma frota de navios mercantes que saíam do litoral edomita em busca de produtos de luxo."
Conclusão:
Demonstrando que o homem é incapaz de conquistar a Salvação, de alcançar Deus, pelas obras arquitetônicas, pela força, pelos sacrifícios e pelo intelecto, o Senhor criou uma fortíssima necessidade messiânica: só o próprio Deus poderia salvar o homem, impotente. Sem Cristo, o judaísmo seria a religião mais deprimente do mundo: o Antigo Testamento reconhece a insuficiência do Templo, dos sacrifícios, da força, da inteligência... enfim, de qualquer obra humana e, inclusive, de tudo aquilo que o próprio Deus os tinha ordenado através de Moisés. Fica evidente que o propósito máximo da Lei e de todo o restante do Antigo Testamento estava na construção de uma configuração mental e emocional propícia para a vinda do Messias, que realmente veio ao mundo, que realmente viveu, que realmente morreu e que realmente ressuscitou. O que podemos entender com isso tudo? Que nada, nada além de Cristo é suficiente para a Salvação, para a reconquista do Paraíso Perdido, para o reencontro com Deus!
A Bíblia transmite verdades teológicas de muita profundidade, porém trabalha com verdades históricas da mais alta qualidade. O mais importante disso tudo é que podemos levar para a nossa vida não somente lições de histórias marcantes, mas aprendizados obtidos em acontecimentos reais, com pessoas reais, com seres humanos como eu e você, que realmente tentaram e que verdadeiramente fracassaram. Existem outras muitas evidências arqueológicas para a Bíblia, selecionei essas porque foram providenciais para o estudo.
Natanael Pedro Castoldi
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