Umas semanas atrás me foi dada a tarefa, como trabalho de matéria, de procurar um assunto interessante para fazer uma análise de tópico em Provérbios e como você, se já lê meus escritos há algum tempo, pode imaginar, eu escolhi a temática "relacionamento com o inimigo", pois, para mim, saber se relacionar com quem quer nos destruir é algo essencial nesse mundo hostil. Hoje outra tarefa na mesma matéria nos foi dada: fazer uma análise do livro de Judas o qual, coincidentemente, fala algo bem parecido com o que escolhi para Provérbios. Decidi que seria interessante falar um pouco sobre essas duas reflexões.
Vou começar com a análise de alguns pontos de Judas e, em paralelo, 2 Pedro - alguns teólogos questionam, em tom de brincadeira, se Judas -irmão de Tiago e Jesus- copiou Pedro ou se Pedro copiou Judas, mas eu prefiro crer que esses dois, assim como CS Lewis e Tolkien, se encontravam pra "tomar um chima" e bater uns papos, formulando algumas idéias comuns. Brincadeiras à parte, os dois falam sobre um assunto seríssimo e com uma crueza fenomenal: apostasia.
Logo depois da exaltação, Judas demonstra sua grande preocupação com a situação da(s) igreja(s) a que remetia: deixa de falar de salvação para exortar a perseverança na fé -o que tem sua lógica, pois, de que adianta falar da Vida Eterna, se algo que pode pô-la em jogo é mais urgente?- Seu apelo começa com a justificativa: "certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor." A Linguagem de Hoje fala algo um pouco diferente: "Porque alguns homens incrédulos, sem serem notados, entraram no meio da nossa gente. Eles modificam a mensagem a respeito da graça do nosso Deus e fazem isso a fim de arranjarem uma desculpa para as suas vidas imorais. E também rejeitaram Jesus Cristo, nosso único Mestre e Senhor. Há muito tempo que as Escrituras Sagradas anunciaram essa condenação que eles já receberam." Na Almeida a idéia é muito parecida.
Hoje na aula foi comentado sobre o texto da NVI parecer afirmar uma predestinação ao Inferno para os ímpios a profanar a Igreja. Como eu estou sempre um "pé atrás" nessa história, pois acho um saco ver cristãos argumentando a segurança da salvação para fazer besteiras imorais, entendi que a passagem, principalmente na Almeida e na LH, diz que estes estão condenados eternamente a partir do ponto em que não mais seguem o cristianismo com a motivação certa, minha Bíblia de estudos os define como apóstatas, o que logo me remete a uma pesada passagem de Hebreus, no capítulo 6 e versículos 4-6, que comento na postagem "Pedindo pra morrer": os que conheceram a Verdade, mas recaíram, negando-a e recrucificando a Cristo, não podem mais ser salvos. A parte "há muito tempo que as Escrituras Sagradas anunciaram essa condenação", ao meu ver, refere-se ao julgamento eterno para o pecado voluntário na Lei, em Números 15:30-31: "Mas a pessoa que fizer alguma coisa temerariamente(...)será extirpada do meio do seu povo. Pois desprezou a palavra do SENHOR, e anulou o seu mandamento; totalmente será extirpada aquela pessoa, a sua iniqüidade será sobre ela." Alguns dão como base de argumento para o autor de Hebreus, no capítulo 10, nos versículos 26 e 27: "Porque, se pecarmos voluntariamente depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecado" (26, Almeida). A NVI deixa mais clara a questão de viver em pecado, o que vai além de um pecado isolado: "Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados."
O bonito da passagem de Judas citada acima é a lógica nela inserida, lógica que eu mesmo comentei em "Anticristianismo cristão": o falso cristão comentado acima, que usa do argumento da segurança da salvação pela Graça para se acomodar ou praticar atos ilícitos, não conhece a Graça coisa nenhuma e, justamente por isso, está condenado... eternamente? É o que parece, mas prefiro não desferir julgamento próprio nessa história.
O texto segue com exemplos do passado e que se aplicam no presente, tanto no período de Judas quanto no nosso: "Embora vocês já tenham conhecimento de tudo isso, quero lembrar-lhes que o Senhor libertou um povo do Egito mas, posteriormente, destruiu os que não creram. E aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia. De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais. Estando sob o castigo do fogo eterno, elas servem de exemplo." Quem foram os que não creram no Êxodo e, por isso, foram destruídos? Os que continuaram apegados à idolatria, os que não abriram mão daquilo que viveram e aprenderam na cultura egípcia -qualquer semelhança com o cristão que persiste, voluntariamente, na imundícia, não é coincidência.
Enquanto isso, 2 Pedro inicia fazendo exortação semelhante -versículos 5-11: "Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. Todavia, se alguém não as tem, está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus antigos pecados.
Portanto, irmãos, empenhem-se ainda mais para consolidar o chamado e a eleição de vocês, pois se agirem dessa forma, jamais tropeçarão, e assim vocês estarão ricamente providos quando entrarem no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo."
Há uma mensagem de imenso valor no trecho acima: o cristão de fato deve buscar com empenho o caráter de Cristo e, assim sendo, automaticamente será útil no Reino, produzirá fruto. O cristão que não busca essas qualidade ou, pior, faz o contrário, está cego e desvalorizando o dia em que seus antigos pecados foram remidos. O chamado de Pedro é para a perseverança na busca pelo caráter de Cristo, afim de consolidar a salvação - o que me leva a crer novamente que a "não perseverança" culmina e perda da salvação.
O capítulo 2 de 2 Pedro, versículo 1, justifica a minha argumentação sobre a atitude dos apóstatas condenar-lhes eternamente, não sendo uma predestinação ao Inferno, mas, sim, a livre escolha de ir para lá: "No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição." Pedro prossegue falando de forma semelhante a Judas, mas mantendo o texto, para mim, esteticamente mais bonito e utilizando de alguns exemplos diferentes.
Judas 8 e 2 Pedro 2:10:
"Da mesma forma, estes sonhadores contaminam seus próprios corpos, rejeitam as autoridades e difamam os seres celestiais." / "especialmente os que seguem os desejos impuros da carne e desprezam a autoridade. Insolentes e arrogantes, tais homens não têm medo de difamar os seres celestiais;"
Judas 10 e 2 Pedro 2:12
"Todavia, esses tais difamam tudo o que não entendem; e as coisas que entendem por instinto, como animais irracionais, nessas mesmas coisas se corrompem." / "Mas eles difamam o que desconhecem e são como criaturas irracionais, guiadas pelo instinto, nascidas para serem capturadas e destruídas; serão corrompidos pela sua própria corrupção!"
2 Pedro 2:13 e 14
"Eles receberão retribuição pela injustiça que causaram. Consideram prazer entregar-se à devassidão em plena luz do dia. São nódoas e manchas, regalando-se em seus prazeres, quando participam das festas de vocês.
Tendo os olhos cheios de adultério, nunca param de pecar, iludem os instáveis e têm o coração exercitado na ganância. Malditos!"
À partir daqui o texto de ambos os autores se inflama e sua indignação em relação aos apóstatas fica explícita. Os primeiros versículos (Judas 8 e 2 Pedro 2:10) falam de algo muito atual: aqueles que prosseguem na contaminação de seus corpos pelo pecado e que, conhecedores da verdade, consequentemente debocham dos seres celestiais, o que, ao meu ver, inclui Deus, o Espírito Santo. Supostos cristãos que, sem temor algum, prosseguem na libertinagem? Estes, sem dúvida. Nos segundos versículos há uma caracterização muito sóbria desses cristãos insanos, com os quais Deus, em Sua soberania, saberá como lidar - que os falsos cristãos tremam nas bases e se arrependam de sua brincadeira de cristianismo.
O maior problema desses falsos cristãos está nos versículos 13 e 14 de 2 Pedro 2: em sua evidente promiscuidade, influenciam, como maus exemplos, os novos cristãos, mais fracos na fé. Sua condenação está bem fundamentada no fato de serem terríveis testemunhas, fazendo tropeçar inocentes, prejudicando a Obra, o Reino. Jesus fala muito bem sobre isso em Mateus 18:6: "Mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar."
O texto de Judas e 2 Pedro, que cada vez mais parecem bons amigos quem mantém constante contato -entre eles e para com a mesma fonte inspiradora, Deus -, segue de forma impressionante.
Judas 11-13 e 2 Pedro 2:15-19
Ai deles! Pois seguiram o caminho de Caim, buscando o lucro, caíram no erro de Balaão e foram destruídos na rebelião de Corá. Esses homens são rochas submersas nas festas de fraternidade que vocês fazem, comendo com vocês de maneira desonrosa. São pastores que só cuidam de si mesmos. São nuvens sem água, impelidas pelo vento; árvores de outono, sem frutos, duas vezes mortas, arrancadas pela raiz. São ondas bravias do mar, espumando seus próprios atos vergonhosos; estrelas errantes, para as quais estão reservadas para sempre as mais densas trevas." / "Eles abandonaram o caminho reto e se desviaram, seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o salário da injustiça, mas em sua transgressão foi repreendido por uma jumenta, um animal mudo, que falou com voz humana e refreou a insensatez do profeta.
Esses homens são fontes sem água e névoas impelidas pela tempestade. A escuridão das trevas lhes está reservada, pois eles, com palavras de vaidosa arrogância e provocando os desejos libertinos da carne, seduzem os que estão quase conseguindo fugir daqueles que vivem no erro. Prometendo-lhes liberdade, eles mesmos são escravos da corrupção, pois o homem é escravo daquilo que o domina."
Chegamos ao ápice da argumentação e quando o texto de ambos lança a mensagem que, desde o começo, queria desferir aos insensatos, que, desviando-se do caminho certo, preferiram a busca por seu próprio lucro, são egocentristas. Eles não se importam com os demais, querem sua própria grandeza e, em nome de seu prazer, praticam toda a espécie de adultério -idolatria, imoralidade...- Por isso não produzem frutos e, arrancados pela raiz, nem virão a produzí-los, sobra-lhes a condenação eterna. Mais uma vez escancara-se o seu grande mau: influenciar os fracos na fé com falsas promessas de liberdade -"você pode ser cristão e, ao mesmo tempo, pecar um pouco aqui e ali... ir pra festas, 'ficar'..."-, sendo essa liberdade impossível, pois o pecado é um terrível feitor que sempre consome até a morte. Note a frase: "abandonaram o caminho reto", o que implica no fato de, um dia, eles estarem tido nesse caminho e nesse momento, não mais.
Ao final de Judas e final do capítulo 2 de 2 Pedro, os autores tomam caminhos um pouco diferentes. Judas 18-23 (1) exorta para a perseverança na fé, 2 Pedro 2: 20-22 (2), escancara a podridão sem medida dos apóstatas.
(1) "Eles diziam a vocês: "Nos últimos tempos haverá zombadores que seguirão os seus próprios desejos ímpios". Estes são os que causam divisões entre vocês, os quais seguem a tendência da sua própria alma e não têm o Espírito. Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo. Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna.
Tenham compaixão daqueles que duvidam; a outros, salvem-nos, arrebatando-os do fogo; a outros ainda, mostrem misericórdia com temor, odiando até a roupa contaminada pela carne."
E como há cristãos que zombam de Cristo, de Deus! Ora, quem diz ser cristão, mas não releva o que dizem as Escrituras e segue pecando voluntariamente, debocha de Cristo, do Espírito Santo e, portanto, está sem Ele. São estes os grandes agentes das inúmeras divisões e rachas de igrejas que vemos por aí em nosso universo "gospel". Cuidado!!
Judas prossegue estimulando a perseverança, afim de que os cristãos sérios se mantenham no amor de Deus, enquanto esperam a volta de Cristo e a Vida Eterna. Mais uma vez a questão do texto implica na perda da salvação mediante a "não-perseverança". Estou "bitolado" nesse assunto? Não creio, mas parece-me que é tudo claro demais para ficar calado mediante um bando de calvinistas que querem acariciar a cabeça do cristão apóstada, não assustar o incrédulo ou, ainda arranjar argumentos para sua folga e perdição (não estou generalizando). O texto abordado termina com instruções sobre como chegar-se ao não-salvo e a tão necessária -e hoje esquecida- distância segura.
O 24, de certo modo, nos dá uma boa segurança em Cristo: Ele tem todo o poder para impedir, segundo a Sua vontade, que venhamos a cair. Mas a escolha continua sendo nossa.
(2) "Se, tendo escapado das contaminações do mundo por meio do conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, encontram-se novamente nelas enredados e por elas dominados, estão em pior estado do que no princípio. Teria sido melhor que não tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, depois de o terem conhecido, voltarem as costas para o santo mandamento que lhes foi transmitido. Confirma-se neles que é verdadeiro o provérbio: "O cão voltou ao seu vômito" e ainda: "A porca lavada voltou a revolver-se na lama"."
O texto aqui fala por si só. Comentei-o largamente na postagem "Pedindo pra morrer".
2 Pedro 3:7-18 nos traz um final cheio de esperança, mas de alertas, completando o final que, ao meu ver, foi pouco explorado em Judas:
"Pela mesma palavra os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios.
Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.
O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça.
Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis. Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles.
Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém."
O ímpio será julgado, sua postura maligna não passará pelo crivo de Deus. Mas, mesmo apto a julgar a impiedade, o Pai quer que TODOS sejam salvos e se arrependam - por isso não acho viável a idéia de "predestinação para o Inferno". Pedro é genial -o Espírito Santo o é- ao usar da lógica: se tudo o que existe será destruído, de que vale construir uma vida nesse mundo? O melhor a fazer é buscar o crescimento em Deus! Para tal, devemos viver uma vida santa e piedosa, deixando claro que esperamos ansiosamente pelo Seu Dia, o dia em que seremos salvos. Mas, até lá, nos cabe empenhar-nos em mantermo-nos amigos dEle.
Achei interessantíssima a parte que fala sobre aqueles que distorcem as palavras de Paulo -espero não fazê-lo. Talvez, torcendo a Palavra e manipulando-a, é que os falsos cristãos encontram seus argumentos de que, com a Graça, podemos nos acomodar e pecar sem culpa. O fazem desonestamente e, pecando voluntariamente, julgam-se a si mesmos.
O texto de Pedro termina com uma exortação semelhante a de Judas: cristãos verdadeiros, não se deixem contaminar pelos ímpios, para que não percam a firmeza em Cristo e venham a cair. Pelo contrário: cresçam!
Paulo deixa orientação semelhante ao seu discípulo Timóteo, na primeira carta, no capítulo 1 e nos versículos 18 e 19:
"Timóteo, meu filho, dou-lhe esta instrução, segundo as profecias já proferidas a seu respeito, para que, seguindo-as, você combata o bom combate, mantendo a fé e a boa consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé."
Leitor, não é só em Judas e 2 Pedro que lemos sobre ímpios e justos, como citei no começo da postagem, Provérbios está cheio dessas figuras. Algo interessante que notei na minha análise de tópico são as características dos ímpios e dos justos, que fazem e são coisas opostas e, para ambos, há um destino: salvação em Deus ou condenação pelo juízo de Deus. O título de ímpio ou justo vai além da nomenclatura de "cristão" ou "não-cristão". O ímpio quer o fim do justo, é trapaceiro, apegado ao pecado... e isso vemos em muitos cristãos, que, sendo assim, condenados estão -acho impossível um incrédulo não ser assim, pois sua natureza pecaminosa a imperar o impede de fazê-lo diferente. O justo, por outro lado, ajuda seu inimigo, quer seu bem e espera em Deus, este só pode ser cristão e, sim, graça a Deus, existem alguns cristãos de fato justos. -Leia alguns versículos sugeridos de Provérbios: 27:6; 24:15-18/24; 25:21-22/26; 16:7; 21:12/15/18; 18:5; 14:19; 11:9.
Jesus deixa bem claro em João 3:18-21: quem faz o que é mau odeia a luz, portanto, está nas trevas e, portanto, nega Cristo, a Luz do mundo, não crê de fato nele e será julgado. Paulo a Timóteo, na primeira carta, no capítulo 6, versículos 11-14, 18-21, exemplifica esse conceito:
"Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão. Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado e fez a boa confissão na presença de muitas testemunhas. Diante de Deus, que a tudo dá vida, e de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos fez a boa confissão, eu lhe recomendo: Guarde este mandamento imaculado, irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo / Ordene-lhes (aos ricos) que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos para repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida.
Timóteo, guarde o que lhe foi confiado. Evite as conversas inúteis e profanas e as idéias contraditórias do que é falsamente chamado conhecimento; professando-o, alguns desviaram-se da fé. A graça seja com vocês."
Note: "tome posse da vida eterna". "Tome" é um verbo, o que indica atitude - atitude voluntária. E como Timóteo tomou posse da Vida Eterna? Perseverando no anseio por Cristo, na busca por seu caráter. Da mesma forma os ricos conseguiram chegar à verdadeira vida quando, amando os próximos como a eles mesmos, fizeram o que Deus de antemão preparou para eles: obras (Efésios 2:10). Não quero dizer que as obras salvam, como já afirmei outrora, apenas a Graça de Cristo, mas, pense, um cristão sem obras está, de fato, em Cristo? Amando-O, buscando-O, perseverando nEle? Difícil, pois seu caráter, dessa forma, mostra-se terrivelmente longe do caráter dO Messias. Sua falta de amor pelos próximos escancara sua distância de Deus! O Pai não aceita suborno, não se convence com forças humanas, percebe interesseiros, bajuladores, por isso as obras, por si, não salvam -você não pode fazer boas obras pensando em ser salvo-, elas são a simples conseqüência e prova de que o cristão ama a Deus e aos próximos de forma a ser bom involuntariamente e ter prazer, simplesmente, em ver a alegria do Eu Sou e daquele que auxilou - amor! O texto da primeira carta de Paulo a Timóteo termina com um versículo derradeiro: alguns cristãos, envolvendo-se em ambientes regidos pelos falsos conhecimentos desse mundo caído, acabaram sendo seduzidos e se desviaram da fé - o que indica, repito, a saída do Caminho Estreito para o Largo, a saída da vereda da salvação para a da condenação. Isso me aprece tão claro!
Leitor, não sei o quanto se torna necessária uma conclusão calorosa, pois a postagem, como um todo, foi muito clara e estarrecedora - espero, realmente, tê-lo preocupado. O fato que queiro deixar bem evidente é que Deus, enquanto eu e você pensamos que não se importa tanto, está vendo cada passo que damos e analisando tudo o que nos ocorre interna e externamente. Deus é, embora mais amigo do que pensamos, também mais sério do que concebemos. Ele tem um projeto de eternidade e não aceitará qualquer um, Ele não está de brincadeira! O cristianismo, meu caro, é coisa muito séria! TEMA pecar voluntariamente, TEMA brincar com Deus, TEMA!! É impossível o justo ser ímpio ou o ímpio ser justo. É impossível ser cristão de fato e não ser justo. É impossível ser falso cristão, ímpio, e ser salvo por Cristo. Não sei como remediar a apostasia, mas se você crê ter apostatado alguma vez, tente, de alguma forma, retornar, se prostre a Cristo, chore, se entregue, faça algo! Uma eternidade está em jogo!! E se você tem certeza de que nunca apostatou, tome cuidado para não fazê-lo, pois, como já disse, a coisa é bem mais séria do que pensamos! Nota: sobre perda da salvação existe falta de consenso, há quem diga que é impossível, quem diga que é provável. Eu não quero fazer parecer que estou inflexível, não quero lançar verdade absoluta sobre o paradoxo, o meu desejo é fazer com que você pense que existe a possibilidade de a perda da salvação ser veraz e, acima disso, instigá-lo a buscar a santidade.
Para finalizar: Hebreus 10:29-31; 35-39; 6:7-8.
"Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: "A mim pertence a vingança; eu retribuirei"; e outra vez: "O Senhor julgará o seu povo". Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo! / Por isso, não abram mão da confiança que vocês têm; ela será ricamente recompensada. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu; pois em breve, muito em breve "Aquele que vem virá, e não demorará. Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele".
Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos. / Pois a terra que absorve a chuva, que cai freqüentemente e dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus. Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada. Seu fim é ser queimada."
Natanael Castoldi
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