Continuando a seqüência de postagens que falam sobre mentira e falsidade, decidi escrever mais uma relativa à má compreensão da História da Igreja, que completa o raciocínio do artigo A Grande Mentira. Há algum tempo eu já queria escrever-lhes mais sobre como o cristianismo se expandiu, geralmente, de forma pacífica, não com a violência que vemos em livros, filmes, documentários e que aprendemos na escola... mas só hoje, enquanto lia o interessantíssimo livro Os Cristãos, de Tim Dowley, base do artigo já citado, encontrei o material necessário. O capítulo 7 da obra é totalmente voltado para a expansão islâmica e as Cruzadas e foi nele que descobri algo, no mínimo, interessante e que foge daquilo que a grande mídia e nosso governo querem que saibamos.
Pela leitura do livro em questão e do módulo de História da Igreja proporcionado pelo curso ATOS, consegui dividir a história da expansão cristã nos primeiros séculos em duas partes: a primeira se remete ao período em que o cristianismo era marginalizado pelo Estado e a segunda se inicia com a coroação da fé cristã como a religião oficial do Império Romano. O detalhe dessas duas expansões pela Europa, África do Norte, Ásia Menor e Palestina é que ambas se consumaram de forma pacífica. Segue a minha reflexão:
Jesus, o Messias, trabalhou por três anos, os três anos finais de sua vida, na divulgação e consolidação da Nova Aliança, prometida ainda no Antigo Testamento. Nesse período ele fez coisas incomuns: expulsou com eficiência demônios, perdoou o pecado das pessoas, curou enfermidades e falou, com ousadia, palavras dotadas de alto grau de sabedoria e razão. Esse homem, vivendo de forma itinerante, consumou seu ministério numa pequena região da Palestina, ao lado de outros 12, que ele escolheu, e com o apoio de alguns outros homens e mulheres. Multidões perceberam que esse homem era diferente, alguém que curava numa época precária da história de Israel, alguém que expulsava demônios e perdoava pecados em tempos de grandes trevas para o povo judeu, alguém que trazia palavras de liberdade para os cativos. Não tardou e ficou evidente de que se tratava do libertador dos israelitas, daquele que há muito as Escrituras profetizaram. A disseminação dessa Boa Nova remexeu os alicerces da Galileia e, em menos de três anos desde que começou a falar aos judeus, o movimento de Cristo já chamava a atenção e fazia temerem as autoridades judaicas e o governador da província.
O problema é que a profecia messiânica do Velho Testamento se apresenta em duas fazes: uma em que Cristo vêm como um servo, como o sacrifício pela humanidade, em prol da sua libertação das garras da morte -Isaías 53- e outra em que o Messias vem como governante, aquele que reinará eternamente na Jerusalém Celestial -2 Samuel 7:8-17. O povo não percebia essa distinção e, portanto, ao ver que Jesus parecia não se importar, de momento, com o jugo romano e que, logo, não havia vindo para libertar Israel -Mateus 22:20-21-, desacreditou-o e requisitou a sua crucificação - consumando o chamado da Primeira Vinda de Cristo. A crucificação lançou temor sobre os poucos que seguiam Jesus e dispersou todos os que haviam dado algum crédito à ele. O terremoto e a escuridão do momento em que Jesus morreu foram evidências fortes, mas o medo ou a raiva eram maiores. Eu tento imaginar o que se passou pela cabeça dos apóstolos quanto Cristo morreu: uns devem ter achado que não estavam muito bem da cabeça quando seguiram aquele que morrera, outros, quem sabe, se envergonharam de terem estado com aquele "louco", outros ainda, até podem ter continuado a crer nEle, mas temiam grandemente a retaliação que poderia cair sobre eles da parte dos outros judeus e dos soldados romanos. Mas a novidade é que Jesus ressuscitou e esteve 40 dias com seus discípulos.
A ressurreição de Cristo liberou uma energia sem tamanho. Fez os apóstolos, descrentes ou amedrontados, se erguerem com imensa ousadia para pregar a Boa Nova numa terra que odiava Jesus e mediante um império inteiro que não queria nada com a nova fé. As palavras e a ressurreição de um carpinteiro fizeram de camponeses da Galileia uma verdadeira ameaça ao Império Romano. Em 36 d.C. há os primeiros registros da origem da nova religião, quando alguns camponeses, homens e mulheres, incultos subiram em tribunas improvisadas e, em Jerusalém, passaram a pregar a ressurreição daquele que havia sido crucificado. Esse começo insignificante era a menos do que a ponta do iceberg. Logo surge Paulo, que na figura de Saulo fora um fariseu perseguidor dos primeiros cristãos, mas que se convertera à fé cristã por intermédio de uma visão do próprio Cristo, que deixou-o cego por algum tempo.
Paulo e os outros apóstolos não tardaram para divulgar a Boa Nova, não relevando a perseguição da parte dos gentios, adeptos de religiões milenares, nem dos judeus, que consideravam a fé cristã uma seita herética do judaísmo. Alguns poucos homens viajaram pelo Mundo Antigo e fundaram igrejas, a começar em cenários onde a notícia da ressurreição de Cristo já devia ter chegado por intermédio de comerciantes e viajantes e, na seqüência, em terras onde a notícia da nova religião já se fazia pertinente. A Igreja logo se fazia presente na Palestina, na Ásia Menor, na África do Norte, na Grécia e em Roma: a notícia do Cristo ressurreto chegou como vento à toda a Europa Mediterrânea e, pelas palavras ousadas dos primeiros cristãos, se fez alternativa interessante para homens desgostosos com seu modo de vida e a sua religião herdada. No final do século I a Igreja já se via fixada em toda a Costa Mediterrânea e no início do século II os cristãos já representavam grande parte da população das províncias romanas da África e Ásia Menor. Enquanto isso a Igreja se fortaleceu na Espanha e chegou até a Grã-Bretanha.
As razões para essa explosiva expansão são inúmeras e nenhuma envolve violência, pelo contrário. A ressurreição de Cristo foi uma notícia retumbante, que se alastrou rapidamente pelas excelentes estradas romanas, por intermédio de legionários -como aqueles que crucificaram Jesus-, que levaram a fé cristã até a guarda pretoriana do imperador, também por intermédio dos apóstolos, outros cristãos e, até mesmo, governantes, como o rei Tirídates, que oficializou o cristianismo como religião da Armênia no início do séc. IV, sendo a primeira nação da história a fazê-lo. Foi fácil para a fé cristã, vívida, substituir as religiões milenares dos povos mediterrâneos, que jaziam mornas e ritualísticas.
Foi por essa razão que o cristianismo, inicialmente perseguido pelo povo em geral, passou a sofrer perseguições organizadas pelo Império, a começar por Nero, que atribuiu, maliciosamente, aos cristãos a culpa sobre um imenso incêndio em Roma. A fé cristã, porém, só se consolidou com mais poder mediante a opressão, pois a grande maioria dos fiéis resistia até a morte, servindo de exemplo ao povo em geral - logo, o número de novos cristãos passou a ser muito maior do que o de mártires. A história segue com Constantino fazendo a fé cristã ser tida como a religião oficial do Império.
A segunda expansão da fé cristã se dá na seqüência à oficialização, ocorrendo por volta do século V. Como religião oficial de Roma, muitos novos cristãos surgiram, pois não havia mais medo de se aderir à grande religião, conseqüentemente, todas as terras do Império passaram ser doutrinadas com essa fé. Houveram, sim, abusos e pressões da parte do governo, mas, de modo geral, os pagãos tornaram-se cristãos por opção... já estou falando da época em que o Império Romano do ocidente se via resumido à cinzas.
Para que se compreenda da forma saudável como sucedera a expansão medieval da fé cristã, precisamos atentar para o fato de que seus maiores promotores foram monges missionários, não exércitos. A figura de dois ou três missionários numa terra estranha, dominada pelo paganismo, evidentemente não era apelativa, já que os povos locais se viam em larga maioria e, portanto, jamais cederiam à ameaças. Os que se convertiam através das palavras do monge missionário o faziam por livre vontade e desafiando toda uma cultura pagã milenar, tradicional, na qual se alicerçava todo o governo local. Não podemos, também, esquecer da ousadia desses missionários, que estavam dispostos a entregar a sua vida pela causa cristã - vale lembrar que eles dificilmente saiam lucrando materialmente com isso, já que muitos dos monges missionários eram mendicantes.
Podemos começar a segunda expansão cristã na Irlanda, Grã-Bretanha, quando Patrício comandou uma restauração do alicerce cristão que existira na região antes da queda romana. Por meio disso, o povo irlandês converteu-se e os monges celtas formaram um dos maiores pólos missionários de seu século, V d.C. Antes do século VI boa parte das Ilhas Britânicas, Europa Central e Oriental já haviam sido evangelizadas por esses monges - dos quais os mais conhecidos foram Columba e Columbano, Columba (521-597 d.C.) foi o fundador do mosteiro escocês de Iona.
Iona, pro sua vez, enviou um missionário de nome Aidan (651 d.C.) para ajudar o rei Oswald, da Nortúmbria, a converter o seu povo ao cristianismo. Sua missão estabeleceu Lindisfarne, onde existira um dos mais famosos mosteiros medievais. Enquanto isso, outros monges celtas converteram os saxões orientais, os mércios e os anglos orientais da Inglaterra.
Outro monge celta, Columbano (543-615 d.C.), já citado, viajou para a Gália e fundou mosteiros em Anneguy, Luxeuil e, por fim, Bobbio, na Borgonha. O mesmo monge ainda pregou aos alamanos, o que desencadeou a evangelização no sul da Alemanha. O monge Amando (584-679 d.C.) pregou, ainda, aos bascos, eslavos, francos e neerlandeses. Porém o impulso missionário irlandês foi interrompido devido aos ataques vikings que, por sinal, tiveram como estopim o saque ao mosteiro de Lindisfarne. Então outro pólo missionário entrou em ação: o algo-saxão.
Há vários monges anglo-saxões que merecem destaque, um deles é Wilfrido de York (634-709 d.C.), que apresentou o cristianismo aos frísios, seguido por seu discípulo, Willibrordo (739 d.C.), que fundou um mosteiro na Alemanha. Também temos Winfrith de Crediton, mais conhecido como Bonifácio, "o apóstolo da Alemanha" (680-754 d.C.), que levou a fé à Alemanha, mais especificamente a Baviera, a Turíngia e a região de Hesse. Foi esse monge que corajosamente cortou o Carvalho de Thor e com a madeira construiu uma capela cristã. Bonifácio ainda fundou uma abadia em Fulda.
Enquanto ocorria a evangelização alemã, o Evangelho se disseminava no Norte. O mais famoso missionário da época na Escandinávia foi Anscar (801-865), enviado da França para evangelizar a Dinamarca, onde construiu uma pequena igreja em Hedeby, mas só obteve êxito quando a religião cristã fora oficializada por intermédio do rei Canuto. O mesmo monge também fora convidado pelo rei Björn, da Suécia, para ajudá-lo a fundar a Igreja Sueca.
Na seqüência, século IX, houve a evangelização da Europa Oriental, principalmente por intermédio de dois irmãos, Cirilo (826-869) e Metódio (815-885), que foram enviados pela Igreja Oriental para a Europa Central, estabelecendo a Igreja na Morávia e Boêmia.
Essa é a história resumida das duas primeiras expansões cristãs. Você consegue perceber qual o caráter fundamental da evangelização da Europa? Missões, evangelismo puro e simples, sem o apelo militar... Vale ressaltar que vários reis de povos pagãos convidaram monges missionários para ajudá-los na conversão de suas nações. O fato é que a violência foi mais usada na Igreja Medieval quando esta se via mais corrompida e infectada pelos poderes seculares, afim de assegurar, pelo medo, a permanência dos cristãos sob o jugo católico. Você pode ler alguma coisa sobre o assunto na antiga postagem A Opção - preste atenção no testemunho de conversão do rei Haroldo, Dente Azul, da Dinamarca.
Note a seqüência dos fatos: morte de Jesus, explosão da Igreja, oficialização do cristianismo, missões celtas, ataques vikings, missões anglo-saxônicas e orientais. Quando falamos das missões orientais, falamos de um período em que o islamismo já é uma potência mundial. Segue, então, um breve resumo da origem e disseminação da fé islâmica:
Antes de Maomé ter sido, supostamente, visitado pelo anjo Gabriel, numa caverna próxima de Meca, em 610 d.C., a Península Arábica se via divida em várias tribos adoradoras de quase 400 divindades, dais quais Alá era a maior. Quando Maomé começou a divulgar as suas idéias, estimulando o povo a largar o paganismo politeísta, passou a ser apedrejado e espancado, juntamente com seus discípulos. Então ocorre a Hégira, ano 1 do calendário muçulmano, quando Maomé foge para Yáthrib, uma comunidade simpatizante das palavras do profeta. Não tardou e Maomé já era visto como governante dessa cidade, que, então passou a ser conhecida como Medina.
Em 630 d.C. Maomé desceu para Meca com um exército, capturando pacificamente a sua cidade natal e tornando-a islâmica. À princípio o profeta via o cristianismo e o judaísmo de forma amistosa, respeitando os cristãos e judeus que habitavam as cidades que ele conquistara. Em 632 d.C., quando Maomé morreu, toda a Arábia Ocidental estava conquistada e cerca de cem anos após sua morte o islamismo havia chegado ao Oceano Atlântico e às fronteiras da China por intermédio dos califas.
Em 750 d.C. o califa Mu'awiyah reiniciou a expansão militar islâmica e dominou grande parte da Espanha cristã - o objetivo dos muçulmanos sempre fora expandir seu império pelo mundo inteiro e as nações cristãs constituíam uma potência atraente, portanto, foi por elas que o objetivo começou a ser consolidado. A guerra entre cristãos e muçulmanos só começou, de fato, quanto exércitos muçulmanos chegaram, em 732 d.C., até o centro-sul da França, onde foram detidos pelas forças cristãs lideradas por Carlos Martelo, avô de Carlos Magno- essa batalha foi responsável pela sobrevivência da Igreja Ocidental.
Eu, particularmente, não vejo a Batalha de Poitiers como algo desnecessário, um erro da Igreja, analise comigo: os cristãos europeus ficaram séculos vendo a queda de suas cidades mais importantes da África do Norte, Ásia Menor e Palestina, mas se contiveram. Viram a Espanha cair, mas se contiveram. Agora, quando os sarracenos tiveram a ousadia de pisar no coração da Europa, seria, sejamos sinceros, uma ingenuidade sem tamanho a cristandade ficar inerte, deixar-se dominar tranquilamente... Sejamos sinceros e honestos: todos nós lutaríamos nessa batalha se estivéssemos vivendo aquele contexto. Eu, como homem, seria um dos primeiros a erguer a espada em defesa da existência dos estados cristãos, mediante hordas incontáveis de islâmicos almejando a sua queda, a sua aniquilação total. Quem não lutaria quando todo o mundo que conhece, herdado dos pais, dos avós e bisavós, estivesse subitamente sendo ameaçado? Na iminência de mudar drasticamente?!
De forma assombrosamente rápida, a fé islâmica, à partir da Arábia Central, tomou todo o Oriente Médio, a Ásia Central e o Norte da África, subjugando os maiores centros cristãos daquelas terras, como Jerusalém, Antioquia e Alexandria, que não conseguiram resistir ao poderio militar muçulmano. Um século depois de sua origem, o Islã já detinha sob seu poder metade do mundo outrora cristão. Por outro lado, a expansão muçulmana só pôde ser tão rápida porque, inicialmente, essa religião era, em parte, tolerante, dominando politicamente as terras, mas permitindo que seus povos continuassem a exercer as suas respectivas religiões - e, de fato, poucos habitantes das terras dominadas pelo Islã aceitaram o islamismo, à exemplo da Espanha, que continuou grandemente cristã. A aceitação da fé muçulmana sempre demorou algumas gerações. O Império Islâmico, à princípio, se contentava com o pagamento de tributos da parte dos povos dominados para continuarem tendo o direito de exercerem sua fé. Eu digo "à princípio", pois, com o tempo, essa liberdade se perdeu.
No século XI o Império Bizantino, por intermédio dos islâmicos, se via reduzido a um território menor do que o da Grécia atual e Constantinopla, então a maior cidade cristã do mundo, se encontrava, cada vez mais, pressionada e ameaçada pelas forças muçulmanas, que planejavam tomá-la. Então, em 1095, desesperado, o imperador Aleixo I Comneno implorou o auxílio dos cristãos da Europa Ocidental, da Igreja Ocidental, pois sua irmã, a Igreja Oriental, estava sendo severamente ameaçada de aniquilação total. A resposta para isso foram as Cruzadas, iniciadas depois de mais de quatrocentos anos de expansão islâmica em terras cristãs - vale lembrar que nesse período, antes das Cruzadas, os islâmicos haviam capturado algo entorno de 2/3 de todo o mundo outrora cristão. Senão pelas Cruzadas facilmente o outro 1/3 que sobrava ruiria como nação cristã.
Urbano II foi o papa a conclamar a Primeira Cruzada e dar início a uma corrente de séculos. O chamamento de Urbano fez com que milhares de cavaleiros abandonassem, voluntariamente, tudo o que tinham -e muitos eram filhos de nobres-, afim de se dedicar à Causa da Igreja. Urbano os motivou com as seguintes questões: defender os cristãos orientais, reconquistar a Terra Santa e garantir o livre acesso dos peregrinos cristãos em Jerusalém. Ao contrário do que muitos supõem sobre os cruzados, afirmando que eles queriam converter os muçulmanos à força, o objetivo das Cruzadas era expulsar os islâmicos das terras que já foram cristãs, pois os cristãos viam, e com razão, os muçulmanos como predadores. Só com Francisco de Assis, século XIII, que o cristianismo passou a ser pregado pacificamente aos muçulmanos.
Agora pense um pouco comigo: se você tivesse nascido num lar cristão medieval, crescido naquela sociedade relativamente amistosa e, desde criança, ouvido constantes notícias sobre um povo estrangeiro que estava constantemente atacando e dominando, à força, as terras cristãs, um povo que já havia tomado alguns dos maiores centros cristãos da história, que havia angariado para si as terras onde vivera Jesus, Orígenes, Agostinho... Se você também ouvira notícias de que esse povo há pouco tempo havia conseguido chegar até bem perto de sua casa, apenas com o ímpeto de dominar, o que faria, ao ouvir um chamado para a guerra? Não quero discutir a legitimidade desse chamado, quero apenas que responda com sinceridade... e mais: não lhe soaria uma artimanha do Inimigo essa história de um povo árabe, do nada, iniciar uma expansão cujo maior objetivo era subjugar e aniquilar todo o mundo cristão?! Essa perspectivas assombrosa, certamente, foi o que fez com que milhares de homens se movessem, com total sinceridade e devoção, para a guerra. Essa perspectiva foi o que movimentou toda a sociedade européia entorno das Cruzadas por séculos.
O fato é quase todas as Cruzadas culminaram em fracasso, embora tenham conseguido garantir a permanência da fé cristã nesse mundo. Nesse período houveram vários excessos da parte dos cristãos e muçulmanos. Um dos eventos mais tristes da época foi a chamada Cruzada das Crianças, que, ao meu ver, evidencia o quanto Satanás estava se aproveitando da situação da Europa para ceifar vidas: o ano chave do ocorrido é 1212, quando crianças de todas as partes da Europa se reuniram após receberem o chamado divino para promoverem uma cruzada, afim de libertarem a Terra Santa - coincidentemente inúmeros jovens de partes diferentes do Continente ouviram o chamado divino... e reunidos em dezenas de milhares, sofreram uma terrível derrota, muitos morreram e outros tantos se tornaram escravos.
Eu vou terminar por aqui, pois creio que a seqüência não é relevante o suficiente para o assunto dessa postagem. No final, quero deixar um questionamento: o cristianismo tem em seus genes, realmente, a violência?! Ele precisa se expandir violentamente? Ele necessariamente se expandiu por intermédio das armas? Compare o caráter da expansão cristã e o da muçulmana. As Cruzadas, embora decididamente malignas, foram tão vis assim?! Será que não foram, por assim dizer, quase que necessárias? Guarde isso: nossos educadores nos dizem que o cristianismo se expandiu violentamente, mas o que se observa é o contrário. Os mesmos educadores nos dizem que os cristãos provocaram as Cruzadas e que, muito maiores do que os muçulmanos, desejaram apenas derrubar-lhes para obter mais riquezas e terras, fazendo-o de forma covarde e satânica. Ok, as Cruzadas tiveram suas excedências, seus momentos de grande covardia, mas pense: os europeus demoraram quase meio milênio para decidirem enfrentar os muçulmanos, nesse meio tempo os cristãos perderam quase a totalidade de seus domínios e riquezas e, sim, se viam, senão iguais, pouquíssimo mais fortes do que os islâmicos. Tudo foi movido por ganância?! Eu prefiro pensar que, por mais que as Cruzadas tenham sido anticristãs, sem elas o cristianismo teria mergulhado definitivamente nas entranhas o islamismo e hoje se veria digerido e desfeito. Não quero exagerar nas minhas colocações, mas parece-me que mediante um monstro assombrosamente grande, crescente e ameaçador, o chamado às Cruzadas foi quase legítimo... e, certamente, ouvido com boas intenções por quase todos os cavaleiros que o atenderam e que, com muita sinceridade e devoção, lutaram pela sobrevivência do mundo cristão. Não pretendo, jamais, tirar a culpa dos cristãos pelas Cruzadas... somos culpados, sim, juntamente com os muçulmanos.
Eu simplesmente não entendo. Há, sim, problemas na História da Igreja, mas por que, qual a motivação de ampliá-los, de exagerá-los?! Isso está me cheirando anticristianismo da parte de nossos governos e mídias... o que combina muito bem com o anseio pós-moderno de adentrar numa era pós-cristã, na qual ninguém mais credita valor a fé cristã, por ser "falha e maligna". O problema é que, fazendo morrer o cristianismo, vê-se uma Europa sendo duramente invadida pelos muçulmanos, à ponto de já estarmos falando de uma futura "Eurábia". O problema é que, sem o alicerce religioso e moral do cristianismo, o homem se perde e aprisiona em seus instintos e prazeres carnais, e daí inicia-se o fenômeno que relato na postagem "Sala de tortura" e outras relacionadas. Prestemos atenção! Se são desonestos e querem o fim da fé cristã, provavelmente estão na vanguarda de um movimento muito malicioso e destrutivo!! Sejamos, nessas circunstância, sobretudo cristãos verdadeiros, honestos e comprometidos... o mundo está para mergulhar no caos.
... Mas no caos sempre haverá espaço para o cintilar da armadura do cavaleiro que luta em nome de Deus, do cavaleiro que se ergue na defesa de um mundo que está se perdendo, sendo aniquilado... Hoje vivemos uma reprise do que ocorrera antes das Cruzadas: nosso mundo está para se perder completamente... Que tal, então, dessa vez reagirmos sem cometer o erro de outrora? Reagirmos como verdadeiros guerreiros do Pai, que não lutam contra carne, nem sangue, mas contra os poderes das trevas (Efésios 6:12)?! Vistamos a armadura que o Criador nos entregou (Efésios 6:13-17)! Sejamos, de uma vez por todas, embaixadores dO Filho (Efésios 6:19-20) e marchemos sem temor no vale de morte (Salmos 23:4) em que se tornou esse mundo, em meio aos lobos (Lucas 10:3)!! Há uma causa extremamente nobre pela qual devemos viver e que, certamente, pela qual vale a pena morrer!! Já foi confiada outrora aos cristãos a mesma responsabilidade que hoje nos é entregue, mediante um desafio semelhante. O erro deles repercute até hoje, portanto, sejamos sábios! É nesses dias, dias de sombras e morte, que devemos fazer valer, mais do que nunca, o nosso chamado como filhos de Deus!! O mundo precisa de nós, precisa como nunca precisou antes!
Natanael Castoldi
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