De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Pedindo pra morrer"

Continuando no pique da postagem anterior, vou falar mais um pouco sobre a perda da salvação. Algumas das referências bíblicas contidas nas citações dos comentários bíblicos que incluí na reflexão abaixo eu sequer conhecia, admito. Li duas que chamaram minha atenção em especial e percebi o porquê de serem tão evitadas: são cruéis e polêmicas demais. Apesar de toda a crua objetividade, sem abrir margem para interpretações fantasiosas, lendo os comentários bíblicos e outros livros que as comentam, percebi o quanto são questionadas e manipuladas, afim de significarem aquilo que tradicionalmente devem significar, com base no que a maioria dos teólogos concebe. Felizmente o texto bíblico nunca dirá aquilo que não quer dizer, e, em forma de cartas, os autores das passagem que citarei, sabendo da relativamente pequena cultura bíblica, principalmente acerca do Evangelho, da parte dos ouvintes originais, não escreveriam coisas complexas e paradoxais demais. O que falaram, falaram, aquilo que o ouvinte original leu é exatamente o que deveria ler e entender.
Comecemos falando de Hebreus 6:4-8:

Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo.
E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro,
E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.
Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus;
Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.
O texto é certeiro: um dia alguns conheceram a vida em Cristo, receberam o Espírito Santo, mas recaíram, negando a Cristo, apostatando, crucificando a Jesus novamente por meio de sua rebeldia. Para esses, ao que parece, não há mais esperança. O Novo Testamento Interpretado, Russem Norman Champlin, comenta:
"<... É impossível...> o que é impossível? A restauração dos apóstatas. O que é possível para o crente? A apostasia. Essas são as idéias do autor sagrado. E essa é a única interpretação honesta. É inútil, por exemplo, vermos qualquer excessão a isso, observando-se que, no sexto versículo, onde aparece o ver principal (<...e caíram...>), a idéia está condicionada à ação maligna de haverem , ação essa apresentada no particípio presente, que pode ser traduzido como , o que poderia indicar que, se abandonarem tal atitude, sua renovação é possível. Seria uma observação vã dizer que <É impossível renovar os apóstatas enquanto persistirem em crucificar novamente a Cristo, com sua rebeldia>. Isso é tão óbvio eu nem mereceria atenção. Mas o que precisa ser mencionado é que é renovar os apóstatas, e que os verdadeiros crentes podem apostatar. E é exatamente esse o aspecto que dá a essa passagem sua urgência particular. Portanto, a tradução correta seria: <... É impossível restaurar ao arrependimento aqueles que antes foram iluminados... se cometerem apostasia, posto que assim crucificam ao Filho de Deus, para seu próprio detrimento, expondo-se à ignomínia...>
(...) Outras passagens do NT concordam com ele – a apostasia é possível (1 Cor 9:27, Col 1:23). Essa tradição é tão sólida no NT que sua veracidade precisa ser admitida.”
E, de forma mais espontânea, Hebreus, Introdução e Comentário, Donald Guthrie:
As várias maneiras que este autor adota no uso da palavra impossível (adynaton) são instrutivas. Aqui, emprega-a para a impossibilidade do arrependimento em certas circunstâncias (...) não há provisões para um meio-termo. Todas estas declarações são absolutas.
(...)
Finalmente, a parte condicional da frase aparece: “se então cometerem apostasia”. A declaração que segue é aplicável somente quando a experiência de iluminação e da participação é ligada com uma apostasia completa. A idéia de apostasia é expressada por um verbo que ocorre exclusivamente aqui no Novo Testamento. O significado da sua raiz é “cair para o lado”, o desvio de um padrão ou caminho aceito. A declaração subseqüente neste caso torna clara a natureza irrecuperável da apostasia. É dito que de novo estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus (...) Não poderia ter expressado a seriedade da apostasia em termos mais enfáticos ou mais trágicos. (...) Talvez esteja pensando que tais apóstatas seriam mais culpáveis do que aqueles que originalmente clamaram “crucifica-o”, que nunca conheceram coisa alguma da maravilhosa graça de Deus através de Cristo. (...) Não poderia haver maneira mais vívida de identificar a posição dos apóstatas com aqueles cujo ódio a Cristo os levou a exibi-Lo como objeto de desprezo numa odiada execução romana. A condenação destas pessoas é tão forte que nada senão a atuação mais grave da parte deles poderia explicá-la.”
De certo modo, essa viável impossibilidade de remediar ato tão repugnante tem relação com a passagem de Marcos 3:29, que fala do único pecado indesculpável: negar o Espírito Santo. Bom, vamos analisar bem: quem saiu das trevas para a luz de Cristo, conheceu-o e recebeu o Espírito Santo, mas voltou voluntariamente à escuridão, indiretamente disse: "Não quero mais Jesus, não quero mais o Espírito Santo, prefiro a vida que levava antes: eu, os prazeres carnais, a decadência moral. Prefiro a vida que levava sem Cristo e sem o Espírito Santo". Isso não acontece apenas com quem sai da igreja, isso acontece, também, com quem está freqüentando o templo. Não sei de onde vem a idéia de que só se desvia, apostata, aquele que sai da igreja, como se esse fosse pior do que o hipócrita inútil que continua indo para os cultos mascarado. Não, negar o Espírito Santo não é apenas gritar aos quatro ventos que o nega. Nega-se o Espírito Santo quando, após recebê-lo uma vez, expulsa-o, através de insuportável impureza, nutrida com o pecado e a desistência da vida de oração, que implica em não buscar o perdão contínuo.


O pecado voluntário, praticado com pleno conhecimento da Verdade é, sem sombra de dúvidas, o negar do Espírito Santo, pois o individuo pratica, descaradamente, algo que agride o Caráter de Cristo, instituído pelo Espírito Santo. Isso é deboche. Onde está o caráter desse tipo de cristão?! Acha-se espertinho, desfrutando do bom de Deus e do mal do "mundo", mas, a quem engana? Além de tudo procura mentir. Criatura venenosa, traidor imperdoável. Hebreus 10:26-27 é direto: "Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários." E deixa bem claro o papel de Deus nessa história no versículo 31: "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo."

... Aqui entra II Pedro 2:20-22, exemplificando melhor essa situação terrível:
"Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro.
Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado;
Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama."
Ora! Quem troca a maravilhosa vida com Cristo pelo "vômito" de que se alimentava outrora, debocha do Evangelho! De fato, era melhor nem ter conhecido a Deus do que se envolver nesse jogo intrincado de hipocrisia, do que, diretamente acabar desafiando o Senhor do Universo. Esses mancham o cristianismo! Com base nessa fortíssima passagem, facilmente conseguimos perceber que grande fatia da igreja de nossos dias está mergulhada na lama. Os incrédulos estão se convertendo, se lavando, para, logo em seguida, voltarem, com respaldo de uma teologia infernal, para as práticas imundas em que se envolviam outrora. Aqui entra o "ficar gospel", a "rave gospel", o "funk gospel"... Todos iludidos, achando-se numa posição confortável o suficiente para viverem de forma satânica e continuarem salvos em Cristo. Ilusão, falta de lógica, horrendo caráter. Se pedem para morrer, a morte encontrarão, jamais a Vida! Deus é mais do que justo dando, pelo livre-arbítrio do indivíduo, aquilo que está pedido com suas palavras e com sua postura. Vou, por fim, relembrar duas frases minhas doutras postagens: é pior viver a Verdade como se fosse mentira, do que o contrário. Não existe "meia verdade", a Verdade dividida ao meio transforma-se em duas mentiras!
Preste atenção! Minha mensagem não é apenas para os apóstatas, na verdade é muito mais para o cristão de verdade: cuide, com seriedade, de cada passo teu. Não teste teu Deus, não teste! Não arrisque! Mantenha-se firme, muita coisa está em jogo! Se você pedir pra morrer, através de atos de morte, Deus ouvirá e te responderá. Cuidado!!! É tudo muito mais sério do que imaginamos. Deus simplesmente não suporta a impureza em sem dúvida, não chamara para si, nos Céus, impuros voluntários. Eu te peço, não experimente o "mundo", não se acha bom o e salvo o suficiente para isso. É uma eternidade inteira que pode estar em jogo. Segurança da salvação? Sim, se você tiver um pingo de caráter.
Apeguemo-nos com orgulho ao que é dito em Hebreus 10:39:
"Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma."

Natanael Castoldi

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