
Não há estação mais morta do que o inverno - eu gosto do inverno, mas devo ser realista. As aves preferem não cantar com freqüência, há uma quantidade consideravelmente menor de folhas nas árvores, o que as silencia perante o vento, não há borboletas, também não há uma infinidade de outros insetos. Animais de todos os tipos se ocultam. Os dias nublados, chuvosos, cobertos de névoa ou o frio gélido, que impedem as pessoas de perambular muito na rua, proporcionam o cenário ideal para melancolia. Na Idade Média era muito pior: o camponês dificilmente saia de casa durante meses, pois com o campo branco, as plantas adormecidas, nada crescendo, tudo estatizado ou corroído no frio, o que poderia fazer? Passar fome.

O inverno a preceder o Ragnarok, ao meu ver, é como o silêncio antes da tormenta, quando as criaturas todas, alarmadas, se refugiam. A história humana, dos mais diversos povos, conta e reconta a mesma ladainha: guerra, guerra, guerra, paz, guerra, guerra, guerra, paz. Perante a malícia humana, perante a malícia de nossos líderes maiores, não podemos confiar nos tempos de paz. Não podemos. O homem é maligno o suficiente para usufruir dos dias de descanso exclusivamente para armazenar material bélico e arquitetar mais uma investida. Não confie nas promessas de paz mundial, pois ela, em demasia, só pode preceder um conflito proporcionalmente destruidor - quanto mais tempo sem armas em mãos, mais tempo para arquitetar o que fazer quando o dia de lutar retornar. Hoje estamos num vastíssimo período de "paz", isso é alarmante... esse inverno está se tornando longo e gélido demais.

... E que inverno! O frio dos sinais de rádio, TV, internet, celular. O frio dos relacionamentos à distância. Troca de calor humano? Só se for na frieza de um relacionamento exclusivamente sexual. O inverno nas emoções, o inverno nos laços afetivos, o inverno na mente, cauterizada pela pornografia, sensualidade, libertinagem. A mente inerte, o corpo morto, os olhos estáticos perante uma tela ou outra. O frio na língua, de bocas fechadas, trocadas pelos dígitos ou minadas de um palavriado chulo e destrutivo. Frieza no respeito, na honra...




Ao lado dessa frieza geral, ainda há o pregar constante da paz mundial (1Tessalonicenses5:3), que nada mais fará do que tornar o homem um simples ratinho preso numa gaiola. O homem é guerreiro por natureza, o homem é inquieto e ativo na essência, precisa plantar, cortar, serrar, escrever, pintar, PRODUZIR. Ao permitir que o frio das máquinas e dos computadores faça todo o serviço, deixa sua tal essência humana se abater e também esfria como ser, se estatiza na dependência do inumano.

Pense bem, analise. Não preciso delongar-me muito mais, dê uma aquecida em sua mente e reflita sobre todos os pontos comentados. Sim, estamos vivendo um doloroso inverno... Infelizmente a humanidade, congelada, já nem sente mais o frio e, cauterizada, tornou-se incapaz de perceber em que grande geleira se meteu. -Mateus 24:12-

Nós, cristãos de verdade, salvos e aquecidos pelo Espírito Santo (Atos 2:2-4), carregamos, além de uma tocha iluminada na escuridão invernal, seu fogo fumegante. Façamos algo... Enquanto há "paz" temos um tempo razoavelmente bom para tentar quebrar o gelo de alguns que perecem jazidos nele - ainda prefiro não imaginar a dimensão do caos que virá a suceder esse terrível inverno! Mas tenho uma certeza: não haverá mais nenhuma primavera para esse mundo. - Porém os salvos, bem aventurados que são, terão seus dias ensolarados para a eternidade!

Agora leia: Guerreiros do gelo
Natanael Castoldi
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O que segue é o vídeo de introdução da segunda expansão do RPG online, World of Warcraft. A personagem principal, Arthas, após seduzido pelo poder maligno de uma espada que deveria ter destruído, isola-se numa geleira e congela, para, como morto-vivo, retornar anos mais tarde e, após erguer da neve um exército terrível, conquistar o mundo, conquistar Azeroth. -Nessa postagem ->aqui<-, ao final, comento o fato anterior ao seu ressurgir-
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