-Trabalhos de fim de semestre e férias na seqüência. Prioridades / Na montanha.-
Bom, eu tenho falado tanto em santidade, sacrifício e obras, mas, para o cético que porventura esteja lendo meu blog ultimamente, isso tudo pode não passar de palavras vazias, já que não há aparente razão a fundamentar meus dizeres - "ora, pra que me entregar de tal maneira a algo que possa falhar na análise lógica?" Eis, então, o resultado de algumas reflexões que fiz pensando nisso.
Antes de tudo, pensemos sobre a quantas anda nossa sociedade laica e se a opção não-cristã de vida tem mais sentido do que o cristianismo. Vamos falar sobre um dos maiores fundamentos anticristãos da atualidade: a ciência - ou a "pseudo-ciência". Origem do Universo: havia o Nada, sem tempo, sem espaço e, portanto, sem matéria, apenas Vazio Absoluto. Mas, paradoxalmente, num dado espaço de tempo -num universo sem tempo- e nalgum lugar no espaço -num universo sem espaço nenhum-, algo material, surgido da não-matéria, conseguiu originar-se a si mesmo - teve tempo, espaço e matéria para tal, tudo o que não pode existir num universo inexistente. Leitor: o Vazio Eterno não teria condições espaciais, materiais e temporais para deixar de sê-lo, pois não há novidade no eterno, ele é o que é e nada o modifica. A lógica da nossa sociedade consegue aceitar a idéia de que a existência possa surgir da inexistência, que o tempo possa surgir -ter tempo para tal- em uma realidade atemporal, que o espaço possa "ganhar espaço" em cenário sem espaço algum.
A Causa-e-Efeito, lei irrefutável, diz que um efeito sempre é resultado de uma causa maior do que ele, o Big Bang na visão cética, portanto, trabalha em tremenda oposição à lógica, à razão, à tal lei que, em tudo, é coerente e óbvia. As duas principais leis da termodinâmica também trabalham em prol da impossibilidade da Origem ao estilo cético: energia não se cria, apenas se perde, portanto o Universo não veio de algo menor, mas de algo maior e está decaindo, consumindo-se - o Big Bang exige o inverso. De onde viria o aumento de energia e complexidade? Do Vazio? Do Nada? Se aprendemos algo com a genética é que sempre o fruto de uma reprodução carrega as caraterísticas de seus genitores, logo, o Vazio só tem vazio para oferecer. É óbvio que Deus é a única alternativa!
Origem da vida: os céticos só podem sugerir que a vida veio da matéria bruta, o que é óbvio absurdo. Não me darei o trabalho de escrever sobre essa questão, pois o mesmo argumento usado na idéia dobre a Origem do Universo cabe na Origem da Vida: Causa-e-Efeito (morte=vida (?), termodinâmica (caos=complexidade (?)... Se refutamos essa idéia assim como refutamos a anterior, então chegamos na mesma conclusão: Deus é a resposta!
Evolução da vida: vou repetir o que já disse várias vezes no blog: de que adianta falar sobre essa questão, se o cético tropeça no início da caminhada? Bom, de qualquer forma, é válido fazer algum comentário: evolução não dá total aval ao ateísmo e ela é impossível com base lógica, com base nas mesmas leis citadas acima. Há mais argumentação a ser analisada nas seguintes postagens: "Por que se opor?", "Perdidos no pântano", "Pelo que luto", "Geocentrismo", "Desespero", "Involução"?", "Ufologia?", "Ilusão", "Dor de cabeça", "Mente invertida", "Desafio profético", "Os Melhores Contos da Mitologia Cética".
Agora sigamos para a filosofia que norteia nosso pensamento: a regra de nossos dias é o relativismo que, por si só, é um absurdo. Se o Universo teve uma ÚNICA origem, veio de um ÚNICO lugar e existe por um ÚNICO motivo, então o pluralismo de verdades, por si só, é impossível, já que, à partir da Origem ÚNICA, o Universo que conhecemos carrega os genes de seu iniciador ÚNICO. Só existe uma verdade sobre a Origem e sobre nós, nossa razão, nosso objetivo de existir, pois temos UM único originador. Existe uma Verdade Única a dar sentido para um universo cuja a origem é uma só, isso é óbvio - daí você pensa a quantas anda a mente da sociedade de nossos dias, o quanto está bagunçada, deteriorada, podre, à ponto de refutar a verdade óbvia. O fato é que a idéia de Verdade Absoluta é tão verdadeira que seu opositor, por si só, apela para ela: "não existe Verdade Absoluta!" Quem afirma isso crê ser essa uma verdade absoluta?
Lendo o livro Por que confiar na Bíblia?, Amy Orr-Ewing, descobri algo novo sobre a mentalidade estúpida e infantil, que beira a insanidade e está abaixo do pensamento dos povos selváticos, do homem pós-moderno: a própria linguagem não tem significado único, o seu significado verdadeiro é aquele que o leitor concebe e somente este. Se é assim, de que vale a legislação nacional? A constituição? Ela significa o que eu quiser... Que absurdo! É tão óbvio que o que está escrito tem o significado que evidencia, é tão óbvio que o que está escrito tem um significado único, já que único foi o seu autor! Até mesmo o estudo da história tem sido dado como interpretativo, sem uma verdade por detrás, negando a questão mais lógica desde universo: o que aconteceu ACONTECEU e aconteceu devido a UMA causa, de UMA maneira e em prol de UM resultado. Ah, essa cabecinha-oca do homem pós-moderno, me dá vontade de pegar algum filósofo desses modernos, dar um chacoalhão, meter um tapa na orelha e enfiar alguma coisa dentro de sua caixa craniana - mas fica só na vontade mesmo... até porque ele pode interpretar meu tapa como um sinal de afeto e minhas palavras como um incentivo para continuar falando besteiras mentirosas e destrutivas.
A situação chegou a tal ponto que, se não me engano, no ano passado, numa das aulas de biologia do terceiro ano do ensino médio, ouvi a professora afirmando com um ar de vitória: "vocês sabiam que um dia os homens desaparecerão, pois o gene Y está sumindo?" A sua expressão e entonação de voz me soaram como: "vocês sabiam que as mulheres são superiores e que vencerão dos homens?" Eu simplesmente não entendi qual era o motivo daquele sorriso orgulhoso: sem homens as mulheres também deixarão de existir, ora! Ou conseguirão se reproduzir por brotamento?! Deus, dai-me paciência. A pouca vergonha continua numa crítica que li num blog quanto ao filme Paixão de Cristo, que dizia algo assim: "o Brasil também tem ateus, por isso esse filme é ofensivo", como se o Brasil não tivesse também todo um outro leque de religiões e o cristianismo como a maior, sem paralelo. Por fim, a marcha mais insana da história humana: a Marcha das Vagabundas, SlutWalks, que batalham pelo direito serem vulgares e promíscuas sem serem abusadas sexualmente - é a mesma coisa que eu semear trigo e esperar colher feijão. Leitor, estes são só alguns exemplos, quero que reflita e conceba: é da mente desta sociedade esquisita que estão brotando as ideologias que fundamentam o ceticismo moderno. É possível confiar?! -Leia: "O Ideal", "Presságio", "Passado revivido" e "Certo e Errado".
No cartaz: "Sou vadia, mas isso não te dá o direito de me estuprar" (?!) - Então "feche a porta", "apague a luz" e não distribua "convite" algum!
A insanidade da mente moderna só indica uma coisa: estamos decaíndo. É evidente: estamos com problemas, grandes problemas! Desde tempos imemoráveis o homem tem lutado em prol do sanar de suas fraquezas, do encher de seu vazio, do reencontrar dO Paraíso perdido. Algo no passado, que apreciamos com tanto carinho, nos diz que já fomos maiores um dia e que, nas areias do tempo, nas veredas da história, esquecemos, perdemos o que era essencialmente nosso. A correria insana da sociedade pós-moderna indica isso: queremos, a todo custo, encontrar a felicidade, preencher o Vazio, compensar nossa decadência, pisar nO Paraíso - essas marcas em nossa mente, em nosso corpo, em nosso espírito, apontam para uma verdade pouco questionável: se buscamos reencontrar O Paraíso, é porque um dia, no passado, vivemos nele; se buscamos compensar nossa decadência, é porque, um dia, fomos maiores; se queremos preencher o evidente e insaciável Vazio que nos toma, então é porque um dia já fomos completos... se tememos em demasia a morte e nunca estamos preparados ou conformados em morrer, é porque um dia a morte não nos era companhia - e até hoje o fenômeno da morte é um mistério que a ciência pouco sabe explicar. São essas as possíveis e mais prováveis causas para os efeitos com os quais, desafortunados, temos que conviver. C.S. Lewis, genial, compreende essa questão: "Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito para outro mundo."
Com uma breve análise lógica, chegamos a conclusão de que existe um mundo espiritual e, portanto, um deus -pois somente um pode ser a força maior. Existem incontáveis religiões, portanto uma delas deve indicar o deus verdadeiro. De todas as religiões, a mais científica e coerente é a cristã -"A Opção", "Sucessão religiosa" e "Apologia ao suicídio". Considerando-se a existência de um problema a ser resolvido, devemos crer que a Verdade Absoluta está naquilo que o explica e soluciona de fato, pois, se estamos nesse mundo para viver, a verdade está naquilo que auxilia na perpetuação da vida. O cristianismo é, de fato, A ÚNICA OPÇÃO.
A fé cristã responde todos os dilemas existenciais do homem: Vazio, involução, Paraíso Perdido, morte. As explicações para a existência desses aspectos em nosso subconsciente, em nossa "memória genética", estão no Gênesis: Deus criou o Universo e o homem. Você pode ler muito sobre isso nas postagens: "Grande Guerra", "Visão", "A História do Mundo" e "A Máquina do Tempo".
O homem fora criado como criatura única, superior na Criação, com corpo, alma e espírito, além de uma capacidade intelectual sem medida -isso hoje, que usamos bem menos de 10% de nosso cérebro. Deus criou o homem e colocou-o para cuidar de um belíssimo jardim e, em sua capacidade, nomear todas as criaturas terrestres. Deus não queria mais um ser para Seu serviço, adoração e louvor, apenas, dessa vez Ele queria se relacionar de fato e, de preferência, com um "igual", alguém à Sua imagem e semelhança. Você consegue entender a dimensão disso? Deus criou o universo inteiro apenas com palavras, mas o homem, Ele tirou do barro e fez viver com um sopro nas narinas, fez viver com algo que saiu dEle, com parte dEle! Gênesis 1:26; 2:7. Deus criou um semelhante, com quem queria, de fato, se relacionar, tomar um chima -o que fazia todo dia no fim da tarde, Gn 3:8-, mas, como um semelhante e afim de se construir um relacionamento genuíno, Deus teve de dar a opção para Sua obra-prima de querê-Lo ou não -não se constrói um relacionamento de amizade verdadeiro através da obrigatoriedade.
Aqui entra o importantíssimo papel da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal -Gn 2:16-17: a porta de saída do Éden. As palavras de Deus para o homem em relação ao Fruto Proibido não foram de maldição, caso ele fosse comido, mas, sim, baseadas na lógica: "no dia em que dela comeres, certamente morrerás". Por que, morrer? Simples: o homem poderia escolher se afastar do Deus Vivo, mas, distante da fonte de vida, certamente encontraria a morte - e essa distância de Deus se chama "pecado". Na seqüência entra Satanás, que se rebelou contra Deus para tentar tomar Seu lugar ou, ainda, em resposta à criação do homem. Assim como os homens, os anjos têm personalidade e liberdade de agir e foi isso que motivou Lúcifer e, através dele e dos outros anjos que caíram, a origem do Mal: negando o reinado de Deus e Sua glória, do Deus Vivo, Bom, Puro e Perfeito, os insurretos anularam-se do Pai e de Seus atributos e se tornaram Seu oposto, o resultado de Sua ausência. Deus, em sua santidade e juízo, precisa punir os rebeldes, os emissários da morte - adúlteros, assassinos, ladrões... Para Eles Deus preparou um local adequado: o Inferno, onde a total ausência dEle, que não pode conviver com o Mal, produzira um abismo torturante.
Satanás só precisou se aproximar e instigar Eva a fazer o que ele tentou fazer outrora: ser como, ou maior, do que Deus. Adão e Eva comeram do Fruto e, portanto, optaram por se distanciar de Deus e pela morte. Aqui entra a involução, o Vazio, o Paraíso Perdido, o estranhamento com a morte. O homem genuíno era completo, 100% de sua capacidade, seja intelectual, física ou espiritual, mas o distanciar de Deus e a modificação de sua biologia original o fez iniciar uma grande decadência, resultado da ausência do Pai e do distanciamento humano da fonte de glória - que o fez caminhar para o oposto dEle. O homem também não conhecia a morte até conhecer o pecado, até se distanciar do Deus Vivo - por isso morrer, até hoje, é algo estranho para nós. O Vazio que sentimos veio com o abandono de Deus, que o preenchia e nos fazia completos. A perda do Paraíso, dO Ideal, veio com a expulsão do Éden. Aqui inicia-se o processo de retorno, a preparação para o Cristo. Leia "Passado Perdido".
Desde que o homem escolheu a Morte, Deus manteve a porta para a Vida aberta, afim de que aquele que optasse por Ele a conseguisse encontrar. A seqüência da história humana se baseia na escolha entre dois extremos: Vida ou Morte. Essa é uma opção humana e Deus quer que o homem faça essa escolha, sem Sua derradeira interferência, que culminaria na escolha forçada. Deus está esperando um determinado tempo para consolidar, de uma vez por todas, o retorno à realidade original do Éden e, para tal, Ele espera, apenas, homens que realmente queiram estar com Ele, cuja opção seja embasada na vontade, na razão e no desejo genuíno de Viver, por isso o Eu Sou não pode demonstrar muito de Sua glória para este mundo, pois Sua presença visível iria fazer com que o homem não tivesse opção... a única possibilidade de haver opção é quando há espaço para a dúvida.
Então: o que é o pecado? Não é meramente a transgressão das regras do Criador, é o caminho que leva o homem a morrer, ou você, analisando bem e honestamente a Bíblia, consegue me falar de alguma regra que seja fruto de mero capricho de Deus? Tudo o que consideramos imoral leva à morte física, emocional, intelectual e espiritual! O pecado, a distância de Deus, é, meramente, resultado de Sua santidade que, perfeita e imaculada, naturalmente nos anula em nossa natureza impura e tenebrosa.
E os sacrifícios de animais? Sobre isso já falei noutras postagens, mas posso repetir com alguma novidade: as palavras de Deus sobre "haver morte através do Fruto" indicam a necessidade de algo morrer por causa do ato pecaminoso -daquilo que, passo por passo, nos afasta ainda mais de Deus. Não há vida após o pecado, portanto o sacrifício animal servia como lembrete de que, com o pecado, sempre há morte e prejuízo, que o preço do pecado é o sangue de algo ou alguém - a morte só gera morte. Deus é justo, por ser perfeito, e a justiça O faz ter de cumprir Suas palavras sobre a morte seguida do Fruto - por ser justo, Deus precisa castigar o homem pela desobediência. A Lei trabalha com restituição: morte se paga com morte, portanto, a única forma de cobrir o ato de morte, o pecado, é através doutra morte. Isso, além de lógico, fazia com que o homem se mostrasse apto a servir e obedecer a Deus, trabalhava seu caráter e servia como mecanismo de escolha, para este ser encontrado apto a viver eternamente com Deus.
Vamos exemplificar essa situação: um ferreiro mágico, um dia, decidiu forjar vários machados com vontade própria. Ele queria que estes machados lhe fizessem lenha para os invernos frios - criou-os com o objetivo de lenhar e, no frio invernal, lhes poliria, afiaria e estaria com eles. Um dia, porém, estes machados perceberam que sua cabeça e lâmina não apenas podia lenhar, mas servia muito bem para matar os seres do bosque e assim, curiosos, buscaram experimentar essa sensação que desconheciam e para a qual não haviam sido forjados. Gostaram da nova experiência e perverteram sua função original, o ferreiro não poderia mais contar com eles - mas ele, que tinha criado esses instrumentos, sabia muito bem como desligá-los, tirar-lhes a magia. Qual a opção mais viável: deixá-los prosseguir na matança ou desativá-los e destruí-los, para fazer outros sem a mesma falha? Destruí-los é o melhor a fazer. Dizem que Santos Dumont se suicidou a ver sua criação, o avião, tendo o uso pervertido, deixando sua função de transporte e servindo para a guerra - se ele tivesse tido como fazê-lo, certamente destruiria sua obra. O mesmo aconteceu conosco: Deus nos criou para o relacionamento com Ele, nós decidimos por não fazê-lo, portanto, pervertemos nossa função original, mas Deus não pôde, simplesmente, nos destruir como Obra, pois, apesar de santo e nos anular, apesar de justo e ter que nos julgar, Ele é AMOR e nos ama incalculavelmente. O que Ele fez foi simples: "que o homem escolha destruir-se a si mesmo, na "matança", que leva à morte, ou que decida voltar a mim e retomar sua função original."
Mais uma ilustração: havia uma bela vila, em meio a um bosque rico e florido e, diante dela, um abismo com uma ponte velha para o outro lado, uma terra de espinhos e aridez. Curioso, sem ter ciência da sensação do sol escaldante a queimar a pele e da sede a corroer a garganta, um daquele povo, um dia, atravessou a ponte, mas ela, muito antiga, ruiu e o indivíduo ficou preso no outro lado. Havia, porém, uma imensa árvore seca ali, na beira do abismo, que, se derrubada, faria uma ponte para o outro lado. Mas ele só tinha um bordão em mãos e seu esforço em tentar derrubar o cedro com esse bastão era vão. Nós, como humanos, fizemos isso e, assim como esse homem, não tínhamos como voltar, pois, uma vez conhecido o Mal, sempre o será. Deus deu-nos uma serra para cortar essa árvore, mas continuamos, na ignorância, fazendo como fazíamos com o bordão: batendo na árvore. Como é óbvio, a serra não corta com golpes. Deus, então, vendo o poço em que nos metemos, fez o impensável: mandou Seu filho se humilhar e vir a este mundo para ajudar-nos a serrar corretamente a árvore e voltarmos ao ponto de onde saímos. Aqui entra a razão máxima da fé cristã: o sacrifício de Cristo. Cabe a nós aceitar ou não essa ajuda - e, logicamente, quem não aceitar, morrerá no processo exaustivo de tentar voltar sozinho.
Por que Cristo, e não um súbito perdão de todos os pecados, sem sacrifício? Leitor: Deus precisa cumprir o que diz. Morte se paga com morte. Deus fez o impensável: quebrou a era em que os homens tinham que sacrificar para se aproximar dEle para iniciar outra, aquela em que Ele sacrificou para se aproximar dos homens. Cristo foi a resposta de amor mais sábia, afim de cumprir as palavras de Gênesis da forma mais branda possível. Deus é santo e anula o pecado, por isso enviou Seu filho em carne, passível de tentação, para poder aproximar-se, de fato, dos pecadores. Deus é justo e precisa condenar a desobediência, por isso enviou Seu filho para morrer no lugar dos pecadores, substituiu a morte da humanidade pela morte de Seu filho -morte pela morte-, a morte de Cristo foi o sacrifício derradeiro para sanar os atos de morte da humanidade. Deus desviou sua ira contra o pecado dos homens para Cristo, ele pagou o preço que deveríamos pagar, ele sofreu em nosso lugar, ele padeceu do irrevogável juízo de Deus, em sua justiça e santidade. Jesus foi a grande resposta de amor do Pai: se Ele não podia destruir-nos por amor, então fez com que Seu filho, anulando o pecado, iniciasse o regresso ao Ideal do Éden, ao ideal do relacionamento com Ele: Deus não nos destruiu para criar outros melhores do que nós, Deus nos manteve e decidiu, através do Seu filho, nos modificar para virmos a ser aqueles com quem o Deus santo quer se relacionar eternamente. Cristo tornou-se nosso advogado, ele passou a defender nossa causa, a pureza dele anula nossas trevas, a imagem dele em nós, o seu caráter em nossos corações, através do Espírito Santo, torna-nos justificados e santificados perante Deus. O cristianismo é uma resposta genial de Deus, segundo o Seu amor pelos homens e Seu senso de justiça e o livre arbítrio humano: o homem escolhe condenar-se a si mesmo, destruir-se, ou se, através de Cristo, aceita a Vida Eterna. Deus não precisa condenar nem destruir ninguém, as pessoas o fazem porque querem!
Além de toda essa questão, a única forma viável de Deus anular o pecado humano sem Ele descer em Sua glória, evitando o livre arbítrio, fora enviar Seu filho em carne para morrer e, assim, através de seu exemplo santo de vida e seu sacrifício, nos servir de espelho, de alvo, de inspiração, facilitar a nossa escolha por Deus, por santidade. Simplesmente perdoar os pecados, não manteria a humanidade pura, logo ela recairia. Modificar e santificar a todos, mesmo os que não querem Deus, burlaria o livre arbítrio e não resolveria o problema inicial: pessoas que não querem Deus, simplesmente não devem estar com Ele enquanto assim pensarem.
Mas como Cristo teria condições de pagar pelos nossos pecados? Eis a minha reflexão acerca desta questão: o pecado significa morte, Romanos 6:23 é claro: o salário do pecado é a morte. A Bíblia nos ensina que Jesus não teve pecado algum, não cometeu nenhuma infração ao padrão moral de Deus, mesmo sendo ele humano. Sem pecado, Cristo não estava passível de receber o salário do pecado: morte, pois não fazia nada para se distanciar de Deus, para rumar as veredas da aniquilação. Mesmo assim, mesmo sem pecado e sem a promessa de morte, Cristo morreu. Naturalmente o pecado individual é a conseqüência fundamental da morte humana, é o preço que cada um paga pelos atos de morte, cada um paga com a vida -ela se anula- pelo distanciamento do Deus Vivo. Mesmo sem pecado, Cristo morreu, mas a morte é resultado do pecado, eis o paradoxo. Se morremos pelos nossos pecados, e Cristo não morreu pelos seus pecados, mas, mesmo assim morreu, então, sem dúvida, o fez pelos pecados de outros, porque, se há morte, há pecado. Jesus morreu pelo pecado - pelo meu pecado, pelo teu pecado. Pense mais: se Cristo morreu pelo pecado de outros, pelos nossos, então ele tomou estes pecados sobre ele, esvaziou-nos deles e encheu-se com eles -uma troca-, para que, morrendo, também os aniquilasse. Ele tomou a morte que cabia a nós! Esse é o valor do Messias totalmente puro!
A importância de Cristo não ter tido pecado algum vai além: só se pode encher uma vasilha se ela estiver vazia. Jesus era vazio de todo e qualquer pecado, portanto, pôde receber toda a carga dos pecados humanos e cobrí-los com seu sacrifício - no final, ele morreu num colapso, devido ao imenso peso que recebera. Só alguém totalmente puro poderia ter condições de anular a impureza, só uma luz poderosa e radiante poderia dissipar as trevas, só o calor trepidante poderia afugentar o frio. Opostos se anulam, se repelem e apenas Cristo, totalmente avesso à este mundo, pôde retorcer as trevas mundanas; totalmente avesso ao pecado, poderia quebrá-lo; somente aquele que, sem pecado, estava mais próximo à Fonte de Vida, poderia reverter a morte! Jesus é necessário. Aqui entra o papel fundamental de Cristo na restauração do Ideal do Éden, do retorno: ele nos provoca o efeito inverso que o pecado provocou: o esfriar, escurecer, morrer no distanciar de Deus. Enquanto a distância dEle nos corrompe, o aproximar, através de Cristo, nos aprimora!
--Estando nós mortos -Efésios 2:1-5-, Cristo teve de morrer para aproximar-se de nós, primeiro tornando-se mortal e, segundo, padecendo da morte física. Após a morte entrou em jogo a natureza divina do Filho, que, descendo ao Sheol e retornando ressurreto, ainda como humano, representou-nos na empreitada de regeneração. A única forma de fazer uma ponte entre os dois lados do Abismo, Morte e Vida, fora o Deus Vivo morrer, atravessando para o lado da Morte e, revivendo, traçar uma ponte para a Vida. Assim como o pecado tornou-se parte de nossa genética humana por meio de um só homem, Adão, por meio de um só, a nos representar, ele deixou de nos dominar, pois ele, o Messias, o venceu, não pecando e aniquilando o seu salário -o que nos é válido apenas se aceitarmos a Sua proposta. Romanos 5:12.
Vamos aprofundar essa questão com um conceito simples: a vitória de um general é a vitória de todos os guerreiros, de toda a sua nação. Vejamos com uma analogia em Tolkien: os anões de Moria escavaram, em sua ganância e orgulho, fundo demais nas suas minas e, por isso, despertaram um demônio das profundezas, o Balrog. Abriram uma porta que permaneceu escancarada por muito tempo -já que ninguém tivera força para aniquilá-lo-, até o dia em que a Comitiva do Anel se deparou com esse rei das trevas, feito de sombras e fogo. Gandalf se sacrificou para detê-lo, despencando com ele num abismo quilométrico, fechando a porta que os anões outrora abriram e, portanto, através de sua liderança, salvando a vida dos outros oito membros da Sociedade. Não que Tolkien tenha pensado assim, mas pode-se comparar a atitude dos anões à postura de Adão e a de Gandalf, a de Cristo. A morte tem apenas uma causa, uma essência e, portanto, como o Balrog de Moria, é como um só monstro que, como fez Gandalf, uma vez derrotado, para sempre e por todos está caído. Jesus derrotou o monstro chamado Morte! Quem quer partilhar da vitória da Vida deve, portanto, aceitar o caminho dO único que sabe como fazê-lo, deve viver como Ele viveu, deve seguí-Lo! "A morte perde metade de suas armas quando negamos, em primeiro lugar, os prazeres e interesses da carne", Richard Baxter.
Agora um exemplo histórico: a derrota dos 300 de Esparta mediante os exércitos persas, em Termópilas, tem apenas um nome, o do traidor: Efialtes e, da mesma forma, a vitória dos franceses perante os ingleses no Cerco de Orleans, na Guerra dos Cem Anos, tem um só nome: Joana D'Arc. O fato é que a corrupção de Efialtes afetou os 300 como um todo e a vitória de Joana não foi apenas dela, fora de toda a nação a que representou e pela qual lutou. O fracasso mortal vem de Adão e a quebra dessa maldição é resultado da obra de Jesus - e ele o fez em nome de todo um povo -nós- que, portanto, pode, como sendo Sua nação, partilhar dessa mesma conquista - mas apenas quem O considerar, de fato, o seu líder, o seu general, é contado como cidadão de Seu Reino, leia a Parábola das 10 Virgens (Mateus 25:1-3; 8-13) e a das Bodas (Mateus 22:9-14).--
Jesus é a Causa Viva da nossa vida! Pense mais: numa humanidade inteira de pecadores, apenas quem não é pecador pode fazer alguma diferença evidente. Estamos no fundo de um poço de pecados e não conseguimos sair sozinhos, mas Jesus, sem pecados, está fora dele e, com uma corda em mãos, oferecendo-se para nos tirar do buraco e nos ensinar a viver como ele viveu. E a Lei? Jesus a cumpriu sem falha em nosso lugar, assim como morreu por nós.
Aprendemos nO Senhor dos Anéis que o Mal só pode ser destruído na sua própria matéria, onde fora forjado -o Um na Montanha da Perdição. Da mesma forma, só foi possível vencer a morte através da morte, conhecendo-a e padecendo dela, mas, em seguida, desvencilhando-se de suas garras e voltando a vida, invertendo o processo, revertendo-a. Jesus, sem pecado algum, fora o único homem com o diferencial necessário para fazê-lo, com a receita, pois, penetrando na profundidade das trevas da morte com sua luz de pureza e Vida indescritível, pôde anula-la, dissipa-la. E mais: somente sendo mortal, como foi, ele pôde vencer a morte, pois, para tal, fora necessário morrer. Leia: O Conquistador.
João 1:1-3, 9-14 nos diz que Jesus é o Verbo, por meio de quem Tudo se fez. Gênesis 1:3, 6, 9, 11... mostra-nos o Verbo em ação. A Palavra é igual a Cristo, Cristo é igual a vida e, portanto, ao Criador. Somente O Criador pode recriar! E nossa salvação, nosso retorno gradativo à parte da natureza genuína, é uma "re-criação", através do nascer de novo -João 3:7.
Gênios ingleses como C.S. Lewis, N.T. Wright e J.I. Packer foram autores de belíssimas frases sobre Cristo, que tirei da 323 da Revista Ultimato:
N.T. Wright: "Deus veio ao mundo através de Jesus justamente porque as coisas não andavam bem por aqui e precisavam ser endireitadas."
"No Getsêmani, Jesus estava como em trabalho de parto, esperando unir do céu e a terra, como alguém tentando amarrar dois pedaços de corda com pessoas puxando-as de ambos os lados."
"A cruz é o lugar e o meio pelo qual Deus mais nos amou."
"O que Jesus conquistou com a sua morte e ressurreição é a base, o modelo e a garantia do propósito final de Deus: livrar o mundo completamente do mal e estabelecer sua nova criação de justiça, beleza e paz."
"A morte de Jesus de Nazaré pode ser interpretada como um equívoco absurdo, totalmente inútil e sem sentido, ou como o ponto central, o eixo, em torno do qual gira a história humana."
J.I. Packer: "Pela vontade do Pai, Jesus Cristo se fez pobre e nasceu em um estábulo para, trinta anos depois, ser pendurado em uma cru. Esta é a mensagem mais maravilhosa que o mundo já ouviu e ouvirá".
"No paganismo, são os culpados que fazem propiciação de seus pecados aos seus deuses. No cristianismo, Deus propicia a sua ira por sua própria ação."
"A expiação é uma substituição representativa - o inocente assume o lugar do culpado, em nome e em favor dele, sob a espada da retribuição judicial de Deus."
"A justiça de Deus só é satisfeita porque os pecados de todos aqueles que jamais seriam perdoados foram julgados e castigados na pessoa do Filho de Deus."
C.S. Lewis: "Jesus é o pioneiro da vida. Ele arrombou uma porta que esteve fechada desde a morte do primeiro ser humano. Ele encarou o rei da morte, lutou com ele e o derrotou. Tudo é diferente pelo fato dele ter feito isso. Esse é o início da nova criação - um novo capítulo na história cósmica foi aberto."
"O filho de Deus tornou-se homem para possibilitar que os homens se tornassem filhos de Deus."
"Aprendemos que Cristo foi morto por nós, que a sua morte lavou os nossos pecados e que, morrendo, ele venceu a morte. Eis o verdadeiro cristianismo. É nisso que devemos acreditar."
"O pai nos perdoou porque Cristo fez por nós o que nós deveríamos ter feito. Fomos lavados pelo sangue do Cordeiro e Cristo venceu a morte."
Falamos sobre o pecado e a Queda e sobre aquele que veio anular a maldição de Adão, Cristo. Agora faltam poucos pontos para que a razão fundamental do cristianismo se complete, a Doutrina do Inferno é um deles.
Muitos cristãos da atualidade estão negando a existência do Inferno, como incompatível com o Deus de Amor. Os céticos atacam a fé cristã muito em função da existência desse local tenebroso. Na verdade pouquíssimas pessoas param para pensar sobre ele, ou gostam de fazê-lo - em meio a correria individualista de nosso dia-a-dia, a dor fica pra depois; em meio à prosperidade, bênçãos e vitórias sem fim das teologias atuais, o Inferno está sendo esquecido - e, por isso, recebendo uma quantidade imensa de novos hóspedes. Para mim é um assunto muito importante e crucial para se entender a natureza de Deus e, em nada, afeta em Sua pureza e perfeição, pelo contrário.
A questão fundamental para se entender a existência do Inferno é o livre arbítrio. Deus, desde a Queda, está nos dando duas alternativas: estar com Ele ou não. Deus quer que estejam com Ele apenas aqueles que assim desejarem e buscarem - os que não querem, que seja feita a vontade deles. Inicialmente o Inferno fora criado para abrigar os anjos caídos num tempo vindouro, mas, depois do pecado, passou a receber também os homens que repudiam Deus - que não O querem. Como Deus não pode influenciar no livre arbítrio, não obrigará ninguém a estar com Ele, a estar diante do menor pingo de Sua glória. Como já disse outrora, Deus não lançou maldade e terror num abismo e criou o Inferno, Ele apenas privou um determinado local de Sua presença, um local para onde irão os impuros, que Deus não suporta e com quem Deus não pode dividir espaço. Se Deus é totalmente bom, perfeito, a essência do amor, então o Inferno, sem Ele, é o Seu oposto: terrível, torturante, corrompido. Se existem dois caminhos, existem dois destinos e Deus, por amor, não obrigará ninguém a estar com Ele, portanto, os que não querem o Céu, onde Ele está, irão para um lugar onde Ele não está, porque assim desejam. De qualquer forma, o corrompido, impuro, não poderia estar com Deus, pois Ele, em Sua pureza e justiça, automaticamente o aniquilaria.
O Inferno não é a representação de algo mal em Deus, mas uma resposta à vontade de alguns anjos e muitos homens de buscarem a distância total do Pai. Não é o desejo de Deus, é o desejo das criações que não O querem. O Inferno, por fim, é o local para onde irão os "machados" que insistem na matança, que continuam, por vontade própria, pervertendo a sua função original e ali, isolados de seu criador, que não os suporta por estarem corrompidos, serão incinerados - porque sua opção de continuar se pervertendo escancara, também, o repúdio ao desejo de seu antigo mestre e o maior interesse por tê-lo longe. Quem não quer a Vida, escolhe a Morte. Simples. Leia também: "Pequeno detalhe" e "Lago de Fogo".
Nesse âmbito, parece-me que a Queda pode ter sido simples conseqüência da criação de um ser com personalidade e anseios, assim como é quase lei que o escultor se machuque uma hora ou outra enquanto trabalha numa obra. Deus criou um ser sem conhecimento do Mal, porque Ele não tem mal para inserir em Sua criação, mas o conhecimento do Mal se faz necessário para que o homem saiba se prefere, de fato, a morte que lhe bate a porta ou estar com Deus - a história humana se desenvolve nesse ambiente de escolhas e rumo à regeneração total, quando nós voltarmos ao ideal do Éden e, conhecedores do Mal, concebendo a sua inferioridade absoluta mediante a glória perfeita de Deus, valorizemos mais o Pai e desejemos, sem titubear, a Sua eterna presença. Lúcifer não tinha conhecimento ou ciência do Mal -que ainda não existia- e isso o levou a apostar nele -sem dúvida de forma ingênua, sem conceber a grande besteira que estava fazendo-, da mesma forma Adão e Eva não tinham ciência do Mal, não concebiam exatamente o seu potencial de destruição e tortura e, sem noção do que significava morte ou dor, pois em sua natureza original não havia traço algum disso, acabaram, ingenuamente, cedendo. A regeneração da Criação, tendo passado por Dias Maus, resultará em algo maior e melhor do que no Princípio: o Mal, sendo algo já estudado e experimentado, será repudiado e mais ninguém ousará, na perfeição do Paraíso, experimentá-lo. Uma conclusão óbvia, pelo menos para mim, é que, analisando assim, a Criação não terminou completamente no Sexto Dia, mas é um processo que ainda está em andamento e hoje se encontra na etapa do conhecimento do Mal e, consequentemente, plena ciência de que ele é abominável. Parece-me, sinceramente -e pessoalmente-, ser um processo necessário, o meio ideal para se chegar a um determinado fim - sermos, de fato, as criaturas com quem Deus pode se relacionar. Com base nisso a Criação só terminará com a Segunda Vinda de Cristo e a nossa total regeneração - com o Mal sendo aniquilado e a boa criação de Deus retornando ao que fora. Nosso tempo, de escolha, é a peneira do livre arbítrio, quem escolhe e se aprofunda no Mal, morrerá com ele, quem luta contra as trevas e busca a Deus, fará parte do eterno futuro com Ele.
"Mas como Deus não insiste no homem, se a melhor opção é o Céu, deixando a humanidade ir ao Inferno?" A verdade é que Deus insiste, no limite do livre arbítrio humano. Leia a Bíblia e perceba. A questão é simples: Deus criou o homem como Seu semelhante para poder estar perto dele, mas o homem não quis estar perto de Deus e se corrompeu, regredindo e se tornando incompatível ao Pai, pois tornou-se trevas longe dEle. Deus, então, fez-Se em carne humana para poder se reaproximar do homem - Ele se assemelhou ao homem, Ele se rebaixou a tal nível apenas por amor a nós, pelo desejo de estar perto!! Isso não é insistência?!
"Mas e a maldade no mundo? As mortes? A dor? Deus não nos abandonou?" Aqui entra outra pergunta: nós não abandonamos Deus? Se nós não O aceitamos, não queremos uma vida com Ele, por que exigimos algo da parte dEle? Na hora tranquila, de estar com Ele, tratamos a nós mesmos como deuses, mas na hora do caos o problema é de Deus? Se existindo mal, Deus não existe, então, existindo mendigos descabelados, barbeiros também não existem. Leitor: da mesma forma que o Inferno é caos mortal por não ter Deus ali, este mundo, ao se distanciar de Deus e Sua glória, tende a ficar cada vez mais tenebroso e corrompido, assim como os homens. A culpa é totalmente nossa!! Deus apenas está nos deixando experimentar a dor de não O desejarmos e de não estarmos com Ele, isso é livre arbítrio e isso é um mecanismo de escolha - melhor que um pouco de dor te faça se render a Cristo, do que nenhuma, sendo que há um Inferno horripilante à espreita - nisso Deus também demonstra amor: Ele dá um jeito de nos alertar, mesmo que não O queiramos! Deus não burlará a lei do livre arbítrio! Ele não pode estar com quem não O quer, Ele não suporta a imundície do pecado.
C.S. Lewis disse: "O sofrimento é o megafone de Deus para um mundo ensurdecido". Isso faz todo o sentido!
Sem uma opção aos que não querem Deus, não haveria sentido. Se só existisse Céu, não haveria motivo para estarmos ainda aqui, não haveria motivo para a Bíblia, para o evangelismo, para Cristo! Pois todos estariam salvos, mesmo contra a vontade. Pense: a Doutrina do Inferno é importantíssima para dar sentido ao cristianismo!
Voltando às famosas frases, agora sobre o Inferno:
C.S. Lewis:
"Não existe doutrina no cristianismo que eu mais adoraria ver extinta do que a detestável doutrina do Inferno. Porém, ela tem o pleno apoio das Escrituras e, especialmente, das palavras do Nosso Senhor. Ela sempre foi sustentada pela cristandade e está fundada na razão".
"No fim das coisas, só existem dois tipos de pessoas: as que dizem a Deus: "Seja feita a tua vontade", e aquelas a quem Deus diz: "A sua vontade seja feita". Todos os que estão no Inferno, escolheram estar. Sem essa possibilidade de escolha não poderia haver Inferno."
Já comentei sobre Satanás anteriormente, mas voltemos para ele, aquele para quem, ao lado dos demais anjos caídos, o Inferno fora arquitetado -e para onde o homem pode ir, se quiser e preferir os demônios deste mundo ao Deus Eterno. Assim como o Inferno, Satanás e os demais seres malignos são fruto do total afastamento de Deus, o Seu oposto extremo: absoluta maldade e malícia. De certo modo, o próprio Inimigo é um mal necessário para fazer valer o livre arbítrio de fato, e ele se aproveita disso - enquanto seus dias não exaurirem e a extrema ira de Deus não se derramar por sobre ele e sua legião. A única forma de evidenciar a possibilidade de escolha entre duas alternativas é a justa existência de defensores dos dois lados, portanto, a única forma válida de se existir, honestamente, livre arbítrio, é a existência de Satanás, oferecendo o caminho Infernal, e a existência de Deus e Sua Palavra, oferecendo a Vida Eterna. Cabe ao homem, com sua liberdade -que só o profundo amor de Deus por nós poderia gerar- avaliar as propostas dos dois lados e escolher a que for de sua preferência. Quando o tempo de escolher terminar, quando o Dia do Senhor se abater sobre a Terra, então todo aquele que optou pelo Mal, sejam anjos ou homens, será exterminado. Deus trabalha com transparência e justiça, portanto, não nos priva de sabermos dessa realidade, por mais dura que seja.
O Mal que assola este mundo e seu mentor, Satanás, Deus também permite que, volta e meia, aproximem-se e ataquem ou tentem os cristãos verdadeiros. Aqui entram duas outras funções do Mal para o livre arbítrio: lembrar aos cristãos de que eles ainda podem mudar de idéia, pondo-nos à prova, tentando o nosso caráter, avaliando as dimensões de nossa fé e de nossa decisão por Cristo - uma espécie de peneira - ou, ainda, fazer-nos fortalecer em Deus, pois, oprimidos ou tentados, se nosso caráter e nossa decisão já for firme, cresceremos ainda mais e buscaremos uma segurança ainda maior no Pai. Muitas vezes a própria queda numa ou outra tentação é fonte de crescimento para o cristão: a culpa nos mostra o quanto somos fracos e dependentes do Criador e derruba nosso orgulho - porque os cristãos são presas vulneráveis para o orgulho, mas Deus, em Seu amor, não nos permite mergulhar na raiz de todos os pecados, como diz C.S. Lewis: "O orgulho leva a todos os demais pecados: trata-se de um estado mental totalmente anti-Deus." " Uma pessoa orgulhosa está sempre olhando os outros de cima para baixo. É claro que, enquanto você estiver olhando para baixo, não terá como enxergar o que se encontra acima de você."
C.S. Lewis, genial em sua simplicidade, nos mostra a natureza original do orgulho: "Foi pelo orgulho que o Diabo se transformou em Diabo." E, sobre Satanás, fala um pouco mais:
"Estamos vivendo em uma parte do universo que está ocupada por um rebelde."
"Os cristãos acreditam que um poder maligno se tornou o príncipe desse mundo na atualidade."
--O livre arbítrio dá sentido a TUDO! Creio ser peça fundamental para que possamos compreender nossa existência, a existência do Universo, a existência da Bíblia, a vinda de Cristo... Por isso, também, sou arminiano. Haveria algum sentido para existirmos, se nosso destino final já estivesse selado? Algum sentido para a Palavra? Para Cristo?! Estamos aqui só porque podemos escolher! A Bíblia existe para facilitar a escolha e o crescimento, Jesus morreu para quem ESCOLHER pela Vida! Se os salvos o estão independente do que fazem ou querem e se o Espírito Santo nos empurra, sem opção, a fazermos e sermos o que Deus quer, então por que a Bíblia nos orienta para sermos e fazermos, voluntariamente, uma série de coisas, mesmo que tenhamos que nos submeter a duras disciplinas?! Nós somos relevantes!--
Você acha que Deus gosta de ver Sua criação corrompida? De ver tamanho Mal em nosso mundo? Para Ele deve ser difícil se segurar e não explodir tudo. Mas Seu amor é tão profundo que Ele esforça-se, Ele suporta a dor do Mal e da corrupção de Sua obra, para nos dar opção, oportunidade de escolher. Ele está nos dando MUITO tempo para decidir, Ele tem deixado Seu plano de restauração para depois - bem mais do que os antigos esperavam -, tudo isso para escolhermos!! Se Ele aniquilasse este mundo subitamente, quem seria justo para ter o direito de estar com Ele? Pouquíssimos! Portanto aproveitemos bem o tempo que nos é dado! É POR AMOR! É GRAÇA NÃO MERECIDA!!
Meu caro, o que me diz diante disso tudo? O que VOCÊ está fazendo? Pois é, somos uns malditos ingratos, temos a ousadia de debochar de Deus, de questioná-Lo mediante isso tudo! Desvalorizamos todo o Seu amor, desvalorizamos tudo o que Ele tem feito por nós! Se não por Cristo, pela Suas morte na Cruz, que destino mereceríamos nós?! Criemos alguma vergonha na cara! Há um mundo inteiro de falsos cristãos e incrédulos que precisam conhecer nosso Deus, precisam conhecer a Cristo! Deus é mal pelo fato de muitos não conseguirem conhecê-Lo? Não, nós o somos, porque o evangelismo é papel nosso -Deus não o fará, até porque burlaria o livre arbítrio, portanto é a nossa missão- e, também, mais uma ferramenta de escolha: através da divulgação da Boa Nova mostramos o quanto somos gratos pelo que Deus fez por nós, o quanto a nossa fé é real! Além disso, nos molda: trabalhamos com disciplina, ousadia e reavaliamos nossas prioridades. O evangelismo também trabalha profundamente os dois grandes mandamentos: o amor à Deus e o amor ao próximo! Uma vida dedicada à Deus é uma vida dedicada aos outros!!
Hoje li uma notícia que me impressionou: idosos japoneses estão se oferecendo para limpar e arrumar as coisas em Fukushima, onde a tsunami do 12 de março de 2011 atingiu uma usina nuclear e para onde o governo japonês está tendo receio de enviar profissionais, temendo a radiação e a morte que a sucede. Esses idosos, da Unidade de Veteranos Qualificados, que engloba aposentados de diversas áreas, crêem que o restante de suas vidas vale menos que o bem geral e decidiram pelo sacrifício em nome da vida dos outros, em nome da sua sociedade. Nós, cristãos, deveríamos nos envergonhar com nossa postura, mediante atos de honra desse nível! O quanto nossa vida serve para a vida dos próximos?! 1 João 3:15 é bem claro. Esse mundo está podre demais para ficarmos parados. O Mal está em todo o lugar e, por amor aos que são atormentados, façamos algo!
O que temos feito? Como temos vivido?! Após toda essa lógica, não consigo deixar de atentar para a necessidade da busca por santidade em nossas vidas, caso queiramos ver a Deus. Nós sabemos que o Pai é PURO e SANTO e, se desejamos partilhar uma eternidade com Ele, nossa vida deve ser de constante busca por pureza e santidade. Isso vai além do interesse pela Vida Eterna, isso se trata do desejo de sermos amigos de Deus, de não O entristecermos, de não O desprezarmos! Ora, quem sabe que Deus é santo e, mesmo assim, decide, volta e meia, se perverter nas trevas, O está desmerecendo, agredindo!! Ele se entristece, sim, mas quem pagará pela própria perversão é o pervertido. A busca ou não por santidade no cristão, no âmbito do livre arbítrio, indica o desejo ou o repúdio por Deus. O mero título de cristão não muda o destino do impuro!! Apocalipse 22:14: "Felizes os que lavam as suas vestes, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas."(NVI), "Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas." (Almeida). Note: aquele que lava as suas vestes da imundícia verá a Deus (Mateus 5:8), aquele que se dá ao trabalho de lutar contra sua natureza humana e contra este mundo, que se esforça e dedica tempo lavando suas vestes, purificando-se em Cristo, aproxima-se de Deus por ser mais compatível com a pureza dEle, mas, além disso, por demonstrar interesse, apreço e anseio por estar com o Pai! Isso Deus, que não é irracional ou bobo, como às vezes imaginamos, certamente relevará!! Ele nos quer como amigos! Mas não confudamos isso com igualdade, Deus é nosso mestre supremo e, enquanto quer comunhão conosco, também quer que ergamos a Espada e lutemos em nome dEle nesse mundo enegrecido! Não fazer o que o Pai manda, é o mesmo que não desejá-Lo, logo, quem não o faz, escolhe por não estar com Deus. EU OPTEI POR DEDICAR MINHA VIDA NA EMPREITADA CRISTÃ!!
Natanael Castoldi
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